MEMÓRIAS DO BLOGUE
"DEZ ANOS DEPOIS"
LEMBRANÇA
“Para a história do Bispado de Castelo Branco”
(Continuação)
O
destino da residência alcançava certo grau de luxo, um século
depois, com o mitrado D. João de Mendonça, filho dos condes de Vale
de Reis e natural de Estremoz.
Cursara
Filosofia e Humanidades no Colégio de Santo António de Lisboa,
estudante porcionista no Colégio Universitário de S. Paulo e
matriculado em Cânones desde 1690. Vinha a desfrutar a Sé da Guarda
(em 1711), após sagrado bispo pelo Cardeal da Cunha e, em tal
qualidade, demorava bastas vezes em Castelo Branco.
O
aparato da corte de D. João V e uma visita à cidade eterna (em
1717) concorreram, decerto, para a construção do anexo Jardim de S.
João Batista, com as datas de 1725, na peanha da estátua do santo
percursor e de 1726 na bem conhecida Cascata de Moisés. As alfaias
da residência, tapetes de Rás, faianças e porcelanas, vidros e
pinturas, biblioteca erudita, moedas, mobiliário, indumentária,
artefactos e botica episcopal preciosa deviam-se, com efeito à
memória de D. João de Mendonça, conservadas e melhoradas pelos
seus sucessores.
O
seu ultimo benfeitor, na construção do peristilo, do salão a casa a
correspondentes do lado sul, dos estuques e da capela, foi D. Vicente
Ferrer, 2º bispo albicastrense.
O
edifício adquirira então a fama de sumptuoso, em adereços
artísticas, tapeçarias, a cadeirões, baixela de magnificas pratas
e bragal de colchas artísticas, de sorte que nenhum outra morada
episcopal a excedia no conforto de aposentos e salas, no mimo dos
fogões, nos jardins com laranjeiras bravas, ao gosto da Itália do
sul, jogos de água e tanque alagado, sua curiosa estatuária de
granito, a perpetuar doutores e apóstolos da Igreja, reis de
Portugal, signos do Zodíaco, símbolos das artes, da natureza e da
geografia; com anexos de pomar e horta, quinta e bosque de sombras
aprazíveis, hoje moderno jardim, recreio e pulmão da cidade; com
farto olival e o cercado dos coelhos bravos, açougue da culinária
pascense... Ali foi hospedo de D. Vicente Ferrer, Junot, em 1807, no
comando da 1ª invasão napoleónica.
(Continua)
O ALBICASTRENSE
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