terça-feira, fevereiro 28, 2012

COLCHAS DE CASTELO BRANCO


SIMBOLOGIA - I
São conhecidos e corretamente empregados os símbolos, que aparecem nas colchas de Castelo Branco.
ALCACHOFRA
Queimada na fogueira simbólica do S. João, os namorados põem a alcachofra ao relento da madrugada; e, se de manhã observam que reverdeceu, ela que foi “deitada” por alguém, anuncia que esse lhe quer “da raiz do coração”.
O instrumento de consulta veio dar no símbolo do sentimento invocado. E a alcachofra representa a possibilidade oferecida a consulta, e o segredo da resposta. Aparece como emblema de amor nas colchas de seda, de feição popular. Observe-se que estas colchas são feitas pelas noivas, (1940).
Anda no folclore a serventia da alcachofra nas festas sanjoaninas: “Vou deitar a alcachofra por Foão”. E logo se lança a crestar na labareda, com este ensalmo

Em louvor de S.João.
A ver se o meu amor,
me quer bem ou não.

Texto da autoria de: Luis Chaves.
O Albicastrense

sábado, fevereiro 25, 2012

ALBICASTRENSES ILUSTRES - XXV

 JOÃO VELHO
(Vassalo e Procurador de D. Dinis 12??-13??)

Nasceu em Castelo Branco (!) na primeira metade do século XIII. Vassalo e Conselheiro de D. Dins, foi enviado por este rei a Aragão para tratar  do seu casamento com a Princesa, que mais tarde viria a ser a Rainha Santa Isabel.
Para isso partiu de Portugal em 1280, acompanhado de mais dois embaixadores, os conselheiros João Martins e Vasco Pires, igualmente fidalgos e pessoas autorizadas.
Na corte de D. Pedro III e D. Constança, pais de D. Isabel, a pretensão foi acolhida favoravelmente, pelo que os dois regressaram ao reino com  os aragoneses Conrado Lança e Beltran de Vila Franca, a fim de se ajustarem as bases do contrato de casamento.
Tudo é combinado  com satisfação  geral, pelo que a 24 de Abril de 1281, na vila de Vide, é passada a carta de arras, onde se afirma:
"Seja notório que a todos, que nos Dinis pela graça de Deus Rey de Portugal, e Algarve doamos, e consignamos propter nuptias, a vos Dona Isabel filha do illustre Rey Dom Pedro, per graça de Deos Rey de Aragão, e da Rainha D. Constança, a qual recebemos por molher conforme a ley do nosso Senhor Jesus Christo as nossas villas, convem a saber, Abrantes, e Porto de Moz".
Alguns messes depois, a 12 de Novembro do mesmo ano, D. Dinis, então em Estremoz, passa igualmente a necessária procuração para os emissários   poderem receber em seu nome a Infanta e, em que diz:  
"Saibão todos, que nos D. Dinis pela graça de Deos Rey de Portugal  e do Algarve, fazemos, e ordenamos nossos procuradores certos, e especiaes, a vos João Velho, João Martins e Vasco Pires nossos vassalos, a todos juntos e a cada hum em particular, para tratar com o ilustre  Dom Pedro pella graça de Deos Rey de Aragão sobre se conthrair matrimonio entre nos, e Dona Isabel filha mais velha do dito Rey, e para tambem conthrair  em nosso nome por palavras de presente, ou esposorias  por palavras de futuro, e para aceitar tambem o consentimento da mesma Dona Isabel de nos querer por marido ou por esposo".
O casamento por procuração efectuou-se no Paço Real de Barcelona, em 11 de Fevereiro se 1282, durante o qual a Princesa profere  as seguintes palavras, que aqui são fielmente traduzidas:
"Eu Isabel filha do Excellente D. Pedro, por graça de Deos illustre Rey de Aragão  faço entrega de mim para mulher legitima a vos Dom Dinis  pela graça de Deos Rey de Portugal e Algarve, e ainda que ausente, como se estiveres presente.  E sobre o essencial do mesmo matrimonio  dou meu consentimento a vos procuradores sobreditos que estais em bom nome do mesmo Dom Dinis Rey de Portugal".
D. Isabel, com o seu séquito, parte de seguida para Portugal encontrando-se em Trancoso com D. Dinis, acompanhado da maior parte da nobreza da Corte e, ali se repete a cerimonia nupcial, a 24 de Junho, no meio de solenes e pomposas festas.  

Recolha de dados: "Figuras Ilustres de Castelo Branco".  de Manuel da Silva Castelo Branco.
O Albicastrense

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

OBSERVANDO QUEM PASSA? OU SIMPLESMENTE O DESCANSO DOS POMBOS!...



NAMORAR, NAMORANDO!...
O namorar dos pombos, bem podia ser o título destas imagens, contudo, seria bastante redutor reduzir o titulo destas imagens apenas a duas palavras, por isso, aceitam-se títulos alternativos.

São pombos meigos e mendigos,

os pombos da minha cidade,

eles vivem esvoaçando 

no doce e luminoso céu, 

despertando-nos para a sua liberdade.

O Albicastrense

domingo, fevereiro 19, 2012

VELHOS JORNAIS DA MINHA TERRA - VI

 (1846/1945)
O primeiro jornal de que há memória na nossa cidade, foi; “A Sentinela da Liberdade”, terá vindo à luz no ano de 1846. Pensa-se que tenha tido como primeiro director: João Sebastião Serrano, que era na época director da tipografia do Governo Civil.
O primeiro número terá saído a 19 de Dezembro de 1846. A sede do jornal era no Governo Civil, onde por sua vez era impresso. Dizia; “Pugnar pela Junta do Porto e difundir o seu programa”. 
Anunciava no seu primeiro número, que iria sair ás segundas e sextas-feiras.
Nota: Prometia muito! Mas... ficou-se pelo número um, pois padeceu nesse mesmo número. Curiosamente entre a saída do “ Sentinela da Liberdade” e o próximo que se segue; “A Aurora” existe um vazio de 26 anos.
(Continuação)
Em 1924 publicava-se às quintas-feiras a “Acção Regionalista”. teve como seu director e editor; Manuel Pires Bento. Segundo consta, este periódico foi um verdadeiro defensor dos interesses regionais (que sempre estiveram acima dos interesses de partidos políticos).
O redactor principal era; António Trindade. Foram fundadores; Albano Ramalho, António Trindade, Artur Silva, Francisco Marques Maia, Jaime Lopes Dias, João Eloy Nunes Cardoso, João Lino, João Matilde Xavier Lobo, João Mourato Grave, João Rodrigues Marques, José Martins Cameira, José Sena Esteves, Manuel Paiva Pessoa e Manuel Pires Bento. Com uma equipe tão ilustre não admira que a sua voz fosse escudada e as opiniões discutidas. Em 1927 anunciaram que se suspendiam temporariamente, reaparecendo assim que as circunstancias permitissem, dizendo que continuará a ser o que sempre foram. Foi este jornal que mais lutou pela via férrea Castelo Branco – Placência - Madrid. 
Em 1928 era seu director e editor; João Madilde Xavier Lobo, tendo como redactor principal; José Lopes Dias e como secretario; João Mourato Grave. Terminou em 1931, mantendo sempre a feição regionalista.
Nota: Em 1931, (sete anos depois do seu aparecimento) esfumou-se da vista e da memória dos albicastrenses.
Sem periodicidade fixa, saiu em 1924 o primeiro número do jornal; “Centro Artístico”. Era seu director e editor; Joaquim dos Santos Chita. Como administrador; Joaquim da Anunciação Morcela. Não se sabe quantos números saíram.
Nos meios académicos apareceu em 1926 “A Academia”. Era uma publicação quinzenal dirigida por; Vicente Rodrigues G. Cadete. Administrado por; João Vieira Pereira. Tinha como redactores; Alberto Trindade, Baltazar Alberto e José de Matos Ratinho. Era impresso em Leiria.
Em 1926 aparece o jornal; “A União” fundado por três professores de Liceu; José de Oliveira, Francisco Lopes Subtil e António do Rosário. Era um jornal semanário pertencente à União Liberal Republicana. Aparecem como fundadores; António Gonçalves, António Guilhermino Lopes, António Francisco Subtil, João António da Silveira, João Pires Marques e José de Oliveira. Era impresso na Covilhã.
Nasceu em 1927 o jornal; “A Era Nova”. Tinha como lema a defesa e propaganda do nosso distrito. Aparece como seu director; António Crucho Dias. Redactor e editor; Eurico Salles Viana. Como administrador; José António da Conceição. Declara-se integrado no pensamento que presidiu ao movimento de 28 de Maio e tornou-se órgão das comissões administrativas da Junta Geral, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia do distrito de Castelo Branco.
Nota: Nas minhas pesquisas na biblioteca albicastrense, li alguns exemplares deste jornal e confesso que gostei bastante do que li. O seu fim deu origem ao aparecimento do jornal Beira Baixa.
A 12 de Abril de 1937 aparece a público um dos jornais que durante mais tempo se publicou em Castelo Branco (1937/1975), “A Beira Baixa”.
Tinha como lema no seu primeiro número; “Pelo estado novo e pela ordem e propaganda da província de Beira Baixa”. No cabeçalho trazia como director e editor; António Rodrigues Cardoso. Administrador e proprietário; José Portela Feijão. Tinha redacção na rua; Alfredo Keill em Castelo Branco. 
Nota: Tal como disse anteriormente, este jornal sucedeu ao jornal Era Nova. Pode dizer-se que seguiu a linha do seu antecessor e que só o 25 de Abril de 1974, o derrubou.
A 13 de maio de 1945, surge o jornal; “Reconquista”. Jornal que irá tornar-se o verdadeiro dinossauro dos jornais albicastrenses. Tem como seu primeiro director; o Padre Albano da Costa Pinto e como redactor principal; Duque Viera. Era seu editor; o comerciante Francisco Vilela, sendo composto e impresso na Tipografia Semedo, em Castelo Branco.
Tinha por princípio e como estatuto redactorial o seguinte texto: “O bem comum é o nosso programa e o nosso fim, Interessa-nos tudo de que possa resultar algum benefício para a colectividade, quer a pequena colectividade local quer a grande colectividade nacional. Como normas permanentes do nosso pensar e sentir, estão os princípios eternos do cristianismo”. 
Por este passaram grandes homens, entre eles destacava (como não podia deixar de ser) o padre Anacleto Pires da Silva Martins, homem que tive a honra de conhecer. Tem nos dias de hoje como director; Agostinho Gonçalves Dias.
Nota: Um jornal com história na história da nossa cidade, e acima de tudo, um autentico dinossauro na imprense regional no nosso pais. Falar na imprensa regional e não falar da reconquista, é quase um pecado morta. 
Os dados constantes nos postes; “Velhos jornais da minha terra”, foram recolhidos em antigos jornais, (e actuais) da nossa cidade, assim como em publicações que se encontram na biblioteca albicastrense.
O Albicastrense

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

domingo, fevereiro 12, 2012

COMENTÁRIOS - XV


DAR PALAVRA.....
Amiga Quina.
O seu “comentário” é um dos que não podem ficar esquecidos na caixa de comentários, por isso, ele aqui fica como “poust”, para que todos aqueles que visitam este blog, se possam prenunciar sobre a pergunta que faz: ”qual será a receita de cura para este mal nacional?”.
PS. Prometo dar a minha modesta opinião sobre este assunto no final.
Idanhense Sonhadora disse...
Mas essas falhas que aponta para a zona histórica, são um mal nacional.... Ouço toda a gente queixar-se disso. Os jovens não querem saber, preferem casas novas, nas chamadas zonas novas.
Os mais velhos vão atrás, apesar de haver alguns que resistem. Por vezes os poderes também não ajudam muito.... Enfim, qual será a receita de cura para este mal nacional? Na Idanha-a-Nova, desde os anos 50 que tenho visto coisas do arco da velha: 1º uma capela do séc. XIV deitada abaixo e um jardim, "o Jardim"!, com grades, coreto e árvores lindas totalmente alterado; as pedras do castelo desmontadas para servirem de muro a uma estrada, um Pelourinho que desaparece, o edifício da Câmara, do séc. XVII, deitado também abaixo... depois, mesmo já depois da "outra senhora"! , o jardim de novo alterado … Este pobre, foram tantos os nomes dados ao local onde está, que até eu já nem sei em que rua ou o largo nasci.... Enfim, ficava aqui a lamentar-me não sei por quanto tempo...
Ab.
Quina

sábado, fevereiro 11, 2012

OBRAS NA ZONA HISTÓRICA DA MINHA TERRA


O jornal reconquista publicou este semana um trabalho, a que deu o nome de: “Muralha escondida vai ser aberta ao povo”. 
Para quem não teve a oportunidade de ler o referido trabalho, ele aqui fica para o poderem fazer, e ao mesmo tempo poderem opinar, sobre as propostas do presidente da autarquia albicastrense para a zona histórica da cidade.
Sendo eu um acérrimo defensor da nossa zona histórica, não podia deixar de postar neste blog o referido artigo, e argumentar o seguinte: As obras agora anunciadas pelos responsáveis da autarquia albicastrense, são efectivamente uma mais valia para a “pobre” zona histórica de Castelo Branco, contudo, para quem por ali passa a constatação imediata que tem, é que está perante uma zona onde a vida prima pela ausência.
A ausência dos sorrisos das crianças, a ausência das pessoas a percorrer as velhas ruas, a ausência dos mais velhos conversando à porta de casa, a ausência dos mais novos falando sobre tudo e sobre nada, e por fim a ausência de jovens namorando.
Mais que olhar para o que se fez nos últimos tempos, para o que se está a fazer atualmente, ou ainda, para o que está programado fazer até ao final do ano, interessa olhar para a nossa zona histórica como um local onde a vida tem que ser a grande aposta da autarquia albicastrense, se assim não for, a zona histórica da minha terra, será sempre o local onde viveram os albicastrenses do passado, mas onde os albicastrenses do presente primam pela ausência. 
As obras agora anunciadas, são como disse anteriormente bastante importantes, todavia, a obra mais necessária para os próximos anos, chama-se vida!
Das obras agora anunciadas e que se diz estarem prontas até ao fim do ano, gostava de destacar a que vai permitir a reabertura da antiga rua do Saco. Para quem desconhece o historial desta antiga rua, aqui fica um pouco da sua história.

ANTIGA RUA DO SACO

A designação toponímica desta artéria, deve-se muito provavelmente, à sua configuração específica - abre em ângulo recto a partir da fachada lateral da antiga biblioteca municipal, (antiga Praça velha, e atualmente Praça Camões), e não tem qualquer saída, formando um L invertido, por esta razão assemelha-se a um saco, dai a sua dominação.
Este arruamento pertence provavelmente ao século XVI, embora o registo documental mais antigo remonte a um processo inquisitorial de 1628. Esta artéria desviou o curso normal da sua história, como espaço público, quando um vereador em exercício, António César de Abrunhosa, requereu em 1890 a supressão do beco denominado rua do Saco (…) no sitio em que uma das suas casas confina com o edifício dos Paços do Concelho. Na origem deste pedido está a aquisição de todos os prédios com servidão desse local, pelo conhecido comerciante da praça albicastrense. A Câmara discutiu o assunto e aceitou a perdição.
Em 1927 o espaço passou de vez para a posse da família Abrunhosa, com a autorização dada pela autarquia para a instalação de um portão na entrada da velha rua.
Resta acrescentar que nesta rua apagada da memória dos albicastrenses, terá nascido um dos mais ilustres Albicastrenses de sempre. Segundo J. D. Porfírio Silva no seu livro.”Memorial Cronológico e Descritivo Da Cidade de Castelo Branco” editado em 1838, consta o seguinte sobre esta rua: “O Cardeal da Mota, que nasceu na rua do Saco em umas casas próximas ao celeiro da comenda, aos 4 de Agosto de 1685.

Ps. Pesquisa de dados: “O programa Polis em Castelo Branco” da autoria de; António Silveira, Leonel de Azevedo e Pedro Quintela d' Oliveira.

O Albicastrense

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

VELHAS IMAGENS DA MINHA TERRA - XXI

UM LOCAL DA MINHA JUVENTUDE
O passatempo; “Velhas imagens da minha terra” tem para identificar desta vez, uma imagem captada por mim em 2002. Esta estranhíssima imagem, será certamente uma das mais difíceis de identificar que até agora aqui postei.
A imagem, mostra-nos o interior de um estabelecimento que durante mais de setenta anos, foi local de convívio de gerações de albicastrenses.
O estabelecimento foi abandonado pelos albicastrenses e pelos responsáveis da sua autarquia, na década de noventa do passado século.
Hoje habita no local, um estabelecimento bastante diferente do que então ali existiu. A pergunta como sempre, é a seguinte: Que velho estabelecimento da nossa cidade, nos mostra esta estranha imagem?
PS. Tal como das outras vezes, as respostas certas só serão publicadas dois ou três dias depois, para que todos possam responder.
O Albicastrense 

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

VELHAS CASAS DA MINHA TERRA

UMA PRENDA
 PARA A PRAÇA  REI D. JOSÉ
Já aqui falei por variadas vezes da situação catastrófica, em que se encontram grande parte das casas da velha urbe albicastrense, as velhinhas casas há muito que deixaram de lutar para se manterem de pé e hoje muitas delas, são apenas velhas paredes abandonadas.
A situação é como disse catastrófica, contudo, de vez em quando um raio de luz, desce sobre uma dessas velha casas e dá-se o milagre da renascença, voltando ela a ter a aura de outros tempos.
Desta vez o tal renascimento, deu-se com a bonita casa que ilustra este "poust". Oitenta e quatro anos depois da sua edificação, o seu proprietário (a autarquia albicastrense), resolveu recuperá-la não na totalidade, mas apenas no seu exterior. Mas também aqui a velha casa (no meu entender) ficou a ganhar, pois mantém a traça dos velhos tempos no seu interior.
A Praça Rei D. José, está hoje mais catita, pena é que um prédio vizinho ao agora recuperado e em tempos conhecido como edifício do “Barão do Sal” e hoje sede do PSDse encontre no estado miserável em que se encontra. É caso para perguntar a quem por ali habita: meus senhores! Como podem os portugueses acreditar em vocês para recuperarem o nosso país, se nem a casa onde habitam conseguem recuperar?
Para a autarquia albicastrense este albicastrense só pode mesmo dizer: bom trabalho! Contudo, não comecem já a deitar foguetes e a recolher as canas, pois este é apenas um pequeno passo no longo percurso que existe para percorrer neste setor, em Castelo Branco.
O Albicastrense

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - LV


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
E cá temos outro salto de um mês e pico. À sessão de 20 de Novembro de 1791 segue-se a de 1 de Janeiro de 1792.
Sessão de começo do ano, fez-se nela o que era costume fazer-se: abriram-se os invólucros onde estavam bem guardados os papeis  relativos, às eleições das justiças que haviam de servir no ano que começava, “e das pessoas que vinhão nomeadas foram apuradas e confirmadas as seguintes”, isto, é, as pessoas que em cada lugar haviam de exercer os cargos de juízes, de procuradores do concelho, de procuradores do povo e de depositários do povo.
Ainda nesta sessão foi presente e aberta uma carta em que vinham os nomes dos vereadores e do procurador que haviam de servir no mesmo ano, os quais eram: Francisco da Fonseca Coutinho, Joaquim José Caldeira e Diogo de Mesquita da Fonseca Barreto, vereadores; José Agostinho Pancas, procurador.
 Temos agora a sessão de 6 de Janeiro de 1792.
Parece estranho que, sendo santificado este dia, nele se realizasse sessão, mas no livro das actas lá estava indicado assim, por algarismos e por extenso, pela “linha” caligrafia do escrivão aranha, que voltou ao serviço mal se apanhou com dez réis se saúde.
 Nesta sessão o que houve foi isto:
 “Nesta vereação requereu Fernando Jozé da Silva Alcayde desta Camara que sendo nomeado pelo vereador que servio no anno proximo passado Jozé Miz Goullão para assistir ao concerto da fonte do tostão na qual gastou sessenta dias sem que nesse tempo pudesse procurar os meyos de sustentar a sua familia, como o mesmo não tinha obrigação de assistir a esta obra em razão do seu officio, por isso pedia lhe houvesse esta Camara de compenssar o incomodo e trabalho que teve à vista do que lhe mandarão dar do Conselho quatro mil e outo centos reis”.
Ficou rico o bom do Fernando José da Silva com o que a Câmara tão generosamente lhe abonou. Quatro mil e oitocentos réis por sessenta dias de “incomodo e trabalho”, representam a riqueza de quatro vinténs por dia. Nem sequer tiveram a coragem de levar a conta para o tostão por dia.
(Continua)
 PS. Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides Municipais”, que o que acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...