LEMBRANÇAS....
“Para
a história do Bispado de Castelo Branco”
(Continuação)
Duas
palavras sobre a residência episcopal, o famoso Paço do Bispo, de
curiosa história e tradição sem confronto, nesta cidade.
Ordenara-lhe
a traça primitiva, D. Nuno de Noronha, 34º bispo da Guarda, um
aristocrata letrado e teólogo, com registo nas crónicas dos fins do
séc. XVI e alvores do imediato.
Filho
de D. Sancho de Noronha, 4º conde de Odemira e alcaide-mor de
Estremoz, e de D. Margarida da Silva, herdeira do 2º conde de
Portalegre, fora escolar teólogo nos crúzios de Coimbra, mestre em
Artes e bacharel em Teologia, eleito Reitor da Universidade pela
corporação dos mestres e estudantes.
Obtende
confirmação do Cardeal-Rei (1578), tomou graus de licenciatura e
doutoramento (1584), não sendo excepcional que um estudante como ele
ocupasse a prelazia universitária.
Filipe
II o despachou para a Sé de Viseu (1586), e dali se transferiu para
a Guarda (1594). A sua memória perpetua-se na edificação dos
seminários diocesanos e na organização do Sínodo de 1579, em que
se aprovaram as novas constituições deste bispado. Ora os bispos
guardenses usufríam direitos episcopais, rendas e procurações, no
termo de Castelo Branco, desde eras remotas.
O
“gentilhomem de grande estatura e
grandiosa trato na sua casa”, segundo os testemunhos do
secretário Belchior de Pina e do Padre Carvalho, deliberou
estabelecer aqui uma residência hibernal, para si e seus sucessores.
A edificação primitiva (1596-98) abrangia somente uma parte da
actual, “a que tem janelas rasgadas sobre
o parque, sem o perystilo nem o salão de entrada e todo o corpo
correspondente”.
Era
um personagem faustoso do quinhentismo, evidenciado na conhecida
visita a Filipe II, “para concertar alguns
negocio do reino”, à própria residência da corte, em
Madrid, capital de Espanha e, também – ai de nós! - de Portugal.
Finava-se em 1608, arruinado na fazenda, a ponto de um sucessor na
Mitra (desde 13 de Fevereiro de 1610), D. Afonso Furtado de
Mendonça, doutor em Cânones e futuro bispo de Coimbra, arcebispo de
Braga e de Lisboa, ter providenciar na aquisição em hasta pública,
da quinta do bosque, pele falta de pagamento aos proprietários.
(Continua)
O ALBICASTRENSE
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