sexta-feira, novembro 30, 2007

Castelo Branco na História IX


(Continuação do número anterior)
A povoação de Castelo Branco tomou grande incremento durante o século XIII e, quando o Rei D. Dinis a visitou em 1285, em companhia da Rainha Santa Isabel, notando que as muralhas que a cingiam constituíam um obstáculo para a sua expansão, ordenou o seu alargamento, custeando a despesa com as rendas reais. As antigas muralhas tinham as seguintes portas: a de S. Tiago, a do Ouro, a da Traição e a do Pelame. A vila foi ampliada em 1319 para os lados do sul e do nascente e a nova muralha posou a ter sete portas. Foram mantidas as portas de S. Tiago, do Ouro e da Traição e acrescentadas as portas da Vila de Santarém, do Espírito Santo e do Esteval. A antiga porta de Pelame, próxima da rua dos Peleteiros e cujo arco ainda existe na Praça Velha (hoje praça Luís Vaz de Camões) ficou dentro do novo perímetro. Para facilitar a entrada e a saída da população foram mais tarde abertas, nas muralhas, a porta do Relógio, o Postigo e Postiguinho de Valadares cuja designação se mantêm numa travessa que liga o actual Largo da Sé com a rua de Santa Maria.
À hora de recolher tangia o sino da Câmara para prevenir a população do encerramento das portas.
Após a extinção da Ordem do Templo, em 1311, pelo Concilio geral de Viana, passou o castelo a ser a sede de uma comenda da Ordem de Cristo, criada pelo Rei D. Dinis, que ordenou a colocação de cruz dessa Ordem e as armas reais nas entradas da vila. Foi em Castelo Branco, no século XV, que o Rei D. João II recebeu os embaixadores dos Reis Católicos de Espanha que vieram, baidadamente, solicitar-lhe indulgência para o duque de Bragança e seu Irmão, o marques de Montemor, comprometidos na conspiração contra o Príncipe Perfeito.
O Rei D. Manuel I visitou também a vila de Castelo Branco em 1510, tento-lhe concedido um novo foral, datado em Santarém, no dia 1 de Junho daquele ano. Durante as guerras da restauração (1646_1668) a vila e a muralha foram muito danificadas pelas incursões dos espanhóis, em consequência da sua posição geográfica, nas proximidades de fronteira.
Nas cortes de 1646, os procuradores de Castelo Branco, que tinham assento no lugar nº 40 do banco 7º, declararam que esta terra perdera durante a guerra 800 homens afora os que dera para o exército e mais de 6800 cabeças de gado. Na invasão de 1648, foi a vila tomada e saqueara pelas tropas castelhanas, tendo sido libertada pouco tempo depois pelas hostes de D. Sancho Manuel, que perseguiram o inimigo para alem da fronteira.
Em 1704, no reinado de D. Pedro II, como Portugal houvesse aderido ao pacto da Grande Aliança, no qual se concertavam, alem do nosso pais. A Inglaterra, a Alemanha e a Áustria ao trono de Espanha, vago pelo falecimento de Carlos II, foi a vila invadida por um corpo de exército franco-castelhano, que demoliu parte da muralha e incendiou a Igreja de Santa Maria do Castelo.
(Continua – 9/103)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951

Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

terça-feira, novembro 27, 2007

Zona Histórica de Castelo Branco


“Quem te Protege – II”

No dia quinze deste mês, publiquei neste blog uma pequena noticia sobre a pintura dos portados de granito (e respectivas portas em cinzento), de uma casa situada na rua dos Ferreiros (em obras), convencido que a divulgação de tal barbárie, poderia impedir que futuras situações iguais a esta não mais fossem possíveis nesta zona da nossa cidade.
Tinha ainda como objectivo, saber qual o papel da nossa autarquia perante tal crueza!
Passados doze dias após essa divulgação, o proprietário do estabelecimento iniciou hoje dia 27, a limpeza dos respectivos portados (depois de ser notificado pela autarquia albicastrense, segundo soube), conforme se pode ver na fotografia aqui apresentada.
A mensagem que aqui quero deixar; não é a de dizer, que tudo está bem, quando acaba bem, mas antes perguntar à nossa autarquia o seguinte;
Quando alguém se propõe fazer obras numa das muitas casa da zona histórica da nossa cidade e se dirige à autarquia a pedir licenciamento para essas obras, não deveria a nossa autarquia desde logo explicar todas as regras do jogo, evitando desde logo este tipo de abusos? Espero que de futuro casos como este possam ser evitados, para bem da preservação da zona histórica da cidade de Castelo Branco,
Lembrava aqui um episódio muito conhecido na política portuguesa durante a ditadura.

Um dia vieram uns senhores a casa de um desconhecido que morava bem perto de mim e lavaram-no… não quis saber de nada, pois não me dizia respeito.
Outro dia
vieram os mesmos senhores a casa de um vizinho, que eu conhecia de vista e lavaram-no igualmente… também não quis saber de nada, pois não era comigo.
Num outro dia
os mesmos senhores levaram um meu conhecido, aí perguntei que fez ele? Demasiado tarde….

Moral da história: hoje são os portados de granito simples a ser pintados de cinzento (como o silencio é total), amanhã poderão ser os portados quinhentistas a ser pintados de verde ou vermelho.

O Albicastrense

sábado, novembro 24, 2007

Bordado de Castelo Branco

Colchas de Noivado

O bordado de Castelo Branco é como todos nós sabemos, o maior embaixador do artesanato albicastrense, e um dos mais conceituados do nosso país.
Reis, Rainhas, Presidentes e Primeiros-ministros de países estrangeiros têm hoje em suas casas, colchas ou painéis do bordado de Castelo Branco, brindados pelos nossos governantes ao longo dos tempos.
No entanto se formos ao museu Francisco Tavares Proença Júnior, ou a qualquer livraria da cidade (ou fora da cidade), à procura de uma qualquer publicação sobre os nossos bordados, não encontramos rigorosamente nada à venda.
Não sei a quem cabem as responsabilidades de tal desmazelo, sei no entanto, que os nossos bordados não merecem tal descuido, se não existe arte e engenho por parte dos respon
sáveis deste sector, para se publicar um livro sobre o bordado de Castelo Branco, então que se reeditem edições anteriores meus senhores.
Ainda em relação ao nosso bordado gostaria de dar a conhecer um pequeno texto de: E. De Salles Viana, publicado em 1942 para uma exposição realizada em Castelo Branco sobre;
“Colchas de noivado”, que encontrei na nova biblioteca da nossa cidade, e que adorei ler.

ALGUMAS PALAVRAS

Colchas de noivado! Bordados de Castelo Branco!
O linho e a seda unidos em jubileu festejam a Vida, o Amor…a cantar!
Desferem-se toadas de cor e estrofes singelas de desenhos que são símbolos! E, na letra destes poemas, rimam cravos e lírios, heras e jasmins, romãs e gavinhas… Se cada colcha é uma parábola de Amor, se cada colcha é hino que celebra um novo Lar!

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E as colchas foram bordadas pelas noivas para o tálamo nupcial!
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Para as colchas se semeou o linho que, amadurecido, foi ripado, curtido, maçado, espadelado, assedado, fiado, ensarilhado, branqueado, urdido e tecido, no vai-vem compassado das apeanhas e canelas dos teares venerados.
Para as colchas se plantaram as amoreiras, se criou o sirgo, se fiou a seda que, posta em meadas, foi lavada, branqueada e tingida.
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Velha é esta arte dos bordados caseiros da Beira Baixa que nasceu dos motivos de decoração persa e sofreu, pelo vagabundear dos anos, as influencias do Renascimento, do Barroco, da Índia, da China, dos damascos e dos estampados orientais.E as colchas de Castelo Branco são em tudo, apesar da fronteira que as separa, irmãs gémeas das colchas de Toledo, na matéria, na cor no desenho e… no destino!

COLCHAS DE NOIVADO

“Sobrecamas de noivos” lhe chamam em Toledo; “colchas de casamento” lhe chamam em Trancoso e noutras terras do termo da Guarda.
Nas colchas de noivado, ouvem-se ainda os ecos distantes e saudosas dos
cânticos de Amor que algum dia se salmodiaram à luz do Desejo, na liturgia de casamentos já longínquos, quando ainda se cumpria, como dever e como lei de Deus, a máxima da Bíblia Sagrada que ordenou a multiplicação da Raça!
Há um certo parentesco entre as colchas de noivado da Beira Baixa e os lenços de namorados do Minho e de Trás-os-Montes. Num desses lenços, entre muitos do acaso, bordados a vermelho e a ponte cruz, vêem-se pequenas albarradas ladeadas por dois pássaros, e, a par, dois corações que florescem em comum, um galo e uma galinha cobertos pela coroa real. Ao lado do galo está a letra M (Manuel).
Ao lado da galinha lê-se Min, o eu da bordadeira que afinal se chamava Gracinda Rosa, como se revela na outra margem do lenço. A certa altura uma data! 1907, o ano feliz em que o Manuel e a Gracinda abriram um ao outro seus corações em festa.
A albarrada representa a Família e os dois corações que a par florescem em comum, são duas almas num corpo só; o galo e a galinha, num único ramo, aludem aos desposados; e a coroa real, longe de ser um símbolo de heráldica, é antes a expressão plástica da autoridade familiar, a soberania do patriarca.
Ora nas colchas de noivado o pássaro bicéfalo não pode deixar de representar também as mesmas duas almas num corpo só; as albarradas e as árvores, a Família, os dois pássaros a ladear ramos ou arvores, os desposados: os encadeados, a cadeia indestrutível do matrimónio que vai ligar os nubentes. E assim, os cravos alegorizam o homem, as rosa a mulher, os lírios a virgindade, os corações o Amor, as gavinhas a amizade, e hera a afeição, os jasmins a pureza, o galo a virilidade, as romãs e as pinhas a união indissolúvel da Família, na alegria e na dor, as frangas e os galaripos a Prole Bendita, fruto do casamento.

O pássaro bicéfalo não tem pois significado heráldico.
E, embora as colchas sirvam hoje para engalanar varandas, balcões e janelas, em dias de procissões, também nenhuma se fez com intuito religioso, em nenhuma se vê qualquer alusão mística, nem sequer a Cruz, símbolo e síntese máxima do cristianismo.
Colchas de noivado, sempre diferentes! O linho e a seda unidos em jubileu festejam a Vida, o Amor… a cantar!

Maio de 1942 E. DE SALLES VIANA

O Albicastrense

quinta-feira, novembro 22, 2007

TOPONÍMIA ALBICASTRENSE - (XII)

ZONA HISTÓRICA

Ruas e Praças da Terra Albicastrense

Na toponímia albicastrense, existem nomes que todos nós já ouvimos, mas cujo significado na maior parte das vezes desconhecemos. Estão neste caso muitas das ruas do castelo: rua do Arressário, D`Ega, Peleteiros e Cabeças são algumas dessas ruas, na minha pesquisa no antigo jornal “A Beira Baixa”, encontrei este pequeno artigo do Prof. J. Diogo Correia referente à toponímia albicastrense da década de 50, artigo que não resisti em publicar neste blog. 
Arreçário e não Arressário, como lá está escrito, é um termo arcaico em que entra a palavra árabe “arrç” seguida da terminação portuguesa
arioSignifica: Elevação de terreno entre dois vales, lomba, cumeada. No caso presente, equivale a: Rua da Ladeira ou Costa, visto estar situada na costa do Castelo. 
Há o mesmo topónimo nas vilas de Sintra e Castelo de Vide. Partidária de França Ega é o nome de uma antiquíssima povoação do concelho de Condeixa, conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques; a primitiva designação da cidade de Tefé do Estado do Amazonas, no Brasil, e ainda o sobrenome de uma das personagens de "Os Maias”, de Eça de Queirós.
Presume que nesta rua houvesse morado um fidalgo ou rico-homem com aquele nome ou apelido, talvez o possessor da terra conhecida em Malpica do Tejo por Navedega (nave, ou planura, de Ega).
Creio que nenhuma afinidade teve com este topónimo albicastrense a famosa Condessa da Ega, acérrima e favorita de Junot, em 1807.
Peliteiros, e não Peleteiros, como erroneamente se escreveu num dos cunhais desta rua e outra travessa que tem o mesmo nome.
Em tempos já distantes, certas ruas eram designadas pelos mesteres que nelas predominantemente se exerciam. Assim aparecem as ruas: dos Ferreiros, dos Oleiros, dos Peliteiros, etc. Mas objectarão, porventura alguns leitores menos cultos, se a palavra não se relaciona com pele… A estes supostos interpelantes darei a seguinte explicação.
Nunca se me deparou a palavra peleteiro, nem nos autores modernos, nem nos textos antigos; mas sei que teve larga vida o termo peliteiro, o mesmo que peliceiro (o mesmo que curtidor de peles), outro vocábulo que também desapareceu do falar comum e que nos veio do baixo latim peliqueiros. Em Trás-os-Montes, ainda hoje chamam aos negociantes de peles peliceiros e peliqueiros. Em todos os exemplos citados aparece sempre, como não podia deixar de ser, o a seguir ao l, acrescida do sufixo eiró, designativo de profissão, como sapateiro, livreiro, pedreiro etc.
J. Diogo Correia terminava este esclarecimento com um recado à autarquia albicastrenseSe tanto me é permitido, daqui peço à ilustre edilidade albicastrense, que pondere as razoes acima alegadas a favor da legitimidade de paliteiro o qual em boa verdade, não é de todo despiciente. 

Texto publicado como foi escrito no jornal “Beira Baixa
em 1955. Autor, Prof J. Diogo Correia
O Albicastrense

sábado, novembro 17, 2007

Castelo Branco na História VIII

(Continuação do número anterior)

Determinaram então, por escritura lavrada em Fevereiro de 1230:
Que os de Castelo Branco mandassem edificar uma Igreja no lugar onde foram mortos os homens da Covilhã;
Que se juntassem as ossadas dos mortos para serem sepultadas nesta Igreja;
Que um capelão, pago pelos de Castelo Branco e pelos freires de Cristo, dissesse ali missa todos os dias por alma dos sobreditos mortos;
Que os vizinhos da Covilhã ficassem equiparados aos de Castelo Branco em poderem passar o porto do Tejo;
Que se alguém de Covilhã tivesse queixa de alguém de Castelo Branco viesse a esta vila dizer de sua justiça e se seguísse o mesmo trocada a hipótese, não devendo haver medianido entre os dois concelhos;
Que os de Covilhã e os de Castelo Branco se auxiliassem mutuamente na guerra;
Que o alcaide-mor de Covilhã acompanhado dos alcaides e de dez cavaleiros conduzisse a bandeira de Covilhã a Castelo Branco; que o alcaide-mor desta vila convocasse pelo pregoeiro todos os habitantes do seu concelho e todos saíssem das muralhas a receber aquela bandeira, que seria hasteada pelo comendador de Castelo Branco no lugar mais elevado da Alcáçova;
Que todos erguessem as mãos ao céu e jurassem perante Deus de cumprir este acordo;
Que em sinal de paz o alcaide-mor de Covilhã desse um beijo ao mestre do Templo e o mesmo fizessem os alcaides de Covilhã e Castelo Branco;
Que se alguém, recordando-se de antigos ódios, ofendesse pessoa doutro concelho, fizesse nele justiça o concelho do ofendido;
Que se alguma das partes deixasse de cumprir pagasse à outra dois mil áureos, podendo a que obedecesse a esta sentença fazer apreensão à contraventora em bens equivalentes à multa convencionada.
No sítio da Contenda ainda hoje existem as ruínas da ermida construída pelos habitantes de Castelo Branco para sepultar os de Covilhã que foram chacinados na serra da Gardunha.
Esta ermida era da invocação de S. Pedro, podendo ainda ver-se a imagem deste santo na Igreja do lugar de Cortiçada.
Segundo a tradição, a praça da Concórdia em Vale de Prazeres deve a sua toponímia ao termo da contenda entre os dois concelhos,
Em 10 de Março de 1240 foi a vila de Castelo Branco visitada pelo rei D. Sancho II, que aqui ordenou o povoamento do território de Idanha-a-Velha.
Sendo mestre da Ordem do Templo D. João Escritor, fizeram os Templários, em Setembro de 1242, uma concordata com o bispo da Guarda para que este bispo tivesse umas “suficientes e honradas casas” na vila de Castelo Branco e em Vila Velha de Rodam para nelas recolher suas rendas e procurações.

(Continua – 8/103)

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951

Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

quinta-feira, novembro 15, 2007

Zona Histórica de Castelo Branco

Quem de protege?

A zona histórica da cidade de Castelo Branco “Castelo” foi durante mais de 50 anos uma zona da cidade esquecida pela autarquia albicastrense, ali tudo era possível fazer-se, pois não havia qualquer fiscalização para evitar as muitas burrices urbanísticas ali cometidas ao longo desse tempo.
Pensava eu que tal atitude era prática de outro tempo… puro engano!
A praxe contin
ua na nossa zona histórica, o caso aqui relatado não é de gravidade extrema, no entanto não podemos deixar de denunciar esta irresponsabilidade, é nosso dever denunciar este tipo de atentado ao nosso património arquitectónico, para que os responsáveis possam ser devidamente responsabilizados e penalizados.

Vamos aos factos:

As fotografias aqui apresentadas mostram-nos a fachada dum prédio situado na rua dos Ferreiros onde até há pouco tempo existia um restaurante que tinha por nome “ O Ferreiro”. Após o trespasse deste estabelecimento, o novo proprietário resolveu fazer obras no estabelecimento, depois das obras feitas no interior, toca a pintar parte da fachada do prédio ocupada pelo restaurante (aqui é que a porca troce o rabo).
Então não é que o respectivo proprietário resolve pintar todas a portas de cinzento e respectivas ombreiras em granito da mesma cor (conforme aliás se pode ver nas fotografias), é caso para dizer que nem
o diabo se lembraria de tal barbaridade nos tempos actuais! (Veja-se a diferença entre as ombreiras pintadas pelo nosso “herói” e as outras existentes no local)
Onde raio estão os organismos albicastrenses (Câmara e I.P.A.R) responsáveis pela protecção da nossa zona histórica?
Esta zona da nossa cidade, não pode continuar a ser um faroeste onde tudo pode continuar a ser feito e ninguém é responsabilizado.

Aos albicastrenses lançava desde já um desafio…

Quando o restaurante abrir ao público, ninguém deveria ir àquele espaço, enquanto os respectivas portados não forem devidamente limpos, pois só assim é possível evitar e punir este tipo de comportamento irresponsável.

O Albicastrense

quarta-feira, novembro 14, 2007

CURIOSIDADES ALBICASTRENSE - (XVII)


A 30 de Abril de 1605,Frei Bartolomeu da Costa e grande benfeitor da Santa Casa de Misericórdia de Castelo Branco, deixou em testamento todos os avultados bens que possuía a fim de ser construído um “Hospital de Convalescentes”. 
Este Hospital viria a fiar instalado na Rua D’ ega, que era a sua própria residência e que ficou conhecida como (A Casa do Tesouro Santo)
Os bens que Frei Bartolomeu da Costa legou, eram constituídos por cinco casas de habitação; duas vinhas; seis terrenos de oliveiras; 92 terras de semeadora e um padrão de juros, de rendimento anual, no valor de 240 mil réis, que eram pagos pelo Almoxarife de Castelo Branco.
PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ”A Reconquista”
O Albicastrense

Fotografias Antigas de Castelo Branco

FOTOGRAFIAS DE CASTELO BRANCO

(Cores ou Preto e Branco)

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Bons Preços

O Albicastrense

terça-feira, novembro 13, 2007

ALBICASTRENSES ILUSTRES - XXV

Faria de Vasconcelos

(1880-1939)

António de Sena Faria de Vasconcelos nasceu em Castelo Branco em 1880.
O seu nome foi dado a uma das escolas da nossa cidade, porém não tenho duvidas que este albicastrense será um ilustre desconhecido, para a grande maioria dos habitantes da cidade onde nasceu em 1880, tendo falecido em Lisboa em 1939.
António de Sena Faria de Vasconcelos estudou Direito, em Coimbra e em 1902 foi para a Bélgica estudar na Universidade Nova onde chegaria a Professor Catedrático. Em 1912 funda a Escola Nova de Bièrges-Les-Wavre. Adolphe Ferrière sublinhou o valor desta escola, que usava a inteligência e a acção em vez da memória. Ferrière foi amigo e admirador de Faria de Vasconcelos.
A fundação da sua escola na Bélgica, a sua participação como professor no Instituto Jean-Jacques Rousseau (Genebra, Suíça) o trabalho que prestou em Cuba e na Bolívia, onde publicou muitos livros sobre Psicologia, traduzidos para inúmeras línguas, foi muito importante. Ainda hoje é conhecido nesses países. A sua contribuição para a criação e desenvolvimento das Escolas do Magistério Primário em Cuba e na Bolívia foi, de resto, fundamental.
Voltou para Portugal sendo professor na Universidade de Lisboa, continuando a escrever. Não sabemos qual teria sido a sua relação com o regime de Salazar. Participara, com António Sérgio, de uma tentativa de reforma educativa. Ferrière considerou modelar a escola que fundou e dirigiu na Bélgica. “Une École Nouvelle en Belgique” é uma obra que se encontra traduzida em inúmeras línguas, tal como outras que Faria de Vasconcelos nos deixou.
A admiração que por ele existe no ‘Mundo Hispânico’ é fácil de observar: basta falar nele na Galiza. Um dos seus livros foi distribuído por todos os professores bolivianos. Em Portugal, na maioria dos casos, permanece desconhecido. Mais estranho ainda: a maioria das suas obras, escritas originalmente em francês ou castelhano, nunca foram traduzidas para português.

A revista. “Estudos de Castelo Branco” publicou textos seus em várias edições, que compõem um aumento significativo para o conhecimento da vida e obra, de Faria de Vasconcelos.
Parte destes dados foram recolhidos em: http://www.apagina.pt
O Albicastrense

quinta-feira, novembro 08, 2007

Castelo Branco na História - VII

(Continuação do número anterior)

O rei D. Sancho II, não obstante figurar o seu nome na doação feita pelo seu progenitor em 1214, fez uma nova doação de Castelo Branco aos Templários em1229, na qual esse agregado populacional era mencionado como uma grande e importante povoação.
Segundo uma certidão datada em Elvas aos 15 de Marco de 1271, o cabido da ordem do Templo, reunido em Zamora em 4 de Março, concedeu aos habitantes de Mancarchino ou Castelo Branco de Mancarchino “todos os bons foros e os bons usos e os bons costumes de Elvas”.
Consta do mesmo documento que o concelho de Elvas deu uma cópia da sua carta de foral, autografada por tabelião, a três emissários de Mancarche
que ali foram com esse objectivo, munidos da certidão passada pelo mestre D. Frei Guilan de Pontes.
São também mencionados os nomes dos três emissários: o alcaide Domingos Domingues, o capelão João Pires e o sesmeiro Domingos Fernandes.
Resumindo, estão averiguados os seguintes factos sobre a origem de Castelo Branco: que esta povoação teve a denominação de Mancarche no século XIII, ignorando-se se este nome foi o primitivo; que teve também a designação de Castelo Branco de Mancarchino; que o povoamento da região, onde foi edificado, data de tempos remotos, anteriores à fundação da nossa nacionalidade; e finalmente que os Templários a restauraram e promoveram o seu desenvolvimento, dando-lhe simplesmente o nome
de Castelo Branco.
O castelo foi construído ou restaurado pelos Templários no primeiro quartel do século XIII. Em 1230 já ele estava edificado, consoante de depreende de um documento da época no qual se faz menção da alcáçova de Castelo Branco.
Este documento, que foi transcrito por Alexandre Hercu
lano na sua História de Portugal, é uma concordata feita pelos municípios de Castelo Branco e Covilhã, para pôr termo a desavenças então existentes entre estes dois concelhos.
Tendo travado uma sangrenta peleja na serra da Gardunha no local ainda hoje conhecido pelo nome de Contenda (nas proximidades de Vale de Prazeres) e desejando estabelecer relações amigáveis, nomearam, habitantes de Castelo Branco e os de Covilhã, três árbitros: o bispo de Viseu, o alcaide de Santarém e o chantre da Sé da Guarda.
Reuniram os árbitros no mosteiro de Santa Maria de Ozezar, situado na freguesia do Zêzere, do concelho de Tomar, mais tarde dominada Paio Pelle e que hoje tem o nome de Praia do Ribatejo.

(Continua – 7/103)

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951

Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

segunda-feira, novembro 05, 2007

ZÉ GAVETAS

NUM DOS COMENTÁRIOS COLOCADOS NESTE BLOG ALGUÉM PERGUNTAVA:
Para quando um poste dessa figura mítica albicastrense, que dava pelo nome de ZÉ GAVETAS?

JOSÉ DA ASCENÇÃO
O desafio foi aceite e depois de alguma pesquisa, aqui está o trabalho, sobre essa excêntrica figura, (como há bem pouco tempo Fabião Batista, rotulou esta e outras personagens albicastrenses, num recente trabalho publicado no Jornal "A Reconquista").

Das poucas figuras extravagantes que a nossa cidade conheceu no século XX, esta será seguramente uma das mais lembradas, e ao mesmo tempo, uma das que mais saudades deixaram aos albicastrenses. O Zé Da Assunção "Gavetas" nasceu no Castelo, (hoje conhecido como zona histórica de Castelo Branco), entre anos vinte e anos trinta (?), filho de um romance "furtivo" de sua mãe, com um militar de alta patente (segundo boatos da altura, consta que ele era a cara do dito cujo), ali cresceu e se fez homem, também lá morreu nos anos setenta. 
Muitas são as histórias contadas na nossa cidade, sobre o Zé Gavetas, umas serão autênticas e outras forjadas pelo próprio tempo. Algumas das histórias que aqui vou contar foram-me relatadas pela sua prima D. Adelaide hoje com 87 anos, outras por pessoas amigas que o conheceram, outras são parte das minhas próprias recordações de criança e por fim algumas são fruto de pesquisa em jornais da cidade. 
Conta-se que quando se vestia de fato e gravata ou papillon, (mesmo que o referido fato, fosse de segunda mão), tomava uma postura de aristocrata, parecendo mesmo um grande senhor de maneiras e atitudes importantes e ricaças. Era desta maneira, que ele muitas vezes passeava frente às esplanadas dos Cafés Aviz e Arcádia, exibindo-se e olhando por cima do ombro, para quem ali se encontrava nas esplanadas, à espera que o saudassem carinhosamente. 
Essa sua "extravagância" de grandeza e de pessoa importante, chegava a ponto de dizer a sua tia (Mãe de D. Adelaide) que brevemente ia casar, porém não as podia convidar para o casamento, pois à cerimónia só iriam pessoas importantes (Doutores como ele gostava de dizer).  Consta que um dia o fotógrafo Barata o convidou para tirar umas fotografias, arranjou-lhe um fato, assim como todos os acessórios necessários para a reportagem, e toca a tirar fotografias, fotografias em que o Zé aparecia que nem um lorde, em diversas posições, com cigarro, ou sem cigarro, sentado ou em pé. 
Estas fotos obtiveram um enorme sucesso na nossa cidade nos anos 50, (a fotografia aqui apresentada, deverá ser uma dessas). Conta-se que a sua presença frente à Escola do Magistério Primário era quase diária, as jovens que frequentavam esta escola eram todas suas namoradas (segundo ele), eram elas que na maior parte das vezes, lhe traziam roupa e alimentavam e o acarinhavam.  Das histórias mais hilariantes que sua prima me contou, a que se segue é seguramente a que mais cozo me deu ouvir. Segundo ela a nossa personagem tinha um grupo de amigos que regularmente se reunia na sua casa no castelo em jantaradas e muitos copos, um dia dois deles vão roubar um Borrego e toca a fazer uma grande jantarada.
O dono do bicho descobre e leva-os a tribunal, em plena sala de audiência o Zé juntamente com o outro capincha (que não consegui saber quem era), começam a elogiar as paredes da sala do tribunal e os quadros ali expostos, dizendo em voz alta para quem os quisesse ouvir "que belos quadros e bonita parede" o juiz volta-se para o dono do borrego e diz-lhes:
- O que é que o senhor quer que eu faça a estes dois malucos!
Naquele tempo havia uma casa de prostituição no Castelo, (a casa da Carmo). Segundo consta era o Zé, que encaminhava para lá os rapazes que vinham fazer a inspeção militar na nossa cidade (qual seria o pagamento de tal serviço). 
Zé terá sido o antecessor do saudoso Guilhermino, (outra figura popular da cidade), no trabalho que este desempenava no Cine Teatro Avenida, pois era ele que no antigo Cine Vaz Preto (situado na rua Tenente Valadim) ia buscar os filmes à estação do comboio. Quando deixou de trabalhar neste local, era usual vê-lo à saída das sessões com um cartaz onde se podia ler. "Ó criado não me mates a trabalhar, que o Zé Gavetas vai-te encerar a casa e dar brilho ao teu soalho", o Zé chegou ainda a vender jornais e revistas, foi tombem engraxador no antigo largo dos cafés.
Para terminar este poste falta dizer o seguinte:
O Zé alimentava pela mãe um grande carinho, (facto que eu próprio ouvi em criança), e que tudo fazia para lhe agradar.
Para quem como eu conheceu esta personagem, durante a minha juventude, resta acrescentar que embora a sua saúde mental muito deixasse a desejar, nunca lhe ouvi uma palavra de ofensa, para quem quer que fosse. 
Morreu na década de 70 (não consegui saber o ano do óbito), com a sua morte a cidade de Castelo Branco perdeu uma das figuras mais populares excêntricas do século XX.
                                                O Albicastrense

quinta-feira, novembro 01, 2007

A NOSSA HISTÓRIA - (III)


A TERRA ALBICASTRENSE NO TEMPO 
A 27 de Novembro de 1285, estiveram em Castelo Branco, suas majestades o rei D. Dinis e sua esposa a Rainha D. Isabel de Aragão. 
Os régios visitantes saíram no dia seguinte. 
Porem, o monarca, achando que a vila não se desenvolvia e que o casario estava deveras espartilhado pelas muralhas, com ruas muito apertadas e vielas estreitas, ordenou que se construíssem novas muralhas, a fim de haver mais espaço, para melhor se urbanizar e para se poderem abrir ruas mais amplas, onde melhor se transitasse e mais confortavelmente se mercandejasse. 
Neste sentido o perímetro das muralhas, que estava a asfixiar a urbe, passou a ter o triplo do seu comprimento.

PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal
”A Reconquista”

O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...