terça-feira, outubro 28, 2025

IGREJA DA MISERICÓRDIA VELHA – (2/5)

Embora já tenha publicado em 2009 a história desta igreja, vou fazê-lo de novo, pois a tristeza em que ela se encontra assim o exige. Como o texto é um pouco longo,  vou fazê-lo em cinco publicações.
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(Continuação)
II - Secundando os desvelados esforços do soberano, as autoridades de Castelo Branco organizaram a confraria da Misericórdia com os bens das outras confrarias, que se compunham de casas, terras de cultura, vinhas e olivais e cujos rendimentos anais eram os seguintes: Da confraria de Santo André, 6$185 réis e duas galinhas; da confraria de Santo Iago, 7$127 réis; da confraria de S. João, 4$821 réis; e da confraria de S. Pedro, 3$620 réis. Totalizaram estes rendimentos, portanto, a quantia de 21$753 réis, muito diminuta mesmo naquela época. Durante o século XVI foram um pouco aumentados os rendimentos com os legados de alguns benfeitores. 
Foi, porem, no século XVII que a Misericórdia consegui uma situação prospera com os rendimentos de avultados bens que lhe foram legados por algumas dezenas de beneméritos. Entre estes distinguiram-se, pela elevado valar dos legados, o Dr. Bartolomeu da Costa, tesoureiro mor da Sé de Lisboa e o Padre Manuel de Vasconcelos, prior da freguesia se S. Pedro de Torres Vedras. 
O Dr. Bartolomeu da Costa, a quem a Igreja deu o nome de Venerável, nasceu em Castelo Branco em 24 de Agosto de 1553. Pertencia à família do célebre Cardeal de Alpedrinha, D. Jorge da Costa. Faleceu em Lisboa 27 de Março de 1608, deixando todos os seus haveres à Misericórdia, por testamento feito naquela cidade em 30 de Abril de 1605, para a instituição de um Hospital de Convalescentes a instalar na casa da sua residência situada na Rua de Ega e que ficou conhecida pela designação de Casa do Tesoureiro Santo. Os seus bens constavam de duas casas, duas vinhas, seis olivais, noventa s duas terras de cultura e um padrão de juro de rendimentos de 240$000 reis pago pelo almoxarifado da Comenda de Cristo. O Prior Manuel de Vasconcelos era também natural de Castelo Branco. Faleceu em Torres Vedras em 13 de Agosto de 1647, legando à Misericórdia da sua terra, por testamento feito naquela vila em 6 de Agosto do mesmo ano, toda a sua avultada fortuna, então avaliada em 50 contos. 
No testamento impôs este benemérito, à Misericórdia a obrigação de construir e sustentar, na Praça Velha defronte da cadeia, uma capela para que os detidos pudessem assistir à missa. Não é conhecido o primitivo estatuto ou compromisso da Misericórdia. Em 1596 a Irmandade pediu a aprovação de um novo compromisso elaborado nos moldes do da Misericórdia de Lisboa instituída pela Rainha D. Leonor em 1498. Por alvará de 16 de Junho de 1596, do rei D. Filipe I, a Irmandade obteve a solicitada aprovação.
Os subornos nas eleições também não cessaram com o alvará de 1610. Em 1632 efectuou-se a reforma do compromisso, introduzindo-se-lhe as alterações que haviam sido feitas no dia da Misericórdia de Lisboa por ordem do Rei D. Filipe III. Desde os primeiros tempos da sua existência, a administração da Misericórdia nem sempre primou pelo zelo e pela honestidade: as suas numerosas propriedades distinguiam-se das outras pelo seu estado de abandono e pala incúria que revelavam. À medida que os bens da Misericórdia aumentavam mais se evidenciavam os abusos e os desmazelos. 
A ambição e a falta de escrúpulos de alguns mesários eram causa de subornos e desinteligências nas eleições da Mesa. Para por cobro a tais anomalias a Irmandade fez, em 1610, a seguinte petição ao Rei D. Filipe II de Portugal e III de Espanha. “Dizem os irmãos da Santa casa da Misericórdia da vila de Castelo Branco que Vossa Majestade mandou oferecer certidão autêntica da Misericórdia da cidade de Coimbra para se saber como se fazia a eleição, por despacho posto no cimo da perdição folha primeira, a que se referem folhas 3º verso e por ela consta fazer-se a eleição por escritos em vasos, os de maior condição em um e os outros de menor em outro: e destes um menino vai tirando os eleitos, ao quais, tomando juramento, elegem Provedor e Irmãos que aquele ano hão-de servir; e é costume santo e bom e por ele se evitam muitos subornos e escândalos que de se fazer doutro modo procedem a na Misericórdia da dita vila de Castelo Branco são mui contínuos e deles se espera grandes dúvidas e dissensões pelos subornos serem mui descobertos e antigos.
Pedem a Vossa Majestade, por serviço de Nosso Senhor, que lhes faça mercê mandar passar provisão para que a dita eleição, daqui para diante, se faça por escritos em vasos e deles por um menino se tirem os eleitos como se faz na cidade de Coimbra e outras partes e ser muito serviço de Deus e de Vossa Majestade e utilidade e quietação da dita Irmandade.”Pôr alvará régio de 2 de Outubro de 1610 foi deferido esta pedição, sendo Provedor o licenciado Domingos do Rego. 
Não obstante as intervenções do Estado realizadas em 1529, em 1584 e em 1624, a administração da Misericórdia continuou a ser escandalosa; em 1624 os lavradores queixam-se de que “os irmãos da Mesa tomam a maior parte das terras para si carregando-as no livro da Misericórdia sobre homens pobres que não tem boi nem vaca nem são lavradores, que depois lhes tornam a largar”. 
O Provedor da Comarca de Castelo Branco, Licenciado Sebastião da Fonseca, mandou suspender a eleição até nova ordem, em 1630, recebendo uma provisão do Rei D. Filipe, datada em 10 de Agosto daquele ano, na qual se determinava que “antes da eleição se fazer se apure o livro novo da Irmandade e depois de feita esta diligencia se proceda á eleição com a assistência do dito licenciado“.
(Continua)
                    Recolha de dados: “Castelo Branco na História e na Arte”
                                                     de Manuel Tavares dos Santos
                                                               O ALBICASTRENSE

quarta-feira, outubro 22, 2025

IGREJA DA MISERICÓRDIA VELHA – (1/5)


Embora já tenha publicado em 2009 a história desta igreja, vou fazê-lo de novo, pois a tristeza em que ela se encontra assim o exige. Como o texto é um pouco longo,  vou fazê-lo em cinco publicações.
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(I) Entre a Rua de Ega e a Rua dos Oleiros ergue-se a Igreja da Misericórdia Velha, cuja fachada principal está voltada para o lado do Poente, numa estreita rua transversal denominada da Misericórdia. Este templo tem atualmente por orago Santo António de Lisboa e foi, durante mais de três séculos, da invocação da Rainha de Santa Isabel.
Uma pedra de granito assente no seu pavimento, sob o arco da capela-mor, tem a seguinte inscrição: “Esta capela foi mandada fazer por Simão da Silva h… da Índia e mandou-lha fazer Anna Correia sua testamenteira á custa dos seus legados que manda os faça em seu testamento”.
Está ilegível o vocábulo que se segue ao nome do testador, supondo-se ser a designação do cargo que desempenhou na Índia. Simão da Silva era um fidalgo natural de Castelo Branco, muito estimado na corte do Rei Venturoso. Camião de Góis refere-se a este fidalgo, na sua crónica do Felicíssimo D. Manuel, narrando o facto de haver sido enviado como embaixador de rei de Manicongo, capitaneando cinco navios onde eram transportados ricos presentes do rei português e sendo portador de seguinte credencial:
Nos, D. Manuel, Rei de Portugal, etc., enviamos a vós, Simão da Silva, fidalgo da nossa casa, pessoa de que muito confiamos e a quem, por nos ter muito bem e fielmente servido, temos boa vontade, o qual escolhemos para vos enviar, por o termos conhecido por esforçado e de muita fidelidade e que vos dará de si boa conta… Muito vos rogamos que o ouçais e lhe deis inteira fé e crença em tudo o que de nossa parte vos disser e falar, assim como o fareis se por nós fosse dito e falado e em muito prazer o receberemos de vós, e nós esperamos em Nosso Senhor que da ida do dito Simão da Silva vós recebais muito prazer e contentamento e que em todas vossa coisas o acheis assim bom e verdadeiro servidor, como nós nas nossas e em todo o nosso serviço o temos achado, porque por isso o escolhemos para vo-lo enviar e muito vos rogamos que pois prouve a Nosso Senhor que por Sua misericórdia vos alumiar..."
Presume-se que Simão da Silva tenha falecido nesta embaixada pelos anos de 1512 ou 1513 e que a primitiva Igreja de Santa Isabel tenha sido edificada no primeiro quartel do século XVI. Em 1514 o Rei D. Manuel I instituiu o Misericórdia de Castelo Branco, cuja instalação foi feita numas casas anexas à Igreja da Rainha Santa.
Pretendendo aquele monarca saber com o que poderia contar para a fundação da Misericórdia dirigiu de Almeirim ao ouvidor do Mestrado da Ordem de Cristo a seguinte carta:
Ouvidor! Nós, El-Rei, vos enviamos muito saudar. Nós somos informados como pela pobreza e pouca esmola da confraria da Misericórdia de Castelo Branco a dita confraria não andava ordenada como cumpria ao serviço de Deus e bem da vila havia três confrarias de Santo André, da Santo Logo e outra de S. João que tinham muitos bens de que se mantinha um Hospital e diziam certas Missas e que, alem disse, sobejava renda e desse sobejo se podia prover e reparar a dita confraria da Misericórdia. 
E porque queremos saber como isto está, se é assim como nos disseram e se alem das despesas ordenadas sobeja alguma renda, vos mandamos que vades à dita vila e nos informeis de tudo bem declarado para provermos a isso como bem nos parecer.
Escrita em Almeirim a 16 de Fevereiro de 1514. Gaspar Roiz a fez, Rei”.
Foi o rei informado de que a população de Castelo Branco se propunha organizar a confraria da Misericórdia, pois decorridos seis meses foi recebida a seguinte mensagem:
 Juízes, Vereadores, Provedor, Oficias e Homens Boa da Nossa Vila de Castelo Branco: Eu, El-Rei, vos enviamos muito saudar. Nós vos temos escrito quando prazer e serviço receberíamos nessa Vila se ordenasse e fizesse a confraria da Misericórdia como em outros lugares principais dos nossos Reinos se faz. E posto que tenhamos sabido que vós o vareis assim e com toda a boa vontade, pois que com ela se faz tanto serviço a Deus, todavia vos quisemos escrever e fazer lembrança quanto obrigação temos a cumprir as obras de Misericórdia que em especial nos são tão recomendadas por Nosso Senhor e que tanto serviço de Deus quanto nela se fará a Ele e a Nós nenhuma pessoa s deve escusar de nela entrar e servir o tempo que for eleito e ordenado por principal e honrado que seja, porque por esses que sabem e podem de há-te ela ordenar e servir como em todos os lugares dos nossos Reinos se faz. 
E portanto vos recomendamos muito a quase todos e a cada um em especial que, olhando quando todos somos obrigados ao serviço de Deus, folguemos todos de entrar na dita confraria e a servir e ordenar e quanto mais honrado tanto com melhor vontade o deve fazer e não se querer escusar quando for eleito e ordenado porque se assim o fizer recebemos nisso muto desprazer e desse serviço. Escrito em Lisboa a 19 de Agosto de 1514. André Pires a fez, Rei.”
(Continua)

Recolha de dados: “Castelo Branco na História e na Arte”
de Manuel Tavares dos Santos
O ALBICASTRENSE

quarta-feira, outubro 15, 2025

ÁLBUM FOTOGRÁFICO DO BAIRRO LEONARDO

 BAIRRO LEONARDO

😖 😕 😠 😟 😞 😡 😢

Na passada sexta feira deambulei pelo Bairro  Leonardo, confesso que fiquei "raivoso" com o abandono instalado, pois muitas  das casas estão abandonadas e em muito mão estado. Não vou mandar para cima da nossa autarquia a responsabilidade da desgraça instalada, pois, as casas têm proprietários e como tal, são eles os responsáveis. 
No entanto, tenho para mim, que a nossa autarquia podia ter uma intervenção  didática  na recuperação do bairro, pois se assim não for, um dia destes o bairro está totalmente às moscas. Eu não posso deixar de apelar ao responsável maior da nossa autarquia, para que se desloque ao bairro e veja com os olhos bem abertos, a desgraça instalado e depois tente ajudar a resolver om problema.  
          
                         
                                                                                    
         

(UM POUCO DA SUA HISTÓRIA)

No dia 21 de Outubro de 1940, faleceu em Castelo Branco, o conceituado industrial Leonardo José de Sousa de 68 anos de idade. De origem bastante modesta, singrou na vida, a pulso. Iniciou a sua atividade comercial, instalando uma taberna na cidade. Posteriormente, ligou-se á indústria corticeira. 
Em 1907, numa altura de grande a recessão económica e os operários albicastrenses atravessavam uma enorme crise laboral, Leonardo de Sousa tomou a iniciativa de construir a expensas suas, dezenas de casas de habitação, para depois arrendar a preços módicos, a trabalhadores que laborassem na sua fabrica.
Foi deste modo que surgiu o tão conhecido e popular Bairro do Leonardo, nome este que se estendeu a toda aquela zona citadina, em tácita memória e expressiva homenagem, de todos os albicastrenses, a Leonardo de Sousa, o qual permanece na lembrança de todos os naturais de Castelo Branco. 
Há mesmo quem considere Leonardo de Sousa, como sendo o pioneiro do desenvolvimento e renovação urbanística, que cinco décadas mais tarde se veio a verificar que em Castelo Branco, no ano de 1940, residiam em Castelo Branco, 12.763 habitantes.
PS. A recolha dos dados sobre o bairro, são da autoria de   Gil Reis e foram publicados no Jornal ”A Reconquista
O ALBICASTRENSE

quarta-feira, outubro 08, 2025

MEMÓRIAS DA RUA DO POÇO DAS COVAS

        MEMÓRIAS DE UMA RUA DA NOSSA ZONA HISTÓRICA

A nossa zona historia é local onde as memórias vão morrendo pouco a pouco, porém essa mesma zona histórica, está cheia de memórias de gente ilustre que nela viveu.

JOAQUIM TRIGUEIROS MARTEL 
(1801-18739) 
1.º Visconde de São Tiago por decreto de 20-X-1862, 1.º Conde de Castelo Branco por decreto de 24-V-1870 e carta régia de 3-VI-1870. Nasceu a 22-X-1801 em Idanha-a-Nova onde foi  apadrinhado por Joaquim José Goulão, capitão-mor de Ordenanças, e por D. Leonor Doroteia. 
Faleceu a 17-VIII-1873 na sua casa da Rua do Poço das Covas em Castelo Branco (que fora dos Pestanas), na qual estava em uso da licença militar como general comandante da1.ª Divisão Militar.
Em 1828 residia no solar dos Golões  em Alcains (atual Museu do Canteiro), quando este foi atacado por forças populares radicais ligadas ao Vintismo. Também residiu em Castelo Branco no solar que é hoje a sede da Câmara Municipal e foi dos viscondes de Oleiros.

Resta acrescentar, que a casa (ou palacete) onde Martel viveu durante algum tempo e onde morreu, já não existe, pois na década de setenta (se não estou enganado), foram derrubadas várias casas na rua, para construírem um  prédio no local.
O ALBICASTRENSE

sábado, outubro 04, 2025

LARGO DO ESPÍRITO SANTO


                                       UM LARGO AGORA MAIS BONITINHO
😃 😂 😁 😀 😄
Após muitos anos de marasmo, a casa que pode ser vista numa das imagem, foi finalmente recuperada. Hoje, já percorri  este lindo corredor, sem ter que descer e subir escadas. 
Ao presidente da nossa Junta de Freguesia, homem que se empenhou pela  resolução da tristeza instalada durante mais de cinco anos,  dou os parabéns pela resolução de um problema que herdou. Se criticamos quando não gostamos de certas situações, também temos que ter a coragem de elogiar quando existem motivos para isso. 
O ALBICASTRENSE

quarta-feira, outubro 01, 2025

JAIME LOPES DIAS - (1890/1977)

JAIME LOPES DIAS - (1890/1977)
JOSÉ  LOPES  DIAS - (1900/1976)
 

Depois de ter publicado uma pequena biografia de José Lopes Dias, não podia deixar de fazer o mesmo em relação ao seu irmão Jaime Lopes Dias. Dois irmãos que não sendo albicastrenses, foram muito mais albicastrenses que muitos dos que cá nasceram. 


Foi o filho mais velho de uma fratria de 5 irmãos de José Lopes Dias, professor primário, e de Angélica Mendes Barreiros Dias. Com a morte precoce da sua mãe, o seu pai vem a casar novamente e a ter os restantes quatro filhos. Em 1914 tornou-se notário, por concurso público, em Idanha-a-Nova, ano e local onde viria a casar com Maria do Carmo de Andrade Pissara (1889-1980).

Teve quatro filhos, dois rapazes e duas raparigas, que por sua vez deram origem a 10 netas e um neto. Conheceu ainda alguns bisnetos. A família foi sempre uma dimensão importante da sua vida e à qual dedicava grande parte da sua atenção. Frequentou o Liceu de Castelo Branco e, mais tarde, estudou no colégio de São Fiel, mas foi no Liceu de Coimbra que completou o curso complementar de Letras. 

O curso de direito foi realizado na Universidade. De Coimbra entre 1908 e 1912. 

Administrador do concelho de Idanha-a-Nova, de 16 de Julho de 1915 a 30 de Outubro de 1916. Aluno da Escola de Oficias Milicianos, de Novembro de 1917 a Junho de 1918. Membro da Comissão Administrativa Municipal de Idanha-a-Nova (1919);

Foi vereador da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova entre 1915 e 1919. Posteriormente, muda-se para Castelo Branco, onde em 1919 é empossado Juiz presidente do tribunal dos desastres no trabalho tendo sido também secretário-geral do governo civil de Castelo de Branco. Ainda em Castelo Branco, foi professor provisório do 4º grupo do Liceu de Castelo Branco, de Dezembro de 1923 a Julho de 1924 e do 5º grupo do mesmo Liceu desde Dezembro de 1926 a Junho de 1927.

Mais tarde, mudou-se para Lisboa, onde exerceu a função de Diretor dos Serviços Centrais e Culturais na Câmara Municipal de Lisboa, de 1938 até à sua reforma por idade. Foi à capital que dedicou muito do seu trabalho ao longo do resto da sua vida, embora mantendo sempre uma grande ligação à sua região natal, onde ia frequentemente.  Não raramente, ajudava conterrâneos a encontrar trabalho em Lisboa e dedicou-se sempre ao desenvolvimento regional. São exemplos disso o seu esforço para que fosse construída a barragem de Idanha-a-Nova, hoje barragem Carmona, havendo quem tenha escrito6 que poderia chamar-se Jaime Lopes Dias, tal foi a sua implicação no projeto, mas há outros exemplos. 
Manteve sempre uma relação forte com a imprensa que lia de forma apaixonada e onde escreveu durante vários anos. Uma das suas mais importantes obras é a Etnografia da Beira (1926). Esta obra de fôlego, com 11 volumes, resultou de um intenso e prolongado esforço de recolha de tradições orais sobre a vida, as tradições, os costumes, o folclore e as diversidades culturais da Beira-Baixa.

Em 1933 é autor, com o então professor de direito Marcelo Caetano, do código administrativo. Este facto veio a ser interpretado como um sinal de aproximação ao regime, então no seu início. Na verdade, Jaime Lopes Dias recusou sempre cargos de conotação política, nunca se identificando com o regime de Salazar e Caetano. Ajudou amigos, conhecidos e opositores a escaparem à polícia política, nomeadamente em fugas para Espanha. 

A partir de 1938 tornou-se diretor dos serviços centrais e culturais da Câmara Municipal de Lisboa, tendo dirigido a Revista Municipal, dedicada aos estudos Olisiponenses. Foi também membro dos Jardim Escola João de Deus, que ajudou a organizar e difundir ao longo de muitos anos.  Morreu depois do 25 de Abril de 1974, revolução que encarou com alegria e otimismo, lamentando apenas já não ter idade para poder festejar. 

Faleceu em Lisboa em 1977 e quis ser sepultado no seu já Vale da Senhora da PóvoaDepois da sua morte, alguém decidiu atribuir o seu nome à biblioteca municipal. Contudo, quando da mudança da biblioteca para o antigo quartel, o nome de José Lopes Dias deixou de constar como patrono da mesma,  e em 2024, dá-se a mudança para António Forte Salvado.

Ps. Recolha de dados: Wikipedia

O ALBICASTRENSE

IGREJA DA MISERICÓRDIA VELHA – (5/5)

(Ultima)  V- Na casa do lado do Norte da Igreja de Santa Isabel, que foi hospital do sexo masculino, foram instaladas duas escolas de ensin...