terça-feira, abril 15, 2008

Castelo Branco na História XXII

Continuação do número anterior)

O campanário da Igreja, com dois sinos, estava numa torre piramidal que existia sobre a porta principal de entrada na cidadela. Esta porta, situada nas proximidades da antiga capela da S. Brás, foi arruinada pelas tropas franco espanholas que tomaram a cidade em 1704. O rei D. Manuel I instituiu no século XVI, a Colegiada de Santa Maria que constava de quatro beneficiados e o rei, D. João III aumentou esse número para cinco por alvará de 18 de Agosto de 1523. Os beneficiados eram professores da Ordem de Cristo e foram considerados coadjutores desde 1744 até à extinção da Colegiada em 1834.
O vigário de Santa Maria era, implicitamente, professor da Ordem de Cristo, sendo aposentado pelo rei, Grão-Mestre da Ordem. O vigário tinha a residência numa casa nobre situada no cimo da rua de Ega e que foi legada para esse fim, em 1610, pelo antigo vigário Heitor Borralho de Almeida, segundo uma inscrição que ainda se encontra sobre a porta de entrada. Estava determinado que o vigário fosse juiz da Ordem de Cristo e que, por essa razão, fosse doutor ou bacharel formado.
Este preceito, porém, foi alterado por graça especial feita a um presbítero que, não sendo formado, foi nomeado Vigário por se haver tido em atenção os seus relevantes serviços. O tesoureiro, que tinha a seu cargo a guarda das alfaias, era nomeado pelo vigário e devia ser eclesiástico. Na igreja havia ainda um cura que era obrigado a residir dentro da freguesia e um febriqueiro ou sineiro.
A Câmara Municipal dava à Igreja todo o junco verde para revestir o seu pavimento nos dias em que se realizavam as festividades. A igreja de S. Maria foi quase completamente destruída pelos espanhóis na guerra da independência que se segui à revolução de 1640 contra o seu domínio. Os paroquianos pediram então ao rei D. João IV um subsidio para a reedificação da Igreja matriz da sua freguesia, alegando que eram pobres e que havia já alguns anos que os lucros da agricultura eram escassos por terem sido devastados os campos com a praga de gafanhotos.
Em 19 de Junho de 1641 o rei mandou dar para a reconstrução 200$000 réis cada ano e pelo espaço de cinco anos, dos sobejos da Câmara, “depois de pagas todas as despesas ordinárias e os gastos dos soldados”. Conseguíram assim os paroquianos, reedificar a Igreja em meados do século XVII.

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PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

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