quinta-feira, agosto 06, 2015

CARTAS DE PERDÃO MANUELINAS

Das muitas joias encontradas por mim na revista “Estudos de Castelo Branco”, as cartas de perdão manuelinas publicadas por Fernando Portugal, são pérolas que não posso deixar de aqui postar.

ALGUMAS CARTAS DE PERDÃO MANUELINAS
                                                        (Por Fernando Portugal)
As cartas de perdão só muito raramente tem merecido a atenção dos nossos principais investigadores. Para isso muito tem contribuído a carência, ainda hoje observada, de bons índices capazes de proporcionar uma fácil e rápida consulta.
Algumas cartas de perdão, é certo, nada dizem de interesse, mas outras há que contêm informações dignas do maior realce.
Ascendem ao milhar o número de cartas de perdão registadas ao longo dos 47 volumes que constituem a chancelaria de D. Manuel, mas muitas outras se perderam como já tivemos ocasião de mostrar. Como presentemente nos debruçamos sobre essa chancelaria, coligimos algumas cartas de perdão referentes a moradores em Castelo Branco de que temos conhecimento e de que damos os sumários.
Entre elas há duas que, embora passadas a moradores em Nisa e Crato, interessam, diretamente ou indiretamente, a Castelo Branco.

- Maria Dias, mulher viúva, moradora em Castelo Branco, houvera afeição carnal com Nuno Frazão, clérigo de missa, morador na mesma vila, com o qual estivera manceba teuda e manteuda, e recebera todo bem fazer e todas cousas que faziam mister. E estava prenhe havia quatro ou cinco meses. E ora era apartada dele e queria daí em diante viver bem e honestamente.
Data em Setúbal, 1496, Março, 30 (chanc. De D. Manuel).

- Maria Gomes, mulher viúva, moradora em Castelo Branco. Estando viúva houvera afeição carnal com Brás Fernandes, castelhano, casado, morador nos reinos de Castela, e assim estivera por sua manceba teuda e manteuda e recebera dele bem fazer e tudo o que era mister, que a trazia vestida e calçada. E houvera dele um filho. E agora se apartara dele e desejava viver honestamente, e Joana Lopes, mulher de Brás Fernandes, lhe perdoara por um público instrumento, escrito em castelhano, qua parecia ser feito e assinado por Pero Folgado, público escrivão na vila de Lacarça.
Data em Setúbal, 1496, Abril, 6. (chanc. De D. Manuel).
(Continua)
                                    O Albicastrense

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