A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre
Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era
Nova”. Transitou para o Jornal “A
Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de
1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro.
António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de
investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas
vezes).
O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
A sessão seguinte realizou-se no dia 20 de Outubro. Um mês
menos um dia a contar da antecedente. O que se passou conta-o mestre Aranha
assim:
“Nesta Vereação
determinarão que havião os Alqueves por coutadas do dia de àmanhã em que se hão ir coutar vinte hum por diante
e mandarão se apregoasse para de despejaram”.
E acabou-se, porque “não
houve mais que despachar”. Logo no dia 22 de Outubro houve nova sessão.
Desta, pondo de parte os nomes dos vereadores que assistiram, vai cópia da acta à risca, porque a achamos interessante:
Desta, pondo de parte os nomes dos vereadores que assistiram, vai cópia da acta à risca, porque a achamos interessante:
“Nesta Vereação a que
assistiram tãobem os Procuradores do Povo determinarão que todos uniformemente
que para aver de se pagar a divida de outocentos mil reis que António José da
Cunha de bondade tinha emprestado gratuitamente para satisfazer a despeza das
Festas que se fizeram pelo feliz nascimento da Sereníssima Princeza da Beira, e a que estão todos obrigados os
bens do Conselho e Povo ouvesse este no prezente anno quatro centos tres mil e
sete centos réis produto das Ervagens – Corga das asenhas, e Lombas, e Marradas – que a rematou, a primeira
João da Fonseca Coutinho, em sessenta mil e cem réis, a segunda Luiz Vez as
Cunha e Manuel dos Reys Soares em outra tanta quantia e as Marradas o mesmo
Luiz Vez, em doze mil réis; e duzentos setenta e hum mil e quinhentos réis
produto das Ervagens seguinte que pertencem ao Conselho. Da do Barregão
quarente e sinco mil e cem réis, da Do Rouxynol quarenta e outo mil e cem réis,
e da Manga de Pero velho setenta mil e cem réis a rematadas ao mesmo António
Jozé da Cunha.
Mais quarenta mil e cem réis da do
Cabeço de Atallaya a rematada pelo mesmo e Jozé Pessoa Tavares e sessenta e
outo mil e cem réis da Sorte meya a rematada pelo Padre Manoel de Azevedo,
cujas parcellas todas fazem a dita quantia de quatro centos e tres mil e sete
centos réis de que lhe mandarão logo passar mandado: E outro sim determinarão
que visto acharce nas mãos do Depositário Francisco António Perez de Louro huma
avultada quantia pertencente ao Povo de Monforte presentemente sem nescessidade
de despender o dito depozito que se tirasse deste por empréstimo a que obrigão
os bens do Povo e Conselho a quantia de cento noventa e seis mil e trezentos
réis para o mesmo António Jozé da Cunha, vindo a ficar por esta forma embolsado
de seis centos mil réis, devendo haver o resto da sua divida das Ervagens que a
rematar no anno futuro. E para tanto mandarão passar os mandados competentes”.
É interessante reparar para os preços que
foram arrematadas as ervagens. Cada uma delas foi arremadadas por tantos mil
réis.
Isto mostra sem menor duvida que sobre a
quantia porque cada ervagem ia à praça se punha mais um tostão e acabava-se a
história. Estava a coisa bem combinada. Era qualquer coisa como isto; “Arranja-te
lá com a ervagem que te convém, que eu não te faço afronta, mas em paga
deixa-me arranjar com a que me convém a mim, não te metas nisto”.
Por onde se vê que arranjinhos houve-os em
todos os tempos. E aquela referencia à “avultada quantia
pertencente ao Povo de Monforte” também não deixa de ser interessante. Era
rico o Povo daquele terra.
(Continua)
PS. Mais uma vez informe os leitores
dos postes “Efemérides Municipais”, que o que acabou de ler é, uma transcrição fiel
do que foi publicado na época.
O Albicastrense
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