A
rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e
Março de 1937, no jornal “A
Era Nova”.
Transitou para o Jornal “A
Beira Baixa”
em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A
mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do
primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC”
foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho
que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O
texto está escrito, tal como foi publicado.
Os
comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
Temos
agora e sessão de 4 de Agosto. O que nela se passou forneceu matéria
para larga prosa que havia de ser levada à presença da Rainha, mas
resume-se em pouco. Francisco
José de Carvalho Freire Falcão solicitou de Sua Magestade “a
graça de o haver e declarar por vezinho do lugar da Louza”.
Sobre
a solicitação foi ouvida a Câmara, que respondeu que sim, que
achava bem, porque o homem tinha na Lousa bens e gado à farta,
aquela povoação ficava longe, a duas léguas da cidade e, fosse
forçado a residir aqui tão longe dos seus haveres, não os podia
administrar tão bem como lá. E
assim ficou muito satisfeito o Sr. Francisco José de Carvalho Freire
Falcão e a Câmara deu por findo os seus trabalhos nesse dia.
Na
sessão imediata, que se realizou em 16 de Outubro. Mandaram-se
coutar os alqueives e olivais e não se pensou em mais nada.
Na
sessão seguinte, que se realizou em 25 de Outubro, tomaram também
parte os representantes da Nobreza e do Povo para resolver um assunto
de importância. Foi
o caso de um médico, ao que parece ainda in herbis, chamado Filipe
Joaquim de Paiva, apareceu a pedir que fosse criado para ele um novo
partido com ordenado de duzentos e quarenta mil réis, que era quanto
recebia o médico do outro partido, Dr. João Antunes Pelejão.
Estabeleceu-se
discussão rija. O
procurador do concelho e o vereador mais velho disseram que sim, que
se criasse o partido e se desse ao requerente.
Mas
salta de lá outro vereador e arenga que não, que não podia ser,
“por
se não achar o suplicante ainda formado nem ter dado provas do seu
requerimento”.
Formasse primeiro e aparecesse depois.
Os
procuradores do Povo por seu lado sustentarem que o partido era
necessário e devia ser criado “para
a Camara poder nomear Medico ou ao Recorrente cujos tallentos são
conhecidos ou a qualquer outro que bem lhe pareça ficando o dito
partido estabellecido perpetuamente sem dependência de outra nova
Provisam”
Vem
depois os representantes da Nobreza e disseram “que
se conformavam com a mesma rezam”.
E
depois não disseram mais nada e assinaram a acta.
É
de registar o seguinte: As assinaturas da acta são nada menos de
quarenta e três e desta vez uma só é de cruz. Todos
põem o seu nome por extenso, o que revela sensivel progresso, visto
que até esta altura, sempre que havia sessões destas, as cruzes
eram tantas que davam a impressão de um cemitério.
Acrescenta-se
ainda que a acta desta sessão não foi escrita nem subscrita pelo
escrivão Aranha. Foi um Sr. Manuel Joaquim Freire Corte Real, que
deu provas de especialista em caligrafia capaz de endoidecer quem
tenha de haver-se com ela em ortografia e redacção de
“pretuguês”. Safa!
Que é bom escrever mal, mas também nem tanto.
(Continua)
PS.
Aos leitores dos postes “Efemérides
Municipais”,
o que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado
na época.
O
Albicastrense
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