segunda-feira, maio 29, 2023

MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE

 TRÊS BONITAS IMAGENS  DA TERRA  ALBICASTRENSE.
 "Recuperadas e pintadas por, V/Bispo"


Imagens que nos mostram o antigo mercado municipal. 
A antiga sede do Clube de Castelo Branco. 
E um bonito prédio ao lado do ferrinho de engomar, prédio que arrasaram para construir o que lá  se encontra nos dias de hoje.
😥 😣 😠




Amar a terra albicastrense não é motivo para fazer de nós  cegos, por isso,  não posso deixar de verbalizar o seguinte:
😟 😞 😠



Perante estas três imagens, não posso deixar de pensar que a terra albicastrense era no passado, bem mais  bela e formosa.
😍 😌 😉 😊

O ALBICASTRENSE
 

sexta-feira, maio 26, 2023

O MESTRE SAPATEIRO

       Um dos últimos meias-solas 
      da terra albicastrense, 
                  fechou portas.             


Hoje ao entrar na Rua da Amoreirinha pelo Largo da Sé, fui tristemente surpreendido pelo encerramento da oficina do velho sapateiro, José Nunes. Segundo fui informado por pessoa que mora perto da oficina, o velho sapateiro (hoje com 88 anos), encontra-se doente e dificilmente voltará a abrir a sua oficina.

Como vão desaparecendo os sapateiros espalhados pela nossa terra, homens que ocupavam pequenos espaços, com ferramentas, materiais e os sapatos para arranjo espalhados no chão, os dedos sujos de cola, graxa, tinta, com bata ou o avental. Um dia passávamos pelo local onde durante muitos e muitos anos nos habituamos a vê-los, e anotamos que já fecharam portas.


 Durante muitos anos o Sr. José Nunes foi o meu sapateiro, homem de poucas palavras, mas sempre com um sorriso na cara. Confesso que quando passar pelo local e olhar para a velha oficina, vou sentir muitas saudades do sapateiro José. 

Era a ele, que me dirigia sempre que necessitava de mudar saltos nos sapatos, capas nos sapatos da minha cara-metade, ou, meter os sapatos nas formas para alargarem. Espero muito sinceramente, que o “amigo meias-solas”, recupere das suas malezas e possa regressar à sua oficina.

O ALBICASTRENSE

quarta-feira, maio 24, 2023

ALBICASTRENSES DO PASSADO

“HORRORES COMETIDOS EM NOME DA FÉ”.

Recordar albicastrenses do passado é um dever que este albicastrense não descarta, ao fazê-lo, estou a dar a conhecer ou a prestar justiça, a gente que no passado foi maltratada, torturado ou injustiçada. 

Lembrar Lazaro Rodrigues Pinheiro não é uma mercê, mas antes, prestar justiça a um albicastrense massacrado e  injustiçado no passado por fanáticos religiosos. 

LÁZARO RODRIGUES PINHEIRO

Nasceu em Castelo Branco a 16.9.1659, filho do mercador João Nunes Viseu e de sua mulher D. Ana Rodrigues, ambos cristãos-novos. Em Castelo Branco estudou Gramática (Latim); depois e durante 4 anos, aprendeu com mestres aprovados a arte de boticário; e, examinado nesta ciência de acordo com o Regimento, foi considerado apto e suficiente pelo que se lhe passou a respetiva carta régia (Lisboa, 13.1.1680).
Monta botica na terra natal em Alcains, a 3.1.1697, casa com D. Clara Henriques de Paiva, filha de Francisco Lopes Morão e D. Leonor de Paiva; e dela houve vários filhos, o primeiro dos quais nasceu em Castelo Branco em 1698 e teve o nome do avô paterno (João Nunes Viseu).  Ora, embora batizado e freguês habitual da igreja de S. Miguel, o nosso boticário acaba por apartar-se da Fé Católica e passa a professar a chamada Lei de Moisés, seguida havia séculos pelos seus antepassados judeus. No nosso país, tal facto era então objeto de penas (até a de morte), pelo que Lázaro Rodrigues Pinheiro começa a ter uma vida dupla...
Assim, aparentemente, continua a ser católico praticante, indo à igreja e confessando-se mas, no seu íntimo, não acreditava no Mistério da Santíssima Trindade nem tinha Cristo por Deus verdadeiro e como o Messias prometido; antes, esperava ainda por Ele «e só acreditava no Deus dos Céus, a quem se encomendava com a oração do Padre Nosso, mas não dizendo Jesus no fim...» Clandestinamente, comunicava com outras pessoas da mesma nação, às quais se declarava por judeu; e, na intimidade da sua casa, ele e a família praticavam os ritos e cerimónias judaicas, guardando os sábados como se fossem dias santos e jejuando nas festas comemorativas do Dia Grande da Rainha Ester... 
Porém, o destino não lhe permitiria manter esta situação por muito tempo. Em finais de 1710, alguns familiares são presos pela Inquisição
e ele, receando ser descoberto através dos seus testemunhos aconselha-se com Paulo de Figueiredo de Refóios, comissário do Santo Oficio em Castelo Branco e parte imediatamente para Lisboa, apresentando-se no palácio dos Estaus, ao Rossio, em 5.2.1711... Inicia-se, assim, o seu processo perante o dito Tribunal, em cuja Mesa começa a confessar, a 14.2.1711, denunciando parentes e conhecidos pertencentes a diversos ramos de cristãos-novos: Moratos, Idanhas, Viseus, Penteados, Aires, Nunes, Sordos, Cunhas, Pavas, etc.  
Do inventário feito aos seus bens, a 26.3.1711, consta possuir em Castelo Branco uma vinha no Vale do Romeiro, que comprara por 150000 réis; mais outro pedaço de vinha, no sítio da Ribeira, que lhe custara 15 a 16000 réis; e a botica, avaliada em cerca de 50 a 60000 réis. 
A 11.2.1711, volta à Mesa onde confessa mais culpas, mas o Tribunal não se dá por satisfeito pois o réu, involuntária ou propositadamente, não incriminara algumas pessoas já comprometidas noutros processos e com os quais comungara a sua crença... Por tal motivo, é admoestado e advertido das faltas e diminuições do seu testemunho, sendo entregue ao juízo ordinário e entrando nos cárceres secretos da Inquisição, a 18.3.1711.  

A 12.6.1711, produz mais confissão, mas, considerada insuficiente e não totalmente verdadeira, é acusado de heresia e apostasia e condenado à prova do tormento 20.6.1711. Este realiza-se 6 dias depois, pelas 9 horas da manhã e perante o inquisidor Manuel da Cunha Pinheiro (pelo ordinário), os deputados Frei Miguel Barbosa e Marfim Monteiro de Azevedo, o notário, médico e cirurgião e outros oficiais da Inquisição. 

O notário lê-lhe a sentença e, mais uma vez, insiste em que diga toda a verdade, «para descargo da consciência e salvação da sua alma, pois só assim evitaria os trabalhos e perigos a que iria ser submetido», advertindo-o «com muita caridade, de que se naquela diligência morresse, quebrasse algum membro ou perdesse qualquer sentido, a culpa seria unicamente dele e não dos senhores inquisidores e mais ministros do Santo Ofício, que haviam feito justiça conforme o merecimento da sua causa».

O réu responde com o silêncio a tão insidiosa e hipócrita argumentação, pelo que é amarrado ao potro e sofre os primeiros 3 tratos da polé. Desesperado com as dores, grita e clama por audiência, onde denuncia outros praticantes, entre os quais o Dr. Manuel Mendes Monforte (tio de sua mulher e médico no Brasil), a própria mulher e o filho mais velho, apenas com 13 anos. Tudo isto não satisfaz ainda os inquisidores, sendo levado de novo à tortura e desta vez, submetido a «tratamento» completo.
Não podendo suportar mais o sofrimento, pede misericórdia e perdão, «com mostras de arrependimento». A 30.6.1711, a Mesa do Santo Tribunal revê pela 4ª vez o seu processo e acaba por condená-lo a cárcere e hábito penitencial e a abjurar das culpas em Auto de Fé, celebrado no Rossio a 26.7.1711, com a presença d’El-Rei, altas individualidades e muito povo. 
Finalmente, Lázaro Rodrigues Pinheiro é libertado a 6.8.1711 e regressa a Castelo Branco, retomando o seu trabalho na botica. Mas, pouco tempo depois, a 16.10.1711, a mulher e o filho mais velho apresentam-se voluntariamente nos Paços da Inquisição em Lisboa (os Estaus), a fim de confessarem também as suas culpas, saindo reconciliados pelo mesmo Tribunal, a 7 e 27.10.1711, respetivamente.  
O casal irá ter mais filhos e para eles o pesadelo terminou... mas não para a sua geração. Ora, processos semelhantes ao que acabei de descrever foram levantados a muitos cristãos-novos albicastrenses, em especial no decurso dos séculos XVII e XVlll; e alguns deles pagariam na fogueira um pesado tributo pelas suas convicções... 

PS. Trabalho da autoria de Manuel da Silva Castelo Branco.
O ALBICASTRENSE

terça-feira, maio 23, 2023

O AMOR E A MORTE... NOS ANTIGOS REGISTOS PAROQUIAIS ALBICASTRENSES – (21)

XIV - Um Boticário Albicastrense
 na Casa de Tormento da Inquisição

              Por Manuel da Silva Castelo Branco

(Continuação)

Assento 42 

Lázaro Rodrigues Pinheiro, natural desta vila e marido de Clara Henriques, faleceu com todos os sacramentos em os 8 de Abril de 1728. Não fez testamento e foi sepultado em cova de fábrica, de que se fez este Assento que assinei dia, mês e ano «ut supra» O Vigº Frei Manuel Rodrigues Corugeiro!

Comentário

Lázaro Rodrigues Pinheiro, cujo assento de óbito acabamos de transladar, nasceu em Castelo Branco a 16.9.1659, sendo filho do mercador João Nunes Viseu e de sua mulher D. Ana Rodrigues, ambos cristãos-novos. Naquela vila estudou Gramática (Latim); depois e durante 4 anos, aprendeu com mestres aprovados a arte de boticário; e, examinado nesta ciência de acordo com o Regimento, foi considerado apto e suficiente pelo que se lhe passou a respectiva carta régia (Lisboa, 13.1.1680).

Monta botica na terra natal e casa em Alcains, a 3.1.1697, com D. Clara Henriques de Paiva, filha de Francisco Lopes Morão e D. Leonor de Paiva; e dela houve vários filhos, o primeiro dos quais nasceu em Castelo Branco a 27.8.1698 e teve o nome do avô paterno (João Nunes Viseu).  Ora, embora batizado e freguês habitual da igreja de S. Miguel, o nosso boticário acaba por apartar-se da Fé Católica e passa a professar a chamada Lei de Moisés, seguida havia séculos pelos seus antepassados judeus.

No nosso país, tal facto era então objeto de penas (até a de morte), pelo que Lázaro Rodrigues Pinheiro começa a ter uma vida dupla... Assim, aparentemente, continua a ser católico praticante, indo à igreja e confessando-se mas, no seu íntimo, não acreditava no Mistério da Santíssima Trindade nem tinha Cristo por Deus verdadeiro e como o Messias prometido; antes, esperava ainda por Ele «e só acreditava no Deus dos Céus, a quem se encomendava com a oração do Padre Nosso, mas não dizendo Jesus no fim...» Clandestinamente, comunicava com outras pessoas da mesma nação, às quais se declarava por judeu; e, na intimidade da sua casa, ele e a família praticavam os ritos e cerimónias judaicas, guardando os sábados como se fossem dias santos e jejuando nas festas comemorativas do Dia Grande da Rainha Ester... 

Porém, o destino não lhe permitiria manter esta situação por muito tempo. Em finais de 1710, alguns familiares são presos pela Inquisisão e ele, receando ser descoberto através dos seus testemunhos aconselha-se com Paulo de Figueiredo de Refóios, comissário do Santo Oficio em Castelo Branco e parte imediatamente para Lisboa, apresentando-se no palácio dos Estaus, ao Rossio, em 5.2.1711... Inicia-se, assim, o seu processo perante o dito Tribunal, em cuja Mesa começa a confessar, a 14.2.1711, denunciando parentes e conhecidos pertencentes a diversos ramos de cristãos-novos: Moratos, Idanhas, Viseus, Penteados, Aires, Nunes, Sordos, Cunhas, Pavas, etc.  

Do inventário feito aos seus bens, a 26.3.1711, consta possuir em Castelo Branco uma vinha no Vale do Romeiro, que comprara por 150000 réis; mais outro pedaço de vinha, no sítio da Ribeira, que lhe custara 15 a 16000 réis; e a botica, avaliada em cerca de 50 a 60000 réis. A 11.2.1711, volta à Mesa onde confessa mais culpas, mas o Tribunal não se dá por satisfeito pois o réu, involuntária ou propositadamente, não incriminara algumas pessoas já comprometidas noutros processos e com os quais comungara a sua crença... Por tal motivo, é admoestado e advertido das faltas e diminuições do seu testemunho, sendo entregue ao juízo ordinário e entrando nos cárceres secretos da Inquisição, a 18.3.1711.  

A 12.6.1711, produz mais confissão, mas, considerada insuficiente e não totalmente verdadeira, é acusado de heresia e apostasia e condenado à prova do tormento 20.6.1711). Este realiza-se 6 dias depois, pelas 9 horas da manhã e perante o inquisidor Manuel da Cunha Pinheiro (pelo ordinário), os deputados Frei Miguel Barbosa e Marfim Monteiro de Azevedo, o notário, médico e cirurgião e outros oficiais da Inquisição. O notário lê-lhe a sentença e, mais uma vez, insiste em que diga toda a verdade, «para descargo da consciência e salvação da sua alma, pois só assim evitaria os trabalhos e perigos a que iria ser submetido», advertindo-o «com muita caridade, de que se naquela diligência morresse, quebrasse algum membro ou perdesse qualquer sentido, a culpa seria unicamente dele e não dos senhores inquisidores e mais ministros do Santo Oficio, que haviam feito justiça conforme o merecimento da sua causa».

O réu responde com o silêncio a tão insidiosa e hipócrita argumentação, pelo que é amarrado ao potro e sofre os primeiros 3 tratos da polé. Desesperado com as dores, grita e clama por audiência, onde denuncia outros praticantes, entre os quais o Dr. Manuel Mendes Monforte (tio de sua mulher e médico no Brasil), a própria mulher e o filho mais velho, apenas com 13 anos. Tudo isto não satisfaz ainda os inquisidores, sendo levado de novo à tortura e desta vez, submetido a «tratamento» completo.

Não podendo suportar mais o sofrimento, pede misericórdia e perdão, «com mostras de arrependimento». A 30.6.1711, a Mesa do Santo Tribunal revê pela 4ª vez o seu processo e acaba por condená-lo a cárcere e hábito penitencial e a abjurar das culpas em Auto de Fé, celebrado no Rossio a 26.7.1711, com a presença d’El-Rei, altas individualidades e muito povo. Finalmente, Lázaro Rodrigues Pinheiro é libertado a 6.8.1711 e regressa a Castelo Branco, retomando o seu trabalho na botica. Mas, pouco tempo depois, a 16.10.1711, a mulher e o filho mais velho apresentam-se voluntariamente nos Paços da Inquisição em Lisboa (os Estaus), a fim de confessarem também as suas culpas, saindo reconciliados pelo mesmo Tribunal, a 7 e 27.10.1711, respetivamente.  

O casal irá ter mais filhos e para eles o pesadelo terminou... mas não para a sua geração. Ora, processos semelhantes ao que acabei de descrever foram levantados a muitos cristãos-novos albicastrenses, em especial no decurso dos séculos XVII e XVlll; e alguns deles pagariam na fogueira um pesado tributo pelas suas convicções... 

(Continua)                               O ALBICASTRENSE 

sexta-feira, maio 19, 2023

ALBICASTRENSE ILUSTRES - ANTÓNIO AUGUSTO ROXO

 UMA PEQUENA BIOGRAFIA
DE
ANTÓNIO AUGUSTO ROXO
(1845/1913)


(Procurei fotografia de António Roxo para 
colocar nesta pequena biografia, 
infelizmente nada encontrei)

Após algumas perguntas e pesquisas feitas em jornais e revistas antigas da terra albicastrense, eis o que consegui apurar sobre António Roxo.  António Augusto Roxo, nasceu em Castelo Branco no ano de 1845. Neto paterno de Miguel Gregório Roxo; filho de Pedro José Roxo e de Maria Emília de Santiago; teve uma irmã à qual se chamou Ana Roxo. Há registos do pai dele que o dão como administrador do concelho de Castelo Branco. 

A esposa, a mãe D. Maria Emília, "faleceu da vida presente" em fevereiro de 1849, um mês antes de o filho António completar 4 anos. O viúvo não voltou a casar e faleceu na sua casa, na Rua da Ferradura, em 17 de abril de 1861, com 45 anos (de acordo com o registo de óbito).  Segundo este registo, tanto os pais como os avós maternos e paternos, eram desta cidade de Castelo Branco. 

António Augusto Roxo foi um defensor dos interesses materiais e morais de Castelo Branco, a sua Monografia de Castelo Branco revela isso mesmo. Colaborou em diferentes jornais, mas foi no jornal "Notícias da Beira" (1904-1921), onde mais se destacou. Publicou “A Monografia de Castelo Branco” em 1891, trabalho que lhe deu dois anos de imenso trabalho. Foi colaborador assíduo do jornal “Noticias da Beira” e nele publicou alguns trabalhos, entre os quais “Sentimental" e Depois do Absolutismo”. Em relação ao primeiro trabalho, nada consegui descobrir, no que diz respeito ao segundo, prometo desde já falar dele depois da publicação desta pequena biografia.

Morou em várias ruas da terra albicastrense. Numa casa perto do “Ferrinho de Engomar”, mas em data incógnita. Em 1901 morava no Arrabalde dos Oleiros, nº 77 e em 1902 na Rua de Santa Maria, nº 118. Foi amanuense da secretaria do Governo Civil a partir de 14/11/1896, não se sabendo até quando se manteve no cargo. Segundo consta nunca casou, nem se lhe conhecem filhos. Morreu no dia 5 de agosto de 1913. 

ELOGIO FÚNEBRE DO JORNAL NOTÍCIAS DA BEIRA.
QUANDO DA MORTE DE ANTÓNIO ROXO .
 
“ OS QUE NÃO VOLTAM ”

Faleceu, na última terça-feira nesta cidade, o nosso velho amigo António Roxo, autor da Monografia de Castello Branco. Faz falta, porque soube ser alguém, nesta terra onde os homens de valor não abundam. Não podemos, pois, deixar de lamentar, muito sinceramente, a sua morta, compreendendo que desaparece neste homem um denotado defensor dos interesses materiais e morais de Castelo Branco.
Se para comprová-lo, não existissem outras manifestações do seu amor pelo terrão Natal, aí estava a Monografia, que, não sendo um trabalho completo, revela, todavia a par dum estudo aturadíssimo e fatigante, um amor invulgar pelas coisas desta terra, embora ela seja “mãe amantíssima para estranhos, e madrasta desamorável para os seus filhos”. E dele esta frase. Com que amargura António Roxo a teria escrito! E veja-se: António Roxo, sendo um homem inteligente e erudito, nunca conseguiu, na vida burocrata, passar de um simples amanuense….
Apesar de tudo, ele foi sempre um amigo dedicado da sua terra, pugnando pelo progresso dela, no livro e no jornal, com uma audácia firme de combatente cheio de altivez.  Colaborou em diferentes jornais; mas onde a sua atividade literária mais intensamente se afirmou foi no “Noticias da Beira”, que lhe deve bastantes serviços. Neste jornal encontram-se deste o seu primeiro número, trabalhos interessantíssimos de António Roxo, como são os folhetins Simental e Depois do Absolutismo, além de muitos artigos de críticas, notas políticas, etc.
É que a velha política de ódios, que, para satisfazer amigos, não conhecia o mérito dos inimigos ou dos indiferentes, chamavam-lhe insubmisso, pretendendo justificar, assim, uma tremenda injustiça feita a este homem honrado que acaba de cerrar os olhos, para todo o sempre, às misérias humanas.
António Roxo foi, com efeito, toda a sua vida, um revoltado, incapaz de pactuar com uma vilania ou transigir com uma indignidade. Tinha caracter, não sabia adular; e, como desconhecia o segredo que faz triunfar os nulos, o publicista António Roxo jamais deixou de ser um misero manga de alpaca, um modestíssimo amanuense do governo civil… António Roxo revelava, em todos os seus escritos, um fino espírito observador, evidenciando-se sempre um verdadeiro liberal, Homens desta têmpora fazem falta, e é por isso que nós registamos, cheios de mágoa, nestas colunas, a notícia da sua morte.
Que descanse em paz.
Ps. O texto do elogio fúnebre aqui publicado, é uma copia fiel do que foi
publicado no jornal Notícias da Beira, quando da sua morte.
O ALBICASTRENSE

terça-feira, maio 16, 2023

JOSÉ GERMANO DA CUNHA


"A propósito da Monografia de Castelo Branco da autoria de António Augusto Roxo". 

Não sei como reagiu Roxo a este pequeno livro, todavia, tenho para mim, que ele o terá visto não como uma critica ao seu, mas antes, como um complemento ao Memorial.







O meu  bem-haja a quem em enviou este pequeno livro, quando da minha publicação sobre o livro de António Roxo.

O AlBICASTRENSE

sexta-feira, maio 12, 2023

CARTAS DE ANTÓNIO ROXO


Nas minhas pesquisas feitas na nossa biblioteca, encontrei na revista "Estudos de Castelo Branco", um artigo da autoria do Dr. Joaquim Tomás Miguel Pereira, sobre um conjunto de cartas de António Roxo.
Nelas, como poderão ler a seguir, Roxo fala da publicação da sua Monografia de Castelo Branco. Com este artigo, ficamos a saber um pouco mais de Roxo, das dificuldades encontradas na publicação do seu trabalho,  da pouca aceitação que o livro (segundo o autor do artigo), teve na altura. 
Vou continuar esta minha peregrinação sobre quem foi António Roxo, pois tenho para mim, que Roxo merece ser lembrado pelos albicastrenses de hoje e de amanhã.

O ALBICASTRENSE

quarta-feira, maio 10, 2023

ANTÓNIO AUGUSTO ROXO - (1845 / 1913)

        QUEM FOI ANTÓNIO AUGUSTO ROXO?            

A Monografia de Castelo Branco da autoria de António Augusto Roxo, foi publicada em 1890. Em 2005 (115 anos) depois, foi reeditada pela editora Alma Azul.  Tentei  encontrar dados sobre António Roxo, todavia, pouco ou quase nada encontrei, parecendo até, que o homem foi degredado da história da terra albicastrense. Do pouco que consegui descobrir sobre ele, aqui fica o quase nada que encontrei. 

António Augusto Roxo, nasceu em Castelo Branco no ano de 1845. Neto paterno de Miguel Gregório Roxo; filho de Pedro José Roxo e de Maria Emília de Santiago; teve uma irmã que se chamou Ana Roxo. Foi amanuense da secretaria do Governo Civil a partir de 14/11/1896, não se sabendo eu até quando se manteve no cargo. Faleceu em 1913. 

Sessenta e oito anos de vida, restringidos a pouco mais de seis linhas, é realmente muito pouco sobre alguém que teve a grandeza de escrever um livro que ainda hoje é muito apreciado pelos albicastrenses. Duas perguntas não posso deixar de fazer a quem me visita: 
- Quem foi realmente este homem? 
- Escreveu Roxo, algo mais que a sua Monografia sobre Castelo Branco?
Vou ficar-me por aqui, pedindo a ajuda de todos os visitantes do blogue, para me ajudarem a sobre quem foi realmente este albicastrense do passado.
 O ALBICASTRENSE

sábado, maio 06, 2023

MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE.

 A TERRA ALBICASTRENSE

"CONSTRUIR UMA IMAGEM"

Para este albicastrense que já terá captado e publicado milhares e milhares de imagens da sua terra, o melhor gabo que lhe podem fazer, é não retirarem o seu nome das suas imagens.
Por isso, começo já por dizer, que as três imagens desta publicação, são da autoria de Manuel J. da Costa Roxo, elas foram-me oferecidas por uma neta dele. As imagens foram captadas no ano de 1950 (eu nasci bem perto deste local, nesse mesmo ano). 
O objetivo da recolha das imagens (penso eu!), era deixar para a posteridade as obras que nesse mesmo ano, decorriam no centro da terra albicastrense. Como na altura não existiam meios para captar numa só imagem as obras, o autor captou-as em três imagens.
Quando me foram oferecidas, de imediato me apercebi que juntando as três imagens, poderia por em pratica o que o autor talvez quisesse fazer na altura, uma única imagem a documentar aos obras. Espero que apreciem o trabalho de reconstrução desta imagem, pois ele foi demorado.


O ALBICASTRENSE

ANTIGAS CAPELAS DA TERRA ALBICASTRENSE - (VII)

CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO "MEMÓRIAS DE OUTROS TEMPOS" E xistiu na antiga rua da Bela Vista, atualmente denominada de S...