quarta-feira, novembro 30, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE – (VI)

ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)
 (Continuação)
A propósito do duplo centenário acorrido em 1949 o governo do Estado Novo iniciou lição de alta cultura com o reconhecimento dos velhos castelos, pilares da Nacionalidade.
O restauro do nosso ainda entrou na forja, mas faltou-lhe homem de fôlego para assoprar a brasa capaz de dar calor á obra ainda mal começada.
O restauro não se fez, nem ao menos se concluiu a velha torre, a que caiu do cansaço, que aí ficou a gritar-nos qualificativos, que em alguns assentam à maravilha.
As muralhas tinham primitivamente 7 portas, a saber:

1ª) Porta da Vila
Dava entrada para a rua dos Ferreiros aos caminhos que convergiam ao Largo de São João.
2ª) Porta de Santiago.
Ao norte, na encosta do castelo. 
Dava entrada pela calçada da Alegria aos caminhos que vinham de Cafede e São Vicente da Beira. O nome vinha-lhe de uma capela do Apóstolo que estava junto à ponte da Alcreza, no caminho que vem de Cafede para Castelo Branco.
3ª) Porta do Esteval. 
Não se identifica com exatidão, mas ficava na encosta do castelo, entre as portas de Santiago e da Traição. Ainda existente, em frente de São Gens.
4ª) Porta da Traição. 
Ainda existente, em frente de São Gens.
5ª) Porta de Santarém. 
A poente, em frente da igreja de Santa Maria. Dava entrada aos caminhos vindos de Sarzedas.
6ª) Porta do Ouro. 
Não se conhece a razão do qualificativo. Estava perto da torre de Santa Maria e em frente da Capela de São Brás.
7ª) Porta do Espírito Santo.
Dava entrada para a rua de Santa Maria aos caminhos que vinham da Açafa e do norte Alentejano.

A necessidade premente de dar fuga para fora das muralhas a uma população em ritmo acelerado de crescimento, obrigou à abertura de mais três portas, que ficaram assim chamadas.

1ª) Porta do Postiguinho de Valadares. 
Dava saída à Rua dos Peleteiros para o largo da igreja de São Miguel. 
2ª) Porta do Relógio. 
Dava saída à praça, hoje chamada de Camões, para a rua hoje chamada do Dr. Morão.
3ª) Porta do Postigo
Dava saída à Rua do Poço das Covas para a Devesa.

Nenhuma destas portas tem cronica merecedora de reparo, a não ser aquela da Traição por onde furtivamente entrou Manuel da Fonseca Coutinho, alcaide de Idanha, com a sua criadagem armada, e assassinou Dom Fernando de Meneses, alcaide de castelo Branco.
(Continua)
O Albicastrense 

sábado, novembro 26, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE – (V)

 ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)
(Continuação)
(1) O castelo e muralhas são obras dos templários. Naquele instrumento de 1230 que julgou o conflito sangrento havido entre o Concelho de Covilhã e a Ordem do Templo com o Concelho de Castelo Branco à mistura, lá está exarado a nota – “Et comendator Casteli blanchi accepiat vexillum (Covillham) et exaltel illud in sumitate castri Castelli blanchi”, o que significa que já no tempo de Dom Sancho I a alcáçova era realidade, e no alto de uma das suas torres foi arvorado o estandarte da Covilhã. ~

Em 1510, já em plena crise que levou a Ordem do Templo para a extinção, discutia-se a propriedade dos bens da Ordem, e Dom Dinis prestou-se á comédia diplomática preparatória da reversão dos bens para a coroa, se o Pontífice persistisse na teima de não atender á súplica do Rei de Portugal.
 A bula de 14 de Março de 1319 instituiu a Ordem de Cristo, como era desejo de Dom Dinis e para essa Ordem passaram todos os bens dos Templários.
 Assim a vila de Castelo Branco, passou diretamente dos Templários para a Ordem de Cristo, e, por isso, não é crível que Dom Dinis se quisesse substituir às Ordens do Templo ou de Cristo na feitura do Castelo e muralhas, quando estas Ordens eram ricas para se abalançarem às despesas da fortificação de Castelo Branco sem necessidades do auxílio erário real.
 Uma das torres do castelo que conseguira escapar à sanha dos homens e à ação mordente do tempo, deixou-se chapar naturalmente, com muito barulho e alguma poeira em 3 de Março de 1936.
Felizmente a geração que vinha de 1821, simbolizada no tal capitão da tropa, mais no Presidente da Câmara e no Perfeito da Província daquele tempo, era forçada a cozer em quietação a bebedeira da liberdade, por imperativo de uma nova geração que parecia querer afirmar-se em ânsias de amor à terra, bebido em lições de um passado glorioso.
 A velha torre que imprimira carácter ão burgo de Pedro Alvito estava ali prostrada, desarticulados os elementos que a haviam feito gigante.
Acorreu à cidade a ver os destroços mas a ninguém passou pela mente utilizar os seus materiais, antes se palpava a resolução coletiva de fazer ajeitar de novo aquelas pedras sagradas pela ação do tempo, refazendo a forma e figura da velha torre, nas linhas fortes da sua elegância castrense.
(Continua)
O Albicastrense

terça-feira, novembro 22, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE – (IV)

ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)
 (Continuação)
E segundo a lição de Rui de Pina, em terras da beira nada mais fez o nosso Dom Dinis, e vamos lá que já não fez pouco.
A fantasia de o castelo e muralhas da vila de Castelo Branco serem dionisianas, foi modernamente perfilhada pelo senhor General João de Almeida, que prestou o inestimável serviço de editar o livro das fortalezas de Duarte Darmas, e nele, da sua lavra, pôs a seguinte nota:
 “Em 1286 El-Rei Dom Dinis, ou porque os Templários não tivessem levantado as fortificações que Dom Afonso II lhes impusera na doação, ou porque não satisfizessem a uma defesa eficaz, mandou fazer outro Castelo, com sua torre de menagem de sete quinas e cercou a povoação de uma grossa e alta muralha”.
São desse tempo as fortificações desenhadas por Duarte Darmas. É bem certo que quem conta um conto sempre lhe acrescente um ponto, e não quis o senhor General João de Almeida desmentir o aforismo, e por isso atribuiu a Dom Dinis não só a feitura das muralhas, mas também a do Castelo, com a sua torre de menagem de sete quinas.
Seja lá como for, o que não está certo com certeza, é que Dom Afonso II, na doação da Herdade de Cardosa, houvesse imposto aos templários a obrigação de fortificarem Castelo Branco do Moncarchino, como o leitor pode verificar no texto da doação que publicamos integralmente.
Os desenhos de Duarte Damas são preciosos para se aquilatar da grandeza do Castelo. 
Em 1753 fez-se o Tombo da Comenda e o castelo e as muralhas ainda se erguiam imponentemente na elegância das suas linhas castrenses.
Depois a ação mordente do tempo e a ação daninha do homem, reduziram a nada a obra formidável dos Templários (1).
Em 1821 um capitão da tropa, secretário das armas da província, pediu licença para utilizar as pedras da muralha na construção de uma casa.
Ouvida a Câmara, achou bem o pedido, contando que a pedra não fosse tirada dos lanços da muralha em poder dos particulares. Foi o início da derrocada.
Em 1835 a Camara representou ao Governo a conveniência de serem apeados os Arcos das Portas da muralha.
Achou bem o Perfeito da Província e do Ministério da Guerra baixou a portaria de 17 de Julho de 1835, autorizando o apeamento dos arcos das muralhas, utilizando-se a pedra em obras de manifesta utilidade pública.
Em 9 de Março de 1839 outra portaria autorizava a almoeda de parte de pedra do castelo, e em 20 do mesmo mês e ano ainda, outra portaria mandava continuar a almoeda de venda da telha e madeiras do castelo!
(Continua)
O Albicastrense

sábado, novembro 19, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE - (3)

ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)
 (Continuação)
Em 1245 fez-se no Porto uma escritura de composição entre o Mestre e freires da Ordem do Templo e o Bispo da Garda, sobre direitos episcopais, e nela se estipulou que os templários dariam aquele Prelado, em castelo Branco: (lugar adequado para fazer uma casa para celeiro e habitação para ele, Prelado e sua comitiva).
Et debent in castelo blanco dare et concedere locum competentem Episcopo, in quo possit fecére dominu ad conservandum panem, et res suas, etad pousandum cum suis”.
Os templários deram ao Bispo, no largo que ai está crismado de Luís de Camões, lugar adequado para ele fazer a sua casa de residência e o celeiro dos seus haveres, como na realidade fez.
Só quem for ceguinho de todo é que não dá logo tento que o Arco não foi feito para porta de muralha (1), e não descortina em uma das suas faces sinais certos de residência principesca, identificada pelo chamadoiro do Arco, que desde séculos vem sendo conhecido por Arco do Bispo, que outro não foi senão o da Composição de 1245.
Em frente do celeiro do Bispo, ficava o celeiro da Ordem como faz certo a casa que ainda ai está com a cruz da Ordem incrustada na parede. 
O produto da cobrança do dizimo estava intacto no celeiro da Ordem, incrustado na parede. O produto da colaboração do dizimo estava intacto no celeiro da Ordem e era de lá que saia a quarta parte para o celeiro do bispo, nos termos da escritura de 1245.
Revertendo ao caso das muralhas. Se em 1245 ou pouco depois, o Bispo da Guarda e os Templários edificaram no largo hoje conhecido de Luís de Camões os seus celeiros, é porque os julgavam a coberto de qualquer atrevido golpe de mão, ou mais concretamente, o largo tinha o natural resguardo das muralhas da vila a cobri-los da cobiça de gente de fora parte.
Temos aqui à mão a crónica de Dom Dinis, da autoria de Rui de Pina, em edição recente a reproduzir um códice inédito da Biblioteca Municipal do Porto.
Ora o seu capitulo XXXII está assim rubricado: “Das obras e cousas mais notáveis que El-Rei Dom Dinis fez em sua vida – Com este acrescentamento:
Este Rei em seu tempo fez na Comarca da Beira e Riba Côa estes castelos a saber. Avô, que agora é do Bispo de Coimbra, o Sabugal, Alfaiates, Castelo Rodrigo, Vila Maior, Castelo Bom, Almeida, Castelo Melhor, Castelo Mendo, São Felizes de Galegos, Fez mais Pinhel e o seu Castelo:
(Continua)
                                             O Albicastrense

quinta-feira, novembro 17, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE - (2)

ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
 “CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)

(Continuação)
A porta do Pelame que desapareceu no segundo cerco das muralhas pode bem supor-se que é o Arco ainda hoje existente na praça (hoje de Luís de Camões) e que dá entrada para a rua do Bispo.
Esta asserção não é tão inverosímil como pode parecer á primeira vista. A rua que descendo do castelo perpendicular à rua dos Ferreiros, finda em frente do Postiguinho de Valadares, dos Peleteiros.
A rua dos Peleteiros devia ficar próxima à porta do Pelame, nome que esta a indicar que os peleteiros, curtiam, surravam e arejavam as peles no campo imediato à porta.
Ainda mais: a rua mais próxima do Arco chamava-se Nova, o que indica ter sido a primeira que se formou depois de alargado o perímetro da muralha e em continuação à povoação para o lado do sul.
Por todas estas razões podemos afirmar que a antiga porta do Pelame é o Arco que forma a entrada da rua do Bispo.
Até aqui os dizeres de A. Roxo que merecem reparo para pôr a boiar a verdade sobre este ponto da história citadina. Antes de mais uma singela observação.
Se tivesse sido realidade o tal primeiro cerco de muralhas, por força do subsequente alargamento, era inevitável a demolição dos dois lanços da muralha, ambos saídos do arco existente na praça Luís de Camões.
Um a fechar na porta do Ouro, lá no alto, junto à torre de Santa Maria, fronteira à capela de São Braz.
Outro a fechar no lanço da muralha que descendo da porta de Santiago vem até à barbacã do norte que é, mais palmo menos palmo, no lanço da muralha ainda existente, e que agora dá passagem para o atual Jardim Escola.Ora não consta que até hoje se tenham encontrado vestígios dos alicerces de qualquer dos referidos lanços de muralha.
A suposição de ser o Arco do Bispo a porta do Pelame é pura fantasia de António Roxo, atreito a fazer história por tentativas.
Coloque-se o leitor lá em cima, no castelo, na porta do Ouro facílima de localizar por estar edificada em frente da torre de Santa Maria e ser fecho do lanço de muralha a subir a vertente do Espirito Santo, como se vê no precioso desenho do noroeste da cidade de Duarte Darmas.
Deste miradouro, por cima do casario das ruas do Mercado, dos Cavaleiros e outros da cidade velha, procure com os seus olhinhos a praça de Camões e nela o Arco do Bispo, ligue o Arco com a porta do Ouro e observe que a Rua Nova é uma rua velha com assente forçado a dentro do tal perímetro primitivo de muralhas, fantasiado por A. Roxo.
E já agora não abandone o seu miradouro sem ligar o famoso Arco com a barbacã do norte, para verificar a realidade palpável de os famosos peleteiros poderem exercer a sua atividade industrial em pleno campo, ou seja extramuros, sem necessidade da porta do Pelame, que A. Roxo congeminou.
E ao tempo já existiria com aquele nome a rua dos Peleteiro?
O problema do arruamento forçado dos mesteirais não aflorou ao espírito simplista de A. Roxo, e ainda bem, para lhe não cortar as asas á inocência da porta do Pelame, da sua exclusiva invenção. E a Rua Nova? O chama-douro desta rua não tem nada que ver com a pretensa dança das muralhas.
Segundo o testamento de Rui de Pina, Dom Dinis fez a Rua Nova de Lisboa sem haver mexido nas muralhas da cidade, e um Bispo de Viseu fez a Rua Nova daquela cidade adentro do cerco das suas muralhas.
A nossa Rua Nova também tem a sua história, mas por agora basta fixar que em 1481 o juiz da Covilhã Álvaro Gomes veio a Castelo Branco ajuramentar os novos alcaides Álvaro Martins e João Rodrigues, e o juramento se realizou na domus municipalis, que era ao tempo na rua Nova.
(Continua)
O Albicastrense 

segunda-feira, novembro 14, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE - (1)

 ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ DE
(J. RIBEIRO CARDOSO)

"O castelo e as muralhas da cidade não são dionisianas. O arco do Bispo existente no Largo Luís de Camões nunca foi porta da muralha. 
A escritura de composição de 1245 estipula que os Templários dariam aos Prelados da Guarda lugar adequado para construírem em Castelo Branco vivenda para si e casa para o seu celeiro, como realmente fizeram, e o arco atesta.
O inventário da obra dionisiana na Beira Baixa, segundo a crónica de Dom Dinis, da autoria de Rui de Pina.
Uma das torres do Castelo que resistira à ação do tempo e escapara à malicia dos homens chapou-se no nosso tempo, com muito barulho e alguma poeira. As portas das muralhas. 
A cidade velha tinha um fácil específico que lhe imprimia caracter. O casario alinhava em ruas estreitas, em ritmo igual de construção, sem sinal a marcar alojamento de pessoa fugida às categorias de peão ou cavaleiro vilão, marcadas no foral".

O palácio dos Templários dentro da alcáçova. A rua do Mercado, na encosta do castelo, coração da cidade velha, e as suas andanças até se fixar fora de portas, no largo da Devesa.
A divulgação da obra de Duarte Darmas que tráz o desenho da alcáçova e cerca amuralhada de Castelo Branco veio evidenciar as linhas fortes da defesa da nossa cidade. 
Sobre a paternidade daquelas antigualhas castrenses, os monógrafos da nossa terra Porfírio da Silva e António Roxo concertaram-se no destempero de as atribuir a Dom Dinis, talvez só por força do aforismo que bem ou mal ensina: - quem dinheiro tiver fará o que quiser, e como Dom Dinis era tido e havido por muito abonado, dele se diz: - que fez o que quis e segundo Porfírio da Silva ele quis em 1319 cingir Castelo Branco de fortes muros.
Esta afirmação fugiu da boca de Porfírio sem licença do juízo.
Em 14 de Março de 1319 foi criada a Ordem de Cristo, e para esta ordem passaram todos os bens dos Templários, e castelo Branco não chegou a reverter para a coroa e passou diretamente da Ordem do Tempo para a Ordem de Cristo, e por esta razão não teve Dom Dinis oportunidade de a cingir de fortes muros.
Entre 1230 em que há notícias históricas da existência da alcáçova e 1319 em que foi criada a Ordem de Cristo, medeia quase um seculo, e foi nesse espaço de tempo que as muralhas foram levantadas pelos templários. 
O resto, o que dizem A. Roxo e o general João de Almeida sobre o assunto, é prosa que também à toa lhes saiu da boca sem licença do juízo (1).
António Roxo com fumaças de erudito, por seu lado, diz assim:
- O Castelo foi principiado muito provavelmente durante o mestrado de Pedro Alvites. O primitivo cerco de muralhas foi feito apenas com 4 portas: - Pelame, Santiago, Traição e Oiro. 
Tão rápido foi o incremento da povoação, que em 1285 vindo Dom Dinis com sua esposa Dona Isabel à vila de Castelo Branco, achou que a vila estava apertada pelas suas muralhas e ordenou que à custa das rendas reais se fizesse nova muralha, alargando o perímetro. 
Ficou então a nova muralha com as seguintes portas: - Santiago, Traição, Ouro, Esteval, Santarém, Espirito Santo e Vila. Vê-se que aporta do pelame da primeira muralha desapareceu. Das antigas portas subsistiram três, e deste facto pode concluir-se que a muralha alargou para nascente e sul, sabida a posição das portas que ficaram.
(Continua)
O Albicastrense

sábado, novembro 05, 2016

CENTENÁRIO DA MORTE DE FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR

(1916 - 2016)

No dia 24 de Setembro fez cem anos que Francisco Tavares Proença júnior faleceu. Muitas foram as vezes que aqui postei publicações sobre ele, não fazia pois sentido que no centenário da sua morte, não reeditasse neste blogue uma pastagem sobre a vida deste grande albicastrense.

Nasceu a 1 de Junho de 1883, em Lisboa, filho de Francisco de Almeida Tavares de Proença e de Luzia de Judite Galdino. 

A 20 de Outubro de 1899, sai de Portugal com destino a Inglaterra onde ingressa no colégio de Arreton Vicarege, na ilha de Wight. Durante a sua estadia no colégio o jovem Francisco conheceu novas realidades, cresceu física e intelectualmente, tende sido um aluno brilhante. 

A 27 de Julho de 1900 deixou Inglaterra com destino a Portugal, fazendo uma paragem por Paris, tendo visitado a Exposição Universal e apreciado o pavilhão de Portugal. 
A nove de Agosto chega a Castelo Branco com um aspecto muito debilitado, atribuído por todos ao cansaço da viagem e à má alimentação, faz exames médicos e é-lhe diagnosticado tuberculose. Parte para Davos na Suíça a fim ser internado no sanatório de Schatzalp, nos Alpes Suíços.

A 30 de Março de 1901 regressa a Portugal, no início do verão instala-se numa das suas casas na Serra da Estrela e aproveita a estadia para conhecer melhor alguns espectos da região: geografia, hidrologia, etnologia e climatologia, tende inclusivamente preparado um estudo que nunca chegou a ser publicado. 

Em Dezembro de 1901 regressa a Davos para novo tratamento e aproveita o tempo para se dedicar à fotografia. 

A vinte de Marco de 1902 é considerado completamente curado e regressa à serra da estrela, onde permanecera até ao fim do verão desse ano.
Em Outubro do mesmo ano ingressa na Faculdade de Direito de Coimbra mais por vontade do seu pai do que por sua própria vontade. Durante a estadia em Coimbra surgem as primeiras referências ao seu gosto pelo estudo da arqueologia, tendo sido aqui que a paixão pela arqueologia tomou forma: Começou a frequentar o Museu do Instituto, a convite do Dr. Bernardino Machado, bem como a sua biblioteca, o direito ficou assim relegado para segundo plano. Nos fins-de-semana deslocaram varia vezes à quinta da Cortiça propriedade da família, situada perto de Leiria, onde tentava por em pratica os seus conhecimentos de arqueologia. 

Em Março de 1903 descobre a Anta da Urgueira e registou a topografia das capelas da Senhora de Mércoles, de Santa Ana e de São Martinho, neste ano ainda publica vários trabalhos.

Em 1905 é convidado a participar no congresso Préhistorique de Franca, em Pèrigueux, onde apresenta duas comunicações. 

Em 1906 publica vários trabalhos e visita pela primeira vez o museu da Figueira da Foz, nesse mesmo ano escreve ao pai a dizer-lhe que está muito descontente com o curso de direito e que tinha desejo de dar outro rumo à sua vida, o pai proibiu-o de abandonar a Universidade.
Em Outubro deste mesmo ano vai a Lisboa visitar o Museu de Etnologia e conhece o Dr. Leite de Vasconcelos, volta a Coimbra para tentar concluir os seus estudos, porem advocacia não era de facto a sua vocação e perde o seu tempo com os amigos.

Em 1907 publicou em O Archeologo Português, um estudo sobre “inscrições Romanas de Castelo Branco” e prepara um trabalho para o congresso de Autun, com o título de “Essai d`un inventaire des enceintes portugaises (résume)“, nesse mesmo ano abandona definitivamente Coimbra.

Em 26 de Março enviou 1909 enviou à Câmara Municipal de Castelo Branco uma proposta para a criação de um Museu, a 8 de Abril a Câmara aceitou formalmente a proposta cedendo para o efeito a capela do Convento de Santo António.

Em Junho de 1909 publicou “Anta da Urgueira (Beira Baixa)” e prepara ansiosamente a inauguração do Museu Arqueológico de Castelo Branco.

Em Janeiro de 1910, desloca-se a Lisboa onde se encontra com leite de Vasconcelos, com quem conversa sobre a inauguração do Museu por ele financiado recebendo por doação as peças da sua coleção privada ficando também a seu cargo a direção a e conservação do espolio.

A 17 de Abril abriu ao público o Museu de Castelo Branco que teve na sua primeira direção Francisco Tavares Proença Júnior, o conservador Dr. Manuel Pires Bento e o Conservador – Ajudante Sr. Manuel dos Santos. Nesse mesmo ano fez o lançamento do nº 1 da sua revista a que chamou “Materiais para o estudo das antiguidades portuguesas”.
Ainda nesse ano, o pai envolve-se na luta politica pelos ideais Monárquicos, e foi o chefe do Partido progressista no distrito de Castelo Branco, e a 5 de Outubro dá-se a implantação da Republica em Portugal.
Depois da Implantação da Republica em Portugal Francisco Tavares Proença Júnior aderiu à causa Monárquica e sublevou a Beira Baixa contra os Republicanos e juntou-se na Galiza, ao movimento de Paiva Couceiro, não tanto para defender os seus ideais mas sim os do seu pai. Durante aproximadamente dois anos entra em escaramuças contra os republicanos, sendo obrigado a fugir de Portugal. 

Em Outubro de 1912 voltaram a evidenciar-se os sinais da do doença respiratória que lhe tinha sido diagnosticada em 1900, parte par Davos e instala-se no hotel Curhaus onde é observado pelo Dr. Spengler, que lhe disse não haver motivos para preocupação, regressa a Paris, onde aluga um pequeno apartamento. Um mês depois volta a Davos com novos sintomas da doença, 

em Abril de 1913 escreveu ao Presidente da Republica Francesa, Raymond Poincaré, a dar-lhe conhecimento de um projeto com inovações para um navio de guerra. Em Maio, não suportando mais o ambiente de Davos, mudou-se para Lousanne e a 8 de Junho remeteu para a Chancelaria Particular do Imperador da Rússia uma carta dando-lhe conhecimento do projeto, anteriormente apresentado ao Presidente Francês. Os Russos pediram mais detalhes ao que respondeu com algumas indicações isentas de pormenores técnicos. Nunca recebeu resposta.

Durante o ano de 1914 deambulou pela Europa, em Agosto de 1915 instalou-se em La Rosiaz, na Suíça, e ali dedicou os seus últimos meses de vida ao estudo da fisiologia e da microbiológica, a 24 de Setembro de 1916 morre com 33 anos. 

No dia 12 de Outubro a comissão executiva da Câmara Municipal de Castelo Branco aprovou por unanimidade a alteração do nome do museu, para Museu Municipal Tavares Proença Júnior. A 14 de Outubro realizou-se o seu funeral em Castelo Branco.

Na sua pedra tumular no cemitério de Castelo Branco constava a seguinte inscrição.

AQUI JAZ NA BOA TERRA DE CASTELO BRANCO UM HOMEM DE QUEM DEVE COM PROPRIEDADE DIZER-SE, DO SEU ESPÍRITO INQUIETO E CRIADOR, DA SUA MENSAGEM DE SUPERIOR BELEZA E DE INCALCULÁVEL PROJECÇÃO SOCIAL, QUE HÁ MORTOS QUE VERDADEIRAMENTE NÃO MORREM.

Recolha de dados; de José Lopes Dias. 
Roteiro do Museu de Francisco Tavares Proença Júnior. 
O Albicastrense

quinta-feira, novembro 03, 2016

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...