domingo, agosto 03, 2014

CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ - XVI

LUTA ENTRE OS TEMPLÁRIOS
E O
CONCELHO DA COVILHÃ - (IV)
(Continuação)
Assim o prometemos – foi o grito espontâneo de toda a multidão, saído bem do intimo da sua alma. Estava contente o Bispo de Viseu e foi sorridente que acrescentou: - em sinal de haverem terminado os mútuos danos e agravos dos dois concelhos, ordenamos: - que o alcaide da Covilhã dê o ósculo da paz ao Mestre da Ordem do Templo, e os alcaides da Covilhã beijem os alcaides de Castelo Branco – quao in continenti factum est – ou seja o que se fez imediatamente.
Aos homens do nosso século eivado de grosseiro cepticismo pode parecer infantil o cenário de que se lançou mão para obrigar ao cumprimento do acordo, mas no século XII os homens eram outros, gente de fé robusta, mas em consciência se sentiam obrigados pela promessa feita a Deus, do que pela multa imposta aos transgressores.
No documento vem ainda a cláusula - tanto os alcaides da Covilhã como os de Castelo Branco de novo constituídos em dignidade, acrescentariam ao juramento a que são obrigados, mais o compromisso de - manter e fazer guardar fielmente tudo quanto foi acordado entre os dois concelhos.
E cumpriam, como mostra a documentação do tempo. Em 2 de Maio de 1364 veio a Castelo Branco Salvador Esteves, juízo da Covilhã, e no adro de Santa Maria onde era costume fazer o concelho, ajuramentou os alcaides Gonçalo Martins e Fernão Rodrigues de bem e directamente guardarem o compromisso feito entre os dois concelhos.
O Juiz da Covilhã pediu instrumento que lhe foi dado por Marcos Jordão, tabelião em Castelo Branco. Em 1380 os alcaides da Castelo Branco Simão Domingos, Afonso Anes e Afonso Martins foram à Covilhã e exigiram o mesmo juramento às autoridades daquele concelho. Em 1385 vieram as autoridades da Covilhã a Castelo Branco e o juramento fez-se ainda no adro de Santa Maria. Em 1431 Álvaro Gomes, juiz da Covilhã veio a Castelo Branco ajuramentou os alcaides Álvaro Martins e João Rodrigues e o juramento já não se realizou no adro de Santa Maria, mas na rua Nova, onde então se fazia o concelho. O cumprimento do acordo interessava aos dois concelhos, mas sobretudo o concelho da Covilhã,pela garantia de livre transito para o porto do Tejo, com passagem por terras de Castelo Branco e da Açafa.
De 1230 até hoje não temos notícia de qualquer agravo que resfriasse o espírito ou solidariedade selada com o ósculo da paz entre os alcaides da Covilhã e Castelo Branco. No rodar dos anos a Covilhã criou para si um primado industrial que a fez um dos mais importantes centros fabris de Portugal.
Castelo Branco soube aglutinar os interesses de uma importante região agrícola, e vem afirmando capacidade de exercício de primado político.
As duas cidades movem-se em esferas de actividade diferenciada sem probabilidades de atritos reais. Uma e outra, à custa das suas possibilidades económicas estão delineando numa curva ascensional de progresso, que as coloca entre as terras progressivas de Portugal.
Nota.
O artigo que deu origem aos quatro "pousts" sobre a luta entre os Templários e o concelho da Covilhã, foi publicado na Monografia, “Castelo Branco e o seu Alfoz” da autoria de J. Ribeiro Cardoso. Foi publicado em 1953.
O Albicastrense

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