A
rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de
1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril
de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A
mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António
Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação,
(Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O texto está escrito, tal como foi
publicado.
Os comentários do autor estão aqui na
sua totalidade.
(Continuação)
Quatro
dias depois, ou seja em 20 de Julho, lá estão de novo os vereadores reunidos em
sessão, apenas para isto:
“Nesta vereação foi proposto que
suposto se tivessem avaluado os olivais desta cidade em duzentos mil réis
contudo como eles se não avaluarão logo, a demora tem feito com que o gado Bois
e Egoas tenham comido o agostadouro fica por tanto valendo cento e trinta mil
réis”.
Vem
logo dois dias depois nova cerimónia da posse de um cargo de certa importância,
o de Procurador da comarca, para que tinha sido nomeado o Doutor Francisco
Xavier Borges Pereira Feraz. Assistiu também muita gente e da mais grata da
cidade. Exerceu o cargo três anos certos. À margem do auto lá está uma nota a
dizer que foi suspenso no dia 22 de Julho de 1803.
A
deliberação adoptada pela Câmara em sua sessão de 6 de Julho de 1800 na sentido
de “as vereaçoins se fazerem nos dias que determinam as Leys da Reyno”,
isto é, duas sessões por semana, não teve desde logo execução, pois que a
sessão seguinte se realiza um mês e três dias depois, ou seja em 9 de Agosto. A
ata respetiva começa assim:
“Nesta foi apresentada huma ordem do Juizo
Provedoria na qual vinha inserta outra de Sua Alteza Real o Príncipe Regente Nosso
Senhor em Virtude da qual mandava o mesmo Senhor que a Camera desta cidade
desse a sua resposta sobre um requerimento que a Camera da Villa de Alpedrinha
fez ao mesmo Senhor para efeito de concertar as calçadas”. Depois segue-se a
resposta, que é de respeito pelo tamanho. Resumimo-la.
"A
Câmara, Nobreza e Povo de Alpedrinha, queriam que esta cidade e sua comarca concorressem
para as despesas da “calçada nova que intentavam fazer na passagem daquela Vila para a
Covilham”, mas o que se
dizia no respectivo requerimento não era exacto. Diziam que por ali tinham de
passar as lãs para as fábricas da Covilham, mas não era exacto, pois que estas
seguiam em carros pela estrada que serviam esta cidade, a da Guarda, Trancoso e
Pinhel. A calçada era para comodidade da população de Alpedrinha e por isso era
justo que fosse ela a pagá-la, tanto mais que lá havia recursos. Bastava
saber-se que só uma ervagem lhe rendia 50 moedas de ouro. Constava, era certo,
que a dita ervagem tinha sido vendida por alguns anos; mas, como essa venda
fora feita “para uma obra inútil e de ostentação, qual foi a de duas torres para a
sua Igreja empregassem o seu produto para areparaçam das ditas calçadas”.
Além
disse a Camara de Alpedrinha no que pedia cortava á larga, pois que podia economizar
muito dinheiro aproveitando a pedra da calçada velha e a que faltasse podia ir
busca-la ali mesmo ao pé, mas não estava para isso, “e bem se vê ser feito com o que há-de
ser pago pella bolça alheia”.
Não
devia contar com o auxílio desta cidade e sua comarca, para o que bastava ter
em consideração as quantias avultadas com que contribuíra ainda não havia muito
para as pontes de Caria e calçada da Guarda, parte das quais ainda estava por
pagar a quem emprestara o dinheiro.
Em conclusão e em resumo: não podia dar nada, porque ninguém dá o que não tem, e porque o pedinte tinha por lá com que podia governar-se e se o não tinha, a culpa era dele, pois o tinha gastado em obras de ostentação.
PS. Aos leitores dos
postes “Efemérides Municipais”: o que acabaram de ler, é uma transcrição fiel
do que foi publicado na época.
O Albicastrense
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