quinta-feira, julho 23, 2015

UMA CASA DERRUBADA NO ARRABALDE DOS AÇOUGUES


Nos últimos anos os responsáveis pela autarquia albicastrense desenvolveram sem qualquer dúvida um grande trabalho na defesa e divulgação dos portados quinhentistas da terra albicastrense, “criando inclusivo, a rota dos portados quinhentistas”.
De uma penada, uma personagem muito pouco cuidadosa, resolve mandar às urtigas esse bom trabalho e manda derrubar no Arrabalde dos Açougues, uma velhinha casa que ostentava um desses portados.  

No seguimento deste derrube grosseiro, o vereador Paulo Moradia do PSD, acusa os responsáveis da autarquia albicastrense de “crime cultural”.
O responsável da autarquia albicastrense pelo respetivo sector, defendeu-se dizendo entre outras coisas, que a casa estava desde 1992 para ser mandada abaixo, que os vizinhos se tinham queixado de infiltrações de água, e que a casa não estava assinalada de qualquer valor histórico.

Confesso que a resposta do responsável da autarquia me deixou confuso e irritado, pois seria muito mais credível reconhecer o erro e afirmar que futuramente tal não irá acontecer novamente. Perante este desprezível acontecimento, acto que não manda pelo cano abaixo o bom trabalho desenvolvido pela autarquia nos últimos anos, quero aqui dizer o seguinte:
Em 2013 peguei no trabalho que o Padre Anacleto Martins publicou em 1979 sobre os portados quinhentistas da terra albicastrense, e resolvi fazer o percurso que ele fez para saber do estado de saúde dos velhinhos portados que ele contabilizou no seu trabalho. 
No final, constatei que entre a data da publicação do trabalho de Anacleto Martins (1979) e 2013, tinham sido derrubados 43 portados quinhentista (!!!!)
Convém aliás dizer, que os nossos portados estiveram durante muitos e muitos anos ao completo abandono, parecendo até que os pobres diabos eram coisas estranhas que era necessário extinguir. 
Vai daí, começaram a pintá-los, rebocá-los e até substituí-los por portados de mármore. Só nos últimos anos de Joaquim Morão, foi efetivamente feito o tal grande trabalho que mencionei no início deste texto.
Perante o descrito, o mínimo que posso ambicionar é que de futuro, casos como o do Arrabalde dos Açougues não voltem a acontecer, senão um dia destes como os pobrezinhos não conseguem defender-se sozinhos, corremos o risco de: “era uma vez um portado quinhentista que tinha lugar na …. 
O Albicastrense

3 comentários:

  1. José Barradas00:30

    Olá amigo Bispo. Só há uma hipótese. Quando a casa for reconstruida deve manter-se a traça original, isto é, o portado quinhentista.

    abraço

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  2. Amigo Barradas
    O pior é que os dois portados que a casa tinha, o camartelo (segundo dizem) terá dado cabo deles. Vamos aguardar para ver.
    Abraço

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  3. José Barradas01:12

    Faz-me lembrar a porta da cinagoga, lá em cima na rua de Santa Maria. Na ombreira do arco em ogiva existia uma cruz de David, localizava-se do lado direito na zona curba do arco. Algum inteligente se lembrou de picar o granito da ombreira e lá se fou um pouco da história. Cerca do ano de 1930, a cruz ainda lá existia.

    Abraço

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