quinta-feira, julho 02, 2020

ZONA HISTÓRICA DA TERRA ALBICASTRENSE

RECUPERAR BEM UMA VELHA CASA,
E NÃO HONRAR UM BELO PORTADO QUINHENTISTA.

No que diz respeito à nossa zona histórica, confesso que já quase nada me surpreende, independentemente de por vezes alimentar ilusões quanto à sua recuperação. Vem este meu desabafo, a propósito da minha última visita ao local. 
Ao deambular pela rua dos Peleteiros, reparei na recuperação de uma velha casa, de imediato disse para mim mesmo: “Boa! Uma velha casa recuperada!”.
O pior, foi quando reparei que no portado que dá entrada para a referida casa (um dos mais bonitos da nossa zona histórica), tinha sido colocada uma porta de alumínio, assim como em todas as janelas. 
Se a antiga porta em ferro já era condenável, a de alumínio é em meu entender duplamente condenável, ou estarei eu enganado nesta assunto? 
De imediato perguntei a mim próprio, se este tipo de afronta à nossa zona histórica, não era coisa do passado?
Que me desculpe quem não concordar comigo, mas não posso deixar de dizer o seguinte: não sou fundamentalista no que diz respeito à nossa zona histórica, mas, recuperar um velha casa e depois colocar num dos mais belos portados quinhentista existentes da nossa zona histórica, uma porta em alumínio, é no mínimo revoltante. 
Claro que se torna necessário dizer o seguinte: Os responsáveis por este e outros episódios do mesmo género, não são aqueles que gastam o que têm e o que não têm para recuperar as suas casas. Os culpados, são aqueles que escolhemos para comandarem os destinos da terra albicastrense, responsáveis que deviam proteger e acarinhar cada uma das velhas ruas, cada uma das velhas casas, cada um dos velhos portados quinhentista, mas, que pouco ou nada fazem nesse sentido.
O ALBICASTRENSE

13 comentários:

  1. Joaquim Baptista Dos Santos
    Caro António António Veríssimo Bispo, não me repugna que se use alumínios em portas e janelas desde que salvaguardem os elementos históricos. Por vezes por sermos tão fundamentalistas é que certas obras são feitas à sucapa e sem controlo.
    (Comentário feito no facebook).

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    1. Baptista.
      Não se trata de um portado normal, mas sim dum portado quinhentista com 500 anos.
      Baptista, confesso que não esperava uma resposta destas de ti.
      Abraço deste teu amigo

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    2. Pedro Miguel Salvado
      Baptista : Não é fundamentalismo, chama-se bom gosto. Ou melhor presrvar com gramática correcta. este poortado, como sabes , é um dos mais importantes do conjunto. Mas cada um é livre de branquear quem quiser. A defesa do património da pobre zona histórica da nossa querida cidade vai lá com plásticos alvos para branquear ignorâncias..
      (Comentário feito no facebook).

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  2. Assiste-se a atentados sucessivos a vários patrimónios habitacionais, dos centros históricos, até à paisagem identitária (veja-se a invasão do agro negócio no Alentejo, cujos amendoais parece que estão igualmente a conquistar territórios da Idanha). Os males sociais são gigantescos, tornando-nos aos olhos dos que sofrem misérias e desempregos, pandemias e ignorâncias, numa espécie de gente esquisita que se preocupa com ninharias. Há 15 anos fundei uma Associação que se tem preocupado com estes valores, este legado que de um dia para o outro desaparece. O nosso símbolo é a aldraba, batente que roda 180 graus abrindo ou fechando um trinco, o que é sempre um convite para incluir.Espero que haja um Grupo (a fundar urgentemente se não existir) para a Salvaguarda do Património Identitário de Castelo Branco, Um abraço fraterno. Luís Filipe Maçarico (Antropólogo; poeta; 67 anos)

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    1. Amigo oasis dossonhos.
      Bem-haja pelo seu excelente comentário.
      Vamos ver se alguém pega nesta sua deixa e avança com a sua sugestão.
      Abraço


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  3. Lurdes Benquerença
    É inadmissível que numa cidade que se pretende ser evoluída, as autoridades municipais permitam uma barbaridade destas.
    (Comentário feito no facebook).

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  4. Daniela Venâncio
    É realmente estranho os responsáveis pela cidade deixarem que isto aconteça. Mas mais estranho é quando são os próprios a fazê-lo, pois esta casa com um dos mais belos portados quinhentistas foi recuperada pela própria Câmara Municipal de Castelo Branco.
    (Comentário feito no facebook).

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    1. Foi própria Câmara que recuperou esta casa !!!
      Tem a certeza do que diz?
      Se assim for, é duplamente condenável.

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    2. Daniela Venâncio
      Tenho a certeza sim.
      (Comentário feito no facebook).

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  5. Após leitura do texto e comentários, bem como a visualização das fotos, é lamentável como é que a própria CMCB trata assim o seu património histórico.
    Se fosse uma casa recuperada por um qualquer habitante, ainda se podia alegar ignorância ou mau gosto, mas neste caso é pura irresponsabilidade e negligência.
    Já recuperei algumas casas e há fiscalização para tudo, exigências surreais, e em Castelo Branco isso não existe, ou a CMCB pode fazer como entender e o zé-povinho não?
    Demasiadas contradições.
    Uma coisa vos garanto, a recuperação da porta antiga (mesmo não sendo de há 500 anos), pelo que observo na foto, era possível, viável e desejável, ou já foi destruída?
    Ninguém liga ao nosso património, por este Portugal fora!

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    1. Paula Silva
      assino por baixo este seu comentário.
      É verdadeiramente lamentável este tipo de comportamento por quem tina o dever e a obrigação de defender o nosso património.
      Abraço e bem-haja pelo seu comentário

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  6. Júlio Vaz de Carvalho
    António Veríssimo Bispo aquilo está para lá da extravagância. Aquilo é mesmo um hino ao desprezo e uma Ode à falta de respeito pelo património que querem vender lá fora. Aliás, toda a política de recuperação que foi feita, pejada de erros e intervenções questionáveis, algumas das quais já se começam a notar falhas na intervenção, deveria envergonhar todos os que aplaudem por sabujice ou por acharem a parolice destas intervenções deverá ser a imagem de marca da cidade. Houve boas intervenções? Sim, houve, mas, as que eu mais vejo aplaudir são precisamente aquelas que são apresentadas como grande cartaz turístico da cidade e que se degradam ou simplesmente e desprezam. Há pouco mais a fazer naquilo a que reduziram a zona velha da cidade. Com a quantidade de excelentes exemplos de recuperação e preservação de zonas históricas bem preservadas num raio de 150 km, muitas delas em Municípios com muitíssimos menos recursos e o resultado está à vista. Temos uma zona Histórica à qual se fizeram uns trabalhos de cosmética (a cosmética é naturalmente algo que se usa para esconder, é efémera e não resolve). Por isso, continuamos a ter turistas que entram com uma expectativa de encontrar uma "rota dos portados quinhentistas (não do século XV como insistem, apesar dos avisos de há uns anos, em manter na sinalética - nem uma revisão de texto se deram ao trabalho de fazer antes de gastarem uma pipa de massa com aquilo??!?!); pois, esses são os turistas que entram e saem (às vezes nem 15 m lá estão), porque, estampada no rosto trazem a expressão de decepção e fraude. Onde está o incentivo para o surgimento de estabelecimentos voltados para o turismo? Gastam-se rios de dinheiro em alimentar o bem estar do albicastrense "urbano" e continua-se a ostracizar os que aqui ainda resistem? Castelo Branco é aquilo a que sempre se acostumou a ser: um destruidor de património comum em detrimento do Progresso de meia dúzia, que da cidade só conhecem o que de imediato lhes satisfaz o ego ou o estômago. Sigam as festas, que é disso que a malta vive. Caro Amigo, andar para aqui a alertar para estas situações tem o resultado que bem sabe, assim como os que realmente se interessam. Só lamento que os tais sabujos (e outros limitados que bajularão sempre quem esteja no poder) olhem, para quem levanta a voz para estas questões, como se deles próprios se tratasse; ou seja, acham que tudo esconde interesses económicos e político-partidários. O que é certo, é que entre a sabujice que continua a iludir-se com as migalhas do pé de dança e da jantarada aqui, festarola ali e os que realmente gostariam de ver vontade genuína de ter uma zona histórica digna de se ver e não de envergonhar, uns têm a fama, outros o proveito. O resto, são blá-blá. Dói-me muito, enquanto filho dessa terra afirmar o que vou dizer, mas é o que sinto, com o que vejo: Cambada de parolos em que se tornaram e insistem em que todos se tornem, até mete dó e há cada vez mais quem aplauda isto tudo, sem a noção do logro.
    (Comentário feito no facebook).

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    1. Amigo Júlio Vaz de Carvalho
      Não acrescente nem retiro uma vírgula a este comentário, aliás,
      faço dele o meu comentário.
      Abraço e bem-haja por este contributo para a nossa zona histórica.

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