A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre
Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à
extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho
que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O texto
está escrito, tal como foi publicado.
Os
comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
A sessão seguinte foi a 1 de Janeiro de 1798. Como era da
praxe, foram nomeados as justiças para as povoações do termo.
A sessão imediata realizou-se no dia 1 de Fevereiro e o
primeiro assunto de que se tratou foi isto:
“E sendo proposto e requerimento de Manuel da Cunha
Cirurgião Mor do Regimento de Pena
Macor acantonado nesta Cidade todos uniformemente disserão que
querião e era sua vontade fazer o
Partido de cento e quarente mil reis tirado da siza desta Cidade visto a necessidade que ha de hum habil Cerurgião para curar as frequentes imfermidades de
Cerurgia que costumão haver nesta
cidade, e com correrem nelle as
qualidades necessarias para bem dezempenhar os deveres de seu menisterio, e
ter dado Provas no tempo que aqui tem assistido do seu zelo e prontidão com que
se presta a todas as curas da sua profição”.
Estava a misericordia aberta e por isso, logo a seguir,
todos os vereadores, procurador do conselho, Nobreza e Povo que assistiam á
sessão, todos sem a menor divergência, foram de parecer que devia também
criar-se um novo partido médico de duzentos e quarenta mil réis, ficando porém, ao arbítrio da Câmara nomeá-lo e demiti-lo “todas as vezes que elle não cumpir com as suas obrigações”.
A nomeação ainda então se não fez, mas fez-se pouco
depois. Ainda na acta desta sessão se lê o seguinte:
“Outro sim foi proposto o de Jozé António Mangas Coronel do
Regimento de Pena Macor aqui acantonado
se assentou uniformemente se lhe
aforasse o terreno que pertende presedendo
primeiro vistoria e as mais Deligencias do estilo para se arbitrar o
fôro competente e Desmarcarse o mesmo
terreno”.
Aquele “Corronel e aquele Pena Macor” valem quanto pesam. Mas adiante.
Procedeu-se à vistoria e do competente auto apura-se que o
homem não se chamava só José António Mangas. Mas sim, José António Mangas de
Almeida Pimentel e que o terreno que ele pretendia ficava; “junto á Sé Cathedral” e partia “com o portal do
chão dos Gouloens de Alcains em direitura
o caminho que da Deveza atravessa para a Fonte Nova, e da him pelo
atravessadouro que vai direito o caminho
que vai desta cidade para o Santo António e depois em direitura a quina do chão
que pega com a serca dos Padres Capuchos com quem igualmente pega todo o
terreno a sima declarado pella parte Norte”.
Vejam por aqui se apuram, que a casa foi edificada no tal
terreno e fiquem sabendo que o bom “Corronel” ficou a pagar de foro, por ano, um pataco, ou quatro centavos, como
agora se diz.
(Continua)
PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais”, o que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi
publicado na época.
O Albicastrense
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