Estava situada
nas proximidades do castelo. Tinha um portal no estilo do Renascimento, em arco
de volta plena sobre pilastras com capitéis muito singelos. A par destas
pilastras havia outras que terminavam superiormente numa cimalheta recta cuja
faixa passava tangencialmente ao fecho do arco.
Sobre este fecho,
a faixa tinha gravada a data de 1701 pouco perceptível, facto que induziu em
erro António Roxo que supondo que aquela data ara a de 1101 da era de César ou
1063 da Crista atribuiu, na sua Monografia a construção da capela aos
fundadores de Castelo Branco.
A data de 1701
era a de reconstrução da fachada principal e da ampliação da capela absidal.
As guarnições das
portas laterais e da porta de comunicação da capela-mor com a sacristia e ainda
as pilastras de apoio do arco que separava a nave da capela-mor apresentavam as
arestas chanfradas.
No pavimento havia uma lápide que foi aproveitada para o
lajedo depois de ter servido para outro fim. Nesta pedra, que havia sido
picada, ainda se notava a esfera armilar e a cruz de Cristo, emblemas do reinado
de D. Manuel I.
A julgar por
estes elementos e pelo púlpito, no mesmo estilo do inicio do Renascimento, a
primitiva construção da capela devia datar do principio do século XVI. No
paramento interior da parede lateral do lado da Epistola, entre o arco da
capela absidal e a porta lateral da ermida, esteve incrustada uma lápide de
granito moldurada, com 1,090 X O,365.
Nesta lápide, que
se encontra atualmente no Museu Regional de Francisco Tavares Proença
Júnior, figuram em relevo duas crianças desprovidas de membros inferiores
e uma inscrição em latim cuja tradução livre é a seguinte:
"Abdon e
Senne, que nasceram ligadas, têm um só baixo-ventre, sexo e fígado; têm
vidas distintas e distintas também todas as demais coisas; deram a Deus a vida;
mas morrendo um, o outro morreu também, desfalecendo pouco a pouco durante sete
hora, juntos foram gerados, juntos viveram e juntos morreram, 1716”.
Num auto datado
de 13 de Outubro de 1753, que consta do Tombo da Comenda da Ordem de Cristo,
fez-se a seguinte referencia a esta lápide comemorativa de um nascimento
teratológico gemelar:
“a parte de cima
da porta travessa virada ao Poente está uma pedra metida na parede, na qual
existe retratada em relevo um prodigioso parto que houve nesta vila em o ano de
1716, pois dele nasceram duas crianças unidas no corpo mas cada com sua cabeça
e braços, e mandou gravar o retrato delas na sobredita pedra, para eternizar
sua memória, o Ilustríssimo D. João de Mendonça, Bispo da Guarda”.
A capela de S.
Brás foi demolida em 1940 quando dela só restavam algumas das suas
paredes-mestras.
Esta lápide
esteve exposta no rés-do-chão do museu até 1994. No ano seguinte, foi
retirada do solo onde estava visível e colocada na reserva do museu em virtude
das obras ali realizadas.
VINTE ANOS depois!!!
Esta bela lápide, continua longe dos olhos dos albicastrenses. Quando
poderão os albicastrenses, ver novamente esta lápide exposta no seu
museu?
PS. Recolha
de dados: “Castelo Branco Na História e na Arte” da autoria de Manuel
Tavares Dos Santos. edição de autor de 1958.
O ALBICASTRENSE
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