terça-feira, julho 28, 2020

ÁGUIAS DE SÃO MIGUEL DA SÉ - "UM TRISTE FINAL".


   (O SEU PATRIMÓNIO)

Em outubro de 2008 postei neste bloque, a publicação que pode ser lida depois do pequeno texto explicativo. Publicação onde perguntava no final; “Onde estariam os troféus, bandeira, estandarte, atas e livre de registos da antiga coletividade, “Águias de São Miguel da Sé”? Soube hoje por mero acaso (12 anos depois), que tudo o que havia na seda de coletividade na altura do seu encerramento, Jogos de matraquilhos, mesa de ping pong, secretaria, balcão, máquina de café, uma carrada de troféus e documentos sobre a sua história, foram vendidos por 160 euros. Material que depois essa pessoa vendeu por 300 euros.
Segundo me foi transmitido, quem comprou os troféus terá mandado muitos deles para o lixo, outros ofereceu-os por aqui e por ali. Contudo o que mais me magoou nesta amargurada historia, foi que alguém terá contactado os responsáveis da nossa autarquia sobre o que fazer aos troféus e registos da coletividade que tantas alegrias tinham dado a muitos albicastrenses. A resposta dos responsáveis segundo me foi dito, é que não estavam interessados em nada do que ali existia. 
Ou seja, doze anos depois ficamos finalmente a saber, que quem dirigia a terra albicastrense em 2008, resolveu deixar ir para o lixo meio século da história de uma das coletividade mais importantes dos últimos 50 anos do século XX. 
Palavra que perante toda esta história me interroguei sobre quem escolhemos nós para dirigir a nossa terra! 
Como foi possível deixarem ir para o lixo meio século de história da  terra Albicastrense? 
Termino dizendo que quem permitiu ou fechou os olhos a este desfecho, deveria ser chamado a tribunal para responder sobre sepultamento de meio século  na nossa história.

OUTUBRO DE 2008
ÁGUIAS DE SÃO MIGUEL DA SÉ

Águias de São Miguel da Sé fecharam portas. Não sabia? Eu também não!
Foi preciso passar pela antiga sede desta Associação, (Rua 5 de Outubro) e reparar nas obras que decorrem no edifício que agasalhava esta coletividade, para ficar a saber da sua extinção!?

COLECTIVIDADES ALBICASTRENSES
Castelo Branco é hoje uma cidade onde não faltam coletividades de carácter recreativo e desportivo. Das muitas associações existentes em Castelo Branco, subsistem algumas a que eu chamaria; Antigas Coletividades Albicastrenses, (coletividades que vão desaparecendo pouco a pouco) e outras mais recentes, que designaria como; Coletividades pós 25 de Abril.
Se em relação às últimas parece não haver grandes dificuldades, podendo até dizer que o trabalho desenvolvido por estas associações, é bastante positivo e merecedor de aplausos, sendo igualmente justo referir o apoio que a nossa autarquia tem prestado a estas coletividades. 
No entanto no que diz respeito às velhas coletividades a coisa é bastante mais complicada… Existiam até há pouco tempo na nossa cidade, (se a memória não me atraiçoa); Assembleia de Castelo Branco, Centro Artístico Albicastrense, (do qual sou sócio à cerca de 40 anos) Clube de Castelo Branco, Benfica de Castelo Branco, Águias de São Miguel da Sé e Desportivo de Castelo Branco. 
Nos últimos anos, duas destas coletividades; Assembleia de Castelo Branco, (2000) e os Águias de São Miguel da Sé (2005) fecharam as portas, sem que qualquer albicastrense se preocupasse, (pelo menos assim parece) sobre o que terá levado ao encerramento de porta, ou sobre o destino que terá levado o património destas coletividades.

ÁGUIAS DE SÃO MIGUEL DA SÉ (1950- 2005?)
A
SUA HISTÓRIA

Após alguns contactos, consegui descobrir um quinhão da história desta velha coletividade albicastrense; Os fundadores desta associação, começaram por se reunir em finais dos anos 40 na tasca do Júlio Marzia hoje conhecida, (que me desculpe o seu atual proprietário de quem sou amigo) pelo café do cabeça grossa, (situado junto ao Café Beirão).
As primeiras reuniões, decorreram nesta tasca onde lhes era cedido pelo Júlio, uma sala para reunirem no inicio dos anos 50 ganharam asas e abriram a sua primeira sede na rua Ruivo Godinho, (segundo ouvi perto do restaurante, “O Caçador”). 
Teve como seu primeiro presidente; Zé Augusto Gama, também conhecido por “Zé Doutor”, em virtude de trabalhar num consultório médico. Na década de sessenta, mudaram a sua residência para a rua cinco de Outubro, (edifício da foto) e ali desenvolveram a sua actividade até à sua extinção. Após a mudança da sede, esta associação tornou-se uma das mais populares a nível futebolística da nossa cidade, fazendo do futebol o seu emblema. Inscrita no antigo “Inatel” (Organização fundada em 1935, como Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho – FNAT).
Foi durante muitos anos, a associação mais representativa da nossa cidade, nas competições desportivas promovidas pelo Inatel. 
Em 1974 ganhou a taça do Trabalhador, prova organizado pelo Inatel cuja final se realizou na Covilhã. Por ali passaram jogadores como, Irmãos Vaz, Augusto Nabais, Isidoro, Tomás, Aurélio, Henrique Silva, Zé da Costa, Irmãos Serra, Sávedra, Catarro, Quim e muitos outros, (Muitos destes jogadores viriam mais tarde a jogar no Benfica de Castelo Branco).
O período de ouro desta associação, foi sem dúvida os anos que vão de sessenta a oitenta, nestes anos passaram por sucessivas direções desta coletividade, homens como Américo, Zé Benfica (tragicamente desaparecidos num acidente de automóvel em 1973), Augusto Vaz, Augusto Nabais, e muitos outros. Na década de 80, esta associação ganhou notoriedade na modalidade de atletismo, chegando a ter um bom lote de atletas que a representavam em provas por todo o país. Lembraria o Viegas, antigo praticante e grande impulsionador do atletismo nos Águias de S. Miguel da Sé. Da década de 90 do século XX, e dos primeiros anos do século XXI, praticamente nada se sabe de interessante sobre a atividade dos Águias de São Miguel da Sé.

INTERROGAÇÕES:
Mais que saber a quem cabem as responsabilidades, ou culpas desta extinção, interessa saber o que foi feito do seu património, (livros de atas, troféus, bandeira, estandarte, etc). Estará na posse de algum dos seus últimos dirigentes? Foi depositado em lugar seguro?
Apelava a estas pessoas para depositarem o património existente, (por menor que seja) nas entidades oficiais, pois só assim será possível escrever o passado dos Águias de São Miguel da Sé, e evitar que o tempo apague a história e o esforço de muitos albicastrenses que dedicaram parte do seu tempo a esta coletividade e aos albicastrenses.
O Albicastrense

4 comentários:

  1. Vitor Henriques
    A seguir às Águias, outras associações presume que também terão o mesmo fim. O benfeitor que as alimentava monetariamente, partiu... A cotação dos sócios não dá, nem para pagar a água que lá se gasta.
    (Comentário feito no facebook)

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  2. Adelino Inês
    Infelizmente toda a história da cidade se vai apagando.
    Se ninguém com responsabilidade olhar pela história,o futuro não saberá o que ali existiu.
    Bem me lembro de ir beber uma Ginginha ao Águias....😢😢😢
    (Comentário feito no facebook)

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  3. A real data de fundação do Águias de S. Miguel da Sé é 1948. Aqui segue um link com uma noticia de 2006 que dá conta do 58º da coletividade, o que significa que a mesma não terminou em 2005, mas talvez somente no ano seguinte, ou quem sabe até mais tarde, esta talvez tenha sido uma das últimas noticias conhecidas acerca da coletividade https://arquivo.pt/wayback/20060128131356/http://www.jornalregional.com/?p=cfcd208495d565ef66e7dff9f98764da&distrito=&concelho=&op=opiniao&n=711ed411e8586e71b7702297d3d8bef7

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