domingo, maio 31, 2009

VELHAS RUAS DA MINHA CIDADE


RUA DO ARCO DO BISPO
Das muitas ruas existentes no Castelo, a rua do Arco do Bispo é sem duvida uma das mais interessantes de toda a nossa zona histórica. Tentei saber um pouco mais sobre a história desta rua.
Após alguma procura aqui fica um breve resumo historial desta rua.

Manuel da Silva Castelo Branco, no seu livro, “ Subsídios para o Estudo da Toponímia Albicastrense do Século XVI ”, diz-nos o seguinte sobre a rua do Arco do Bispo; ” Tal designação pode ser posterior a Setembro de 1242, data em que no Porto se estabeleceu uma concordata entre o Bispo da Guarda e a ordem do Templo sobre certos direito eclesiásticos, que o Prelado tinha haver em Castelo Branco e no seu termo, ficando assente, (entre outras coisas) que “ dentro desta vila se lhe desse um lugar competente em que pudesse fazer casas para agasalhado seu e dos seus e, para recolhimento de suas novidades ”. Os Templários deram na Praça, o local onde foi construído uma casa para Paço do Bispo e para recolha das suas procurações, dízimos e benefícios, o qual englobava um arco que, desde então, passou a designar-se por Arco do Bispo, e a artéria que ali começava em direcção ao N./ N. O tomou, por igual motivo o mesmo nome, como se pode verificar no rol dos capitães de ordenanças da vila, eleitos em 1527, e de vários outros documentos da época… Nesta rua moravam algumas das famílias principais da vila: Oliveiras, Vasconcelos, Cardosos, Cunhas, etc.”

Para saber do actual estado desta rua, fui até lá e falei com o senhor Ramos que tem actualmente 83 anos de idade e mora nesta rua há mais de 50 anos.
Após uma pequena conversa com ele, fiquei a saber que actualmente moram nesta velhinha rua, (se ressalvarmos a família Pardal) três famílias; O Ti Ramos mais a esposa, uma velha senhora e uma família de etnia cigana. Todas as outras casas, estão ao abandono.
Das muitas preciosidades que esta rua tem, destaca-se o portado quinhentista da casa do Sr. Ramos, (um dos mais bonitos de toda a zona histórica), o magnifica Solar da família Pardal, um bonito brasão em granito colocado na frontaria deste solar e o Arco do Bispo. Sobre o Solar que hoje pertence á família Pardal, descrevo-o aqui nas palavras de Manuel Tavares da Santos, escritas no seu livro, ”CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE”.

“Na rua do Arco do Bispo está um antigo solar notável pela sua magnífica fachada vistosamente decorada no estilo Barroco do século XVIII. As cantarias trabalhadas de cornija, das pilastras, dos frontões e do brasão imprimem-lhe a graciosidade e imponência dos arrogantes solares nortenhos. Foi propriedade da família “Ordaz” da qual faziam parte os barões de Castelo Novo, (hoje pertença da família Pardal)“.

Continuando a visita histórica a esta rua… falta falar da Casa do Arco do Bispo. Segundo alguns historiadores, entre os séculos XV e XXI foram feitas profundas alterações neste edifício, com a construção da uma casa adjacente para residência dos bispos.
No entanto manteve sempre um passadiço sobre os arcos torais de volta perfeita que assentam em pilastras aprimoradas, na frente posterior tem um portal monumental que acedia à residência do bispo, com acabamentos em frontão triangular e pináculos, mantendo indícios de uma janela em arco de querena.

Situação actual.

Após um pequeno resumo histórico desta rua… falta agora falar do presente que nos irá transportar para o futuro. A situação actual desta rua é no mínimo horrível! Grande parte das casas, estão desabitadas por falta de condições habitacionais e as poucas que actualmente têm moradores, irão a curto prazo deixar de os ter, em virtude da avançada idade dos seus moradores e do progressivo estado de ruína das mesmas.

Conclusão.

O futuro não é risonho! No entanto… por vezes precisamos de acreditar que é possível alterar este estado de coisas e ajudar inclusivo nesta mudança.
Aos actuais inquilinos da nossa autarquia, apelo, que após a recuperação das velhinhas ruas do castelo, se prepare um verdadeiro plano de apoio á recuperação de muitas das casas existentes nesta pobre área, de forma a dar vida a uma zona onde os nossos antepassados nos deixaram memórias.
Terminava com uma frase lida num livro de Andrew Collins, no seu livro Passagem para Atlântida
A história não é passado; é simplesmente as nossas melhores interpretações das provas arqueológicas e textuais deixadas pelos nossos antepassados".
O Albicastrense

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