(Continuação)

IV - “Todas estas diligências
que fiz e respeito que me deu o Reverendo Prior de S. Tomé desta cidade, juro
passarem na verdade pelo juramento dos Santos Evangelhos e pelo Hábito de
Christus que professo”.
Lisboa, 9 de
Janeiro de 1662. Miguel Achioly da Fonseca Castelo Branco.
Em 1620, sendo Provedor da
Misericórdia o Bispo da Guarda D. Nuno de Noronha, foi lavrado um auto do qual
consta que a Mesa fez vistoriar o edifício da rua de Ega, onde estava instalado
o Hospital dos Convalescentes, por dois médicos que a declararam imprópria para
nela poderem convalescer e alcançar saúde os enfermos e “que muito melhor se
fariam e mais acomodados ficariam se se fizessem em bom sitio”. O auto de vistoria
foi enviado ao Rei D. Filipe I com uma pedição da Mesa para que lhe fosse
concedido o rendimento das condenações e penas impostas pelo juiz de Fora, pelo
espaço de cinco anos, para aplicar na edificação de casas próprias para
Hospital junta da Igreja de Santa Isabel. O rei, por alvará de 3 de Março de
1620,fez as seguintes concessões: “Que o dito Hospital se
possa mudar donde ora está para onde eles, suplicantes, têm assentado. E outros
sim hei por bem de lhes fazer mercê por esmola que as pessoas que o Corregedor
e Juiz de Fora da dita vila em seus juízes fizeram e condenarem causas as
apliquem para as obras do dito Hospital por tempo de cinco anos, as quais penas
farão pagar com brevidade, sem duvida nem embargo algum visto a necessidade que
disse há.”
Com as receitas obtidas durante
os cinco anos não consegui, a Misericórdia acabar as obras projetadas. Em 1735
a Mesa, pediu ao Rei D. João V, que lhe fosse concedido o subsidio do real de
água da Câmara, para a conclusão das obras da reedificarão da Igreja e do
Hospital anexo. Foi-lhe concedido esse subsidio durante quatro anos. Durante o
lapso de tempo em que a Misericórdia recebeu as importâncias provenientes do
imposto do real de água não consegui ainda ultimar as obras em curso.
Em 1740,
sendo Provedor Manuel da Fonseca Coutinho, a Mesa fez uma nova pedição ao Rei,
dizendo que “sem embargo de zelo e cuidado com que se
tinha trabalhado na dita obra, ainda esta se não achava acabada e se tinha
despendido não só a importância do dito real de água, que era de 1.414$104
réis, mas também a quantia de 1.747$800 réis de rendas da Misericórdia".
Alegando também a
Mesa que a Casa não devia gastar nas obras o que era destinado aos doentes,
solicitava ao rei a continuação do subsídio do real de água e, por alvará de 13
de Dezembro de 1740, foi-lhe deferido a pretensão. Conseguiu assim, a
Misericórdia, a almejada conclusão das obras de reedificação da igreja e de
construção do hospital, que haviam arrastado durante mais de um século. De ambos os lados
da igreja foram construídas enfermarias, destinando-se as do lado do Norte aos
doentes de sexo masculino e as do lado Sul aos do sexo feminino. Por breves
pontifícios de 2 e 3 de Outubro de 1777, de Pio VI, obteve a Misericórdia dois
altares privilegiados: o da Visitação e o de S. João de Deus. Em 1798 já o
hospital estava muito arruinado, necessitando de substituição dos pavimentos e
dos tetos de madeira.
A Mesa reunida em
1 de Janeiro desse ano, deliberou mandar executar as obras necessárias,
despendendo nelas a quantia de 300$000 reis que lhe havia sido legado em
testamento em 1794, pelo benemérito Padre Manuel Mendes beato. A Santa
Casa da Misericórdia esteve instalada nas dependências da Igreja da Rainha da
Rainha Santa Isabel até ao ano de 1835. Tendo-se tornado insuficiente as
instalações do hospital e aproveitando a circunstancia de haverem sido extintas
em 1834 as Ordens religiosas deliberou, a Mesa, em sessão de 5 de Setembro
daquele ano, dirigir às cortes uma representação solicitando a troca do
edifício da Misericórdia pelo do convento de Santo António dos Capuchos.
Não
conseguiu, porém, o deferimento da pretensão e, em sessão de 6 de Outubro do mesmo
ano resolveu pedir as instalações do convento da Graça. Foi concedida, pelo
Ministério da Fazenda, em portaria de 9 de Julho de 1835, a permuta dos
edifícios e, em portaria de 18 de Setembro do mesmo ano foi autorizada a
transferência da Misericórdia para o antigo convento da Graça. Foram mudados os
sinos e algumas imagens de santos, entre as quais a da Padroeira da
Misericórdia.
(Continua)
Recolha de dados: “Castelo Branco na História e na Arte” de Manuel Tavares dos Santos
O ALBICASTRENSE
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