LUTA ENTRE OS TEMPLÁRIO
E O
CONCELHO DA COVILHÃ - (II)
(Continuação)
Ouviram
a queixa das duas partes inquiriram testemunhas sobre os limites
litigiosos e a morte dos homens da Covilhã. Depois deslocaram-se
para Castelo Branco onde esperaram em dia aprazado a vinda do
alcaide, juízes e cavaleiros da Covilhã, com a sua bandeira, para
ouvirem a sentença do pleito.
Na
tarde daquele dia os esculcas que do mais alto das torres da alcáçova
procuravam descortinar a marcha da comitiva da Covilhã, deu conta
dela já na planície que se desdobra de Alcains para cá, e logo deu
sinal de alarme, que pôs em alvoroço a gente da nossa terra.
A
vila não era murada ainda e só as torres da alcáçova se erguiam
formidáveis no aguerrido da sua traça. Para o local onde se fez a
porta da vila seguiram o Bispo de Viseu e a sua comitiva, o Mestre da
Ordem do Templo e os seus freires, e outro pessoal constituído em
dignidade de mando. A
arraia miúda do Conselho e o povoléu de fora dele, dos conselhos da
Lardosa, São Vicente e Alpreada onde havia chagado a noticia da
cerimonia jamais vista em terras da Beira, acotovelaram-se no largo
então ermo de casario, onde depois veio a surgir a rua e arrabalde
dos Oleiros.
O
alcaide, os alcaldes e os cavaleiros da Covilhã com a sua bandeira,
descavalgaram a distancia, e vieram ajoelhar aos pés do Bispo para
lhe beijarem o sagrado anel, e depois saudaram respeitosamente o
Mestre da Ordem e os seus freires do Templo e as autoridades do
Concelho.
Pôs-se
em marcha o cortejo pelas ruas as vila e veio a encher o largo da
alcáçova. Levantou o braço o Bispo de Viseu a impor silencio ao
sussurro da multidão. Mestre Martinho, chantre as Sé da Guarda,
deu-lhe o papel da sentença, e o Bispo em voz pausada disse: Homens
de Castelo Branco e Covilhã ouvi a sentença que os árbitros
proferem ditada por puro sentimento de justiça. É condenada a Ordem
do Templo a pagar anualmente 33 morabitinos ao concelho da Covilhã,
e a dar passagem livre no Porto do Tejo aos homens da Covilhã –
“Homines
de Covilliam habeam libère passaginem portus fluminis Tagi”.
A
Ordem do Templo e o Concelho de Castelo Branco são solidariamente
condenados a mandar edificar uma capela no próprio sitio onde foram
mortos os homens da Covilhã, e nela serão recolhida os seus
despojos mortais, e a sustentar um Capelão que nela diga missa
quotidiana em sufrágio das suas almas. Parou nos seus dizeres o
Prelado de Viseu, e relançando o auditório, viu que todos haviam
curvado a fronte em sinal de assentimento à justiça do castigo
aplicado.
(Continua)
O Albicastrense
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