(O SEU PATRIMÓNIO)
Em outubro
de 2008 postei neste bloque, a publicação que pode ser lida depois do pequeno texto explicativo. Publicação onde perguntava no final; “Onde estariam os
troféus, bandeira, estandarte, atas e livre de registos da antiga coletividade,
“Águias de São Miguel da Sé”? Soube hoje por mero acaso (12 anos depois), que tudo o que havia na
seda de coletividade na altura do seu encerramento, Jogos de matraquilhos, mesa
de ping pong, secretaria, balcão, máquina de café, uma carrada de troféus e documentos sobre a sua história, foram vendidos por 160 euros. Material
que depois essa pessoa vendeu por 300 euros.
Segundo me foi transmitido, quem comprou
os troféus terá mandado muitos deles para o lixo, outros ofereceu-os por aqui e
por ali. Contudo o que mais me magoou nesta amargurada historia,
foi que alguém terá contactado os responsáveis da nossa autarquia sobre o que
fazer aos troféus e registos da coletividade que tantas alegrias tinham dado a muitos albicastrenses. A
resposta dos responsáveis segundo me foi dito, é que não estavam interessados
em nada do que ali existia.
Ou seja, doze anos depois ficamos finalmente a saber, que quem
dirigia a terra albicastrense em 2008, resolveu deixar ir para o lixo meio século da história
de uma das coletividade mais importantes dos últimos 50 anos do século XX.
Palavra que perante toda esta história me
interroguei sobre quem escolhemos nós para dirigir a nossa terra!
Como foi
possível deixarem ir para o lixo meio século de história da terra Albicastrense?
Termino
dizendo que quem permitiu ou fechou os olhos a este desfecho, deveria ser
chamado a tribunal para responder sobre sepultamento de meio século na nossa história.
OUTUBRO DE 2008
ÁGUIAS DE SÃO MIGUEL DA SÉ
Águias de São Miguel da Sé fecharam portas. Não sabia? Eu também não!
Foi preciso passar pela antiga sede desta
Associação, (Rua 5 de Outubro) e
reparar nas obras que decorrem no edifício que agasalhava esta coletividade,
para ficar a saber da sua extinção!?
COLECTIVIDADES ALBICASTRENSES
Castelo Branco é hoje uma cidade onde não
faltam coletividades de carácter recreativo e desportivo. Das muitas
associações existentes em Castelo Branco, subsistem algumas a que eu chamaria;
Antigas Coletividades Albicastrenses, (coletividades que vão desaparecendo
pouco a pouco) e outras mais recentes, que designaria como; Coletividades pós
25 de Abril.
Se em relação às últimas parece não haver
grandes dificuldades, podendo até dizer que o trabalho desenvolvido por estas
associações, é bastante positivo e merecedor de aplausos, sendo igualmente
justo referir o apoio que a nossa autarquia tem prestado a estas coletividades.
No entanto no que diz respeito às velhas coletividades a coisa é bastante mais
complicada… Existiam até há pouco tempo na nossa cidade, (se a memória não me atraiçoa); Assembleia de Castelo Branco, Centro
Artístico Albicastrense, (do qual sou
sócio à cerca de 40 anos) Clube de Castelo Branco, Benfica de Castelo
Branco, Águias de São Miguel da Sé e Desportivo de Castelo Branco.
Nos últimos
anos, duas destas coletividades; Assembleia de Castelo Branco, (2000) e os
Águias de São Miguel da Sé (2005) fecharam as portas, sem que qualquer
albicastrense se preocupasse, (pelo menos
assim parece) sobre o que terá levado ao encerramento de porta, ou sobre o
destino que terá levado o património destas coletividades.
ÁGUIAS DE SÃO MIGUEL DA SÉ
(1950- 2005?)
A
SUA HISTÓRIA
Após alguns contactos, consegui descobrir
um quinhão da história desta velha coletividade albicastrense; Os fundadores
desta associação, começaram por se reunir em finais dos anos 40 na tasca do
Júlio Marzia hoje conhecida, (que me
desculpe o seu atual proprietário de quem sou amigo) pelo café do cabeça
grossa, (situado junto ao Café Beirão).
As primeiras reuniões, decorreram nesta
tasca onde lhes era cedido pelo Júlio, uma sala para reunirem no inicio dos
anos 50 ganharam asas e abriram a sua primeira sede na rua Ruivo Godinho,
(segundo ouvi perto do restaurante, “O
Caçador”).
Teve como seu primeiro presidente; Zé Augusto Gama, também
conhecido por “Zé Doutor”, em virtude de trabalhar num consultório médico. Na
década de sessenta, mudaram a sua residência para a rua cinco de Outubro, (edifício da foto) e ali desenvolveram a
sua actividade até à sua extinção. Após a mudança da sede, esta associação
tornou-se uma das mais populares a nível futebolística da nossa cidade, fazendo
do futebol o seu emblema. Inscrita no antigo “Inatel” (Organização fundada em
1935, como Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho – FNAT).
Foi durante muitos anos, a associação mais
representativa da nossa cidade, nas competições desportivas promovidas pelo
Inatel.
Em 1974 ganhou a taça do Trabalhador, prova organizado pelo Inatel cuja
final se realizou na Covilhã. Por ali passaram jogadores como, Irmãos Vaz,
Augusto Nabais, Isidoro, Tomás, Aurélio, Henrique Silva, Zé da Costa, Irmãos
Serra, Sávedra, Catarro, Quim e muitos outros, (Muitos destes jogadores viriam mais tarde a jogar no Benfica de Castelo
Branco).
O período de ouro desta associação, foi
sem dúvida os anos que vão de sessenta a oitenta, nestes anos passaram por
sucessivas direções desta coletividade, homens como Américo, Zé Benfica (tragicamente desaparecidos num acidente de
automóvel em 1973), Augusto Vaz, Augusto Nabais, e muitos outros. Na década
de 80, esta associação ganhou notoriedade na modalidade de atletismo, chegando
a ter um bom lote de atletas que a representavam em provas por todo o país.
Lembraria o Viegas, antigo praticante e grande impulsionador do atletismo nos
Águias de S. Miguel da Sé. Da década de 90 do século XX, e dos primeiros anos
do século XXI, praticamente nada se sabe de interessante sobre a atividade dos
Águias de São Miguel da Sé.
INTERROGAÇÕES:
Mais que saber a quem cabem as
responsabilidades, ou culpas desta extinção, interessa saber o que foi feito do
seu património, (livros de atas, troféus,
bandeira, estandarte, etc). Estará na posse de algum dos seus últimos dirigentes? Foi
depositado em lugar seguro?
Apelava a estas pessoas para depositarem o património
existente, (por menor que seja) nas
entidades oficiais, pois só assim será possível escrever o passado dos Águias
de São Miguel da Sé, e evitar que o tempo apague a história e o esforço de
muitos albicastrenses que dedicaram parte do seu tempo a esta coletividade e
aos albicastrenses.
O Albicastrense