“A TAXA”
No quintal marrécal, o sussurro está
na ordem do dia, os marrecos vão murmurando entre si, como se algo
de muito grave estivesse para acontecer e nada seja possível
realizar para combater a calamidade anunciada pelo primeiro marreco
do quintal.
O marreco primeiro, também designado
por alguns por marreco aldrabão e coveiro dos marrecos mais
idosos, veio a terreiro anunciar que os marrecos mais antigos, estão
a arrombar o celeiro do quintal, com a demasia de massarocas que
recebem.
Perante o excesso das massarocas pagas,
o marreco aldrabão (perdão...) primeiro, disse que o celeiro do
quintal não aguentava tal encargo, por isso, iria retirar (ou será
gamar?) aos ditos cujos, parte da massaroca que estão a receber a
mais.
O responsável pela aproximação aos
quintais vizinhos, também conhecido por marreco feirante, veio
entretanto a público afirmar que não estava virado para esse lado,
e logo comunicou que existiam linhas que ele não podia ultrapassar,
(que raio de linhas, estaria o marreco feirante a falar?) como tal,
não podia concordar com tal medida.
Perante esta discordância, (ou será
marosca?), um tal secretário mandatado não se sabe por quem, (ou
será que sabemos!..) veio a público, confirmar as palavras do
marreco primeiro e “cagando” nas declarações do marreco
feirante.
O marreco mais importante do quintal,
mantém-se serenamente caladinho da silva, (Silva! Esta palavra não
me é estranha...), espera-se a todo o momento que ele possa lançar
alguma posta de bacalhau na sua página do facebook.
O chefe da maior facção oposicionista
do quintal, conhecido como marreco frouxo, veio entretanto divulgar
que esta medida é um ultraje aos marrecos mais idosos e que não
contassem com ele para mandar mais cedo para a cova, os marrecos mais
velhotes.
Os restantes lideres oposicionistas,
apelaram à revolta geral no quintal marrécal, anunciando que o
primeiro marreco é um marreco sem vergonha, acrescentando ainda, que
tudo iriam fazer para lhe abrir a caminha.
Perante os cortes
anunciados pelo primeiro.
Ante a enunciação feita
pelo responsável da aproximação aos quintais vizinhos.
Ou ainda, diante das
declarações do secretário mandatado.
À maioria do povão marrécal, (pois
esta não é uma luta dos marrecos mais velhos, mas de todos), só
restam dois caminhos: Ir apertando o cinto até que deixem de
existir buracos e sucumbirem lentamente, na esperança de que os
outros vão resolver os seus problemas, ou então, participarem nas
lutas promovidas por todos aqueles que acreditam que o quintal
marrécal não é nem pode ser um local, onde a fome, a pobreza, e a
miséria têm lugar à mesa daqueles, que ao longo de uma vida deram
o seu melhor em prol do quintal marrécal.
O Albicastrense
ResponderEliminarO pior é que deve haver alguns marrecos velhos que se deixam enganar pelo marreco feirante e até são capazes de lhe deitar alguns grãos a mais na próxima reunião magna do marrecal . Pelo menos foi para isso que o dito marreco apareceu com aquele ar pungente ...Mas se esses marrecos que se julgam donos do marrecal , acham que os marrecos mais velhos estão acabados , podem eles ir morrer longe porque estes marrecos velhos são duros de roer temperados nas lutas contra o marreco das botas e , porque a idade lhes deu mais sabedoria ,Aquela que eles nunca terão .
Amiga Idanhense.
ResponderEliminarNão podia estar mais de acordo.
Abraço.
Excelente crónica!
ResponderEliminarAssino por baixo:
"Um marreco velho, duro de roer e temperado na luta".
Lisboa, 20 MAIO 2013
Amigo Beirão.
ResponderEliminardeste também Beirão, um abraço e desejos para que a saúde nos ajude a continuar a lutar.
Abraço