LUTA
ENTRE OS TEMPLÁRIOS
E
O
CONCELHO
DA COVILHÃ - (IV)
(Continuação)
Assim
o prometemos – foi o grito espontâneo de toda a multidão, saído
bem do intimo da sua alma. Estava contente o Bispo de Viseu e foi
sorridente que acrescentou: - em sinal de haverem terminado os
mútuos danos e agravos dos dois concelhos, ordenamos: - que o
alcaide da Covilhã dê o ósculo da paz ao Mestre da Ordem do
Templo, e os alcaides da Covilhã beijem os alcaides de Castelo
Branco – quao
in continenti factum est
– ou seja o que se fez imediatamente.
Aos
homens do nosso século eivado de grosseiro cepticismo pode parecer
infantil o cenário de que se lançou mão para obrigar ao
cumprimento do acordo, mas no século XII os homens eram outros,
gente de fé robusta, mas em consciência se sentiam obrigados pela
promessa feita a Deus, do que pela multa imposta aos transgressores.
No
documento vem ainda a cláusula - tanto os alcaides da Covilhã como
os de Castelo Branco de novo constituídos em dignidade,
acrescentariam ao juramento a que são obrigados, mais o compromisso
de - manter e fazer guardar fielmente tudo quanto foi acordado
entre os dois concelhos.
E
cumpriam, como mostra a documentação do tempo. Em 2 de Maio de 1364
veio a Castelo Branco Salvador Esteves, juízo da Covilhã, e no adro
de Santa Maria onde era costume fazer o concelho, ajuramentou os
alcaides Gonçalo Martins e Fernão Rodrigues de bem e directamente
guardarem o compromisso feito entre os dois concelhos.
O
Juiz da Covilhã pediu instrumento que lhe foi dado por Marcos
Jordão, tabelião em Castelo Branco. Em 1380 os alcaides da Castelo
Branco Simão Domingos, Afonso Anes e Afonso Martins foram à Covilhã
e exigiram o mesmo juramento às autoridades daquele concelho. Em
1385 vieram as autoridades da Covilhã a Castelo Branco e o juramento
fez-se ainda no adro de Santa Maria. Em 1431 Álvaro Gomes, juiz da
Covilhã veio a Castelo Branco ajuramentou os alcaides Álvaro
Martins e João Rodrigues e o juramento já não se realizou no adro
de Santa Maria, mas na rua Nova, onde então se fazia o concelho. O
cumprimento do acordo interessava aos dois concelhos, mas sobretudo o
concelho da Covilhã,pela garantia de livre transito para o porto do
Tejo, com passagem por terras de Castelo Branco e da Açafa.
De
1230 até hoje não temos notícia de qualquer agravo que resfriasse
o
espírito
ou solidariedade selada com o ósculo da paz entre os alcaides da
Covilhã e Castelo Branco. No rodar dos anos a Covilhã criou para si
um primado industrial que a fez um dos mais importantes centros
fabris de Portugal.
Castelo
Branco soube aglutinar os interesses de uma importante região
agrícola, e vem afirmando capacidade de exercício de primado
político.
As
duas cidades movem-se em esferas de actividade diferenciada sem
probabilidades de atritos reais. Uma e outra, à custa das suas
possibilidades económicas estão delineando numa curva ascensional
de progresso, que as coloca entre as terras progressivas de
Portugal.
Nota.
O
artigo que deu origem aos quatro "pousts" sobre a luta entre os
Templários e o concelho da Covilhã, foi publicado na Monografia,
“Castelo
Branco e o seu Alfoz” da autoria de J. Ribeiro Cardoso. Foi publicado em 1953.
O
Albicastrense
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