sexta-feira, maio 16, 2008

Castelo Branco na História XXV

(Continuação do número anterior)

A importância de 12$000 réis de que constava cada dote foi aumentada para 24$000 reis por breve pontifício de 7 de Maio de 1803, a pedido dos mordomos da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, com o fundamento de ser então menor o valor da moeda e de não se poderem adquirir, como em 1685, os artigos suficientes para o principio de vida em comum de um casal pobre.
O número de órfãs contempladas foi também elevado para doze. Os rendimentos remanescentes eram capitalizados e emprestados a juro. Em 1890 a Confraria possuía a quantia de 24 contos, bastante elevada nessa época.
Não se respeitando a disposição testamentária que a tal operação expressamente se opunha, as propriedades legadas pelo benfeitor Gaspar Mouzinho Magro foram vendidas após a publicação de lei de desamortização de 4 de Abril de 1861 e foi convertida a respectiva importância em papéis de crédito.
Nessa época a venda dos bens de raiz não podia considerar-se um mau acto de administração, porquanto os rendimentos dos papéis de crédito eram superiores aos das propriedades; mas as guerras mundiais de 1914-1918 e de 1936-1945 e as consequentes crises económicas fizeram baixar o valor da moeda a tal ponto que veio a tornar-se uma verdadeira calamidade para as instituições de beneficência a alienação dos seus bens imóveis, que lhes assegurariam hoje uma existência desafogada.
Por virtude da enorme desvalorização sofrida pela moeda no século XX. São sorteados actualmente, pelas órfãs da cidade, doze dotes da irrisória quantia de 100$00 escudos, cujo valor está muito longe de equivaler ao dos 12$000 reis de 1685, com os quais se podia adquirir um bragal complete.
Não ano de 1704, na guerra da sucessão da Espanha, o exercito franco-espanhol que ocupou Castelo Branco durante quarenta dias incendiou a igreja de Santa Maria, causando a destruição dos altares, da tribuna, das portas, do tecto e da cobertura. Consta do auto de medição lavrado em 8 de Outubro de 1752 que o vigário da época, Dr. António Gomes Castelão, natural de Castelo Branco, se devotou com grande zelo e diligencia à reedificação da igreja.
Conservou-se o edifício restaurado somente durante algumas décadas, pois em 1807 foi novamente incendiado pelas tropas francesas que invadiram o nosso pais sob o comando do general Junot.

25/103

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

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