segunda-feira, novembro 14, 2016

O CASTELO E AS MURALHAS DA TERRA ALBICASTRENSE - (1)

 ACHEGAS PARA UMA MONOGRAFIA REGIONAL
CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ DE
(J. RIBEIRO CARDOSO)

"O castelo e as muralhas da cidade não são dionisianas. O arco do Bispo existente no Largo Luís de Camões nunca foi porta da muralha. 
A escritura de composição de 1245 estipula que os Templários dariam aos Prelados da Guarda lugar adequado para construírem em Castelo Branco vivenda para si e casa para o seu celeiro, como realmente fizeram, e o arco atesta.
O inventário da obra dionisiana na Beira Baixa, segundo a crónica de Dom Dinis, da autoria de Rui de Pina.
Uma das torres do Castelo que resistira à ação do tempo e escapara à malicia dos homens chapou-se no nosso tempo, com muito barulho e alguma poeira. As portas das muralhas. 
A cidade velha tinha um fácil específico que lhe imprimia caracter. O casario alinhava em ruas estreitas, em ritmo igual de construção, sem sinal a marcar alojamento de pessoa fugida às categorias de peão ou cavaleiro vilão, marcadas no foral".

O palácio dos Templários dentro da alcáçova. A rua do Mercado, na encosta do castelo, coração da cidade velha, e as suas andanças até se fixar fora de portas, no largo da Devesa.
A divulgação da obra de Duarte Darmas que tráz o desenho da alcáçova e cerca amuralhada de Castelo Branco veio evidenciar as linhas fortes da defesa da nossa cidade. 
Sobre a paternidade daquelas antigualhas castrenses, os monógrafos da nossa terra Porfírio da Silva e António Roxo concertaram-se no destempero de as atribuir a Dom Dinis, talvez só por força do aforismo que bem ou mal ensina: - quem dinheiro tiver fará o que quiser, e como Dom Dinis era tido e havido por muito abonado, dele se diz: - que fez o que quis e segundo Porfírio da Silva ele quis em 1319 cingir Castelo Branco de fortes muros.
Esta afirmação fugiu da boca de Porfírio sem licença do juízo.
Em 14 de Março de 1319 foi criada a Ordem de Cristo, e para esta ordem passaram todos os bens dos Templários, e castelo Branco não chegou a reverter para a coroa e passou diretamente da Ordem do Tempo para a Ordem de Cristo, e por esta razão não teve Dom Dinis oportunidade de a cingir de fortes muros.
Entre 1230 em que há notícias históricas da existência da alcáçova e 1319 em que foi criada a Ordem de Cristo, medeia quase um seculo, e foi nesse espaço de tempo que as muralhas foram levantadas pelos templários. 
O resto, o que dizem A. Roxo e o general João de Almeida sobre o assunto, é prosa que também à toa lhes saiu da boca sem licença do juízo (1).
António Roxo com fumaças de erudito, por seu lado, diz assim:
- O Castelo foi principiado muito provavelmente durante o mestrado de Pedro Alvites. O primitivo cerco de muralhas foi feito apenas com 4 portas: - Pelame, Santiago, Traição e Oiro. 
Tão rápido foi o incremento da povoação, que em 1285 vindo Dom Dinis com sua esposa Dona Isabel à vila de Castelo Branco, achou que a vila estava apertada pelas suas muralhas e ordenou que à custa das rendas reais se fizesse nova muralha, alargando o perímetro. 
Ficou então a nova muralha com as seguintes portas: - Santiago, Traição, Ouro, Esteval, Santarém, Espirito Santo e Vila. Vê-se que aporta do pelame da primeira muralha desapareceu. Das antigas portas subsistiram três, e deste facto pode concluir-se que a muralha alargou para nascente e sul, sabida a posição das portas que ficaram.
(Continua)
O Albicastrense

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