ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
“CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ”
(J. RIBEIRO CARDOSO)
(Continuação)
A
porta do Pelame que desapareceu no segundo cerco das muralhas pode bem supor-se
que é o Arco ainda hoje existente na praça (hoje
de Luís de Camões) e que dá entrada para a rua do Bispo.
Esta
asserção não é tão inverosímil como pode parecer á primeira vista. A rua que
descendo do castelo perpendicular à rua dos Ferreiros, finda em frente do
Postiguinho de Valadares, dos Peleteiros.
A rua
dos Peleteiros devia ficar próxima à porta do Pelame, nome que esta a indicar
que os peleteiros, curtiam, surravam e arejavam as peles no campo imediato à
porta.
Ainda
mais: a rua mais próxima do Arco chamava-se Nova, o que indica ter sido a
primeira que se formou depois de alargado o perímetro da muralha e em
continuação à povoação para o lado do sul.
Por
todas estas razões podemos afirmar que a antiga porta do Pelame é o Arco que
forma a entrada da rua do Bispo.
Até
aqui os dizeres de A. Roxo que merecem reparo para pôr a boiar a verdade sobre
este ponto da história citadina. Antes de mais uma singela observação.
Se
tivesse sido realidade o tal primeiro cerco de muralhas, por força do
subsequente alargamento, era inevitável a demolição dos dois lanços da muralha,
ambos saídos do arco existente na praça Luís de Camões.
Um a
fechar na porta do Ouro, lá no alto, junto à torre de Santa Maria, fronteira à
capela de São Braz.
Outro
a fechar no lanço da muralha que descendo da porta de Santiago vem até à
barbacã do norte que é, mais palmo menos palmo, no lanço da muralha ainda
existente, e que agora dá passagem para o atual Jardim Escola.Ora não consta
que até hoje se tenham encontrado vestígios dos alicerces de qualquer dos
referidos lanços de muralha.
A
suposição de ser o Arco do Bispo a porta do Pelame é pura fantasia de António
Roxo, atreito a fazer história por tentativas.
Coloque-se
o leitor lá em cima, no castelo, na porta do Ouro facílima de localizar por
estar edificada em frente da torre de Santa Maria e ser fecho do lanço de
muralha a subir a vertente do Espirito Santo, como se vê no precioso desenho do
noroeste da cidade de Duarte Darmas.
Deste
miradouro, por cima do casario das ruas do Mercado, dos Cavaleiros e outros da
cidade velha, procure com os seus olhinhos a praça de Camões e nela o Arco do
Bispo, ligue o Arco com a porta do Ouro e observe que a Rua Nova é uma rua
velha com assente forçado a dentro do tal perímetro primitivo de muralhas,
fantasiado por A. Roxo.
E já
agora não abandone o seu miradouro sem ligar o famoso Arco com a barbacã do
norte, para verificar a realidade palpável de os famosos peleteiros poderem
exercer a sua atividade industrial em pleno campo, ou seja extramuros, sem
necessidade da porta do Pelame, que A. Roxo congeminou.
E ao
tempo já existiria com aquele nome a rua dos Peleteiro?
O
problema do arruamento forçado dos mesteirais não aflorou ao espírito simplista
de A. Roxo, e ainda bem, para lhe não cortar as asas á inocência da porta do
Pelame, da sua exclusiva invenção. E a Rua Nova? O chama-douro desta rua não tem
nada que ver com a pretensa dança das muralhas.
Segundo
o testamento de Rui de Pina, Dom Dinis fez a Rua Nova de Lisboa sem haver
mexido nas muralhas da cidade, e um Bispo de Viseu fez a Rua Nova daquela
cidade adentro do cerco das suas muralhas.
A
nossa Rua Nova também tem a sua história, mas por agora basta fixar que em 1481
o juiz da Covilhã Álvaro Gomes veio a Castelo Branco ajuramentar os novos
alcaides Álvaro Martins e João Rodrigues, e o juramento se realizou na domus municipalis, que era ao tempo na
rua Nova.
(Continua)
O Albicastrense
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