«São
mais as conjunturas do que as certezas sobre a forma como nasceu
Castelo Branco. Vestígios exumados provam que houve ali um povoado
romano de algum relevo. (...) No entanto, durante os séculos dos
bárbaros e o tempo dos mouros, toda a região caiu em mortório,
terra de fronteira exposta às violências de todos.
No tempo de D. Sancho I chamava-se Cardosa à terra coberta de ruínas e matagais onde depois se veio a construir Castelo Branco. Em 1214, o Rei de Portugal, D. Afonso II, doou à Ordem do Templo a parte que tinha aquelas terras. No ano seguinte, o Papa Inocêncio III confirma a régia doação, e diz que "os templários tinham fundado, na fronteira dos mouros, uma vila e fortaleza, no sítio da Cardosa, a que eles deram o nome de Castelo Branco".
No tempo de D. Sancho I chamava-se Cardosa à terra coberta de ruínas e matagais onde depois se veio a construir Castelo Branco. Em 1214, o Rei de Portugal, D. Afonso II, doou à Ordem do Templo a parte que tinha aquelas terras. No ano seguinte, o Papa Inocêncio III confirma a régia doação, e diz que "os templários tinham fundado, na fronteira dos mouros, uma vila e fortaleza, no sítio da Cardosa, a que eles deram o nome de Castelo Branco".
Este
último texto é uma das amargas obrigatórias de todos os
historiadores da cidade: quem a fundou foram os templários, o nome
antigo era Cardosa mas os Cavaleiros mudaram esse nome para Castelo
Branco.
E
porquê essa mudança? A explicação que se costuma dar é que
existia também uma povoação romana de nome Castraleuca, que
significava Castelo Branco em português. Os Templários teriam
julgado que Castraleuca era ali e adoptaram o nome mais antigo. Mas
como podemos pensar hoje o que os Templários julgaram? O mais
simples é ficar por aqui: numa brecha com pedregais que eram
sepulcros de terras mortas, os cavaleiros do Templo construíram no
Séc. XII um castelo e uma vila.
O
solo ali não é generoso. Planuras áridas, bosques e granitos frios
e calmas nas épocas estivais. Espaços agrícolas abundantes,
decerto, mas de pouco valem solos sem braços, e a autoridade pesada
dos templários não era chamariz para a fixação dos homens livres
que, por essa época, buscavam nas terras recém-conquistadas um
espaço de sobrevivência e liberdade. Por isso, e em termos gerais,
as terras entregues às ordens militares desenvolveram-se menos que
as regiões entregues às comunidades dos vizinhos, depressa
organizadas em concelhos.
Um
bom exemplo da brutalidade templária é a chacina dos homens do
concelho da Covilhã pelos templários de Castelo Branco. Os
templários seriam severamente punidos pelo Rei, mas continuamos a
ignorar que razões teriam eles contra os seus vizinhos da serra. A
hipótese mais provável é a de que arrogassem eles, os templários,
a autoridade exclusiva sobre toda a terra entre a Gardunha e o Tejo,
e impedissem portanto os da Covilhã de passar com os seus rebanhos
para as pastagens do Alentejo.
Nos
séc. XIV e XV não são de grande monta os progressos de Castelo
Branco. Mas no século XVI assistimos à fundação da Misericórdia,
à construção dos conventos dos frades Agostinhos (1526), dos
Capuchos (1562) e da grande Igreja de S. Miguel, que tem agora o
papel de Sé. Para os fins da centúria, um bispo da Guarda, D. Nuno
de Noronha, edifica um palácio rodeado de jardins, que é
presentemente um dos mais belos monumentos da cidade e está a ser
utilizado como sede de museu. Esse enorme volume de construção
implicou uma base económica sólida, que poderá estar relacionada
com a actividade comercial de uma comuna judaica. Por isso, em
Castelo Branco como em vários lugares da Beira, o século seguinte é
de marasmo e penúria. A expulsão dos judeus deixou um vácuo que
demorou muito tempo a preencher. O facto decisivo para afirmar a
primazia de Castelo Branco sobre a vasta região entre a Serra da
Estrela e o curso do rio Tejo foi a criação da diocese de Castelo
Branco, em 1771, pelo Marquês de Pombal. O trono episcopal trazia
consigo a categoria de cidade, e foi essa dignidade que colocou a
terra na posição importante de capital de distrito depois das
reformas administrativas do liberalismo. A sede diocesana foi extinta
em 1881, mas nessa altura já a cidade efectivara na função, que
ainda hoje exerce, de capital da Beira Baixa.
In:
José Hermano Saraiva/Expresso
O Albicastrense
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