Após algumas perguntas e pesquisas feitas em jornais e revistas antigas da terra albicastrense, eis o que consegui apurar sobre António Roxo. António Augusto Roxo, nasceu em Castelo Branco no ano de 1845. Neto paterno de Miguel Gregório Roxo; filho de Pedro José Roxo e de Maria Emília de Santiago; teve uma irmã à qual se chamou Ana Roxo. Há registos do pai dele que o dão como administrador do concelho de Castelo Branco.
A esposa, a mãe D. Maria Emília, "faleceu da vida presente" em fevereiro de 1849, um mês antes de o filho António completar 4 anos. O viúvo não voltou a casar e faleceu na sua casa, na Rua da Ferradura, em 17 de abril de 1861, com 45 anos (de acordo com o registo de óbito). Segundo este registo, tanto os pais como os avós maternos e paternos, eram desta cidade de Castelo Branco.
António Augusto Roxo foi um defensor dos interesses materiais e morais de Castelo Branco, a sua Monografia de Castelo Branco revela isso mesmo. Colaborou em diferentes jornais, mas foi no jornal "Notícias da Beira" (1904-1921), onde mais se destacou. Publicou “A Monografia de Castelo Branco” em 1891, trabalho que lhe deu dois anos de imenso trabalho. Foi colaborador assíduo do jornal “Noticias da Beira” e nele publicou alguns trabalhos, entre os quais “Sentimental" e Depois do Absolutismo”. Em relação ao primeiro trabalho, nada consegui descobrir, no que diz respeito ao segundo, prometo desde já falar dele depois da publicação desta pequena biografia.
Morou em várias ruas da terra albicastrense. Numa casa perto do “Ferrinho de Engomar”, mas em data incógnita. Em 1901 morava no Arrabalde dos Oleiros, nº 77 e em 1902 na Rua de Santa Maria, nº 118. Foi amanuense da secretaria do Governo Civil a partir de 14/11/1896, não se sabendo até quando se manteve no cargo. Segundo consta nunca casou, nem se lhe conhecem filhos. Morreu no dia 5 de agosto de 1913.
ELOGIO FÚNEBRE DO JORNAL NOTÍCIAS DA BEIRA.
QUANDO DA MORTE DE ANTÓNIO ROXO .
“ OS QUE NÃO VOLTAM ”
Faleceu, na última terça-feira nesta cidade, o nosso velho amigo António Roxo, autor da Monografia de Castello Branco. Faz falta, porque soube ser alguém, nesta terra onde os homens de valor não abundam. Não podemos, pois, deixar de lamentar, muito sinceramente, a sua morta, compreendendo que desaparece neste homem um denotado defensor dos interesses materiais e morais de Castelo Branco.Se para comprová-lo, não existissem outras manifestações do seu amor pelo terrão Natal, aí estava a Monografia, que, não sendo um trabalho completo, revela, todavia a par dum estudo aturadíssimo e fatigante, um amor invulgar pelas coisas desta terra, embora ela seja “mãe amantíssima para estranhos, e madrasta desamorável para os seus filhos”. E dele esta frase. Com que amargura António Roxo a teria escrito! E veja-se: António Roxo, sendo um homem inteligente e erudito, nunca conseguiu, na vida burocrata, passar de um simples amanuense….Apesar de tudo, ele foi sempre um amigo dedicado da sua terra, pugnando pelo progresso dela, no livro e no jornal, com uma audácia firme de combatente cheio de altivez. Colaborou em diferentes jornais; mas onde a sua atividade literária mais intensamente se afirmou foi no “Noticias da Beira”, que lhe deve bastantes serviços. Neste jornal encontram-se deste o seu primeiro número, trabalhos interessantíssimos de António Roxo, como são os folhetins Simental e Depois do Absolutismo, além de muitos artigos de críticas, notas políticas, etc.É que a velha política de ódios, que, para satisfazer amigos, não conhecia o mérito dos inimigos ou dos indiferentes, chamavam-lhe insubmisso, pretendendo justificar, assim, uma tremenda injustiça feita a este homem honrado que acaba de cerrar os olhos, para todo o sempre, às misérias humanas.António Roxo foi, com efeito, toda a sua vida, um revoltado, incapaz de pactuar com uma vilania ou transigir com uma indignidade. Tinha caracter, não sabia adular; e, como desconhecia o segredo que faz triunfar os nulos, o publicista António Roxo jamais deixou de ser um misero manga de alpaca, um modestíssimo amanuense do governo civil… António Roxo revelava, em todos os seus escritos, um fino espírito observador, evidenciando-se sempre um verdadeiro liberal, Homens desta têmpora fazem falta, e é por isso que nós registamos, cheios de mágoa, nestas colunas, a notícia da sua morte.Que descanse em paz.Ps. O texto do elogio fúnebre aqui publicado, é uma copia fiel do que foipublicado no jornal Notícias da Beira, quando da sua morte.O ALBICASTRENSE
Manu Ela
ResponderEliminarIsto vai avançando!... Penso que também poderemos aferir alguma coisita sobre este senhor a partir do que escreve na Monografia de Castelo Branco, por exemplo, tinha bom sentido de humor, o que me leva a acreditar que terá aceitado o "a propósito da Monograf...", de Germano da Cunha, não tanto como uma crítica, mas antes como um complemento.
E verdade! Pouco a pouco a coisa vai avançando. Quanto a Germano da Cunha, estou de acordo, pois trata-se de um complemento muito interessante.
EliminarUm grande abraço
Manu Ela
EliminarAntónio e tenho estado a reler algumas partes da monografia e a constatar que António Roxo era bastante crítico de actuações hipócritas e oportunistas, nomeadamente do alto clero. Também um ferrenho anti-absolutista e com grandes sentimentos humanitários (talvez estas boas características o tenham impedido de ser mais que um simples amanuense...)
O elogio fúnebre do jornal Notícias da Beira, mostra isso mesmo. Aliás fiquei bastante impressionado com o que é dito nela.
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