domingo, maio 31, 2009

VELHAS RUAS DA MINHA CIDADE


RUA DO ARCO DO BISPO
Das muitas ruas existentes no Castelo, a rua do Arco do Bispo é sem duvida uma das mais interessantes de toda a nossa zona histórica. Tentei saber um pouco mais sobre a história desta rua.
Após alguma procura aqui fica um breve resumo historial desta rua.

Manuel da Silva Castelo Branco, no seu livro, “ Subsídios para o Estudo da Toponímia Albicastrense do Século XVI ”, diz-nos o seguinte sobre a rua do Arco do Bispo; ” Tal designação pode ser posterior a Setembro de 1242, data em que no Porto se estabeleceu uma concordata entre o Bispo da Guarda e a ordem do Templo sobre certos direito eclesiásticos, que o Prelado tinha haver em Castelo Branco e no seu termo, ficando assente, (entre outras coisas) que “ dentro desta vila se lhe desse um lugar competente em que pudesse fazer casas para agasalhado seu e dos seus e, para recolhimento de suas novidades ”. Os Templários deram na Praça, o local onde foi construído uma casa para Paço do Bispo e para recolha das suas procurações, dízimos e benefícios, o qual englobava um arco que, desde então, passou a designar-se por Arco do Bispo, e a artéria que ali começava em direcção ao N./ N. O tomou, por igual motivo o mesmo nome, como se pode verificar no rol dos capitães de ordenanças da vila, eleitos em 1527, e de vários outros documentos da época… Nesta rua moravam algumas das famílias principais da vila: Oliveiras, Vasconcelos, Cardosos, Cunhas, etc.”

Para saber do actual estado desta rua, fui até lá e falei com o senhor Ramos que tem actualmente 83 anos de idade e mora nesta rua há mais de 50 anos.
Após uma pequena conversa com ele, fiquei a saber que actualmente moram nesta velhinha rua, (se ressalvarmos a família Pardal) três famílias; O Ti Ramos mais a esposa, uma velha senhora e uma família de etnia cigana. Todas as outras casas, estão ao abandono.
Das muitas preciosidades que esta rua tem, destaca-se o portado quinhentista da casa do Sr. Ramos, (um dos mais bonitos de toda a zona histórica), o magnifica Solar da família Pardal, um bonito brasão em granito colocado na frontaria deste solar e o Arco do Bispo. Sobre o Solar que hoje pertence á família Pardal, descrevo-o aqui nas palavras de Manuel Tavares da Santos, escritas no seu livro, ”CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE”.

“Na rua do Arco do Bispo está um antigo solar notável pela sua magnífica fachada vistosamente decorada no estilo Barroco do século XVIII. As cantarias trabalhadas de cornija, das pilastras, dos frontões e do brasão imprimem-lhe a graciosidade e imponência dos arrogantes solares nortenhos. Foi propriedade da família “Ordaz” da qual faziam parte os barões de Castelo Novo, (hoje pertença da família Pardal)“.

Continuando a visita histórica a esta rua… falta falar da Casa do Arco do Bispo. Segundo alguns historiadores, entre os séculos XV e XXI foram feitas profundas alterações neste edifício, com a construção da uma casa adjacente para residência dos bispos.
No entanto manteve sempre um passadiço sobre os arcos torais de volta perfeita que assentam em pilastras aprimoradas, na frente posterior tem um portal monumental que acedia à residência do bispo, com acabamentos em frontão triangular e pináculos, mantendo indícios de uma janela em arco de querena.

Situação actual.

Após um pequeno resumo histórico desta rua… falta agora falar do presente que nos irá transportar para o futuro. A situação actual desta rua é no mínimo horrível! Grande parte das casas, estão desabitadas por falta de condições habitacionais e as poucas que actualmente têm moradores, irão a curto prazo deixar de os ter, em virtude da avançada idade dos seus moradores e do progressivo estado de ruína das mesmas.

Conclusão.

O futuro não é risonho! No entanto… por vezes precisamos de acreditar que é possível alterar este estado de coisas e ajudar inclusivo nesta mudança.
Aos actuais inquilinos da nossa autarquia, apelo, que após a recuperação das velhinhas ruas do castelo, se prepare um verdadeiro plano de apoio á recuperação de muitas das casas existentes nesta pobre área, de forma a dar vida a uma zona onde os nossos antepassados nos deixaram memórias.
Terminava com uma frase lida num livro de Andrew Collins, no seu livro Passagem para Atlântida
A história não é passado; é simplesmente as nossas melhores interpretações das provas arqueológicas e textuais deixadas pelos nossos antepassados".
O Albicastrense

sexta-feira, maio 29, 2009

Tiras Humorísticas


Bigodes e Companhia galhofam com a situação do tanque desprezado e abandonado.
O Albicastrense

quarta-feira, maio 27, 2009

PEQUENAS COISAS


SINAL VERMELHO.......
A partir de hoje, vou tentar colocar aqui pequenas situações do dia a dia da nossa cidade, situações que embora sejam invisíveis para a grande maioria dos albicastrenses, não deixam de ser incomodativas e incompreensíveis para quem mora perto delas e põe os neurónios a ferver a quem por ali passa. A primeira situação apresentada diz respeito a um pequeno jardim existente perto da Escola Superior de Educação.
Na rua Faria de Vasconcelos, (Perto da Escola Superior de Educação), existe um pequeno jardim, (como as fotos mostram), que está uma autêntica calamidade! O alegado jardim, consiste num pequeno espaço ajardinado, que tem um pequeno tanque de água e alguns bancos para as pessoas se sentarem.
- O citado tanque está uma autêntica miséria! … Pois em vez de ter água limpa a correr, está cheio de porcaria e a pouca água existente, está podre e a cheirar mal….
- Os espaços onde estão situados os bancos, não têm qualquer calcetamento o que torna este espaço uma pobreza franciscana. Não deveria este espaço estar calcetado?

Uma autêntica desgraça, num local que bem merecia outra consideração por parte da nossa autarquia.
Senhor presidente a culpa não será sua… mas utilizando uma expressão futebolística… é costume dizer-se, que o treinador é sempre o responsável pela equipa que dirige, se a equipa não consegue resolver estas situações só resta pedir responsabilidades aos responsáveis pelo sector.
Numa altura em que a nossa autarquia faz alguns floreados aqui e ali para o “Inglês ver”, não lhe ficava mal ter alguém que olhasse para estas pequenas situações, pois elas são cada vez mais que muitas.
Aos responsáveis por este sector na nossa autarquia, deixava o seguinte recado: Que tal arranjarem alguém na nossa autarquia, que regularmente percorra a cidade e tome nota destas tristes e desgraçadas situações? Terminava dizendo... mais vele zelar pelo que temos, que andar fazer festinhas onde elas por vezes não são necessárias.
O Albicastrense

segunda-feira, maio 25, 2009

CAPELA DA NOSSA SENHORA DA AJUDA



Memórias Esquecidas
Na Rua dos Ferreiros, começaram esta semana as obras referentes á mudança do piso desta rua. Aproveitando estas obras lembrava um poste aqui publicado em 2006.
“3 De Setembro de 2006”
CAPELA DA NOSSA SENHORA DA AJUDA
(Rua dos Ferreiros)
Construída no Século XVIII, a Capela da Nossa Senhora da Ajuda apresenta, uma elegante frontaria ao estilo barroco e terá (?) sido mandada construir pela família Pina de Carvalho Freire Falcão, mais tarde terá sido adquirida pela Família Tavares Proença, cujos herdeiros mais tarde a venderam a D. Ana Maria Teixeira Gordino. Falei com a sua actual proprietária “D. Ana Maria”, que amavelmente me contou um pouco da história da Capela e dos contactos feitos por ela, junto da Autarquia Albicastrense, no sentido da sua recuperação, tendo ainda permitido a recolha destas imagens. Quem por ali passar e olhar para a fachada da referida Capela, não imagina o estado caótico em que a mesma se encontra, as fotografias aqui expostas deveriam cobrir de vergonha todos aqueles que, de uma ou outra maneira, têm responsabilidades políticas e culturais na nossa cidade.
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, ouvi-o há algum tempo a dizer na RTP que “Castelo Branco era hoje uma cidade moderna e virada para o futuro”.
A interrogação a fazer aqui só pode ser uma! Então uma cidade moderna permite que o seu passado histórico, seja ele público ou privado se encontre nesta situação Sr. Presidente? Faço aqui um apelo ao Presidente Joaquim Morão, no sentido de ir visitar a Capela da Nossa Senhora da Ajuda, (até pode ser que ela o ilumine), e juntamente com a D. Ana Maria, encontre uma solução honrosa que permita resolver rapidamente esta triste situação. Castelo Branco só será verdadeiramente uma cidade ”moderna e virada para o futuro”, quando situações como esta deixarem de existir.
Ps. Vamos lá colocar a “bela” Capela da Nossa Senhora da Ajuda, no roteiro turístico da nossa cidade senhores autarcas!...

Três anos após a publicação deste poste, a velhinha capela contínua aos ratos. Aproveitando estas obras, apelava ao presidente da nossa autarquia, que aproveitasse esta oportunidade e levasse avante a recuperação da pequena Capela da Nossa Senhora da Ajuda.
A reparação das ruas da nossa zona histórica é fundamental… porém, de que nos vale ter boas ruas se todo o resto está a cair de maduro?
As pequenas capelas são hoje coisa rara, (
infelizmente) na nossa cidade, a sua recuperação seria um pequeno grão de areia, na desgraçada herança deixada pelos nossos antepassados neste sector.
Senhor Presidente… afinal trata-se apenas de alguns milhares de euros!….
O Albicastrense

sábado, maio 23, 2009

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - XVII


(Continuação)
A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Ribeiro Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes.

O texto está escrito, tal como foi escrito e publicado em 1937.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade
.
Comentário do autor: Em sessão de Junho do mesmo ano a Câmara reconhece que; “Está sabiamente regulado os vestuários dos enjeitados conforme os annos que tivesse para haver de serem cobertos da sua nudez”. Mas entendeu ao mesmo tempo que não estava bem feita “a regulação das mortalhas dos enjeitados que morridos” e por isso tratou de fazer esta regulação, para o que;
Acta de 1776: “Acordarão que se observace a dita antiga determinação dos sento e cinquenta reis tão somente athe ofim de um anno athe que morrecem e tanto que antracem no segundo anno athe o fim do terceiro se lhe pagará de mortalha trezentos reis a cada hum e do principio de quatro annos athe o Sétimo anno em que dura a creação lhe darão quatro centos e cincoenta reis para lhe comprarem tres covados de fobel (?) (ou de outra qualquer droga).
Comentário do autor: Sete vinténs e meio para a mortalha de um enjeitado de um ano de idade, três tostões para a dos que tivessem de dois a três anos e um cruzado com meio tostão para a dos que fossem dai até aos sete, devemos concordar que não era caro. Também a Câmara não podia alargar-se muito, porque, se se alargasse com as mortalhas, não havia dinheiro que lhe chegasse, porque os pobres enjeitados morriam como tordos. Escapavam apenas os que nasciam de tal modo resistentes que nada havia que entrasse com eles.
Agora aí temos uma deliberação que nos mostra que os padeiros dos tempos passados tinham as mesmas manhas que os de hoje no tocante a peso do pão. Na sessão de 27 de Novembro de 1776 os vereadores da Câmara.
Acta de 1776: ”Ordenarão que p.ª se evitar o prejuizo que se segue ao publico de se não dar escrito do peso que deve ter o pão para os padeiros venderem nesta cid.ª e sue termo oqual se lhe deve dar por este Senado todas as semanas com forme os preços em que estiver opão pois só assim se ocorre aos dolos e furtos ao publico que podem acontecer e tal ves serão bem frequentes... acordarão e determinarão elle dito presidente e oficiais da Camara que todos os padeiros desta cid.ª fossem obrigados a tirar todas as semanas o escrito dopeso do pão para por elle se regularem....”
Comentário do autor: E aqueles que assim o não fizessem ou não respeitassem o que a respeito do peso constasse do escrito... “De cada ves serão condenados em cento e vinte reis pagos da cadeia”.
A multa, vamos lá, não era das mais pesadas; mas, como era pago da cadeia, sempre contribuiria para que os padeiros encolhessem um pouco as unhas. Está-se a ver a manobra. Portugal saíra pouco antes de uma crise de subsistência durante a qual o centeio chegou a vender-se a quartinho o alqueire, preço extraordinário, mais de 50 escudos de hoje.
Os padeiros á medida que a situação se ia normalizando, lá iam diminuindo o preço do pão, mas o tamanho ia diminuindo. Conhecendo a psicologia dos padeiros e das padeiras também a Câmara foi-lhe dizendo que bom era que cada qual se fosse governando, mas que quem marcava o peso do pão em relação ao preço era ela e, se houvesse transgressões, tinham a ameaçar-lhes a bolsa e multa de seis vinténs e a ameaçar-lhes o corpinho na cadeia. Bem feito....
(Continua)

Ps – Mais uma vez informe os leitores, dos postes, “Efemérides Municipais” que o que acabou de ler é uma transcrição fiel do que saiu em 1937. Modificar, emendar ou alterar estes artigos, seria na minha perspectiva um insulto ao seu autor.
O Albicastrense

quinta-feira, maio 21, 2009

BIGODES E COMPANHIA - Repórteres


INAUGURAÇÕES
“ O PARQUINHO MUITO DITOSO ”
Bigodes e Companhia repórteres destrambelhados e irresponsáveis, estiveram na inauguração do novo parque de estacionamento da nossa cidade.
Quinze dias depois, esta dupla de marados resolveu por fim entregar o calamitoso texto para publicação neste blogo.
Para quem não teve oportunidade de ali se deslocar, aqui fica a desajeitada reportagem desta dupla de palermas.
Após uma gestação muito superior ao tempo anunciada e um parto bem difícil e doloroso, a velha zona histórica da nossa cidade pariu finalmente o muito desejado parque de estacionamento, os felizes progenitores de tão desejado parto, jubilaram com o acontecimento e anunciaram desde logo, que não se ficariam por aqui, (malandrecos...). Os patronos do ditoso parquinho, estavam que não se podiam aturar, pois não se fartavam de gabar tão ditosa obra, dizendo a quem por ali passava... que nunca tinham visto um venturoso tão harmonioso.
Os festejos por tal acontecimento foram mais que muitos... anunciando-se inclusive que o ditoso tinha futuro e que o futuro estava garantido para o ditoso, (onde raio! ouvi eu este trocadilho!?). Os vizinhos do ditoso, desconfiados por este parto mal gerido e parido, descontentes pelo andamento dos arruamentos ao redor do ditoso, prometem guerra ao futuro do dito cujo, dizendo que só lhe darão prenda no dia de São Nunca (á tarde).
O jornal “O Oficioso” associou-se aos festejos divulgando o feliz acontecimento com dúzia e meia de palavras.
Ps. Já depois de termos escrito este texto, foi a dupla Bigodes e Companhia informada, que o ditoso teria dito as suas primeiras palavras, (perdão recebido as suas primeiras visitas) que muito o elogiaram e lhe desejaram muitos popós.
Bigodes e Companhia

quarta-feira, maio 20, 2009

CURIOSIDADES DO PASSADO

NOTÍCIAS DE OUTROS TEMPOS
(305 anos depois)
A 23 de Maio de 1704, iniciou-se a demolição da parte da muralha que envolvia a nobre vila de Castelo Branco, tendo sido espoliada, saqueada, profanada e incendiada Igreja de Santa Maria do Castelo. Tudo isto porque neste dia, os albicastrenses, não resistiram ao cerco que lhes foi imposto pelo exército Franco Castelhano, que no dia anterior havia sitiado a vila de Castelo Branco. O exército invasor, ao entrar na vila provocou toda a sorte de latrocínios, entre os Albicastrenses à boa maneira dos bárbaros invasores.
Esta situação ficou a dever-se ao facto, pretendente ao trono de Espanha, contra Filipe de Anjou, neto de Luís XIV, Rei da França, o que deu origem à guerra da Sucessão de Espanha, a qual veio a terminar em 1713, com a assinatura do tratado de Utreque e com a ascensão de Filipe de Anjou ao trono de Espanha

PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ” Reconquista
O Albicastrense

segunda-feira, maio 18, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE- (LlI)

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE
IGREJA DA MISERICÓRDIA VELHA – (5)

(Continuação).
Da leitura dos documentos transcritos pode inferir-se que nas eleições realizadas em Portugal alguns séculos antes da instituição do parlamentarismo já havia mistificações semelhantes ás que originaram o descredito daquele sistema político.
A Confraria da Misericórdia jamais se eximiu ao rigoroso cumprimento dos preceitos, do compromisso, concernentes á realização de varias cerimonias religiosas. Era costume efectuar-se, no dia 2 de Junho, a festa da Visitação de Santa Isabel, Padroeira da Misericórdia; em 12 de Novembro celebrava-se um ofício de nove lições por alma dos Irmãos falecidos e, em quinta-feira de Endoenças, a procissão dos penitentes ou dos fogaréus. O compromisso de 1663 descreveu pormenorizadamente a organização desta procissão. São deste estatuto os seguintes trechos:
Irão alguns fogaréus por uma parte e outra de toda o procissão e com eles irá todo o aparelho que for necessário para continuarem com luz todo o tempo. E os Irmãos que vão governando terão cuidado de os ir dispondo em espaço conveniente e de os mandar prover quando lhes for necessário".
“Nenhum Irmão levará consigo pagem ou criado, de maneira que fique dentro na procissão, pela indecência que nisso há e a desordem que pode causar".
“A procissão sairá da Misericórdia direita à Praça, Rua do Relógio , à Igreja de S. Miguel o Anjo, dali à Nossa Senhora da Graça, dai pela Corredoura à Rua dos Ferreiros até à Praça, toda a Rua de Santa Maria, Rua das Cabeças, tomando o Arressário até à Igreja de Santa Maria do Castelo, donde voltará pela Rua de Ega, até se meter na Misericórdia, visitando com oração o Santíssimo Sacramento nestas Igrejas e nas demais que ficarem no caminho por onde passar de maneira que mova a devoção a todos os que acompanharem e se acharem presentes”.
A procissão efectuava-se com grande luzimento, seguindo o itinerário estabelecido. Durante os sermões da Semana Santa era costume expor na Igreja o Santo Sudário a que se refere o seguinte documento:
“Miguel Achioly da Fonseca Castelo Branco, professor da Ordem de Christus, do desembargo de El-Rei Nosso Senhor e Provedor dos Resíduos e Cativos nesta corte de Lisboa e seus termos, etc..."
(Continua)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa" em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos.

O Albicastrense

sábado, maio 16, 2009

RUA DOS CAVALEIROS

RUA DOS CAVALEIROS
Na zona história da nossa cidade existem ruas cujo os nomes nos levam, muitas vezes, a interrogar-nos sobre o porquê daqueles nomes!?
Manuel da Silva Castelo Branco nos seus livros; “Subsídios para o Estudo da Toponímia Albicastrense do Século XV e Subsídios para o Estudo da Toponímia Albicastrense do Século XVI”. Conta-nos algumas histórias deliciosas e dá-nos alguns dados importantíssimos sobre estas ruas.
Para curiosidade de alguns e esclarecimento de outros, aqui fica o porquê da Rua do Cavaleiro, hoje designada como Rua dos Cavaleiros!...
Esta pequena rua, tem o seu início na Praça Camões, (numa das partes laterais do edifício do arquivo distrital), e desagua na rua do Arressário.
Segundo o Dr. Miguel Achioli da Fonseca, nela morou, em meados do século XV. Vasco Anes (tambem designado por Vasco Anes Folgado ou Vasco Anes Sequeira), neto do Mestre de Aviz D. Fernando Rodrigues de Sequeira. Teve o foro de vassalo del-rei, sendo vedor dos vassalos na dita vila e seu termo (por carta de 15.2.1453) e procurador às cortes de Lisboa, em 1439. Foi também Cav.º Fid. C.R... sendo por esse motivo conhecido vulgarmente pelo “Cavaleiro” dizendo o referido autor que, por antonomásia, tomou este nome a rua em que viveu, nas casas dos Arcos ou dos Sequeiras (que deviam ficar no cruzamento das ruas do Arressário e do Cavaleiro). Desta forma o tenho repetido, bem como outros autores. Entretanto, encontrei uma carta datada de 19.12.1636, em que Diogo Gonçalves, escuteiro e sua mulher Maria Lopes vendem a D. Juca, mercador judeu e a sua mulher D. Clara, todos moradores na dita vila, uma casa situada na “rua que chamam do cavaleiro”. Daqui, hesito neste momento em confirmar a afirmação do Dr. Miguel Achioli, pensando mesmo se tal designação não provirá de outro cavaleiro, talvez o próprio Mestres de Aviz, que ali nasceu...

Alguns livros editados por Manuel da Silva Castelo Branco.
Albicastrense Ilustres
Alcaides-mores de Castelo Branco
Amor e a Morte... nos antigos Registos Paroquiais Albicastrenses
Assistência aos doentes na Vila de Castelo Branco e seu termo, entre
finais do Séc. XV e começos de 1806 até 1836
Familiares do Santo Oficio em Castelo Branco
Heráldica dos Bispos de Castelo Branco
Retratos de Frei Roque do Espirito e de Frei Egídio da Aposentação
do Museu Francisco Tavares Proença.
Recordando Albicastrenses Ilustres: D. Frei Fernando Rodrigues de Sequeira, 24º Mestre da Ordem de Aviz, (1387-1433)
Notas e Documentos para a História dos Judeus e Cristãos-Novos
em Castelo Branco
Noticia Histórica sobre a Fonte das Águas Férreas, em Castelo Branco
Registos Paroquiais Quinhentistas da Igreja de Santa Maria do Castelo
da Vila de Castelo Branco
Subsídios para o Estudo da Toponímia Albicastrense do Século XV
Subsídios para o Estudo da Toponímia Albicastrense do Século XVI
Poetas do “ Cancioneiro Geral” Ligados a Diversas Povoações
do actual distrito de Castelo Branco
Vínculos Genealógicos que Liga o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco presidente cessante da Republica do Brasil à cidade de Castelo Branco
Infelizmente grande parte dos seus livros, não podem ser requisitados na nossa biblioteca, por ali não existirem.
Aos responsáveis pela mesma, apelava para que este lapso fosse corrigido a curte prazo.
O Albicastrense

sexta-feira, maio 15, 2009

Opinião

Já aqui contei, que existem certos assuntos sobre os quais tenho alguma dificuldade em falar, porém, nos últimos tempos dei comigo a pensar, se esta dificuldade era apenas minha ou se a mesma se estendia à maioria dos Albicastrense. O motivo desta minha interrogação, prende-se com o pouco entusiasmo que verifico existir, nos habitantes da nossa cidade em relação a muitas das obras que já finalizaram e a outras que estão a decorrer
A cidade sofreu na última década, mudanças que a transformaram por completo. No entanto verifico que a grande maioria dos albicastrenses, não se manifestam publicamente sobre estas transformações.

Estarão eles desinteressados na participação e discussão dos problemas da sua cidade?
Ou pura e simplesmente... deixam nas mãos de quem elegeram, os destinos da sua cidade?
Como Albicastrense que sempre se preocupou e vai continuar a preocupar com a sua cidade, qualquer das duas situações descritas, me põem os poucos cabelos que ainda tenho em pé.
O desinteresse ou o pouco entusiasmo que diariamente vejo no rosto dos albicastrenses perante todas estas mudanças, leva-me a pensar, que os tempos de hoje são tempos em que a participação dos eleitores na vida das suas comunidades, é cada vez menos desejada por quem colocamos á frente dos nossos órgãos autárquicos.
A participação de qualquer cidadão no dia a dia da sua cidade vila ou aldeia, deveria ser sempre encarada pelo poder instituído como um acto de cidadania participativa de pleno direito, e nunca como uma imbecilidade de quem não percebe nada de nada e está sempre a meter o bico em assuntos que não domina. A sensação que a grande maioria dos políticos de hoje nos transmitem, é de que o importante não são os eleitores mas antes o seu voto, (põe o teu votinho na urna, que nós depois tratamos de tudo por ti e em teu nome). Porém não se pense que a falta de participação dos eleitores no dia a dia das suas terras, é da inteira responsabilidade de quem elegemos... é igualmente da responsabilidade de quem escolhe os seus representantes para os vários órgãos que o representam, que depois de os eleger se está borrifando para o trabalho realizado e métodos utilizados por eles.
Como mudar este estado de coisas?
Soluções milagrosas não conheço, no entanto... está nas nossas mãos mudar o reino daqueles que pensam ser donos da verdade e senhores da certeza absoluta. Não permitindo, que este ou aquele nos diga o que é melhor para nós, mas antes que cada um de nós defenda com unhas e dentes, aquilo que achar melhor para a sua terra.
O Albicastrense

domingo, maio 10, 2009

BIGODES E COMPANHIA - Repórteres


"O BRANQUINHO"
Bigodes e Companhia repórteres das causas perdidas na nossa cidade, ao terem conhecimento que a nossa autarquia é possuidora de um projecto que visa recuperar, (para já) quatro velhos edifícios do interior da nossa cidade, resolveram meter pés a caminho e entrevistar, um dos últimos prédios intervencionados na cidade, (através de um método revolucionário que consiste numa cirurgia plástica á fachada), para saberem da sua actual situação habitacional e do seu presente estado de sanidade mental.
O Branquinho é assim que se chama o dito cujo!.. cuja existência nunca mais foi a mesma após esta operação plástica a que foi sujeito, (não se sabendo se a tinta com que foi borrada a fachada, era de plástico ou de água).
-- Companhia, esta entrevista está muito abaixo da nossa competência pensadora, então agora o “Gajo” manda-nos entrevistar este pobre e desgraçado prédio!.. -- Calma Bigodes… até pode ser que o Branquinho tenha coisas boas, (ou será boas coisas), para nos dizer.
-- Caro Branquinho fomos incumbidos pela cabecinha pensadora, pare lhe fazer umas perguntinhas.
-- Não acredito no que estou a ver!.. Os repórteres mais desastrados e aparvalhados da minha cidade, querem fazer-me umas perguntinhas!?
-- Dilecto Branquinho não é preciso estar a ofender-nos… apenas queremos ter um bate-papo consigo.
-- Perguntem que eu sou todo ouvidos, (ou será todo paredes), para vos ouvir.
-- Caro Branquinho, como prédio que foi sujeito a obras recentemente, nós resolvemos vir perguntar-lhe como se sente o imóvel, que deu inicio a esta grande e Inovadora Intervenção Urbanista na nossa cidade?
-- Olha para estes!.. Então agora eu sofri uma Intervenção Urbanística? -- Amigos aparvalhados, eu sofri foi uma operação plástica!.. Tirara-me as rugas colocando-me um pouco de cimento na cara, pintaram-me as pestanas, (as grades das varandas) e até me colocaram lentes novas nos olhos, (perdão… estores novos nas janelas).
-- Branquinho… nós achamos que está com um aspecto fantástico.
-- Estão enganados meus amigos!.. Se era para parecer aquilo que não sou, mais-valia terem-me deixado na calamidade em que estava.
-- Não percebemos nada de nada do seu trocadilho Branquinho?
-- Eu explico!.. Antes era um velho prédio que ouvia as lamentações de quem passava por aqui; “ É uma vergonha o estado em que se encontra este bonito edifício “. -- Hoje sou um velho prédio de cara lavada, que ouve as lamentações de quem passa por aqui passa; “Limparam-lhe a cara para enganar quem por aqui passa”.
-- Edifício Branquinho sentimos alguma mágoa nas suas palavras, importa-se de ser mais claro?
-- Destrambelhados amigos hoje estou de cara lavada, porém é tudo um faz de conta, pois dentro das minhas paredes está tudo como dantes.
-- Parece-nos que o Branquinho tem saudades de outros tempos?
-- Meus amigos dentro das minhas paredes já existiu vida!.. Hoje sou um desabitado exposto ás aranhas que passeiam livremente pelas minhas entranhas.
-- Porém nem tudo é negativo amigo Branquinho!.. Pois sempre ganhou uma cara limpa.
-- Amigo Bigodes, gostava que a sua Henriqueta fizesse uma plástica á focinheira deixando todo o resto na mesma?
--Cruz canhoto! … Preferia que fosse totalmente recauchutada da maneira a que ficasse como nova.
-- Como vê Bigodes nem tudo o que brilha é ouro, por vezes tratasse de falsificações baratas para enganar tolos.
--Uma ultima pergunta edifício Branquinho... não nos quer falar das transformação que aconteceram aqui á sua porta?
-- Meus amigos... não sei se vos conto ou se vos diga!...
-- Diga... pois nós estamos curiosos em relação á sua resposta.
-- Não posso!... pois desde que me colocaram palas nas janelas, nunca mais foram abertas, para que quem passe na rua não possa ver o deserto que cá ficou dentro.
-- Amigável Branquinho para terminar, gostaríamos de lhe dar voz para poder dizer abertamente o que lhe vai no telhado.
-- Aos poucos visitantes que se deram ao trabalho de ler o poste do Bigodes e Companhia, pedia paciência para aguentarem os seus disparates, aos responsáveis pela minha cirurgia plástica só posso dizer.

As minhas janelas estão altas,
E sou uma casa branquinha.
Nada me sobra e tudo me falta
E terei que morar sozinha.

Sou hoje um pobres prédio,
Cuja a cara não mostra o que sou.
Tenho a cara que os outros querem
E não aquilo que eu sou.

De que vale pintarem-me a cara,
Se por dentro estou despojado.
De que vale enganar quem passa
Se me sinto um prédio abandonado.
-- Vamos embora Bigodes, pois o pobre desgraçado está a delirar com todo este embuste...
Bigodes e Companhia

sábado, maio 09, 2009

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - XVl


(Continuação)
A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Ribeiro Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes.
O texto foi escrito neste blogo, tal como foi publicado em 1937.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
Comentário do autor: Depois de ter procurado por um freio ao furto da azeitona, a Câmara tratou de obrigar os donos dos lagares a poupar um pouco as ruas que até ai eles ponham num estado lastimoso. Disse no dá conta a acta da sessão de 31 de Janeiro de 1776 nos termos seguintes:
Acta de 1776: “Depois de deferirem vários requerimentos das partes Considerando em que se estava prometindo nesta cidade se desaguase pellas ruas do interior della todos os azinares ou agoas dos Lagares de azeite que há na mesma cidade de que seseguia estavam a maior parte das ruas por onde os dittos azinagres passavão cheas de immundice e das ditas agoas pardas que difficultavão não só afranca passagem do Povo mas também se passavão quaesquer bestas os pingos dadita agoa que emqualquer pessoa que passava erão nódoa seria que se impregava nos passajeiros e quaes quer pessoas que andacem ou tranzitacem pellas ditas ruas e querendo evitar o prejuízo do povo, e concorrer quando nos he possível para odecoro da cidade determinarão e acordarão uniformemente que todo o dono de lagar de azeite que houver nesta cidade faça coloaca por baxo das ruas de forma que fiquem estas bem seguras e encanem as ditas agoas dos lagares athe desemporarem fora da cidade e não o fasendo assim querendo conservar os ditos lagares emoer nelles azeitona servindose das ruas e lançando nellas as ditas agoas incorrerão todos os donos dos referidos lagares na de seis mil reis pagos da cadea por cada vez que o fizerem ou consentirem aos que nelles trabalharão”.
Comentário do autor: Se esta providência fez por então desaparecer o abuso, não o sabemos dizer. Sabemos, porem como sabe toda a gente que vivia já aqui há vinte ou trinta anos, que de novo se viam os “azinagres” a correr de alguns lagares para as ruas, formando respeitáveis regatos. E ainda não há meia dúzia de anos se via o “azinagre” a correr em abundância para a Quinta do Paço de um lagar que ficava por ali perto. Isso acabou, mas não foi á primeira investida que se lhe pôs termo. Nesta mesma sessão de 31 de Janeiro de 1776 os vereadores que ainda estavam frescos, resolveram-se a acabar ainda com outros abusos, e assim fizeram entrar na ordem os:
Acta de 1776: “os que embarcarem as ruas estradas ou caminhos públicos e inda terras do concelho, com pedras madeiras parreiras ás portas ou arvores nas ruas ou caminhos do publico ou porem silvas ou quais quer matos por sima dos tapumes ou valados com que embaracem de qualquer forma a passagem e serventia do povo”.
Comentário do autor: Hoje já aparece pouco disto, mas ainda uma vez ou outra a Câmara têm que fazer entrar na ordem um ou outro abelhudo que se julga no direito de dispor, livremente do que não é de ninguém por ser de todas. A educação cívica ainda tem muito que fazer por ai fora. Ainda nesta mesma sessão se encontra o seguinte, que nos diz um pouco do que eram os costumes do tempo, que afinal não eram muito diferentes dos costumes de hoje:
Acta de 1776: “E sendo informados de que há muntas pessoas nesta cidade e termo que com a sua depravada Lingoa dão causa a tomultos bricas epancadas quando se não sigão edemortes por causa dedesecompostura pallavras afrontosas einjuriosas comque desecompõem e desacreditão varias pessoas que por muitas vezes por senão meterem emgastos de demandas de injurias não acusão as pessoas que as afrontão pello que querendo de alguma forma um fereio a estas pessoas mal dizentes que há tais que tem isto mesmo por oficio e toca a estie Senado imporlhe inmendas pello meio das condenaçoens para se evitarem os prejuízos graves que se podem seguir das referidas maledicencias ou injurias determinarão e acordarão uniformemente que toda a pessoa desta cidade etermo que descer mal ou injuriar a outrem na sua prezença incorra na pena de mil e duzentos reis pagos da cadea e sendo na auzencia de outros a quem forem ditos são condenados em seis centos reis tudo pago da cadea e por esta forma amplião assim as penas determinadas napostura antiga e mandarão se poblicace nesta cidade e seu termo e se passacem as ordens nesceçarias para chegar anoticia de todos e se lhe dar tudo inteiro cumprimento.”
Comentário do autor: As penas “determinada na postura antiga” não tinham dado resultado e por isso as “ampliaram”; mas a ampliação certamente também não deu resultado ou, se o deu foi sol de pouca dura, ainda hoje se pode dizer mal do próximo e sobretudo da próxima, é o maior prazer de muita gente. Há mesmo quem não tenha outro ofício a não ser o da má-língua.
Ps Mais uma vez informe os leitores dos postes, “Efemérides Municipais” que o que acabou de ler é uma transcrição fiel do que saiu em 1937. Modificar, emendar ou alterar estes artigos seria na minha perspectiva um insulto ao seu autor.
(Continua)
O Albicastrense

quinta-feira, maio 07, 2009

DITO E FEITO


É hábito dizer-se que uma fotografia vale por mil palavras.
Como não tenho bagagem para as tais mil palavras, fico-me pelas fotografias. No entanto os visitantes do blog, podem e devem dizer o que magicam sobre esta alteração.
O Albicastrense

quarta-feira, maio 06, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE - (L I)


Monumentos de Castelo Branco
IGREJA DA MISERICÓRDIA VELHA – (4)
(Continuação)
Pôr alvará régio de 2 de Outubro de 1610 foi deferida esta pedição, sendo Provedor o licenciado Domingos do Rego. Não obstante as intervenções do Estado realizadas em 1529, em 1584 e em 1624, a administração da Misericórdia continuou a ser escandalosa; em 1624 os lavradores queixam-se de que “os irmãos da Mesa tomam a maior parte das terras para si carregando-as no livro da Misericórdia sobre homens pobres que não tem boi nem vaca nem são lavradores, que depois lhes tornam a largar”.
Os subornos nas eleições também não cessaram com o alvará de 1610. O Provedor da Comarca de Castelo Branco, Licenciado Sebastião da Fonseca, mandou suspender a eleição até nova ordem, em 1630, recebendo uma provisão do Rei D. Filipe, datada em 10 de Agosto daquele ano, na qual se determinava que “antes da eleição se fazer se apure o livro novo da Irmandade e depois de feita esta diligencia se proceda á eleição com a assistência do dito licenciado“. No dia 18 de Abril de 1631 foi lavrado um auto do qual consta que estando o Provedor Simão da Silva Almeida e mais irmãos da Mesa e a maior parte da Irmandade junta para irem ao Enterro do Nosso Senhor Jesus Cristo, por ser em Sexta-feira da Paixão, como era costume na vila, deliberaram dar inteiro cumprimento ao que Sua Majestade dispôs em sua Provisão de 10 de Agosto de 1630, na forma seguinte.
“Que para o recebimento e aprovação dos irmãos que hão-de ser admitidos se ponham dois vasos no meio da Igreja e se dê a cada irmão uma fava e um grão. E as favas aprovarão e os grãos reprovarão. E o irmão que for votar lançará no vaso que estiver despachado para a eleição do Irmão o que lhe parecer. E o que lhe ficar na mão lançará no outro vaso, para que desta sorte se não dê satisfação a subornos se os houver e cada um possa votar livremente como lhe parecer em sua consciência.
E depois, o Provedor e Irmãos da Mesa aprovarão o que acharem no vaso reputado para a eleição de tal Irmão e achando mais favas que grãos ficará o Irmão admitido. E achando pelo contrario, mais grãos que favas ficará excluso. A qual operação se fará diante de toda a Irmandade. E nenhum Irmão será admitido senão no dia de Santa Isabel e Sexta-feira de Endoenças. E antes de se assinar o termo da aceitação e juramento, habilitará em Mesa sua pessoa. E que todo o Irmão que faltar à procissão das Endoenças, enterro do Senhor ou de qualquer Irmão que falecer, não tendo licita causa, pague dois arráteis de cera. E não se cobrando o Provedor, ele próprio pagará da sua casa. Depois se fez este termo que todos assinam”.

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa" em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos.
O Albicastrense

terça-feira, maio 05, 2009

domingo, maio 03, 2009

A Velha Senhora (Vídeo)

Este pequeno vídeo é um brinde do Albicastrense, para todos os naturais da nossa cidade, espalhados por esse mundo fora. É uma pequena amostra do excelente trabalho feito pela nossa autarquia, na restauração da nossa muralha, (a velha senhora).




Um abraço d'"O Albicastrense"!

sábado, maio 02, 2009

CENTRO DE ARTES


Após algum silêncio comprometedor, surge de novo nas parangonas dos nossos jornais locais a grande notícia;
Centro de artes, com pista de gelo deverá ser lançado a concurso ainda este ano e será, no entender de Joaquim Morão presidente da Câmara, a obra mais emblemática na história recente da cidade ”.

Não querendo ser má-língua… terá este ressurgimento alguma coisa a ver com as próximas eleições autárquicas? Estranhamente, ou talvez não, a sensação com que fico perante este tipo de notícias é que alguém se prepara para nos passar uma rasteira.
No entanto mais que saber da importância deste ”Centro de Arte, com pista de gelo” da escolha do projecto, ou do local escolhido para a sua construção, interessa perguntar a quem de direito, se a cidade precisa realmente deste mega empreendimento cultural?
Numa altura em que se põem em causa, aeroportos e comboios de alta velocidade, construir este tão proclamado Centro de Artes, não será uma provocação aos muitos trabalhadores da nossa região, que diariamente são atirados para a sopa dos pobres?
Estará a cidade de Castelo Branco tão necessitada de um empreendimento de tal grandeza, (6.000.000 de euros), quando existem outros organismos ligados á cultura, sem cheta para poderem desenvolver as suas actividades culturais? A construção deste tão proclamado Centro de Artes poderá levar muitos albicastrenses a pensar, que o problema da pouca actividade cultural na nossa cidade se deve á falta de espaços para a sua realização. Que me desculpem mais uma vez os nossos responsáveis autárquicos, mas a pouca actividade cultural existente na cidade de Castelo Branco, nada tem a ver com a falta de espaços culturais destinados a este área, mas antes á falta de projectos e de pessoas capazes para dar um pontapé no marasmo existente.
Se alguém pensa que a construção deste Centro de Artes é a resolução de todos os nossos pecados ligados ao sector da cultura, tire dai a ideia, pois na opinião deste albicastrense, (que vale o que vale), a sua construção será o aumentar do problema e nunca a sua resolução.
O Albicastrense

sexta-feira, maio 01, 2009

CURIOSIDADES DO PASSADO

NOTÍCIAS DE OUTROS TEMPOS
(63 anos depois)
A 2 de Maio de 1946, teve lugar a sessão pública da inauguração do edifício do Liceu Nun’ Álvares, hoje Escola Secundaria Nun’ Álvares.
Este edifício foi construído, tendo em vista uma frequência de 600 alunos, distribuídos por 20 turmas. Porém, em 1966, era já frequentado por uma população escolar de 1419 alunos, distribuídos por 39 turmas.
Neste mesmo dia procedeu-se à abertura da Avenida de Nun’ Álvares, que foi delineada pelo então ministro das obras Públicas, Eng.º Duarte Pacheco.

PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ”AReconquista”
O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...