segunda-feira, fevereiro 12, 2024

MEMÓRIAS DO BLOGUE - LEMBRANÇAS PARA A HISTÓRIA DO BISPADO - (V)

 

 MEMÓRIAS DO BLOGUE

"DEZ ANOS DEPOIS"

LEMBRANÇA

Para a história do Bispado de Castelo Branco

(Continuação)
Duas palavras sobre a residência episcopal, o famoso Paço do Bispo, de curiosa história e tradição sem confronto, nesta cidade.
Ordenara-lhe a traça primitiva, D. Nuno de Noronha, 34º bispo da Guarda, um aristocrata letrado e teólogo, com registo nas crónicas dos fins do séc. XVI e alvores do imediato.
Filho de D. Sancho de Noronha, 4º conde de Odemira e alcaide-mor de Estremoz, e de D. Margarida da Silva, herdeira do 2º conde de Portalegre, fora escolar teólogo nos crúzios de Coimbra, mestre em Artes e bacharel em Teologia, eleito Reitor da Universidade pela corporação dos mestres e estudantes.
Obtende confirmação do Cardeal-Rei (1578), tomou graus de licenciatura e doutoramento (1584), não sendo excecional que um estudante como ele ocupasse a prelazia universitária.
Filipe II o despachou para a Sé de Viseu (1586), e dali se transferiu para a Guarda (1594). A sua memória perpetua-se na edificação dos seminários diocesanos e na organização do Sínodo de 1579, em que se aprovaram as novas constituições deste bispado. Ora os bispos guardenses usufruíam direitos episcopais, rendas e procurações, no termo de Castelo Branco, desde eras remotas.
O “gentilhomem de grande estatura e grandiosa trato na sua casa”, segundo os testemunhos do secretário Belchior de Pina e do Padre Carvalho, deliberou estabelecer aqui uma residência hibernal, para si e seus sucessores. A edificação primitiva (1596-98) abrangia somente uma parte da atual, “a que tem janelas rasgadas sobre o parque, sem o perystilo nem o salão de entrada e todo o corpo correspondente”.
Era um personagem faustoso do quinhentismo, evidenciado na conhecida visita a Filipe II, “para concertar alguns negocio do reino”, à própria residência da corte, em Madrid, capital de Espanha e, também – ai de nós! - de Portugal. Finava-se em 1608, arruinado na fazenda, a ponto de um sucessor na Mitra (desde 13 de Fevereiro de 1610), D. Afonso Furtado de Mendonça, doutor em Cânones e futuro bispo de Coimbra, arcebispo de Braga e de Lisboa, ter providenciar na aquisição em hasta pública, da quinta do bosque, pele falta de pagamento aos proprietários.
(Continua)
                                                             O ALBICASTRENSE

Sem comentários:

Enviar um comentário

TESTEMUNHOS SOBRE TOMÁS MENDES DA SILVA PINTO

MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE Em resposta ao meu apelo para que quem soubesse algo sobre Tomás Mandes da Silva Pinto, recebi os testemunho...