quarta-feira, abril 11, 2012

ALBICASTRENSES ILUSTRES - XXVI

AFONSO DE PAIVA
Afonso de Paiva, foi natural de Castelo Branco e filho de Pedro Vaz, escrivão dos direitos reais dos judeus daquela vila, em tempo el-rei D. Afonso V, e de sua mulher Maria Gil de Paiva.
Ali viveu casado com Mércia Vaz, de quem não houve geração, sucedendo a seu pai no referido oficio, que lhe confirmou D. João II, por carta passado em Santarém a 8 de Dezembro de 1485.
Foi também escuteiro de Rui Mendes de Vasconcelos, que fez parte do Conselho de D. João II e foi alcaide e fronteiro-mor de Penamacor nas guerras de D. Afonso V e depois capitão de Ceuta, onde resistiu ao forte cerco do rei de Fez. É natural que nestas lides o tivesse acompanhado Afonso de Paiva, de espírito arguto, assimilando facilmente o castelhano e o árabe, adquirindo assim aqueles atributos que maior influencia tiveram talvez no animo de D. João II, ao escolher os homens que haveriam de levar a cabo no seu projecto de saber novas da Índia, por terras através de um rei cristão, o lendário Preste João. Desta empresa foram encarregados Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã, que partiram no dia 7 de Maio de 1478 de Santarém, onde o rei se encontrava com a sua corte. De Lisboa seguem para Valência e dai, talvez por mar, para Barcelona, onde chagam a 14 de Junho do mesmo ano. Embarcam então para Nápoles e, seguidamente, dirigem-se à ilha de Rodes.
Aqui são acolhidos por dois portugueses, freires do Hospital, que os aconselham a disfarçar-se de mercadores de mel. Deste modo chegam a Alexandria, onde estiveram quase a morrer, pois foram atacados por febres.
Apenas melhoraram dirigiram-se ao Cairo e, adoptando trajes muçulmanos, juntam-se a uma caravana de mercadores mouros, que acompanham até Adem, na entrada do mar Vermelho.
Separam-se então. Pêro da Covilhã vai para a Índia, ao passo que Afonso de Paiva segue para a Etiópia. Combinam, porém encontrar-se no Cairo mas, quando Pêro da Covilhã depois de viajar pelas costas ocidentais do Indostão regressa àquela cidade, encontra noticias da morte do seu companheiro, pelo que se dirige à Etiópia, onde é bem recebido pelo Imperador que, no entanto não lhe consente o regresso à Pátria.
Um ano antes da partida para esta aventura, sucintamente descrita, D. João II, atendendo aos serviços de Afonso de Paiva, havia-lhe feito a mercê de 1.500 réis de tença, conforme ficou registado na chancelaria daquele rei:
D João, etc.,. a quantos esta nossa carta vierem saber que, querendo nós fazer graça e mercê a Afonso de Paiva esguardando ao serviço que nos tem feito havemos por bem e queremos que desde o primeiro dia do mês de Janeiro que ora passou deste ano presenta de 1486 em diante, em cada um ano enquanto até que morto for, ele tenha esta tença de 1.500 réis brancos. E porém (por isso) mandamos ao veador da nossa fazenda que lhe mandem assentar os ditos dinheiros em nossos livros e dar em cada um ano per luguar aonde deles esta usamos paguar. Data em o nossa vila de Santarém a 14 dias de mês de Março.  António Carneiro a fez, ano de 1486".

Dados recolhidos na obra: Figuras Ilustres de Castelo Branco”, de Manuel da Silva Castelo Branco,
O Albicastrense

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