domingo, julho 30, 2023

POBRE RUA DOS FERREIROS

ENQUANTO O COMPUTA NÃO DER O BERRO, IREI CONTINUAR A CHATEARA-LHES A FONTANELA


Se existe rua na nossa zona histórica que nos faz lacrimar quando por ela passamos, é a rua dos Ferreiros. Em pouco mais de 150 metros, consegui fotografar uma dúzia de portados cujas casas estão literalmente em ruínas e ao abandono.
Recentemente li ou ouvi, de que desta vez não eram promessas, mas antes compromissos, que desta vez, tudo iria ser diferente. Dois anos depois,    parece   que o compromisso se tornou em mais e mais promessas.
Ouço ou leio, que a nossa autarquia comprou este e aquele prédio na zona histórica, contudo quando por lá caminhe, que vejo eu! “Tudo como dantes ou pior”. 
Onde estão as casas recuperadas para as novas 250 famílias, que iriam repovoar de novo uma zona histórica ao abandono? 
Mil vezes já aqui comentei sobre a precisada rua dos Ferreiros, mil vezes expeli queixumes ao por ela passar, mil vezes amaldiçoei quem prometeu e não cumpriu. 
Esta minha labuta pela recuperação da nossa zona histórica, só terminará para este albicastrense, com um início serio da sua recuperação, ou quando eu esticar as botas.



O ALBICASTRENSE 

domingo, julho 23, 2023

O AMOR E A MORTE... NOS ANTIGOS REGISTOS PAROQUIAIS ALBICASTRENSES – (22)

 

XIV - Um Boticário Albicastrense
 na Casa de Tormento da Inquisição

              Por Manuel da Silva Castelo Branco

(Continuação)

Assento 43  

- D. Leonor Pereira Pessoa, casada com o sargento-mor José Pessoa Tavares, faleceu com todos os sacramentos e com testamento de mão comum com seu marido, em o qual deixou se dissessem 2 ofícios e missas até o sétimo dia; faleceu, digo, em os 20 de Outubro de 1805 e foi sepultada na igreja da Misericórdia, que serve de presente de freguesia, de que fiz este termo que assinei / O Vig° Manuel Martins Pelejão. Comentário

No Assento de óbito, acima transladado, não vislumbramos a menor alusão aos sucessos dramáticos ocorridos na igreja de Santa Isabel, a quando da inumação dos restos mortais de D. Leonor Pereira da Siva esposa de José Pessoa Tavares, sargento-mor das ordenanças de Castelo Branco, cavaleiro professo da Ordem de cristo, fidalgo de cota de armas,(47) negociante de grosso trato e «uma das pessoas mais ricas da província da Beira». D. Leonor nascera na Covilhã a 18.4.1745 e ali casara, a 11.4.1773, com seu primo José Pessoa Tavares natural do Fundão mas residente na urbe albicastrense, onde veriam pela la vez a luz do dia todos os seus filhos. 
Ambos descendiam de famílias cristãs-novas, mas seguiam e praticavam escrupulosamente a religião católica, vivendo com «muito asseio e luzimento» na sua casa da Rua do Pina e tratando-se à lei da nobreza com escudeiros, lacaios, seges, cavalos, etc.
Acometida de prolongada e dolorosa enfermidade, D. Leonor passou os últimos dias da sua vida em estado bastante crítico, quási moribunda... No decurso deste período, a 17.10.1805, o R.do P. Francisco José Robalo Moutoso presbítero secular, bacharel em Cânones pela Universidade de Coimbra e comissário do Santo Ofício, visitara a enferma com o fim de prestar-lhe algumas consolações espirituais mas o marido opuzera-se energicamente a tal propósito, increpando-o para que não molestasse a mulher...
Pouco depois, na madrugada de 20 de Outubro, D. Leonor expirava após lhe haverem sido administrados todos os sacramentos pelo P. António da Maia Nogueira, cura da Sé. Nesse mesmo dia, pelas 10 horas da manhã, saiu sa Rua do Pina o préstito fúnebre com os seus restos mortais, nele se incorporando além de familiares, amigos e dependentes, as figuras mais representativas da cidade e muito povo. Encaminhou-se o cortejo para a igreja de Santa Isabel, em cujo edificio estava ainda instalada a primitiva Misericórdia e que então servia de paroquial da freguesia da Sé Catedral, em obras de restauro... 
Ali tiveram lugar as cerimónias litúrgicas habituais e, depois de encomendada a alma da falecida, lançou-se cal e vinagre sobre o corpo e lhe puseram por cima uma grande toalha, que a cobria dos pés à cabeça. Finalmente, fecharam o caixão, cuja chave ficou na posse de José Tudela de Castilho, fidalgo da Casa Real e a quem tinha sido confiada a sua guarda... Entretanto, o coveiro Simão Rodrigues Serra procurou o P. Francisco José Robalo para lhe comunicar as suas apreensões quanto ao enterramento, pois a colocação da referida toalha sobre o cadáver levantara certo sussurro dos que nesse acto julgavam descobrir um rito judaico...
O nosso Comissário actuou imediatamente. Na companhia do coveiro subiu a nave central do templo até chegar à uma e, invocando o nome do Santo Oficio, perguntou a Manuel de - Sousa Cardoso, escudeiro de José Pessoa Tavares, que mortalha levava a sua senhora. Perante a resposta de “que ia amortalhada como as mais”, disse que queria examinar a toalha para ver se era de pano de linho novo e cru. 
E, efetivamente, depois de a apalpar, tirou-a para fora mas verificando a falsidade da denúncia, pois tratava- -se de uma velha toalha de Bretanha com folhos e rendas e enxovalhada pelo uso, arremessou-a ao chão. Então, mandou prosseguir a cerimónia e retirando-se pelo mesmo caminho, foi comentando para a assistência que “esta gente sempre queria levar roupa de linho...”
Todas estas diligências provocaram um certo borborinho entre as 300 pessoas que enchiam o templo, varrido por um sopro de drama e escândalo: uns, sentindo-se ofendidos e amargurados com a atitude do Comissário; outros, procurando conhecer melhor a razão do seu procedimento; quiçá alguns encantados pela vergonha infligida a uma família rica e poderosa, por quem nutriam inveja e ressentimento...
Três dias depois deste incidente, a 23 de Outubro, José Pessoa. Tavares apresentava ao juiz de fora de Castelo Branco um requerimento dirigido a S.A.R., o Príncipe Regente D. João, expondo o sucedido e pedindo o castigo do P. Francisco José Robalo Moutoso pelo “acto infame e injurioso com que pretendera denegrir a sua reputação”.
Como o acusado era Familiar do Santo Oficio, todo o processo acabou por correr sob a alçada do respectivo Conselho Geral. Para apuramento do caso foram ouvidas diversas testemunhas e vistas as justificações apresentadas por ambas as partes. Através delas verificou-se, entre outras coisas, o seguinte:
- Atendendo a semelhante aviso do coveiro, o P. Francisco José Robalo já alguns anos antes fizera despir na igreja uma filha de Estevão Soares Franco, cristão novo, estando também amortalhada para a sepultarem (28.3.1787).
- Ele excedera os seus deveres e juridisção, agindo contra as disposições expressas nas leis de 25.5.1773 e 15.12.1774 (que, confessou não conhecer) e infrigiu ainda o parágrafo 1 do liv. 3, Titº19 do Regimento.
Por tudo isto, ao pronunciar a sua sentença, em 16.5.1806, o referido Tribunal condena o Comissário a suspensão perpétua do exercício do seu cargo e a 3 anos de degrêdo para fora de Castelo Branco.(48)
Além do mais, este caso revela-nos como as leis do marquês de Pombal (acima indicadas e abolindo a distinção entre cristãos velhos e cristãos novos, a prova da “limpeza de sangue”, etc.) iriam promover a reforma de mentalidades e constituíram profundo golpe num dos institutos mais sinistros da nossa História: a Inquisição.
(Continua)
O ALBICASTRENSE

quinta-feira, julho 20, 2023

TOPONÍMIA ALBICASTRENSE AO SABOR DOS TEMPOS

                 CURIOSIDADES DA TOPONÍMIA  ALBICASTRENSE


A toponímia da terra albicastrense (hoje sem grandes ondas), teve no passado alguns conflitos políticos. 
Na penúltima década do século XIX, resolveram os responsáveis da autarquia albicastrense, batizar novas ruas da nossa cidade.
Surgem então, nomes como rua das Flores, rua Formosa, rua da Bela Vista e Praça d’ EL Rei o Sr. D. Luís.

Após o derrube da monarquia e a implantação da república, entenderam alguns adeptos dos novos tempos, alterar antigos nomes das nossas ruas, dando-lhes nomes de gente que tinha participado no derrube da monarquia.
Cerca de quarenta anos depois, resolveram alguns adeptos do regime de então, anular esses nomes e voltaram a repor os velhos nomes e colocar nas placas, nomes de pessoas próximas do governo de então. 
Setenta anos após a última “revolução” na toponímia albicastrense, a calma reina por cá, contudo, confesso que gostaria de ver repostos nomes como Rua das Flores, rua Formosa ou rua da Bela Vista.              

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Numa ata da nossa autarquia  de 1 de Março de 1862, consta a seguinte  proposta: “Que a rua onde moram João dos Santos Caio e José Nunes das Bouças, defronte da casa da Assembleia  de Castelo Branco, se domine; "Rua das Flores”. 
Esta rua tem hoje o nome de; Presidente Sidónio Pais. A denominada associação; "Assembleia de Castelo Branco", estava instalada antes de ter assentado praça no sitio descrito na ata, na esquina com a rua do Pina, pertencente a família Ordaz Caldeira de Valadares, local onde foi construída a Agencia do Banco de Portugal. 
O ABICASTRENSE

domingo, julho 16, 2023

PASSADIÇO DA TERRA ALBICASTRENSE

A HISTÓRIA DA SUA CONSTRUÇÃO

Após alguma procura encontrei na revista “istopía” (história), um trabalho da autoria de Leonel de Azevedo, trabalho onde ele nos conta toda a odisseia da sua construção. Odisseia que pode ser lida através da interpretação que Leonel de Azevedo fez, da escritura de afloramento e petição – ADCR. (Notas do tabelião Paulo Lopes).


O ALBICASTRENSE

quarta-feira, julho 12, 2023

BLOGUE, “MEMÓRIA RECENTE E ANTIGA”.

        


MEMÓRIAS DE UM ALBICASTRENSE, QUE NOS DEIXOU NA PASSADA SEMANA.

JOÃO JOSÉ MENDES DE MATOS 
                                           (João de Castelo Branco).
(1935/2023)
Fui hoje informado por um amigo, da morte de João José Mendes de Matos. No cabeçalho do seu Blogue, “Memória recente e antiga”, ele assume-se como João de Castelo Branco. Este grande amor pela terra onde nasceu em 1935, pode ser apreciado nas muitas publicações que ao longo dos anos, João publicou sobre a terra onde nasceu. O seu blogue será sempre para mim, uma fonte de inspiração, sítio que visitava regularmente para conhecer histórias do passado da terra albicastrense. 
Estranhamente a morte deste albicastrense passou despercebida em Castelo Branco, coisa que lamento profundamente. Para o recordar, não posso deixar de aqui lembrar uma publicação que ele fez sobre a rua João Carlos d’Abrunhosa. Nela, João relata ao pormenor, todos os antigos moradores e estabelecimentos da rua, uma autêntica preciosidade relatada ao pormenor.  A terra albicastrense fica mais pobre com a partida deste filho, filho que nunca a esqueceu e que sempre muito a amou. 
Este Albicastrense apresenta à família de João de Castelo Branco, os mais sentido pêsames.
O ALBICASTRENSE


 

quarta-feira, julho 05, 2023

O PAI DE AMÁLIA RODRIGUES

 JOSÉ BARATA DE CASTILHO

Acarinhar ou dar a conhecer obras de autores albicastrenses é nosso dever, pois se não acarinharmos os nossos, quem o irá fazer. Infelizmente quando do lançamento  do livro não estava em Castelo Branco, mas na primeira ocasião irei adquiri-lo. 

"Família paterna de Amália desde séc,  XVI até 1998". 
História da fadista, de sua família e genealogia. A família paterna da fadista é descrita, geração após geração, desde o séc. XVI. A partir do séc. XVII todos nasceram em terras do actual concelho de Castelo Branco, alguns na própria freguesia albicastrense.
Descobriu-se a casa nesta cidade onde nasceu o pai de Amália, após um difícil pesquisa, que, pelo trato sucessivo provado com certidões do Registo Predial prova qual foi a casa. O ponto de partida foi o Rol de Confessados da Sé desta cidade, sem o qual não teria sido possível avançar na pesquisa. 
Mostra como a família paterna passou de Castelo Branco para o Fundão. Muitas descobertas inéditas são publicadas neste livro. Pesquisa realizada com metodologia científica.

Ao José de Castilho, homem por quem tenho grande respeito e carinho,  este albicastrense agradece esta publicação
 sobre o pai de Amália.
O ALBICASTRENSE 

ANTIGAS CAPELAS DA TERRA ALBICASTRENSE - (VII)

CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO "MEMÓRIAS DE OUTROS TEMPOS" E xistiu na antiga rua da Bela Vista, atualmente denominada de S...