quarta-feira, junho 01, 2011

NOTAS TOPONÍMICAS



POSTIGUINHO DE VALADARES
Havia, nas primeiras muralhas de Castelo Branco, quatro portas assim chamadas: do Pelame, de Santiago, da Traição e do Ouro. Reconheceu, porém D. Dinis, quando em 1285, visitou a vila, que era mister alargar o perímetro das muralhas e logo ordenou que, à custa das rendas reais, se procedesse imediatamente à construção de novas muralhas. E, como D. Dinis fez tudo quanto quis, a ordem do rei foi cumprida sem delongas. As segundas e ultimas muralhas, ficaram com as seguintes portas: de Santiago, da Traição, do Ouro, do Esteval, de Santarém, do Espírito Santo e da Vila. Anos depois, abriram-se para a comodidade do Povo, mais três serventias: a porta do Relógio, o Postigo e o Postiguinho de Valadares. A seguinte informação de António Roxo é preciosa para o descobrimento deste última serventia:

A rua que, descendo do Castelo perpendicular à Rua dos Ferreiros, finda em frente do Postiguinho de Valadares, chama-se dos Peleteiros”.

Localizado o velho Postiguinho de Valadares, falemos do étimo deste restritivo, Valadares, meu objectivo principal. Bastará, para tanto, consultar a Toponímia Hispânica de D. Ramon Menénedez Pidal. Ali nos diz claramente o saudoso filosofo espanhol: Cerca, Cercado, Valada e Valadares tem igual significado. Postiguinho de Valadares é, pois, o mesmo que Postiguinho da Cerca, dando à cerca a significação que Cândido de Figueiredo regista:

Obra com que se rodeia ou fecha um terreno”.

No nosso pais, nomeadamente nas províncias nortenhas, há várias localidades e sítios com o nome de Valadares, assim como há muitas pessoas com a mesma palavra a servir de apelido. As vezes, é difícil decidir se foi do topónimo que nasceu o antropónimo, se se deu o caso inverso. O mais seguro é supor o antropónimo provindo do topónimo, sempre que aquele seja precedido da preposição de. Assim: F. de Almada, de Almeida, da Costa, de Gouveia, de Valadares, etc., etc., são apelidos a que a proposição dá imediata ideia de procedência.

Artigo da autoria do: Prof J. Diogo Correia publicado na revista Estudos de Castelo Branco, em Janeiro de 1970

O Albicastrense

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