sexta-feira, novembro 30, 2007

Castelo Branco na História IX


(Continuação do número anterior)
A povoação de Castelo Branco tomou grande incremento durante o século XIII e, quando o Rei D. Dinis a visitou em 1285, em companhia da Rainha Santa Isabel, notando que as muralhas que a cingiam constituíam um obstáculo para a sua expansão, ordenou o seu alargamento, custeando a despesa com as rendas reais. As antigas muralhas tinham as seguintes portas: a de S. Tiago, a do Ouro, a da Traição e a do Pelame. A vila foi ampliada em 1319 para os lados do sul e do nascente e a nova muralha posou a ter sete portas. Foram mantidas as portas de S. Tiago, do Ouro e da Traição e acrescentadas as portas da Vila de Santarém, do Espírito Santo e do Esteval. A antiga porta de Pelame, próxima da rua dos Peleteiros e cujo arco ainda existe na Praça Velha (hoje praça Luís Vaz de Camões) ficou dentro do novo perímetro. Para facilitar a entrada e a saída da população foram mais tarde abertas, nas muralhas, a porta do Relógio, o Postigo e Postiguinho de Valadares cuja designação se mantêm numa travessa que liga o actual Largo da Sé com a rua de Santa Maria.
À hora de recolher tangia o sino da Câmara para prevenir a população do encerramento das portas.
Após a extinção da Ordem do Templo, em 1311, pelo Concilio geral de Viana, passou o castelo a ser a sede de uma comenda da Ordem de Cristo, criada pelo Rei D. Dinis, que ordenou a colocação de cruz dessa Ordem e as armas reais nas entradas da vila. Foi em Castelo Branco, no século XV, que o Rei D. João II recebeu os embaixadores dos Reis Católicos de Espanha que vieram, baidadamente, solicitar-lhe indulgência para o duque de Bragança e seu Irmão, o marques de Montemor, comprometidos na conspiração contra o Príncipe Perfeito.
O Rei D. Manuel I visitou também a vila de Castelo Branco em 1510, tento-lhe concedido um novo foral, datado em Santarém, no dia 1 de Junho daquele ano. Durante as guerras da restauração (1646_1668) a vila e a muralha foram muito danificadas pelas incursões dos espanhóis, em consequência da sua posição geográfica, nas proximidades de fronteira.
Nas cortes de 1646, os procuradores de Castelo Branco, que tinham assento no lugar nº 40 do banco 7º, declararam que esta terra perdera durante a guerra 800 homens afora os que dera para o exército e mais de 6800 cabeças de gado. Na invasão de 1648, foi a vila tomada e saqueara pelas tropas castelhanas, tendo sido libertada pouco tempo depois pelas hostes de D. Sancho Manuel, que perseguiram o inimigo para alem da fronteira.
Em 1704, no reinado de D. Pedro II, como Portugal houvesse aderido ao pacto da Grande Aliança, no qual se concertavam, alem do nosso pais. A Inglaterra, a Alemanha e a Áustria ao trono de Espanha, vago pelo falecimento de Carlos II, foi a vila invadida por um corpo de exército franco-castelhano, que demoliu parte da muralha e incendiou a Igreja de Santa Maria do Castelo.
(Continua – 9/103)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951

Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

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