ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O
SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO
CARDOSO)
(Continuação)
(1) O
castelo e muralhas são obras dos templários. Naquele instrumento de 1230 que
julgou o conflito sangrento havido entre o Concelho de Covilhã e a Ordem do
Templo com o Concelho de Castelo Branco à mistura, lá está exarado a nota – “Et comendator
Casteli blanchi accepiat vexillum (Covillham) et exaltel illud in sumitate
castri Castelli blanchi”, o que significa que já no tempo de Dom
Sancho I a alcáçova era realidade, e no alto de uma das suas torres foi
arvorado o estandarte da Covilhã. ~
Em
1510, já em plena crise que levou a Ordem do Templo para a extinção,
discutia-se a propriedade dos bens da Ordem, e Dom Dinis prestou-se á comédia
diplomática preparatória da reversão dos bens para a coroa, se o Pontífice
persistisse na teima de não atender á súplica do Rei de Portugal.
A bula de 14 de Março de 1319 instituiu a
Ordem de Cristo, como era desejo de Dom Dinis e para essa Ordem passaram todos
os bens dos Templários.
Assim
a vila de Castelo Branco, passou diretamente dos Templários para a Ordem de
Cristo, e, por isso, não é crível que Dom Dinis se quisesse substituir às
Ordens do Templo ou de Cristo na feitura do Castelo e muralhas, quando estas
Ordens eram ricas para se abalançarem às despesas da fortificação de Castelo
Branco sem necessidades do auxílio erário real.
Uma
das torres do castelo que conseguira escapar à sanha dos homens e à ação
mordente do tempo, deixou-se chapar naturalmente, com muito barulho e alguma
poeira em 3 de Março de 1936.
Felizmente
a geração que vinha de 1821, simbolizada no tal capitão da tropa, mais no
Presidente da Câmara e no Perfeito da Província daquele tempo, era forçada a
cozer em quietação a bebedeira da liberdade, por imperativo de uma nova geração
que parecia querer afirmar-se em ânsias de amor à terra, bebido em lições de um
passado glorioso.
A
velha torre que imprimira carácter ão burgo de Pedro Alvito estava ali
prostrada, desarticulados os elementos que a haviam feito gigante.
Acorreu
à cidade a ver os destroços mas a ninguém passou pela mente utilizar os seus
materiais, antes se palpava a resolução coletiva de fazer ajeitar de novo
aquelas pedras sagradas pela ação do tempo, refazendo a forma e figura da velha
torre, nas linhas fortes da sua elegância castrense.
(Continua)
O Albicastrense
Sem comentários:
Enviar um comentário