terça-feira, julho 29, 2014

CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ - (XIV)

                                
 LUTA ENTRE OS TEMPLÁRIO
 E O 
CONCELHO DA COVILHÃ - (II)
(Continuação)
Ouviram a queixa das duas partes inquiriram testemunhas sobre os limites litigiosos e a morte dos homens da Covilhã. Depois deslocaram-se para Castelo Branco onde esperaram em dia aprazado a vinda do alcaide, juízes e cavaleiros da Covilhã, com a sua bandeira, para ouvirem a sentença do pleito.
Na tarde daquele dia os esculcas que do mais alto das torres da alcáçova procuravam descortinar a marcha da comitiva da Covilhã, deu conta dela já na planície que se desdobra de Alcains para cá, e logo deu sinal de alarme, que pôs em alvoroço a gente da nossa terra.
A vila não era murada ainda e só as torres da alcáçova se erguiam formidáveis no aguerrido da sua traça. Para o local onde se fez a porta da vila seguiram o Bispo de Viseu e a sua comitiva, o Mestre da Ordem do Templo e os seus freires, e outro pessoal constituído em dignidade de mando. A arraia miúda do Conselho e o povoléu de fora dele, dos conselhos da Lardosa, São Vicente e Alpreada onde havia chagado a noticia da cerimonia jamais vista em terras da Beira, acotovelaram-se no largo então ermo de casario, onde depois veio a surgir a rua e arrabalde dos Oleiros.
O alcaide, os alcaldes e os cavaleiros da Covilhã com a sua bandeira, descavalgaram a distancia, e vieram ajoelhar aos pés do Bispo para lhe beijarem o sagrado anel, e depois saudaram respeitosamente o Mestre da Ordem e os seus freires do Templo e as autoridades do Concelho.
Pôs-se em marcha o cortejo pelas ruas as vila e veio a encher o largo da alcáçova. Levantou o braço o Bispo de Viseu a impor silencio ao sussurro da multidão. Mestre Martinho, chantre as Sé da Guarda, deu-lhe o papel da sentença, e o Bispo em voz pausada disse: Homens de Castelo Branco e Covilhã ouvi a sentença que os árbitros proferem ditada por puro sentimento de justiça. É condenada a Ordem do Templo a pagar anualmente 33 morabitinos ao concelho da Covilhã, e a dar passagem livre no Porto do Tejo aos homens da Covilhã – “Homines de Covilliam habeam libère passaginem portus fluminis Tagi”.
A Ordem do Templo e o Concelho de Castelo Branco são solidariamente condenados a mandar edificar uma capela no próprio sitio onde foram mortos os homens da Covilhã, e nela serão recolhida os seus despojos mortais, e a sustentar um Capelão que nela diga missa quotidiana em sufrágio das suas almas. Parou nos seus dizeres o Prelado de Viseu, e relançando o auditório, viu que todos haviam curvado a fronte em sinal de assentimento à justiça do castigo aplicado.
(Continua)
O  Albicastrense

segunda-feira, julho 28, 2014

VELHAS IMAGENS DA TERRA ALBICASTRENSE

IMAGENS DE OUTROS TEMPOS

(Se gosta de ver imagens do antigo Centro Cívico da terra albicastrense, dê um salto ao café Avis.
Local, onde pode ver uma pequena exposição promovida por este albicastrense).


















O Albicastrense

quinta-feira, julho 24, 2014

CASTELO BRANCO E O SEU ALFOZ - (XIII)

LUTA ENTRE OS TEMPLÁRIOS 
E O CONCELHO DA COVILHÃ
Já aqui postei as páginas do livro que relata este acontecimento, todavia, resolvi postar esta história palavra por palavra por achar que ela é mercadora de ser conhecida por todos os Beirões.
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(Poste - 1)
Dizem que vem de longe certa rivalidade entre Castelo Branco e a Covilhã, com rasto na história dos dois concelhos. Talvez assim seja, mas não é do nosso conhecimento, e o exame critico do documento de 1230 que fala de uma bulha célebre entre a Ordem do Templo e o conselho da Covilhã, com certa comparticipação do concelho de Castelo Branco, não autoriza tal opinião. Logo no principio do documento referido se diz:
- havendo disputas entre o concelho da Covilhan de uma parte, e Estevam Belmonte, mestre da Ordem do Templo e o concelho de Castelo Branco da outra, a respeito de uma questão de termos e morte de homens...
Em 1230 Castelo Branco não tinha nem podia ter em questões de limites com o conselho da Covilhã. O alfoz de Castelo Branco ficara vincadamente marcado com a doação da herdade da Cardosa em 1214, e a separá-lo do alfoz da Covilhã ficava o espaço largo ocupado pelos concelhos de Lardosa e Alpreada. Quem vinha testilhando com a Covilhã sobre limites era a Ordem do Templo, que no concelho de Alpreada tinha avantajada herdade a estender-se pela encosta da Gardunha, ou seja a deslindar com o conselho da Covilhã, no termo do Fundão. Está mesmo a ver-se como os factos se passaram. Os rendeiros dos Templários não se sentiam com forças para fazer respeitar o direito de propriedade dos seus senhores, e o preceptor da Ordem do Tempo em Castelo Branco quis dar lição severa aos atrevidos que ousavam disputar à Ordem certa porção dos seus domínios, e para este efeito levou de Castelo branco reforço em homens destemidos.
O que se passou é fácil de adivinhar, e o próprio texto da composição o diz nestes concisos termos: homines de Covilliam fuerunt interfecti. O local onde foram mortos os homens da Covilhã a toponímia o crismou de Contenda, que ainda hoje conserva. Os árbitros presididos pelo Bispo de Viseu vieram a Vale de Prazeres em cujo termo estava o objecto do litígio, e reuniram na praça que a memorar este facto foi crismado a de Praça da Concórdia.
(Continua)
O Albicastrense

terça-feira, julho 22, 2014

TIRAS HUMORÍSTICAS – CVIII

"BIGODES & COMPANHIA"
Bigodes & Companhia, ausentes deste blog por motivo dos muitos branquinhos bebidos, visitaram a exposição promovida por este albicastrense no café Avis.
Companhia ao ver imagens de locais que conheceu na sua meninice, emocionou-se e propôs de imediato celebrar o acontecimento, com um branquinho duplo, e convidar todos os visitantes do blog a visitar a referida exposição.
O Albicastrense 

sábado, julho 19, 2014

terça-feira, julho 15, 2014

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – LXXXVIII

A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.

(Continuação)
Sessão de 17 de Novembro de 1796.
O que consta da acta é o seguinte:
Nesta Vereação se assentou uniformemente que na cauza de Exzecução que move a este Conselho Pedro Sarayva da Guarda visto ser certo ser a divida e haver somente duvida sobre a liquidação dos alugueis da casa que ao sobredito se tomou por esta Camara para aquartelamento dos soldados; para evitar duvidas e custas se fizesse huma compozição com o Procurador do sobredito visto ter para isso poderes dando se lhe a quantia de cem mil réis e pagando elle as custas dos autos, e se deu autoridade ao Procurador deste concelho Joze Vaz da Cunha para poder assinar o dito termo de compoziçao que se deve lavrar nos mesmos autos e que assinado o dito termo se passasse mandado de levantamento da sobredita quantia a qual será lansada em despeza no livro competente”.E não se passou mais nada.
Fez bem a Câmara em se compor com o homem. O que se havia de dar à justiça era melhor poupa-lo por meio de uma composição amigável.
A Câmara dava ao homem cem mil réis, apesar das dúvidas “sobre a liquidação dos alugueis”, e ele pagava as custas e arrumava-se assim a questão.
O mês de Dezembro passou perfidamente em claro. Nem uma sessão para amostra. A sessão que se segue à de 17 de Novembro á a de 1 de Janeiro de 1797. Como era da praxe, apuraram-se “as eleições das justiças para todas as terras do termo”. Depois desse trabalho de Hércules, nomeou-se António José Louro “para cobrar a folha da siza de Monforte”, e pronto.
A sessão seguinte realizou-se no dia 8 de Janeiro. Tratou-se de nomeações para coisas varias.
Para depositário do subsidio literário foi nomeado José Dias Gordo. Para derramadores da siza foram nomeados o Dr. José Esteves Povoa, Manuel Martins Más-barbas (era homem para tudo este Más-barbas) José Jorge, Luís da Cunha, Manuel Marques Simões e António Martins Pantonilha.
(Continua)

PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais”, o que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado na época.

(1) Este albicastrense quando se propôs publicar neste blog, as “Efemérides Municipais” públicadas por António Rodrigues Cardoso nos jornais da terra albicastrense, nunca imaginou que entre as muitas personagens descritas nas actas Camarárias, aparecesse uma familiar seu. Estou a referir-me a Manuel Martins Más-barbas, segundo parece foi meu Pentavô, pois na certidão de nascimento do meu Tetravô, Simão Martins Bispo aparece um tal Manuel Martins Más-barbas como seu pai. Será a mesma pessoa? Tudo aponta para que assim seja. Irei investigar este assunto.
O Albicastrense

quarta-feira, julho 09, 2014

ENCICLOPÉDIA - (VI)

ACONTECIMENTOS DE OUTROS TEMPOS
(Trezentos e dez anos depois)

No dia sete de Julho de 1704, após a saída das tropas castelhanas da vila de Castelo Branco, onde estiveram desde 22 de Maio, abriu-se a porta de S. Tiago, uma das sete entradas na vila, a qual se sitiava a norte e ao cimo da calçada da Alegria.
Portugal tinha-se envolvido na guerra da sucessão de Espanha, tomando partido do Arquiduque Carlos de Áustria, que era apoiado pela Inglaterra e Holanda e prometeu a D. Pedro II que se viesse a ser rei de Espanha, cederia a Portugal algum território e vilas e cidades Espanholas, que se situasse em junto da fronteira com Portugal, bem como grande parte da província da Galiza.

A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ”A Reconquista

O Albicastrense

sábado, julho 05, 2014

PRIMEIRA PAGINA

  JORNAL BEIRA BAIXA
50 ANOS DEPOIS
 (5 de julho de 1964 - 5 de julho de 2014)















A partir de hoje, vou aqui postar regularmente a primeira página de um antigo jornal albicastrense que tenha saído à cinquenta anos.
Vou começar pelo jornal Beira Baixa, jornal que bem merece ser recordado pelos albicastrense, uma vez, que foi durante alguns anos o único jornal da cidade. 
A primeira página do primeiro “poust” sobre este tema, é do dia cinco de julho de 1964.         
 O Albicastrense

quinta-feira, julho 03, 2014

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – LXXXVII

A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.

(Continuação)
Temos agora e sessão de 4 de Agosto. O que nela se passou forneceu matéria para larga prosa que havia de ser levada à presença da Rainha, mas resume-se em pouco. Francisco José de Carvalho Freire Falcão solicitou de Sua Magestade “a graça de o haver e declarar por vezinho do lugar da Louza”.
Sobre a solicitação foi ouvida a Câmara, que respondeu que sim, que achava bem, porque o homem tinha na Lousa bens e gado à farta, aquela povoação ficava longe, a duas léguas da cidade e, fosse forçado a residir aqui tão longe dos seus haveres, não os podia administrar tão bem como lá. E assim ficou muito satisfeito o Sr. Francisco José de Carvalho Freire Falcão e a Câmara deu por findo os seus trabalhos nesse dia.

Na sessão imediata, que se realizou em 16 de Outubro. Mandaram-se coutar os alqueives e olivais e não se pensou em mais nada.

Na sessão seguinte, que se realizou em 25 de Outubro, tomaram também parte os representantes da Nobreza e do Povo para resolver um assunto de importância. Foi o caso de um médico, ao que parece ainda in herbis, chamado Filipe Joaquim de Paiva, apareceu a pedir que fosse criado para ele um novo partido com ordenado de duzentos e quarenta mil réis, que era quanto recebia o médico do outro partido, Dr. João Antunes Pelejão.
Estabeleceu-se discussão rija. O procurador do concelho e o vereador mais velho disseram que sim, que se criasse o partido e se desse ao requerente.
Mas salta de lá outro vereador e arenga que não, que não podia ser, “por se não achar o suplicante ainda formado nem ter dado provas do seu requerimento”. Formasse primeiro e aparecesse depois.
Os procuradores do Povo por seu lado sustentarem que o partido era necessário e devia ser criado “para a Camara poder nomear Medico ou ao Recorrente cujos tallentos são conhecidos ou a qualquer outro que bem lhe pareça ficando o dito partido estabellecido perpetuamente sem dependência de outra nova Provisam
Vem depois os representantes da Nobreza e disseram “que se conformavam com a mesma rezam”.
E depois não disseram mais nada e assinaram a acta.
É de registar o seguinte: As assinaturas da acta são nada menos de quarenta e três e desta vez uma só é de cruz. Todos põem o seu nome por extenso, o que revela sensivel progresso, visto que até esta altura, sempre que havia sessões destas, as cruzes eram tantas que davam a impressão de um cemitério.
Acrescenta-se ainda que a acta desta sessão não foi escrita nem subscrita pelo escrivão Aranha. Foi um Sr. Manuel Joaquim Freire Corte Real, que deu provas de especialista em caligrafia capaz de endoidecer quem tenha de haver-se com ela em ortografia e redacção de “pretuguês”. Safa! Que é bom escrever mal, mas também nem tanto.
(Continua)

PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais”, o que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...