LUTA
ENTRE OS TEMPLÁRIOS
E O
CONCELHO
DA COVILHÃ - (III)
(Continuação)
Aquela
matança da serra do Cabrão dera brando na região, e todas as almas
bem formadas, no mais intimo das suas consciências condenavam o
desfecho da luta inglória e a desumanidade de se deixarem
insepultos alguns mortos, e outros mal soterrados nos desvios da
serrania, todos privados de sepultura em terra sagrada e sem o
viático das orações da igreja.
Lentamente
o Bispo de Viseu começou a dobrar o papel que lhe havia dado o
Mestre Martinho, e parecia que a cerimónia havia tocado seu fim,
quando o Prelado voltando-se para o alcaide da Covilhã o intimidou a
entregar a sua bandeira ao mestre da Ordem do Templo, e este a
hasta-la na torre mais alta da alcáçova.
Depois
exclamou: Homens de Castelo Branco e Covilhã ouvi. No tempo do Rei
Dom Sancho, que santa gloria haja, aquela bandeira era comum aos dois
concelhos, pois, como todos sabem, o alfoz da Covilhã abrangia o
alfoz inteiro de Castelo Branco.
Depois
por necessidade do povoamento foram criados novos concelhos, e com
eles novas bandeiras apareceram, não a simbolizar interesses
divergentes, mas a existência de novas forças para a defesa da
Pátria, que é de todos nós. E porque assim é, resolvemos e
mandamos que daqui em diante, quando o conselho da Covilhã estiver
em armas no exercito real, o concelho de Castelo Branco guarde e
proteja a bandeira da Covilhã.
Se
os conselhos de Castelo Branco e da Covilhã, no exercito ou em
qualquer parte, tiverem rixas com outros homens, unam-se, defendem-se
e amparem-se contra cristãos e sarracenos. Em tudo e por tudo se
ressalva o direito de El-Rei e dos ferires do Templo de disporem das
forças armadas dos dois conselhos.
Homens
de Castelo Branco e Covilhã ouvi: Quando os Mouros dominavam esta
nossa terra abençoada, os Cristãos viviam unidos na mesma fé, e
todos se consideravam irmãos. Depois na reconquista inventaram-se
dois pesos e duas medidas na distribuição da justiça, consoante
eram vizinhos do conselho ou homens de fora parte.
Nós
resolvemos que de hoje em diante e para sempre, tal distinção
desapareça dos vossos forais, e assim, se algum homem da Covilhã
tiver queixa de alguém de Castelo Branco, venha a esta vila e aqui
lhe será feita justiça, como vizinho que fica sendo e para sempre,
deste concelho.
Se
algum homem de Castelo Branco tiver queixa de alguém da Covilhã vá
àquela vila a aí lhe será feita justiça, como vizinho que fica
sendo para sempre daquele conselho. Agora homens de Castelo Branco e
da Covilhã, mãos ao alto, ordenou o Bispo, e perante Deus fazei o
juramento solene de observar e manter para sempre este acordo.
(Continua)
O
Albicastrense
Caro conterraneo, este episódio tantas vezes esquecido, não deixa de ser verdade, as lutas dos templários e os pastores da covilhã foi algo que ficou na história, e ainda por vezes é visto como uma desculpa para a rivalidade entre estas duas grandes cidades da minha beira baixa.
ResponderEliminarAlguém sabe onde foi construido a igreja onde "guardaram" os restos mortais dos pastores? Ou seja onde foi a chacina.
ResponderEliminarCaro anónimo,
ResponderEliminarJá depois de ter escrito estes “pousts”, vi no canal memória da RTP um programa de José Hermano Saraiva sobre Niza. Neste episódio de horizontes da memória, é dito pelo seu autor que ali bem perto foram encontrados alguns anos uma vala com restos de ossadas e, que essas ossada podem ser as dos pastores chacinados. Será!
Abraço