A rubrica
Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no
jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira
Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do
primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o
autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter
tirado o sono, muitas e muitas vezes
O texto
está escrito, tal como foi publicado.
Os
comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
Na sessão imediata, que se realizou
no dia I de Janeiro de 1799, nomearam-se as “Just do termo que hande servir nas
terras do termo desta cidade”, e já não foi pouco.
A seguir á sessão de 1 de Janeiro de
1799 vem a de 13 do mesmo ano e nela trata-se apenas do seguinte: “Atendendo as
muitas queixas que fizeram os Moradores
do lugar de Alcains de que os Juizes do mesmo lugar nam cumpriam com as suas
obrigacoins em darem as coimas que sam
obrigados Nomiarão para em coimador com huma testemunha tão somente na coitada
do referido lugar a Domingos Bixo do mesmo lugar”.
Foi bem feito. Fecharam os olhos os
senhores juizes, deixavam passar carros e carretas em matéria de transgressões.
Pois ficavam sabendo que mais que
eles ficavam valendo dai por diante o ”em coimador” Domingos Bixo, que não precisava
senão de uma testemunha para fazer valer
as coimas.
A sessão seguinte realizou-se em I0
de Fevereiro. Foi o mandado de despejo
da vereação que até ai tinha servido. Abriu-se uma carta da Rainha e encontrou-se nela a pauta dos novos
vereadores, que eram: José Pessoa Tavares, José Martins Goulão e João de
Mendonha Valadares. Procurador era Francisco da Silva.
Os novos vereadores reuniram-se no
dia I9 em sessão e, porque não havia dinheiro para pagar às amas dos expostos,
lançaram a necessária finta, que oferece esta novidade: Até aqui, Monforte vinha sempre na cabeça do rol; agora passa para o
terceiro lugar. A cidade, com a ajuda de
Malpica, passa a pagar 200.000 réis, Escalos de Baixo aparece-nos com a verba
de 120.000 réis e Monforte apenas com 100.000 réis.
No dia 10 de Março reuniram-se os
vereadores em sessão magna com a Nobreza e o Povo, para que dissessem o que
lhes parecesse justo a respeito de uma provisão
de Sua Majestade relativa a um requerimento de Manuel Mendes de Abreu, que queria que lhe fosse concedido o partido
de cirurgião com o ordenado anual de cem mil réis.
Todos acharam que estava bem assim, e
por isso parecia fora de qualquer duvida que o cirurgião Manuel Mendes de Abreu – que naturalmente era
dos que nas horas vagas se entretinham a fazer a barba aos fregueses – estava
servido. Mas o tempo foi passando, a Câmara só tornou a reunir-se em 12 de Maio e, na sessão desse dia, foi nomeado com o
ordenado anual de oitenta mil réis e com a obrigação de curar os pobres de graça. Apanhava menos vinte mil
réis por ano, apesar de a Câmara dizer que “o nomiado he muito habil e serve com zello e optidão pela
boa inteligenssia e conhecimentos que tem mostrado ter na referida arte de
Cirurgia e Anathomia”.
PS. Aos leitores dos postes “Efemérides
Municipais”: o que
acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O Albicastrense
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