sábado, junho 20, 2020

A TERRA ALBICASTRENSE NO FINAL DO SÉCULO XVIII - (V)



 Rol dos Confessado da freguezia da Santa Sé desta cidade de Castello Branco na Quaresma do prezente anno de 1794.

TRABALHO DA AUTORIA
DO CORONEL VASCO DA COSTA SALEMA.
"COSTUMES SOCIAIS - (III)"

(Continuação)
Para não alongarmos demasiadamente não fazemos qualquer referencia a quem tinha  dois ou, menos criados.
Naquele tempo começava-se a trabalhar muito novo, por isso, encontramos no manuscrito um barbeiro, um caixeiro e um sapateiro só com 9 anos (fogos nº 191, 197, e 318); uma criada de 6 anos e outra de 7 anos (fogos nº 309 e 456), além de muitos outros com pouco mais.

De entre todas as mulheres da freguesia o Vigário só a 33 dá o tratamento de Dona e nem sempre a todas as Senhoras da mesma família, pelo que será interessante pormenorizar aquelas que têm essa honra.
Assim: D. Josefa Luísa, mulher do proprietário Jacinto Xavier, mas não a mãe desta Senhora, viúva que com ela vivia, nem a filha de 18 anos (fogo nº 121); 
D. Mariana Pereira de Araújo, proprietária e viúva (fogo nº 171); 
D. Ana, filha do Capitão de Ordenanças J. A. Pancas, de 18 anos, mas não a sua mãe Teresa Angelica, mulher do referido Capitão (fogo nº 184);
D. Leonor Pereira, mulher do Capitão de Ordenanças J. P. Tavares, e suas filhas D. Leonor e D. Ana, de 17 e 15 anos (fogo nº 185);
D. Isabel Joaquina, mulher do escrivão M. J. Freire, e sua filha D. Caetana, de 17 anos, mas não suas irmãs que com ela viviam (fogo nº 192);
D. Francisca Josefa de Sousa e suas irmãs D. Isabel, D. Joaquina, D. Joana e D. Caetana (fogo nº 325);
D. Caetana Rosa, irmã de José Tudela de Castilho, e suas sobrinhas D. Maria Luisa e D. Ana Gualdina (fogo nº 348); 
D. Maria Joaquina da Silveira, solteira, de 20 anos, e sua irmã D. Francisca, de 9 anos (fogo nº 380);
António José Rodrigues, casado com Leonor Jacinto, vendedeira com 4 filhos de 6 anos para baixo; Manuel de Fontes, casado com Ângela Maria Saldanha e com 5 filhos, de que o mais, de 9 anos, já está apontado, como barbeiro; e João António, casado com Isabel Joaquina, que apesar de só ter um filho de 2 anos, não dispensa ter uma criadita de 12 anos (fogo nº 21, 191 e 529).
D. Joana Teresa d’ Ordaz, viúva, sua filha D. Ana Josefa e sua tia D. Joana Maria (fogo nº 391); D. Barbara Correia, D. Margarida e D. Felícia Antónia, três senhoras solteiras, de 70, 60 e 50 anos, que viviam sozinhas na Rua dos Ferreiros (fogo nº 411);
D. Helena Bernarda, mulher do Dr. F. J. de Carvalho Freire, e suas filhas D. Mariana, D. Ana e D. Joana, respetivamente de 14, 10 e 3 anos de idade, mas não sua mãe Catarina de S. José, viúva (fogo nº 420);
D. Maia Joaquina, irmã de A. A. Boderozo , e sua prima D. Joana Madalena (fogo nº 430); D. Maria Bernarda, mulher do Capitão de Auxiliares F. J. dos Santos, mas não a irmã deste, Isabel Josefa, de 56 anos (fogo nº 44);
D. Joana Antónia, mulher do advogado Dr. M. Rodrigues Beja, e sua filha D. Maria de 9 anos, mas não a filha Joana, de 2 anos, nem Maria Brizida de 18 anos, possivelmente filha de um primeiro casamento do seu marido (fogo nº 542): 
A diferença de idade entre os cônjuges é, por vezes, muito grande, chegando-se a encontrar uma diferença de 34 anos, a mais, do marido em relação à mulher e também 34 anos, a mais, da mulher para o marido (fogos nº 486 e 332).
Entre marido e mulher encontram-se diferenças de idade de mais de 15 anos e até 20 em 14 casais, com 20 até 30 anos de diferença dez casais, com 30 ou mais anos de diferença há, ainda três casais.
Não admira pois, que haja tantas viúvas, como logo no  inicio deste comentário se assinou. Entre mulher e marido havia diferenças de mais de 15 anos e até 20 há em seis casais, com 20 anos um, com 34 anos também há outro.

Note-se, ainda, que da leitura do manuscrito se depreende pela idade dos filhos, que algumas mulheres casaram muito novas, quatro aos 14 anos ou antes, quatro aos 15 e uma aos 16.
(Continua)
O ALBICASTRENSE

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