O Albicastrense
BEM – VINDOS A UM BLOGUE LIVRE DE OPINIÕES SOBRE CASTELO BRANCO, SEJAM ELAS BOAS OU MÁS. O BLOGUE É DE TODOS E PARA TODOS OS ALBICASTRENSES…
sexta-feira, maio 31, 2013
terça-feira, maio 28, 2013
EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – LXXIV
A
rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e
Março de 1937, no jornal “A
Era Nova”.
Transitou para o Jornal “A
Beira Baixa”
em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A
mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do
primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC”
foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho
que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O
texto está escrito, tal como foi publicado.
Os
comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
No
dia 9 de Novembro reuniu-se a Câmara em sessão e nesta
apresentou-se um bico de obra que deu que entender.
Para começar façam favor de ler:
“Por
mim Escrivão foi logo aprezentada aos sobreditos officiaes huma
Deprecada que veyo do juizo da Correyção desta cidade para effeito
de elles ditos vereadores e procurador darem sua resposta a hum
requerimento de Jozé Francisco Vidal natural de Espanha e morador
nesta cidade, fez a sua Magestade em que a mesma Senhora he servida
mandalos ouvir: - em cujo requerimento diz em suma o dito Jozé
Francisco Vodal que elle a rematou a factura de duas Pontes nas
ribeyras da Ocreza e Alvito por sincoenta mil cruzados em vinte de
Julho de mil sete centos outenta e cinco cuja obra se mandou
suspender tendoa já principiado e gasto nella dous contos setenta e
cete mil seis centos e trinta reis: pedindo por cuncluzão a Sua
Magestade que fosse servida mandar-lhe continuar com a factura da
dita obra ou que se lhe pagasse a despeza que nela fez. E como para
haver esta Camara de responder ao dito requerimento com clareza e
verdade seja precizo que o dito Jozé Francisco Vidal aprezente a
Provizão que facultou a dita obra e juntamente os apontamentos dela
e tudo da sua a rematação.
Determinarão
que o Procurador desta Comarca e em nome delles vereadores requeresse
ao Doutor Corregedor desta Comarca e Ministro informante do dito
requerimento que Jozé Francisco Vidal exzibisse os sobreditos
documentos sem os quaes não podia esta Camara dar a sua resposta com
exzação”.
Na
sessão de 9 de Novembro de 1794 vimos o que se passou a respeito do
requerimento do espanhol José Francisco Vidal, que queria uma de
duas coisas: ou que se lhe permitisse a continuação dos trabalhos
de construção das pontes sobre as ribeiras Ocreza e Alvite, ou que se lhe pagasse a quantia de dois contos e setenta e sete mil seis
centos e trinta réis que dizia ter gasto nos trabalhos realizados até
ao momento e que foram mandados suspender.
A
Câmara queria que o homem apresentasse todos os documentos precisos
para “dar a sua resposta com exzação”.
Seis
dias depois, em 15 de Novembro por conseguinte, houve nova sessão da
Câmara, com assistência da Nobreza e Povo, e então a resposta foi
de deixar o espanhol de cara à banda.
(Continua)
PS. Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides
Municipais”,
que o que
acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado na
época.
O
Albicastrense
domingo, maio 26, 2013
quinta-feira, maio 23, 2013
O HIPÓLITO COMENTA XI
segunda-feira, maio 20, 2013
ALBICASTRENSES ILUSTRES - XXXII
ANTÓNIO
DE SENA FARIA VASCONCELOS E AZEVEDO
Nasceu
em Castelo Branco a 2 de Março de 1880, sendo filho do Juiz de
Direito Dr. Luís Condito Faria Vasconcelos. Frequentou a
Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito a 12 de Julho de
1901.
No
entanto, foram principalmente os problemas de Educação que, desde
muito novo o seduziram. Atraído por eles, partiu para a Bélgica e
matriculou-se na Universidade Nova de Bruxelas, frequentou a Escola
Livre e Internacional do Ensino Superior, onde defendeu a tese
“Esquisse
d' une théorie de le sensibilité social”,
o que lhe valeu ser doutorado em Ciências Sociais com a maior
distinção. De aluno passou a Professor da mesma Universidade,
regendo a cadeira de Psicologia no Instituto de Altos Estudos
(1904-1914). Foi também Professor de Literatura Dramática na
Extensão Universitária da Bélgica (1905-1910). Na posse de todos
os métodos e problemas da educação, passou da teoria à pratica,
fundando à sua custa em Bièrges, perto de Bruxelas, a sua École
Nouvelle à la Campagne (1911), escola que na opinião de Adolfo
Ferriêre foi uma das melhores realizações da Escola Nova.
Em
Agosto de 1914 a invasão alemã impeliu-o para a Suíça, tendo em
Genebra desempenhado os cargos de Encarregado dos Cursos das Ciências
de Educação, Assistência do Laboratório de Psicologia
Experimental da Universidade, dirigido pelo Dr. Claparéde e
Secretario do Bureau Internacional des Écoles Nouvelles. O
seu nome já consagrado como pedagogo e psicológico de primeira
categoria, chegou à América, tendo recebido convites da Republica
de
Cuba e da Bolívia, onde organizou programas e regulamentou varias
secções pedagógicas. Em Dezembro de 1920 regressou a Portugal onde
exerceu o cargo de Professor de Pedagogia na Escola Normal Superior
e, em 1922 foi nomeado Assistente da Faculdade de Letras de Lisboa.
Em
1925 fundou o Instituto de Orientação Profissional, a que dedicou a
sua actividade. Tem inúmeros trabalhos da especialidade e, dele
tratam autores os quais o Dr. José Lopes Dias em “Estudantes
da Universidade de Coimbra naturais de C. Branco”
de onde se respigaram estas notas.
António
de Sena Faria Vasconcelos e Azevedo, morreu em Lisboa no ano de 1939.
Recolha
de dados: “Figuras
ilustres de Castelo Branco”,
de Manuel da Silva Castelo Branco.
O
Albicastrense
sexta-feira, maio 17, 2013
TIRAS HUMORÍSTICAS - CII
A
dupla “Bigodes & Companhia”, galhofa com algumas das
declarações feitas por João Paulo Benquerença, (líder da
concelhia distrital de Castelo Branco) nas comemorações do 39
aniversário do PSD de Castelo Branco.
Última
hora: A dupla teve conhecimento que a associação de míopes,
assim como a associação de defesa do bom nome das lapas, vão
solicitar ao líder da concelhia do PSD de Castelo Branco, para ele
se retratar das afirmações caluniosas que proferiu contra os
associados das referidas associações.
Bigodes &
Companhia
(PS).
O albicastrense não se responsabiliza pelos tontearias da dupla maluca.
quarta-feira, maio 15, 2013
COMENTÁRIOS - XX
Anónimo
disse...
Caro
Albicastrense, tanto pelo que sei, a casa está para ser reabilitada
pela câmara de Castelo Branco, sendo que o Rés do chão permanecerá
para funções comerciais e o primeiro andar para habitação.
O terceiro andar antes existente foi totalmente demolido pois se tratava de
um acrescento à construção original. Existiam alguns nichos
abertos para a muralha, os quais foram fechados, permanecendo apenas
os dois em arco (visíveis na segunda fotografia que postou).
O
projeto de recuperação tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos
passados meses e a primeira fase foi apresentada ao público através
de uma exposição no Antigo edifício dos CTT (de Fevereiro
passado).
Desenvolve-se
agora pormenorização e orçamentação do projeto, logo ainda
levará algum tempo até ser implementado.
Desculpe
a invasão.
O Albicastrense
terça-feira, maio 14, 2013
VELHAS IMAGENS DA MINHA TERRA – XXXI
“ UMA VELHA GRAVURA DA TERRA ALBICASTRENSE"
A
imagem que desta vez coloco à descoberta dos albicastrenses que
visitam este blog, é uma velha gravura da terra albicastrense feita
em 1840.
A
imagem foi recolhida por mim, numa edição da Revista Estudos de
Castelo.
QUE
LOCAL DA TERRA ALBICASTRENSE, PODEMOS VER NELA?
PS.
Tal como das outras vezes, as respostas certas só serão publicadas
dois ou três dias depois, para que todos possam responder.
O
Albicastrense
domingo, maio 12, 2013
CRÓNICAS DO QUINTAL DOS MARRECOS - IV
“A TAXA”
No quintal marrécal, o sussurro está
na ordem do dia, os marrecos vão murmurando entre si, como se algo
de muito grave estivesse para acontecer e nada seja possível
realizar para combater a calamidade anunciada pelo primeiro marreco
do quintal.
O marreco primeiro, também designado
por alguns por marreco aldrabão e coveiro dos marrecos mais
idosos, veio a terreiro anunciar que os marrecos mais antigos, estão
a arrombar o celeiro do quintal, com a demasia de massarocas que
recebem.
Perante o excesso das massarocas pagas,
o marreco aldrabão (perdão...) primeiro, disse que o celeiro do
quintal não aguentava tal encargo, por isso, iria retirar (ou será
gamar?) aos ditos cujos, parte da massaroca que estão a receber a
mais.
O responsável pela aproximação aos
quintais vizinhos, também conhecido por marreco feirante, veio
entretanto a público afirmar que não estava virado para esse lado,
e logo comunicou que existiam linhas que ele não podia ultrapassar,
(que raio de linhas, estaria o marreco feirante a falar?) como tal,
não podia concordar com tal medida.
Perante esta discordância, (ou será
marosca?), um tal secretário mandatado não se sabe por quem, (ou
será que sabemos!..) veio a público, confirmar as palavras do
marreco primeiro e “cagando” nas declarações do marreco
feirante.
O marreco mais importante do quintal,
mantém-se serenamente caladinho da silva, (Silva! Esta palavra não
me é estranha...), espera-se a todo o momento que ele possa lançar
alguma posta de bacalhau na sua página do facebook.
O chefe da maior facção oposicionista
do quintal, conhecido como marreco frouxo, veio entretanto divulgar
que esta medida é um ultraje aos marrecos mais idosos e que não
contassem com ele para mandar mais cedo para a cova, os marrecos mais
velhotes.
Os restantes lideres oposicionistas,
apelaram à revolta geral no quintal marrécal, anunciando que o
primeiro marreco é um marreco sem vergonha, acrescentando ainda, que
tudo iriam fazer para lhe abrir a caminha.
Perante os cortes
anunciados pelo primeiro.
Ante a enunciação feita
pelo responsável da aproximação aos quintais vizinhos.
Ou ainda, diante das
declarações do secretário mandatado.
À maioria do povão marrécal, (pois
esta não é uma luta dos marrecos mais velhos, mas de todos), só
restam dois caminhos: Ir apertando o cinto até que deixem de
existir buracos e sucumbirem lentamente, na esperança de que os
outros vão resolver os seus problemas, ou então, participarem nas
lutas promovidas por todos aqueles que acreditam que o quintal
marrécal não é nem pode ser um local, onde a fome, a pobreza, e a
miséria têm lugar à mesa daqueles, que ao longo de uma vida deram
o seu melhor em prol do quintal marrécal.
O Albicastrense
quinta-feira, maio 09, 2013
BORDADO DE CASTELO BRANCO
COLCHAS DE CASTELO BRANCO
Muita
coisa existe publicada sobre o bordado de Castelo Branco, contudo o
trabalho que Jaime Lopes Dias publicou no oitavo volume da sua
Etnografia da Beira sobre as colchas de Castelo Branco, é sem dúvida
um dos que mais gostei de ler.
Embora o referido trabalho tenha sido publicado à mais de sessenta anos e, entretanto muita coisa tenha mudado no bordado de Castelo Branco, o texto é sem dúvida merecedor de sair do baú do passado, para o blog.
Embora o referido trabalho tenha sido publicado à mais de sessenta anos e, entretanto muita coisa tenha mudado no bordado de Castelo Branco, o texto é sem dúvida merecedor de sair do baú do passado, para o blog.
terça-feira, maio 07, 2013
RUA DAS OLARIAS
“DUAS
FORMOSAS ARCADAS”
As
imagens que ilustram este post, mostram-nos uma casa que a autarquia
albicastrense adquiriu na rua das Olarias, casa que supostamente seria para ser recuperada e depois ser alugada.
As
obras começaram à cerca de dois meses, contudo pararam algum tempo
depois, tentei saber o motivo da paragem das obras, porém nada
consegui descobrir. Todavia ao passar pelo local, não pude deixar de
espreitar para o interior do que resta da velha casa, ao fazê-lo
confesso que fiquei fascinado (mais uma vez), com a beleza de duas das quatro arcadas, que existem no interior desta antiga casa.
Perante as formosas arcadas, sou levado a pensar que o motivo
da paragem das obras, esteja relacionado com as arcadas que se podem
ver nas imagens captadas por mim.
Perante tal facto, confesso que
estou muito curioso sobre as ideias que a autarquia albicastrense tem para
o local, por isso este albicastrense só pode recomendar a quem
comanda a autarquia da sua terra, que estas muito formosas arcadas,
têm que ter o relevo que lhes foi abafado durante mais de um século,
por isso todo o ponderação é pouca.
(PS).
Imagens captadas por mim, através do vidro de uma das portas.
O Albicastrense
sábado, maio 04, 2013
A MURALHA ALBICASTRENSE
“A VELHA SENHORA”
As
obras que decorreram na rua Vaz Preto e que tinham como objectivo,
colocar à vista parte da velha muralha da terra albicastrense, estão
finalmente concluídas, (como aliás se pode ver nas imagens
captadas por mim no local).
A
recuperação de parte da “velha senhora”
da terra albicastrense, foi sem dúvida um dos maiores feitos dos
autarcas que agora terminam o seu mandato, não mencionar aqui esse
facto, seria em meu entender um acto menos sério da minha parte.
Como
não sou pessoa de ficar calada quer perante as obras que em meu
entender nada beneficiavam a minha terra, ou ante aquelas que em meu
entender eram uma mais valia para a mesma, só posso mesmo dizer a
quem vai dentro de pouco tempo abandonar funções na autarquia
albicastrense, que este albicastrense independentemente de aqui ter
protestado contra determinadas obras, agradece a quem agora sai, o
muito que fez pela “Velha Senhora”.
O
Albicastrense
quinta-feira, maio 02, 2013
MEDECINA NA BEIRA INTERIOR DA PRÉ-HISTÓRIA AO SÉCULO XX - II
ASSISTÊNCIA AOS
DOENTES, EM CASTELO BRANCO
E SEU TERMO, ENTRE OS COMEÇOS
DOS
SÉCULOS XVII E XIX.
Manuel
da Silva Castelo Branco
O
presente estudo constitui o prosseguimento de um outro, elaborado
para as I Jornadas de História da Medicina na Beira Interior (1989),
onde tratei do tema em epígrafe até princípios de seiscentos.
Neste
trabalho segui as linhas gerais estabelecidas então para o primeiro,
procurando apresentar igualmente por forma sumária as diversas
matérias, resultantes
de uma investigação aliciante mas complexa e morosa...
I
PARTE
No
largo período a que nos vamos reportar, continuam a funcionar em
Castelo Branco e no seu termo - Alcains, Benquerenças, Cafede,
Cebolais, Escalos de Cima e de Baixo, Juncal, Lentiscais, Lousa,
Malpica, Mata, Maxiais, Monforte, Palvarinho, Retaxo e Salgueiro -
algumas das instituições já referidas anteriormente e, embora
surjam outras iniciativas, torna-se notório o desenvolvimento das
Misericórdias no decurso destes 200 anos..
O
HOSPITAL DOS CONVALESCENTES
Com
o objectivo de receber os convalescentes de ambos os sexos,
provenientes do hospital da Misericórdia, foi instalado pelo Padre
Dr. Bartolomeu da Costa nas casas de residência, que possuía na rua
d’ Ega, ali se conservando depois da sua morte em Lisboa, a
27-3-1608. Para
o efeito este grande benemérito deixou todos os haveres à
Misericórdia de Castelo Branco, por testamento lavrado naquela
cidade, a 30-4-1605.
Os seus bens constavam de duas casas, 2 vinhas,
6 olivais, 9 terras de cultura e um padrão de juro com o rendimento
anual de 240000 réis. O Padre Bartolomeu da Costa, que nasceu em
Castelo Branco a 24.08.1553, doutorou-se em Teologia na Universidade
de Coimbra e foi tesoureiro-mor e cónego da Sé de Lisboa.
Pelas
suas virtudes e extraordinária acção caritativa, a Igreja
concedeu-lhe o título de Venerável e o Povo apelidou-o de
Tesoureiro Santo. Daí,
a designação por que ficou também conhecido o Hospital dos
Convalescentes, anexo ao da Misericórdia, sob cuja administração
sofreu igualmente diversas obras de restauro.
O
HOSPITAL DAS MULHERES
Com
este nome aparece registado no novo “Tombo
das capelas da igreja de S. Miguel, matriz de Castelo Branco”,
a propósito do falecimento, em 10.03.1764,
de Frei
Martinho Gomes Aires, vigário do Colegiado de Santa Maria e morador
na freguesia de S. Miguel, “nas
suas casas próprias que foram dos Samúdíos, na rua d’Ega,
defronte do Hospital das Mulheres”...
Nada
mais apurei sobre este hospital que, presumo, pertenceria também à
Misericórdia, achando-se próximo dela, na Rua d’Ega, talvez com o
propósito de substituir temporariamente qualquer dos outros, em
obras de beneficiação. Podemos ainda supor, tratar-se do próprio
Hospital dos Convalescentes, situado naquela artéria e assim
designado por engano ou por outra razão...
A
ENFERMARIA PARA PASSAGEIROS, NA ERMIDA DO ESPÍRITO SANTO
Como
já vimos, consistia numa casa anexa à capela-mor da ermida, com a
qual comunicava por meio de uma porta sita do lado do Evangelho e
medindo 12 palmos de alto e 9 de largo.
A
enfermaria tinha 35 palmos de comprido, 23 de largo e 15 de alto,
sendo de telha-vã. Ainda existia em 1706 (mas
já sem serventia há bastantes anos)
quando o Dr. Francisco Xavier da Serra Craesbeek, juiz de fora da
vila, procedeu à execução do “Tombo,
medição e demarcação de toda a fazenda, propriedade e foros da
comenda de Santa Maria do Castelo da notável vila de Castelo Branco”
de que era comendador o Infante D. Francisco.
A
CAPELA, ALBERGARIA É HOSPITAL DE SANTA EULÁLIA
Situava-se
na Rua dos Ferreiros, entre a porta da Vila e Postiguinho dos
Valadares, do lado direito de quem ia para a Corredoura, convento da
Graça e Paço do Bispo.
A
capela tinha toda a frontaria em pedra de cantaria lavrada e um
campanário com o seu sino; a portada, virada ao Poente, dava para a
rua pública; no altar oposto à entrada principal, estava o retábulo
e nele, um crucifixo de marfim e as imagens de Nossa Senhora da
Conceição e de Santa Eulália. Aos lados do altar abriam-se duas
portas: a da esquerda para a sacristia e, a da direita, para a
albergaria e hospedagem dos passageiros.
Esta
última sala, com 4 varas e 3 quartas de comprimento e 3,5 de
largura, tinha mais duas portas e nela havia uma chaminé e quatro
camas para os viandantes pobres e peregrinos, que ali se poderiam
recolher e agasalhar durante três dias...
Assim
vai descrita esta casa, embora mais detalhadamente, a 26.02.1770 no
“Tombo
do Morgado de Santa Eulália”,
efectuado então sobre a direcção do Dr. José Inácio de Mendonça,
corregedor e ouvidor da Comarca de Castelo Branco, cavaleiro da Ordem
de Cristo e do desembargo de Sua Majestade.
A
BOTICA DO PAÇO DO BISPO
Após
a construção do seu paço, no extremo Norte da Corredoura, em
1596-98, os Prelados da Guarda (a
cuja diocese pertencia a vila de Castelo Branco)
ali passaram a residir com frequência, não só por virtude das
costumadas visitas pastorais mas também para fugir aos rigorosos
Invernos da sede do bispado.
A
eles se deve a primeira fase de valorização daquele edifício, quer
no arranjo de vários anexos, quer no enriquecimento do seu recheio
(móveis, livros,
vestimentas, quadros, utensílios de cozinha, etc, etc.).
Em
1771, D. José I desmembra da vasta diocese da Guarda o novo bispado
de Castelo Branco e eleva esta vila a cidade. Assim surge a segunda
fase no
desenvolvimento
do Paço Episcopal, com a sua ampliação e embelezamento,
tornando-se sem dúvida o edifício de maior envergadura da região.
Entre a ilustre série dos prelados da Guarda, destaca-se a figura de
D. João de Mendonça (1711-1736), o fundador do famoso Jardim do
Paço, distinto numismata e bibliófilo, ao qual se deve também o
estabelecimento de uma preciosa botica.
Para
cuidar dela contratou o boticário João Rodrigues Curado, ao qual
legaria (por sua
morte) a quantia
de 40.000 réis.
Ora
a botica, bem fornecida e qualificada, era utilizada não só nos
serviços internos, mas posta com toda a liberalidade à disposição
dos necessitados. E esse costume manteve-se enquanto ela existiu..
O
RECOLHIMENTO DAS CONVERTIDAS OU CONSERVATÓRIO DE
SANTA MARIA MADALENA
Mandado
construir, em 1715 na Rua do Cavaleiro, pelo Bispo D. João de
Mendonça (que
encomendara o respectivo projecto ao cap. Eng° Valentim da Costa
Castelo Branco),
seria concluído mais tarde no tempo do seu sucessor D. Bernardo
António de Melo Osório (1742-1771). A
inauguração oficial deu-se a 14.02.1753, com uma procissão solene
tendo à frente o prelado, mas só a 25 de Março começaria a
funcionar, ao entrar a primeira regente, a porteira e três
recolhidas. Inicialmente, o Conservatório destinava-se a recolher
“mulheres
que por seu desamparo estavam em risco de ruína conservando-se em
liberdade e aonde ao mesmo tempo se empregassem no culto e louvor a
Deus”. Em
1769, admitiam-se 3 categorias de recolhidas: gratuitas “escolhidas
entre as mais pobres do bispado e que prometessem maior progresso em
virtude”,
que recebiam diariamente 40 réis; porcionistas, que pagavam
anualmente 30.000 réis; e seculares, as que entravam “sem
ânimo depermanência”.
Nos
estatutos especificavam-se, entre outros, os ordenados ao médico da
casa (6.000 réis) e ao sangrador (3.000 réis). O último bispo de
Castelo Branco, D. Joaquim José de Miranda Coutinho, conseguiu
transformar um pouco os hábitos das recolhidas, criando nele uma
escola do sexo feminino, por elas regido e com o fim de lhes ocupar o
tempo. Porém, após o seu falecimento, tudo voltou ao antigo e o
Recolhimento entrou em franca decadência... No seu edifício seria
instalado o Asilo Distrital da Infância Desvalida (1867).
NOTA:
Aos
responsáveis pela edição dos cadernos relativos às Jornadas
de História da Medicina na Beira Interior, este albicastrense só
pode mesmo dizer-lhes,
que não desmereçam perante as muitas dificuldades.
Desejando
ainda, que nos brindem com estes cadernos por muitos e muitos mais
anos.
PS.
Para quem se interessar por este tipo de leitura, só tem que
clicar em: www.historiadamedicina.ubi.pt/cadernos.html.
O
Albicastrense
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