terça-feira, julho 31, 2018

BAIRRO DA HORTA D'ALVA

MEMÓRIAS DO PASSADO

Construído através do plano nacional de habitações económicas, levado a cabo pelo Estado Novo nos anos 40.



Os anos quarenta trouxeram à terra albicastrense um grande número de assalariados rurais, motivo que  levou à construção de habitação para as camadas de rendimento mínimo mais baixo. 
O pequeno conjunto de “casinhas”, verdadeiro bairro em miniaturas, foi à época um acontecimento de grande destaque, pela solução de casos de família verdadeiramente gritantes. 
O aproveitamento, foi muitíssimo bem encenado, com lápides, discursos a propósito e marchas a pé, perante o Zé Povinho com cara de subserviente, agradecendo a migalha com as tais máximas de Bem-Haja. 
O Albicastrense

sexta-feira, julho 27, 2018

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – CXXVIII

A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

 RELATO DA PASSAGEM DOS INVASORES
FRANCESES E ESPANHÓIS POR CASTELO BRANCO 
EM DEZEMBRO DE 1806

Atravessando a Espanha, o exercito Francês com tropas Espanholas à mistura transpôs a fronteira e, na noite de 20 de Novembro de 1807, cinco mil homens desse exército entravam em Castelo Branco.
Umas três horas antes, tinha cá chegado um comissario francês que, com ordem do corregedor da comarca, exigiu que sem demora se aprontassem cinco mil rações de pão, carne e vinho para os soldados que iam chegar. Pôs-se tudo em campo para se arranjar o que era exigido pelo francês e, para que nada faltasse, tirou-se à pobre gente da terra o pouco que tinha para comer.
Apesar de todos esses cuidados, os soldados franceses e os seu amigos espanhóis, que tinham sido acomodados nos conventos e nas casas particulares e recebidos e tratados com todas as atenções não houve violência que não praticassem. Roubaram, violaram mulheres, maltrataram homens etc.
No dia seguinte, porem, foi pior.
Chegaram dezasseis mil franceses e espanhóis, teve de se arranjar de comer, de beber e dormir e, não obstante ficaram bem comidos e bem bebidos, arrombaram portas, arrancaram sobrados e deitaram-lhes o fogo, mataram centenas de porcos, entravam em todas as casas, onde roubavam o que lhes agradava, iam às adegas e, depois de beber até fartar, vazavam o vinho que correu pelas ruas em regalo, roubavam as alfaias das igrejas. Em suma, um horror.
No dia seguinte toda aquela tropa, depois de ter obrigado as autoridades a aprontar-lhes, dentro do prazo de uma hora, guias, dezenas de juntas de bois, bestas de tiro e de carga, ferramentas, fizeram tudo o que lhes pareceu.
Foi um alívio que pouco durou, porque no mesmo dia chegaram dois mil homens de cavalaria e infantaria e foi forçoso fornecer-lhes outras tantas rações de pão, carne e vinho.
No dia 23 chegaram mais três mil soldados, que ficaram no campo, mas lá teve de levar-se a cada um a sua ração.
No dia 24 apareceram mais seis mil soldados de infantaria, que ficaram também no campo, mas de noite vieram à cidade em grande número e roubaram, incendiaram, fizeram toda a casta de distúrbios e violências.
No dia 25 saíram estes, mas logo no dia 26 chegaram 800 soldados de cavalaria e foi forçoso aboletá-los e arranjar a ração para cavalos. Saíram no dia seguinte bem municiados, mas de tarde vieram mais mil e cem soldados, que saíram de manhã do dia 28. Porém, no mesmo dia ai chegam mil soldados de cavalaria e depois mais uns centos com ordem para lhes fornecerem os cavalos necessários para transporte da artilharia, que tinha ficado no Ponsul, para onde também tiveram de ser enviados mantimentos.
No dia 30 chegou a artilharia, escoltada por mil infantes e seiscentos soldados de cavalaria. Tiveram de sair no mesmo dia, mas saíram bem municiados. Logo, porém de tarde ai chegam mais perto de dois mil soldados de infantaria e cavalaria, que se aquartelaram nas capelas e conventos, aboletando-se os oficiais por casas particulares.
No dia 1 de Dezembro chegou o trem do hospital do exército, acompanhado de soldados de cavalaria. Aboletados como foi possível numa terra a que já tinham tirado tudo, não se mostraram satisfeitos e não houve violência que não praticassem.
No dia 2 saiu a cavalaria em direção ao Perdigão, mas a infantaria saiu no dia 3 pelo Salgueiro em direção a Sarzedas. Neste mesmo dia, de tarde, chegou a bagagem do general Junot, guardada por mais de mil soldados de infantaria e cerca de um cento de cavalaria. Aquartelaram-se nos conventos, aboletando-se os oficiais o melhor possível.
E isso continuou pelo mês de Dezembro fora e passou ainda para Janeiro. A maior parte da gente fugiu para os campos, porque na cidade não tinham que comer nem sossego.
Que haviam de fazer os pobres vereadores no meio de toda esta balburdia? Sofriam e calavam, que não tinham outro remédio.
(Continua)
PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais:
O que acabaram de ler é uma transcrição do que
 foi publicado na época.
O Albicastrense

terça-feira, julho 24, 2018

PÉROLAS DA TERRA ALBICASTRENSE



                                         

PORMENORES 
DA 
TERRA AMADA 


O ALBICASTRENSE

sexta-feira, julho 20, 2018

ANTIGOS ESTABELECIMENTOS DA TERRA ALBICASTRENSE

VAMOS ESCREVER A HISTÓRIA 
DESTE ANTIGO ESTABELECIMENTO COMERCIAL. 
     
A primeira imagem deste poste dá-nos uma vista da rua dos Ferreiros.
A segunda, mostra-nos um local onde em tempos passados existiu um grande estabelecimento comercial, talvez o último grande estabelecimento comercial que existiu na nossa zona histórica.
Contrariamente que é habitual, desta vez não exponho aqui o seu historial, lançando  antes um desafio aos albicastrenses que visitarem este poste.  
Sabe alguma coisa sobre este antigo
 estabelecimento ou sobre o seu proprietário?

Deixe aqui o seu comentário, ao fazê-lo está a contar um pouco da história deste antigo estabelecimento e do passado da terra albicastrense.
                                                   O Albicastrense

domingo, julho 15, 2018

ZONA HISTÓRICA DA TERRA ALBICASTRENSE

          
     UMA  TRISTÍSSIMA E SEM VIDA ZONA HISTÓRICA 

Se subsistem pessoas na terra albicastrense que possam falar do estado calamitoso da nossa zona histórica, talvez eu possa ser uma deles, pois trilho por lá praticamente todas as semanas.
Entro pelos Ferreiros em direção à Camões, invade a Santa Maria para conquistar os Chões, atravesso a da Palha e desemboco na do Arressário, escalo a do Mercado e penetre no largo do Castelo. 
Local onde muitas vezes me sossegue a cogitar sobre os meus antepassados que por ali vaguearam ao longo dos últimos três séculos.
Durante as minhas digressões, congemine como seria percorrer este trajeto (hoje quase todo ele em ruínas), quando as casas eram casas e agasalhavam pessoas, quando as pessoas tinham famílias, quando as famílias tinham crianças, quando crianças foliavam pelas ruas e os seus berros nos anunciavam as suas brincadeiras, quando havia vida comercial pelas ruas, ou seja, quando vida ainda existia neste percurso da velha urbe albicastrense.
No final do percurso, normalmente dou por mim a limpar as lágrimas. Por mais que tente acalmar os meus velhos neurónios, eles recusam-se a compreender o desleixo, o deixa andar, o não quer saber, o devagar devagarinho que tudo se vai arranjar, ou por fim, quem vier depois de mim que resolva esta calamidade.          
    
 Terminava expressando mais uma vez o seguinte:
Para quando um verdadeiro projeto de recuperação
 urbanística da nossa Zona Histórica?

Ps. Imagens captadas na Rua dos Ferreiros, imagens que poderiam ser às centenas.
O Albicastrense

sexta-feira, julho 13, 2018

DO CANHENHO DE UM VELHO - (III)

António Rodrigues Cardoso iniciou em 1930 no jornal “A ERA NOVA”, uma série de crónicas a que deu o nome; “Do Canhenho de um Velho”
Crónicas em que retrata albicastrenses que nos são desconhecidos, e nos dá conta de locais da nossa cidade entretanto desaparecidos. 
Em homenagem a António Rodrigues Cardoso e aos albicastrenses que ele nos dá a conhecer nos seus registos de lembranças, irei aqui publicar algumas dessas crónicas.
"LIÇÃO A TEMPO"
O Albicastrense

sábado, julho 07, 2018

TIRAS HUMORÍSTICAS - (CXIX)

EM DEFESA DA TERRA ALBICASTRENSE 


No passado dia 28 postei neste blogue uma publicação a que dei o nome de: “UM TRISTÍSSIMO CASO NA TERRA ALBICASTRENSE”, publicação que foi lida até ao dia de hoje, por 2219 visitantes.

Passados dez dias nada de novo veio a público sobre o triste caso, ou seja, o nosso presidente não deu a cara para falar sobre o assunto, a oposição CDS, PSD, CDU, BE mantem-se em silêncio, e para espanto dos espantos (ou talvez não), tirando o jornal “Gazeta do Interior”, que publicou um belíssimo trabalho de Júlio Vaz de Carvalho sobre a estrutura encontrada do museu, o resto da comunicação social da terra albicastrense, mantem-se silenciosa.

Perante tanto silêncio, mutismo que para uns será embaraçoso e para outros comprometedor, a dupla “Bigodes & Companhia”, resolveu meter pés (e mãos) a caminho e tratarem eles próprios de resolver este triste caso através de medidas drásticas.

Ps. Este albicastrense que não é amigo de medidas drásticas, confessa que desta vez se sente solidário com eles. Por isso, decidiu postar a tira que os rezingões lhe enviaram e dizer-lhes, que também eu gostaria de agarrar num martelão e rebentar a malvada placa de betão.

O Albicastrense


quinta-feira, julho 05, 2018

A TERRA ALBICASTRENSE

UM VELHO PRÉDIO DA RUA JOÃO CARLOS ABRUNHOSA
Quando vi o andaime neste prédio situado na Rua João Carlos Abrunhosa, pensei para como os meus botões, que finalmente este abandonado prédio ia ser recuperado.
Infelizmente tal não aconteceu, o que se passou, foi que o pequeno alongamento que existia no cimo deste prédio (foto-antes), estava em deplorável estado e ameaçava cair em cima de quem por ali passasse, por isso, tornou-se necessário resolver o problema.
O pequeno anexo foi-se, todavia, fica a sua imagem para nos lembrarmos da sua existência. 
O ANTES
O DURANTE
O DEPOIS


 
Albicastrense

quarta-feira, julho 04, 2018

UMA BELÍSSIMA DESCOBERTA NO NOSSO MUSEU

O ACHADO ARQUEOLÓGICO
por:Júlio Vaz de Carvalho*

No passado dia 7 de Março, a Gazeta do Interior noticiou a descoberta de um achado arqueológico no hall de entrada do Museu Francisco Tavares Proença Júnior revelado na sequência das obras que estão a decorrer naquele espaço cultural. O dr. Pedro Salvado, do Conselho Director da Sociedade de Amigos do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, descreveu a estrutura circular, em granito aparelhado possivelmente datada de meados do Século XVIII e com forte probabilidade de a mesma se ter destinado à conservação ou transformação de produtos (figura 1 – foto de Veríssimo Bispo)
Figura - 1
Pedro Salvado, garantiu ainda tratar-se de “de um caso muito raro em Portugal” pelo que se torna necessário o seu estudo e preservação, destacando ainda que “é a confirmação da importância arqueológica do subsolo do Museu”, reforçando por isso o Investigador a necessidade de uma sondagem do subsolo do Museu, pois não será, com toda a certeza, a única estrutura nestas condições. 
Por este motivo urge, a bem do enriquecimento histórico e patrimonial da cidade, estudar esta peça e outras que futuramente possam ser reveladas.Uma pesquisa realizada no sentido de encontrar estruturas similares, levou-me a uma imagem que ilustra o ancestral processo de fabrico e conservação de gelo (figura 2), arte milenar de, Chineses, Persas, Egípcios, Gregos e Romanos, baseado no armazenamento de gelo e neve prensada em cavernas, silos e abrigos subterrâneos, protegidos com palha seca de cereais e de outros materiais isolantes. Desta forma tornava-se possível não só a conservação de alimentos como, igualmente a refrigeração de bebidas. 
Da imagem, em corte transversal, pode observar-se a existência do sistema de drenagem à semelhança do que sucede com a descoberta no Museu Albicastrense. Sabe-se que no Palácio Nacional de Queluz eram servidas bebidas frescas assim como eram elaborados granizados com gelo proveniente provavelmente da serras de Sintra e Montejunto – convém citar que na Serra de Montejunto está situada a antiga Real Fábrica do Gelo. Esse gelo era armazenado em silos similares nas caves do palácio. Tive oportunidade de observar o achado, poucos dias depois da sua descoberta e de igual forma fiquei curioso, não só pelas dimensões do que se afigura ser um silo de conservação, mas também pela sua forma cónica, que possui no fundo, um ralo metálico ou dreno, supostamente para escoamento de líquidos, coincidente com o da já referida imagem (figura 2). 
Na tentativa de procurar uma possível identificação do achado, revi a literatura sobre o antigo Paço Episcopal, coevo do Palácio de Queluz, e as referências a ele feitas em diários e registos de memórias de alguns dos militares das forças beligerantes, durante a Guerra Peninsular. A maioria dos escritos faz apenas referências à sua sumptuosidade, contrastando com a restante realidade da cidade, granjeando
a mesma grandiosidade de alguns palácios e construções abastadas que tinham visto, desde o Litoral até uma zona inóspita e pobre do interior. 
Quanto à sua arquitectura e área envolvente unicamente se fazem essas referências, contudo, dos relatos e testemunhos escritos reunidos em obras locais, cita-se o consumo de refrescos no palácio e o hábito do Bispo, D. Vicente Ferrer da Rocha, presentear os oficiais franceses com bebidas frescas. Ora, assim sendo, de onde viria o gelo, essencial para a elaboração dos refrescos, que A. Roxo, na sua Monografia de Castelo Branco, assevera terem sido enviados ao General Loison (o tristemente célebre Maneta), estacionado nas Sarzedas, em 6 de Julho de 1808, ou seja, em pleno Verão? 
Ficam no ar as perguntas que se seguem: Seria o gelo usado para refrescar as bebidas provenientes da estrutura agora vinda à luz do dia? Estaremos perante um antigo “frigorífico” do Paço Episcopal? E seria esta estrutura, a confirmar-se a sua concepção no século XVIII, parte integrante do edifício, ou seja construída de raiz? Existiria já a mesma tendo sido integrada ou escondida pelo novo edificado? Será esta uma estrutura isolada ou, no subsolo do que resta do antigo edificado haverá outros enigmas à espera de serem revelados e estudados?
Esta e outras questões estarão sem resposta até que sejam tomados os passos seguintes, no sentido de enriquecer o Património e Historiografia local e o consequente melhor entendimento e preservação da nossa Memória Colectiva Albicastrense. 
Figura - 2
O recente retomar da obra, destinada a um elevador (que se saúda, a bem do melhoramento das acessibilidades dos utentes com limitações de locomoção) deixou uma placa de betão que acabou por assentar sobre o achado o que provoca preocupação e levanta a dúvida sobre qual a solução para continuarem os estudos e prospecções tendentes a apurar a dimensão do mesmo. 
Tomamos e celebramos por isso as palavras do sr. Presidente da Câmara, dr. Luís Correia, realçando a sua importância e afirmando ser uma descoberta “que vai reforçar o interesse patrimonial e o conhecimento da história do palácio”, para que não fique coarctada e comprometidas as investigações que se impõem. 
(o Autor escreve segundo a grafia antiga).
    *Investigador e Membro da Sociedade dos Amigos do Museu Tavares Proença Júnior. O artigo que acabou de ler foi hoje publicado no jornal, “Gazeta do Interior".  

O artigo que acabou de ler foi hoje publicado no jornal, “Gazeta do Interior". 
Ao seu autor, Júlio Vaz de Carvalho, este albicastrense
 não pode deixar de dar os parabéns pelo notável trabalho. 
Contudo, não posso deixar de aqui deixar os meus prantos
  afirmando o seguinte: que pena não ter a terra albicastrense 
mais pessoas como Júlio Vaz de Carvalho.
O Albicastrense

terça-feira, julho 03, 2018

A NOSSA MURALHA

 MURALHA A NECESSITAR DE LIMPEZA

Como a nossa muralha não tem voz para reclamar a sua limpeza, este albicastrense reclama por ela.

Meus senhores, será que a nossa muralha não merece ser limpa? 
Vamos lá dar corda aos sapatos e mandem de uma vez por todas, alindar a nossa princesa.

(Muralha da rua Vaz Preto)

 O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...