"O ÚLTIMO DOS LATOEIROS DA TERRA ALBICASTRENSE"
Ao
passar pelo Largo do Espírito Santo, dei comigo a olhar para uma
velha latoaria que ali existe à quase cem anos, latoaria que dia
menos dia, corre o risco de vir a fechar portas.
Falei
com José Lucas, atual proprietário desta latoaria, segundo ele, a
latoaria abriu portas na década de 20 do passado século, tendo
sido seu primeiro proprietário Manuel Daniel que na década de 60
lhe passou o negócio.
Manuel
Lucas o último dos Latoeiros da terra albicastrense, disse-me que
abandonou a escola aos nove anos, altura em que começou a aprender o
oficio de latoeiro com o “Segola” (será alcunha ou
apelido?), latoeiro que tinha latoaria na rua da Amoreirinha, (em
tempos conhecida por rua dos latoeiros, e onde chegou a haver três
latoarias).
José
Lucas transferiu-se do “Segôla” para o mestre José Pedro,
mestre que tinha oficina na mesma rua, tendo sido ele a ensinar-lhe
os segredos da profissão (Curiosamente, conheci estes dois
latoeiros na minha juventude, pessoas que eram autênticos artistas
na arte da chapa zincada e da folha de flandres).
Ao
falar com José Lucas, facilmente nos apercebemos que a arte de
latoeiro lhe percorre o corpo, tal como o sangue lhe percorre pelas
veias.
Do muito que ele me contou, não posso deixar de aqui comentar
o seguinte desabafo: “hoje, ninguém
quer aprender este ofício, eu sou o último dos latoeiros da
cidade”, desabafo que
devia envergonhar todos os responsáveis pelo sector da formação
profissional no meu país.
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Num país com centenas de milhares de desempregados, não deveriam os
responsáveis pela formação profissional, olhar para situações
como esta?
-
Ou será, que este e outros artesãos são já figuras de outros
tempos, figuras que só poderemos observar num futuro próximo, num qualquer museu ou
através de um filme?
Deixar
morrer estes artesãos e não apostar na formação de gente para os
substituir, deveria ser considerado crime!.....
O
Albicastrense
Este foi o tema de um trabalho quando da minha licenciatura, “A Arte da Latoaria: As mãos que mantêm a tradição viva”. Convivi o dia-a-dia do Sr. José, durante 3 dias, entre troca de ideias, entrevistas e filmagens. O ver fazer, foi muito gratificante para mim.
ResponderEliminarBom dia, você poderia me informar se Latoeiro José Lucas ainda está funcionando e em que a Frequeria de Castelo Branco é sua oficina?
EliminarMuito Obrigado
MANUEL
ResponderEliminarBem haja pelo teu testemunho.
Abraço
segola ou sesgola
ResponderEliminarCaro anónimo.
ResponderEliminarNão sei se é Segola ou Sesgola, contudo, bem haja pela deixa.
Abraço
Ainda a um latoeiro em alcains chamado Pedro Sanches
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