ZONA HISTÓRICA
Ruas e Praças da Terra Albicastrense
Na toponímia
albicastrense, existem nomes que todos nós já ouvimos, mas cujo significado na
maior parte das vezes desconhecemos. Estão neste caso muitas
das ruas do castelo: rua do Arressário, D`Ega, Peleteiros e Cabeças são algumas
dessas ruas, na minha pesquisa no antigo jornal “A Beira Baixa”, encontrei este
pequeno artigo do Prof. J. Diogo Correia referente à toponímia albicastrense da década de
50, artigo que não resisti em publicar neste blog.
Arreçário e não
Arressário, como lá está escrito, é um termo arcaico em que entra a palavra
árabe “arrç” seguida da terminação portuguesa
“ario”. Significa: Elevação de
terreno entre dois vales, lomba, cumeada. No caso presente, equivale a: Rua da Ladeira ou Costa,
visto estar situada na costa do Castelo.
Há o mesmo topónimo nas vilas de
Sintra e Castelo de Vide. Partidária de França Ega
é o nome de uma antiquíssima povoação do concelho de Condeixa, conquistada aos
Mouros por D. Afonso Henriques; a primitiva designação da cidade de Tefé do
Estado do Amazonas, no Brasil, e ainda o sobrenome de uma das personagens de "Os Maias”, de Eça de Queirós.
Presume que nesta rua houvesse morado um fidalgo ou rico-homem com aquele nome
ou apelido, talvez o possessor da terra conhecida em Malpica do Tejo por Navedega
(nave, ou planura, de
Ega).
Creio que nenhuma
afinidade teve com este topónimo albicastrense a famosa Condessa da Ega,
acérrima e favorita de Junot, em 1807.
Peliteiros, e não Peleteiros, como erroneamente se escreveu num dos cunhais desta rua e outra travessa que tem o mesmo nome.
Peliteiros, e não Peleteiros, como erroneamente se escreveu num dos cunhais desta rua e outra travessa que tem o mesmo nome.
Em tempos já
distantes, certas ruas eram designadas pelos mesteres que nelas
predominantemente se exerciam. Assim aparecem as ruas:
dos Ferreiros, dos Oleiros, dos Peliteiros, etc. Mas objectarão, porventura alguns leitores menos cultos, se a palavra não se
relaciona com pele… A estes supostos
interpelantes darei a seguinte explicação.
Nunca se me deparou a palavra peleteiro, nem nos autores modernos, nem nos textos
antigos; mas sei que teve larga vida o termo peliteiro, o mesmo que peliceiro
(o mesmo que curtidor de peles), outro vocábulo que também desapareceu do falar
comum e que nos veio do baixo latim peliqueiros. Em Trás-os-Montes, ainda hoje chamam aos negociantes de peles peliceiros e
peliqueiros. Em todos os exemplos citados aparece sempre, como não podia deixar
de ser, o i a seguir ao l, acrescida do sufixo “eiró”, designativo de
profissão, como sapateiro, livreiro, pedreiro etc.
- J.
Diogo Correia terminava este esclarecimento com um recado à autarquia
albicastrense: Se tanto me é permitido,
daqui peço à ilustre edilidade albicastrense, que pondere as razoes acima
alegadas a favor da legitimidade de paliteiro o qual em boa verdade, não é de todo despiciente.
Texto publicado como foi escrito no jornal “Beira Baixa”
em 1955. Autor, Prof J. Diogo Correia
O Albicastrense
Agradeço. na minha passagem por Castelo Branco vi essa rua a do Arressário. Enviei um eMail á C.M. sem resposta, perguntei nas ciberdúvidas da lingua portuguesa e pouco mais. Já estou mais descansado. Há 5 anos que queria saber o significado. Obrigado.
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