Avenida Nuno Álvares
Bigodes e Companhia avisados pelo lendário salteador Robin dos Bosques que na floresta de Sherwood luta contra a tirania do temido Príncipe João, mandou-me um pombo-mail sobre o estado em que se encontram alguns dos bancos da nossa Avenida Nuno Álvares, (como raio terá ele sido sabedor, do estado lastimoso dos bancos?). Resolveram meter pés a caminho e verificar pessoalmente a veracidade das informações enviadas por Robin dos Bosques, (O tal que roubava aos ricos para dar aos pobres!..).
Munidos de uma boa máquina fotográfica, escondida por baixo do capote do Companhia, (não estivessem os bancos avisados para não se deixar fotografar), para captar as imagens demonstrativas desse estado e ao mesmo tempo para tagarelar com os muitos albicastrense que regularmente assentam os seus rabiosques nos ditos bancos.
Bigodes para Companhia.
-- Esta coisa de entrevistarmos pessoas está a deixar-me com as unhas dos pés arrepiadas.
-- Deve ser por não cortares as unhas há mais de um ano. Nós vamos apenas colocar pequenas questões aos aproveitadores que regularmente assentam os seus traseiros nos bancos de todos nós.
Já na avenida a dupla pateta mete conversa com o primeiro dos albicastrenses, que encontra sentado num dos bancos da dita cuja.
-- Caro amigo albicastrense… Importa-se que lhe coloquemos algumas questões relativas aos bancos desta avenida?
-- Olha! Quem havia de dizer que um dia ia conhecer estes dois tratantes.
-- Como se chama o nosso amigo?
-- Nosso amigo! Olha… Estes ainda agora aqui chegaram e já estão a chamar-me amigo. – Eu sou o Zé do Coice.
-- O amigo Zé do Coice… Já reparou que o banco em que está sentado lhe falta uma tábua?
--Então e depois! Eu não sou polícia… Se quiser fazer queixa vá ao nosso primeiro que ele tem casão aqui ao lado.
-- Nós só queríamos saber a sua opinião, sobre o estado dos desgraçados bancos desta nossa avenida
-- Uma vergonha meus amigos! Ainda há dias dei cabo de umas calças numa das lascas do banco, mas vou apresentar factura ao nosso principal.
-- Quer aproveitar esta oportunidade, para mandar discurso ao nosso primeiro sobre este estado dos bancos?
-- Primeiro amigo ou arranjas estes bancos... ou o Zé do Coice deixa de estar contigo.
Bigodes para Companhia.
Companhia… O Zé Coice acaba de dar um coice no primeiro, vamos falar com a maralha que está no banco ao lado.
-- Amigos nossos… A amalucada dupla Bigodes e Companhia têm algumas perguntinhas para lhes fazer.
-- Estes malucos querem fazer-nos umas perguntinhas!? - Disse o mais anafado do grupo.
-- Nós estamos a perguntar á malandragem da terceira idade que frequenta estes banquinhos, sobre o estado em que se encontram alguns deles.
-- Achamos que hoje vão os bancos… Amanhã as árvores… De seguida os passeios … E por fim… Vamos nós para a quinta das tabuletas. - Respondeu o mais magricelas do grupo.
-- Cruzes canhoto! Voltando aos bancos que é o que aqui nos trás. – Nós gostaríamos que se pronunciassem sobre esta problemática muito abrangente e muito sofisticada, do estado dos velhos bancos da nossa linda avenida.
-- Olhem! Eles até são conhecedores de palavreado caro... -- O bando da sueca que aqui joga habitualmente, vai fazer um baixo assinado ao nosso primeiro a exigir a substituição destes bancos por sofás de cabedal, com pequenas mesas para aqui podermos realizar os nossos torneios da sueca. Respondeu o que parecia ser o cabecilha do grupo.
-- Substituir este bancos por sofás!?
-- Por sofás… Mesas de jogo, e já agora queremos que o nosso primeiro nos traga umas grades de cervejinha para amanhar os joguinhos. – Disse de novo o magricela do grupo.
-- Vocês estão a reinar?
-- Olha! Afinal eles até são inteligentes... – disse o anafado do grupo.
-- Afinal querem ou não pronunciar-se sobre os bancos!?
-- Claro que queremos… Ou o nosso primeiro manda arranjar os bancos da nossa mais bonita avenida, ou o agregado da Sueca contacta o Bando da Soneca, o Conjunto dos Mirones, o Rancho dos Coscuvilheiros, o Clube das Viúvas Carentes e muitos outros que aqui têm delegação. Para uma grande jornada de luta frente ao solar do perfeito. – Respondeu o cabecilha do grupo.
-- Estão dispostos a ir até onde na defesa dos bancos?
-- Não podemos ir muito longe… pois as pernas já se recusam a grandes caminhadas. - Disse o que até então, tinha estado calado
-- Não perceberam! Nós estamos a referir-nos á luta em defesa da reparação dos bancos da avenida.
-- O agregado da Sueca ficou encarregado de aprontar formas de luta, já sentenciou a primeira acção, para o dia em que for anunciado que o nosso primeiro vai ser candidato á sua própria sucessão na autarquia do nosso burgo. – Se o primeiro não mandar ajeitar os nossos bancos, nós ajeitamos um refrão que vamos cantar prá frente do seu Solar. Disse o cabecilha do grupo.
-- Podemos saber qual é esse refrão?
-- Porra!.. Que estes querem saber de tudo… – O refrão é da autoria do prestigiado e desconhecido albicastrense, (Zé das Quadras). – Disse o anafado do grupo.
I
Ò Prefeito… Ò Prefeito…
Um concelho te vamos dar…
Ou ajeita os nossos banquinhos…
Ou em ti não vamos votar.
II
Em ti não vamos votar…
Se não nos fizeres esse jeito…
Vamos votar no Eusébio…
Para ser o nosso perfeito.
Companhia para Bigodes.
-- Vamos embora Bigodes… Se não estes amalucados ainda dão connosco em doidos.
-- Calma Companhia! Vamos primeiro falar com os namoradinhos do banco do lado.
-- Os jovenzitos respondem-nos a duas perguntas?
-- Vocês são cegos! - Disse a miúda… – Calma amorzinho… Eles devem sofrer de miopia aguda.
-- Nós apenas queríamos saber a vossa opinião, sobre o lastimoso estado de alguns dos bancos desta nossa avenida.
-- Amorzinho… Estes coroas devem gostar de chatear quem está numa sessão de beijoquice. – Disse o jovenzito.
-- Perdão… Pela interrupção da sessão de beijoquice. Podem continuar que nós vamos arreliar para outras bandas.
-- Amorzinho… Estes devem ter fugido de algum lar da quarta idade. – Disse o jovem reguila.
Bigodes para Companhia.
Vamos… já temos matéria para entalar o albicastrense e alertar o nosso prefeito.
Bigodes e Companhia