sábado, novembro 26, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE – (V)

 ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)
(Continuação)
(1) O castelo e muralhas são obras dos templários. Naquele instrumento de 1230 que julgou o conflito sangrento havido entre o Concelho de Covilhã e a Ordem do Templo com o Concelho de Castelo Branco à mistura, lá está exarado a nota – “Et comendator Casteli blanchi accepiat vexillum (Covillham) et exaltel illud in sumitate castri Castelli blanchi”, o que significa que já no tempo de Dom Sancho I a alcáçova era realidade, e no alto de uma das suas torres foi arvorado o estandarte da Covilhã. ~

Em 1510, já em plena crise que levou a Ordem do Templo para a extinção, discutia-se a propriedade dos bens da Ordem, e Dom Dinis prestou-se á comédia diplomática preparatória da reversão dos bens para a coroa, se o Pontífice persistisse na teima de não atender á súplica do Rei de Portugal.
 A bula de 14 de Março de 1319 instituiu a Ordem de Cristo, como era desejo de Dom Dinis e para essa Ordem passaram todos os bens dos Templários.
 Assim a vila de Castelo Branco, passou diretamente dos Templários para a Ordem de Cristo, e, por isso, não é crível que Dom Dinis se quisesse substituir às Ordens do Templo ou de Cristo na feitura do Castelo e muralhas, quando estas Ordens eram ricas para se abalançarem às despesas da fortificação de Castelo Branco sem necessidades do auxílio erário real.
 Uma das torres do castelo que conseguira escapar à sanha dos homens e à ação mordente do tempo, deixou-se chapar naturalmente, com muito barulho e alguma poeira em 3 de Março de 1936.
Felizmente a geração que vinha de 1821, simbolizada no tal capitão da tropa, mais no Presidente da Câmara e no Perfeito da Província daquele tempo, era forçada a cozer em quietação a bebedeira da liberdade, por imperativo de uma nova geração que parecia querer afirmar-se em ânsias de amor à terra, bebido em lições de um passado glorioso.
 A velha torre que imprimira carácter ão burgo de Pedro Alvito estava ali prostrada, desarticulados os elementos que a haviam feito gigante.
Acorreu à cidade a ver os destroços mas a ninguém passou pela mente utilizar os seus materiais, antes se palpava a resolução coletiva de fazer ajeitar de novo aquelas pedras sagradas pela ação do tempo, refazendo a forma e figura da velha torre, nas linhas fortes da sua elegância castrense.
(Continua)
O Albicastrense

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