segunda-feira, janeiro 04, 2010

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE - LXIV

MONUMENTOS DE CASTELO BRANCO
Domus Municipalis – (IV)
(Continuação)
Em 1 de Agosto de 1864 faleceu em Castelo Branco o distinto médico e bibliófilo Dr. José António Morão, que havia nascido em 3 de Setembro de 1786 do consórcio de José António Morão com D. Isabel Violante. Este ilustre clinica do partido municipal da cidade, que foi deputado vogal do primeiro Concelho do Distrito e governador civil, legou a sua valiosa biblioteca ao público municipal de Castelo Branco. São do seu testamento as seguintes disposições:
Na casa da rua do Pina, que habito desde o ano de 1846, acha-se a minha livraria, formada de 3200 e tantos volumes, não contando livros truncados nem manuscritos; com quanto me haja custado muito bom dinheiro, não se venderia hoje por 400 mil réis, atendendo ao uso que dela se tem feito e ao pouco gosto que quase geralmente há-de devassar obras de artes e de ciências das quais consta a minha colecção na máxima parte. Tal qual é, julgando-a profícua numa terra de segunda ordem e afastada das grandes cidades do reino, tomo a deliberação de conserva-la intacta no próprio local em que ora está posta, para se prestar ás necessidades de pessoas literatas, decentes e bem morigeradas que, em ocasião oportuna e a horas cómodas, ali queiram ir para ter, consultar ou extractor a doutrina dos seus livros que lhe será fornecido e também tinta e papel, por meu sobrinho de meu mesmo nome que, para este efeito, apelido meu fiel comissário, sem que a biblioteca haja de pertencer-lhe em próprio ou a seus sucessores, em sua morte ou por ausência para fora do pais. A todos vedo o empréstimo de qualquer dos livros que a constituem, nem por horas, a pessoa alguma, não obstante a maior relação de respeito e amizade que possa liga-los à que semelhante favor deles exista. É pois que o referido meu sobrinho se comprometa (a sua palavra e honradez são por mim acreditadas!) não só a guardar e a bem conservara biblioteca de que se trata mas ainda a dota-la anualmente de novas obras em modo compatível com as suas despesas, para assim o público municipal ser mais vantajosamente servido, peço àquele que se esforce por inspirar a seus sucessores no fiel comissário as mesmas ideias de conservação e de aumento em tal legado.”
O importante espólio do Dr. Morão não interessou à Câmara Municipal: a biblioteca não foi facultada ao público pelo Comendador e Industrial José António Morão, sobrinho herdeiro e fiel comissário do testador e o Município não reivindicou esse direito. A despeito de não ter sido revogado a portaria de 9 de Setembro de 1834, em 1867 o governador civil solicitou ao Governo autorização para formar uma biblioteca com os livros dos extintos conventos e em 1870 renovou o pedido. O governo "aquiesceu" sugerindo a conveniência de ser aprovado em sessão da Câmara Municipal um subsídio para a aquisição de livros. Por decreto de 2 de Agosto de 1870 determinou o Governo que se criassem bibliotecas em todos os concelhos do país a expensas das respectivas Câmaras. O município de Castelo Branco continuou, todavia a desinteressar-se pela organização da biblioteca, não dando cumprimento àquela resolução governamental.
(Continua)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa" em 1951. Autor; Manuel Tavares dos Santos.
O Albicastrense

2 comentários:

  1. Anónimo10:36

    interessante
    depois de recontruções na escola afonso de paiva
    ai vem a boa nova
    vão fazer uma escola nova
    andaram a gastar dinheiro
    é estranho
    não é
    as teias que floresta tece
    robin dos bosques

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  2. A propósito da zona antiga. Fica um trabalho que realizei juntamente com uns colegas para escola. Se pretender pode publicar no seu Blog.
    Durante um inquérito de rua, um dos entrevistados conduz-nos numa viagem por, entre memórias, à zona antiga de Castelo Branco, recordando-nos a importância de vivênciar esses espaços, enquanto podemos.

    http://www.youtube.com/watch?v=BNFibUFqrrU

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