Este blog não é
unicamente um local, onde o seu autor opina sobre o que vai acontecendo de bom
e de mal em Castelo Branco, mas também um sítio aberto, a todos aqueles que
queiram opinar sobre o que se vai passando na terra albicastrense.
Infelizmente (independentemente
das mais de 250.000 mil visitas,)
isto
não tem acontecido. Na falta de tal, vou aqui colocando trabalhos recolhidos em
jornais da terra albicastrense, e (o caso que aqui trago desta vez) no
Facebook.
Ao David Miguel, autor do trabalho que li e "rapinei" no
Facebook para este blog, este albicastrense só pode mesmo dizer; MUITO BEM-HAJA
pelo seu trabalho.
O trabalho de David Miguel tem entre outras virtudes, a
capacidade de nos pôr a pensar sobre este projecto, e levar-nos a perguntar, se
os albicastrenses só servem para votar num marmanjo qualquer e ele depois que
resolva o que tem a resolver, ou se pelo contrário, não deveriam ter um palavra sobre as grandes obras na sua terra.
Centro (Des) Norteado de Transportes
Durante semanas tentei convencer-me de que não valia a pena
criticar o projecto do novo Centro
Coordenador de Transportes (CCT) anunciado, de que não interessava o Como ou
Porquê, uma vez que era mesmo urgente.
Porém, a pertinência do texto (de uma
leitora) na edição anterior sobre este tema impediu-me de continuar indiferente
para este erro de planeamento urbanístico, muito pouco conveniente para o
interesse público. Quando tanta "cabecinha pensadora" consegue finalmente chegar a uma conclusão, fá-lo erradamente, nomeadamente
sobre a localização e projecto do novo CCT de Castelo Branco. Poderei até estar completamente errado no raciocínio, mas
permita-se à consciência apresentar 10 argumentos para tal:
1) O argumento de que "se deve manter o CCT no centro da
cidade" é uma lamechice política e incongruência, sobretudo porque o
centro da cidade é de difícil acesso e tal que contraria todas as tentativas da
CMCB em afastar o trânsito do centro da cidade, que a levou a construir um
túnel, e a fazer da circulação automóvel no centro um caos incompreensível ao
comum dos automobilistas.
2) A incoerência
estratégica do Executivo, pois construiu duas
variantes circulares à cidade a terminar do lado oposto da
via férrea: Via Circular Interna, que liga ponte da Carapalha à Quinta do Socorro, e a Variante Externa que liga
a Zona Industrial (N3) à estrada de Malpica.
Ainda assim, ignora este gigante pormenor e prefere colocar a
nova infra-estrutura do lado oposto da
"barreira física" ferroviária. Ou será que serviram apenas para
desviar a atenção dos camiões
de lixo Bizarro que faziam estremecer prédios e a própria ponte da Carapalha?
Iremos agora estar sujeitos a um novo tipo de veículos a fazer ressonância na
ponte (nova ou actual)?
3) O reforço da incoerência, ao afirmar que o acesso se deve fazer
pelo centro por ser mais útil, quando do lado
oposto tem 3 estradas de via dupla em cada sentido (12 faixas de rodagem para
acesso): 4 faixas na Via Circular Interna do Barrocal, 4
faixas na Avenida da Carapalha, 4 faixas na Avenida do Brasil. Isto, sem incluir as
ciclo-vias, obviamente.
4) Não faz qualquer sentido obrigar
os autocarros a atravessar a ponte ou vir por dentro da cidade, atendendo
aos acessos enunciados no Ponto 3. De tal modo que talvez fosse desnecessária
uma nova ponte, e mais simples usar o túnel já construído pela Refer, e que foi
de seguida soterrado, o que permitiria poupar alguns milhões de euros públicos
5) Não acreditar no futuro da cidade, escolhendo o projecto que tem espaço para 10 autocarros, em
detrimento de outro que contempla 15. Deveremos então acreditar que são
falaciosas todas as vontades demonstradas na promoção turística da Região pela
autarquia? Ou pelo menos isso não demonstra.
6) Inexplicável o fetiche
da autarquia pelos estacionamentos subterrâneos, provavelmente
descontrolado. Argumentar que são necessários 120 lugares naquele local, quando
a menos de 50 metros (detrás da Segurança Social) recentemente construiu
centenas de parqueamentos, a somar aos do parque do Call
Center (pertencente à
autarquia, logo depois da ponte) é a prova de redundância e desapego aos
orçamento comedidos. Além disso, lançar tanto dinamite na proximidade dos prédios da Quinta das Pedras é não
respeitar as construções com mais de 50 anos daquela urbanização e oferecer uma
tela de fissuras aos proprietários.
7) Afirmar que colocar o CCT
deste lado apoia o planeamento urbanístico, é algo que só lembra a um político que nunca falou com um entendido no
tema. A mancha de betão que circunda aquela zona da cidade, apenas abonada por
parque infantil e ringue de futebol, bem fazia merecer um espaço verde
contiguo. Além disso, do lado da
Carapalha, já existe uma Zona de Lazer e a proximidade da zona agrícola
protegida da APPACDM, fazendo um balanço bem mais justo entre o cinza e o
verde.
8) Basta passar pelo local para perceber que o espaço é limitante
para uma infra-estrutura do tipo, que se quer moderna, versátil e ampla, pode servir
para estacionar autocarros, mas as manobras não serão de todo facilitadas, e
não é preciso engenheiro para perceber isso. Além disso, a autarquia já
construiu duas rotundas do outro lado, que
poderiam facilitar em muito o trânsito, em vez de sobrecarregar a rua da
Estação, uma das mais movimentadas da cidade.
9) Estando num país democrático, os
contribuintes deviam ser ouvidos. A autarquia não deveria limitar-se a
plantar as decisões na comunicação social, para dar a imagem pública de
inevitabilidade técnica, mas procurar consensos. Perceber as opiniões dos profissionais rodoviários, dos moradores, dos
albicastrenses.
10) Numa fase de tanto desemprego e restrições ao orçamento das
famílias, devia-se procurar o
projecto mais económico, ou pelo menos com melhor relação custo/benefício,
pois quem vai pagar não é o Executivo, mas os contribuintes através dos seus impostos. Coloque-se dinheiro na
economia reprodutiva, e não preferencialmente na megalomania das
infra-estruturas; promova-se o Crescimento, indo além das caras palavras do fervor mediático.
Em suma, não será muito pedir aos decisores políticos, ao Poder
Local para ser mais coerente nas explicações que dá aos cidadãos, e pedir que
não limite a Democracia do poder local a um gabinete de arquitectos, como tem sido tão
frequente na nossa cidade. Que não fiquemos todos convencidos de que não haviam
melhores opções, e depois gastar mais dinheiro para corrigir os erros, o que
não tem sido inédito. Que se pense além da obra, que se pense na cidade!
PS. Você visitante, pode agora opinar sobre as palavras de David Miguel.
O Albicastrense