O vigário de Santa Maria era, implicitamente, professor da Ordem de Cristo, sendo aposentado pelo rei, Grão-Mestre da Ordem. O vigário tinha a residência numa casa nobre situada no cimo da rua de Ega e que foi legada para esse fim, em 1610, pelo antigo vigário Heitor Borralho de Almeida, segundo uma inscrição que ainda se encontra sobre a porta de entrada. Estava determinado que o vigário fosse juiz da Ordem de Cristo e que, por essa razão, fosse doutor ou bacharel formado.
Este preceito, porém, foi alterado por graça especial feita a um presbítero que, não sendo formado, foi nomeado Vigário por se haver tido em atenção os seus relevantes serviços. O tesoureiro, que tinha a seu cargo a guarda das alfaias, era nomeado pelo vigário e devia ser eclesiástico. Na igreja havia ainda um cura que era obrigado a residir dentro da freguesia e um febriqueiro ou sineiro.
A Câmara Municipal dava à Igreja todo o junco verde para revestir o seu pavimento nos dias em que se realizavam as festividades. A igreja de S. Maria foi quase completamente destruída pelos espanhóis na guerra da independência que se segui à revolução de 1640 contra o seu domínio. Os paroquianos pediram então ao rei D. João IV um subsidio para a reedificação da Igreja matriz da sua freguesia, alegando que eram pobres e que havia já alguns anos que os lucros da agricultura eram escassos por terem sido devastados os campos com a praga de gafanhotos.
Em 19 de Junho de 1641 o rei mandou dar para a reconstrução 200$000 réis cada ano e pelo espaço de cinco anos, dos sobejos da Câmara, “depois de pagas todas as despesas ordinárias e os gastos dos soldados”. Conseguíram assim os paroquianos, reedificar a Igreja em meados do século XVII.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. M. Tavares dos Santos
O Albicastrense
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