A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A
mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do
primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC”
foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho
que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O
texto está escrito, tal como foi publicado.
Os
comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
Estava
vingado o bom do medico da Partida que os vereadores da Câmara lhe
tinham pregado na sessão de 30 de Novembro de 1797. Então o homem
requereu e responderam-lhe que tratasse de outro edfico. Agora era
nomeado sem mais formalidades do que a leitura da provisão que
concedia à Câmara a liberdade de nomear
novo
medico.
Em
todo o caso sempre foram acrescentando que era preciso “dar
cumprimento às clauzelas da dita Provizão”,
as quais consistiam em “curar
de graça os Pobres da cidade e seu termo acudindo com prontidão
aonde quer que fosse chamado”.
Além
disse a Câmara ficava “com
a liberdade de o poder conservar ou demitir quando por algum novo
Insedente assentar que assim convem”.
Vem
depois a sessão de 21 de Junho. Tratou-se da nomeação de João
Rodrigues Ribeiro para Almoxarife de todos os trens de guerra que
se acharão nesta cidade... que se mandaram entregar por ordem do
Excelentíssimo Governador das Armas desta Província quando desta
cidade foi mandado recolher o Regimento de Infantaria de Pena Macor
que nella se achava aquartelado assim como as chaves dos quartéis do
Castelo, Devesa e Graça.
Depois
da sessão de 5 de Julho de 1798 os vereadores adormeceram ou andaram
por esse país fora em procura de sítios frescos, porque só
tornaram a reunir-se em sessão de 6 de Setembro. A acta desta
sessão, porém, é interessante e por isso vai na integra.
Façam
favor de ler: “Nesta
requereo o Procurador do Conselho o Dr. Andrade Themudo e disse que
servindo elle a mesma ocupassão haverá sete ou outo annos requereo
nesse tempo a arrecadaçam dos foros que a este conselho se deviam
cobrando-se porem alguns, outros não se cobrarão, nem elle o pode
fazer por acabar o seu tempo, pello que requeira que vendo eu
Escrivão os Livros respectivos delles extrahisse a importância
passando-se mandados executivos: disse mais que obtendo Diogo de
Mesquita Provizão para tapar uma terra a Fonte Feiteira nesta
Camara se delibarara a favor delle pagando de foro annualmente quatro
centos e outenta, e nesta figurão, e com esta delibaraçam a
favorecia, pois que os pastos valião humas poucas de moedas digo
huns poucos de mil reis se lhe consedera a pertendida Provizão porem
o suplicado athé o dia presente ainda não reconheceo esta Camera,
nem tem pago couza alguma ao mesmo tempo que há já huns poucos de
annos que tapou e serve dos pastos pello que requeria se desse a
providencia nessessara.
Requereo
mais que naquelle mesmo tempo em que servio de Procurador requerera
se fizesse executar huma sentença que este conselho obteve contra
Domingos Ledo barqueiro do Porto de Malpica e assim mais visto este
Rendeiro não pagar se pozesse a Barca a pregão, porem nem huma nem
outra couza pode com seguir athé que o seu anno se findou, pello que
requeria se fizessem as diligencias pressisas para aparesser aquella
sentença, e pella que pertendia arrendas de em tão para ca o que
hade constar dos livros feita a conta se passasse executivo e
ultimamente requereo que visto ser este rendeiro tão Remiso e ser
esta uma regalia a mais importante nesta Camera se passasse mandado
para se por a pregam.
O
que visto e ouvido pello Doutor Juiz de Fora e mais Vereadores
determanarão que quando aos foros que se procedesse na forma
requerida pello Procurador do Conselho, e que pello que pertence ao
requerimento contra Diogo de Mesquita que seja notheficado para que
em vinte e quatro horas aprezente a provizão faça Escritura
reconhecendo esta Camera por senhora Direta pena passadas ellas de se
mandar a sua custa demolir a parede, e quando a Barca de Malpica se
faça pello o Escrivam da Camera as mais exatas deligencias para
aparesser a sentença requerida. Bem como se passe mandado executivo
contra Domingos Ledo de todos os annos que tem decorrido do ultimo
anno que se arrematou a referida Barca athé o presente anno pello
preço da arrematacam daquelle anno e ultimamente que se passasse o
mandado requerido para se arrematar de novo a quem melhor lanço
fizesse”
Não
acham interessante? Até aqui pagava quem queria, cada um fazia o que
mais lhe agradava; mas agora iam ver o que era uma Câmara que fazia
entrar tudo na ordem. Varemos se foi assim ou se aquilo não passava
de prosa.
(Continua)
PS.
Aos leitores dos postes “Efemérides
Municipais”:
o
que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado
na época.
O
Albicastrense
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