quinta-feira, maio 30, 2024

MEMÓRIAS DO BLOGUE: “O ANTIGO PELOURINHO DE CASTELO BRANCO”

MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE.

Nos finais do século XIX e princípios do seguinte, decidiram as vereações de determinados municípios, que os seus velhos pelourinhos, eram “símbolos de tempos passados que interessava mandar abaixo!...” vai daí, mandavam demolir aquilo que afinal mais não era, que um marco puro da passada autonomia municipal, secular padrão das suas antigas liberdades.
Os pelourinhos eram erguidos no largo principal das povoações, quando estas subiam à categoria de vila. Em Castelo Branco, o velho Pelourinho com alguns séculos de existência, não escapou à onda destruidora e, também ele foi mandado abaixo. 
Do livro; "Pelourinhos e Forcas" de Jaime Lopes dias, aqui fica um pequeno apontamento, sobre o antigo pelourinho da terra albicastrense.
CASTELO BRANCO
De origem remotíssima, Castra Leuca dos romanos, sucessora da Belcagia ou de castro mais antigo, Castelo Branco, Vila Franca no alvorecer da nacionalidade, povoação formosa que se reclina na esbelta elevação que se impõe e destaca no dilatado horizonte que corre da Gardunha às Talhadas e ultrapassa a fronteira, teve forais dados por D. Sancho I em 1188, por Pedro Alvitis, mestre da Ordem do Templo, em 1213, por Pedro de Sousa, grão-mestre da Ordem de Cristo, em 1495, e por D. Manuel em 1 de Junho de 1510. Vila desde a fundação, classificada de notável por D. João II, D. José elevou-a à categoria de cidade em 21 de Março de 1771.
Sede de Correcção, cabeça de Comarca, teve como não podia deixar de ter, com tais pergaminhos, o seu pelourinho na Praça, hoje conhecida por Praça Velha, em frente dos antigos Paços Municipais. 
Viu-o ainda, e em seus degraus se sentou o sr. dr. Augusto de Sousa Tavares, e com ele certamente pessoas de sua idade, que bem poucas são já hoje em Castelo Branco. Não é possível reproduzi-lo ou desgrave-lo em sua minúcia, mas pode em todo o caso, afirmar-se, segundo as absequiosas informações do sr. dr. Augusto Tavares, que a plataforma se compunha de dois degraus quadrados sendo a coluna, capitel e remate de arquitectura pobre.
A existência do pelourinho, e não só do pelourinho mas também da forca de Castelo Branco, é-nos atestada ainda pelo seguinte capitulo do Compromisso da Misericórdia, de 1 de Novembro de 1596, reduzido do da cidade de Lisboa, e mandado guardar por provisão de 17 de Junho de 1597, “Capitulo XXVII dos padecentes”.
Quando alguma pessoa houver de padecer por justiça, irão o Provedor e irmãos da mesa a acompanhá-lo, e irá a bandeira, a qual levará um irmão metido em um balandrao, e dois da mesma maneira com tocheiros acessos, e um irmão com uma vara junto à bandeira, e os Capellais da casa em precisão, e outro irmão com outra vara regendo, e o crucifixo, no couce da procissão, e quatro irmãos vestidos, com seus balandraos com tochas acesas e um dos enfermeiros levará as consolações convenientes para esforçarem o padecente, e mandarão lavar uma caldeira com água benta, e nesta ordem irão até à porta da cadeia, onde esperarão até tirar a justiça, o padecente, que virá metido em uma vestia branco de pano de linho, que os mordomos da Capella mandarão fazer quando tiveram recado que há-de padecer, mandando primeiro a campainha com a insígnia, que se costuma andar pelos padecentes, para ser notório aos que o quiserem acompanhar: elle em saindo se assentará em joelhos diante do crucifixo, e lhe darão a beijar, e se assentarão todos em joelhos, os Capellais começarão a ladainha, e não se levantarão até dizerem – Santa Maria – o que todos responderão – Ora pro nobis – e então se levantarão, e começarão a andar prosseguindo a ladainha na mesma ordem, em que vierão, passando os quatro irmão que iam detrás do crucifixo para diante junto aos Capellais, e ficará o padecente detrás do crucifixo; e os pregoeiros irão diante da bandeira de Nossa Senhora por não fazerem tumassa com os pregões ao padecente, e chegando a alguma Igreja pôr-se-ão todos de joelhos, e dirão três vezes em voz alta – Senhor Deus Misericórdia – e em se levantando o que levar o crucifixo dá-lho a beijar nos pés ao padecente, e chegando à Igreja do Espírito Sancto osterá uma missa presta para nella, de fora, ver a Deus, e lhe pedir perdão de seus pecados, e irão continuando até ao lugar onde houver de padecer; e então neste aperto, começarão os ditos Capellais a cantar o: Ne recorderis pecato mea Domine – lançando água benta sobre o dito padecente até dar sua alma a Deus, que a criou, e remiu com o seu precioso sangue.
E porque a Misericórdia de Deus a todos abrange, é bem que os que padecem não sejam de todos esquecidos, se ordenou pelo irmão, e fundadores desta casa, que o ano que houver padecentes se faça memoria delles pelo dia de todos os Santos, e depois da missa do dia mandará o mordomo da Capella a insígnia pela Vila para que se ajuntem os irmãos na casa da Misericórdia para depois de vésperas irem em procissão vestidos com seus balandraos, e círios nas mãos, com bandeira e crucifixo, e uma tumba buscar a ossada dos que tiveram padecido, e tornando à Misericórdia, e posta a tumba no meio da igreja haverá pregação, e ele acabado enterrarão a ossada.
E o que padecer por justiça no pelourinho, ou em outros lugares particulares, terá o mordomo da Capella cuidado de o mandar enterrar quando forem horas, conforme seu regimento, e se alguns morrerem queimados por justiça, morrendo na Fé Católica, logo naquele dia à tarde em que padecem, o mordomo da Capella mandará um servidor da casa, que vá ajuntar a ossada que ficar por queimar do tal padecente, e o trará em um lençol para se enterrar em lugar sagrado, porque a caridade que Nosso Senhor deixou encarregado que usássemos com nossos próximos será de todo cumprido com os padecentes”.
Sobre a data da destruição, lavada a efeito em consequência de edificações em redor da Praça e para regularização da mesma, nada conseguimos averiguar ao certo.
Em todo o caso, a avaliar pelo que escreveu o Bispo de Angra, D. João Maria Pereira de Amaral e Pimental (obr. Cit., pág. 221) deve ela ter-se efectuado posteriormente a 1880. Diz assim, o venerando antiste:
Nem esta moda está tão vulgarizada que se envergonhem de possuírem seus pelourinhos, a Sertã, cabeça de comarca, Castelo Branco, cabeça de distrito, e Lisboa, capital do reino.... Oleiros quis, porém avantajar-se a estas terras, e no dia 22 de Março do corrente ano de 1880, fez apear o padrão da sua maior gloria”.
Em resposta à circular da associação dos Arqueólogos, de 19 de Junho de 1900, já atrás referida, disse a Câmara Municipal do Conselho de Castelo Branco, em 4 de Julho do mesmo ano, que no território do município não existiam pelourinhos. Das transcrições feitas é fácil concluir que: Castelo Branco teve pelourinho e forca, aquele destruída há mais de 50 anos; e que o caminho para a forca, se fazia pelo Espírito Santo, capela em que os padecentes pediam pela ultima vez perdão a Deus. Localização exacta? Pergunta para qual eu não consegui resposta e que aqui deixo com sincero desejo de que algum mais feliz investigador, possa esclarecer.
Jaime Lopes Dias
PS. Setenta  muitos anos depois da publicação deste artigo, o tal investigador que Jaime Lopes Dias esperava que um dia aparecesse para fazer luz sobre o destino que teria sido dado ao velho Pelourinho da terra albicastrense, nunca apareceu, continuando tudo na mesma. As imagens publicadas nesta publicação, são da autoria do aguarelista, Fernando Perfeito de Magalhães, publicadas no livro; "Pelourinhos e Aguarelas", editado pelo Museu Francisco Tavares Proença Júnior em 1977.
                                                                           O ALBICASTRENSE

sexta-feira, maio 24, 2024

ALBERGARIA DE SANTA EULÁLIA - (4/4 FINAL)

 

MEMÓRIAS DO BLOGUE "DEZ ANOS DEPOIS"

UM DOCUMENTO HISTÓRICO
(Continuação)
O mordomo de S. Olaya foi instituído por Martim Esteves e sua mulher Maria Migueis que o deixaram a sua sobrinha Maria Eanes, casada com Vasco Eanes de Refoyos, avós de Ruy Vasques de Refoyos, personagens do período do mestre de Avis, o qual foi senhor dos direitos reais da Covilhã, senhor de Sarzedas e Sobreira Formosa e alcaide-mor de Almeida e de Monsanto. A descendência consta de vário livros de genealogias”.
Haja vista aquele Martim Esteves, homem de haveres, que instituiu o Morgado e a Capela de Santa Eulália, com assento ali na Rua dos Ferreiros, entre a porta da vila e o Postiguinho de Valadares. Não tinha o Esteves descendentes, e, por isso, chamou à administração do morgado e capela o seu parente Vasco Anes, e na sua pessoa e por anos sem conta, os seus descendentes que não fossem sandeus ou desmemoriados.

Ora um neto daquele Vasco Anes, que dava pelo nome de Ruy Vasques de Castelo Branco, o vamos encontrar na babugem da insurreição que levou ao trono o Mestre de Avis, não ainda a enaipar com a fidalgaria, mas a acamaradar com outros escudeiros que se encontravam nas Cortes de Coimbra, segundo refere Fernão Lopes.
Trouxemos para aqui esta nota somente para se agarrar explicação capaz da ascensão dos descendentes de Vasco Anes até ás honrarias que culminam no condado de São Vicente, mas sobretudo, para se adivinhar como inchou de haveres a sua casa agrícola, que chegou a ser uma das maiores, em extensão territorial, em terras da beira...
Nem mais nem melhor se pode dizer para explicar como os descendentes de Vasco Anes , da família de Martim Esteves, chegaram a Condes de S. Vicente. Em 1666 Dom Afonso VI criou o condado de São Vicente da Beira e nomeou João Nunes da Cunha Iº Conde de S. Vicente.
Este João Nunes da Cunha era homem de altos merecimentos, e foi escolhido para Vice-Rei da Índia. Era comendador de Castelejo e de S. Romão de Herval, da Ordem de Cristo. Homem de muitas letras, publicou um Panegírico de El-rei D. João IV e deixou manuscritas algumas obras de matemática e poesia.
Em 1807 Luís da Cunha Sousa e Vasconcelos veio requerer que tendo falecido sem descendência seu irmão José da Cunha, era ele seu sucessor, e como tal requeria a posse judicial dos bens do Morgado que nesta cidade possuía. Em 1866 o Morgado tinha entrado em franca liquidação. Neste ano da graça que está a corre, do Morgado de Santa Eulália, tudo o vento levou e dele só resta a pálida lembrança registada nestas paginas.

PS. A imagem postada nesta publicação, foi captada por mim quando das obras de requalificação da Praça Postiguinho de Valadares, imagem onde se podem ver restos da antiga albergaria.
Dados recolhidos em: “Estudantes da Universidade de Coimbra Naturais de Castelo Branco”, de Francisco Morais e José Lopes Dias.
O ALBICASTRENSE

segunda-feira, maio 20, 2024

O POMBAL DA TERRA ALBICASTRENSE


 A DESGRAÇA MORA NO CORAÇÃO DA TERRA ALBICASTRENSE.

É completamente inadmissível que no coração da terra albicastrense, esteja um prédio nestas condições.               
                      😡 😠 😟 😞 😝 😜 😛 

MENSAGEM AO PRESIDENTE LEOPOLDO RODRIGUES

Caro presidente, deixar que um proprietário desleixado não se importe com o seu património pode até ser normal, o que não pode ser normal, é que a nossa autarquia feche os olhos a esta desgraça. O coração da terra albicastrense é a montra de quem nos visita, os albicastrenses e aqueles nos visitam não merecem ter tal desgraçada montra, por isso, dê corda aos sapatos e resolva de uma vez por toda esta triste vergonha.


 O ALBICASTRENSE

     

sexta-feira, maio 17, 2024

ALBERGARIA DE SANTA EULÁLIA - (3/4)

MEMÓRIAS DO BLOGUE "DEZ ANOS DEPOIS"

UM DOCUMENTO HISTÓRICO
(Continuação)
Das antigas casas de residência do feitor da Capela comulante com as funções de albergueiro, eis a referencia do “Tombo”.

Havia morada de casas junto à muralha da porta, da Vila – que pegaõ com a dita muralha da parte do norte, e do Sul com casas de Manuel Jorge solteiro mercador, e pelo oezte com a rua publica chamada a dos Ferreyros. E pello Leste com quintal da mesma casa, que tambem E deste Morgado as quais cazas tem dous sobrados, e tres salas em comprimento, e a cozinha sobre o segundo sobrado e delle se serve António Gomes pelo trabalho de feitorizar a Capella e dar os guizamentos ou aprestos para o Santo Sacrificio das Mifsas, que annuais contidianamente selebrou na Capella de Santa Eulália, e sendo estas medidas pella parte de dentro, a superfície tem de Norte a Sul duas varas, e tres quartas, e de leste a oeste, a todo o comprimento das tres casas doze varas e uma quarta e (….) da sala que parte com o quintal tem delargura tres varas e uma sezma. Tem as ditas casas seu Balçaõ para o mesmo quintal o qua tem seu Pofso com bordas de cantaria e hum figueira, tres parreyras, e dista da muralha he a chaminé da casa da ospedaria pella parte do Oeste e sudueste tres varas e meya, e do Norta, o muro tem outo varas, e do leste e sueste que he do muro até aultima quina da casa da ospedagem tem doze varas, e meya, e pollo Sul vara, e meya porque faz augulo agudo"
Dos documentos depreende-se que a Albergaria de Santa Eulália continha quatro camas, e cozinha, e destinava-se a cumprir uma das Obras de Misericórdia, dar pousada aos peregrinosisto é, facultar aos viajantes, cama, roupa luz e sal, durante três dias. 
Não se admirem olhares modernos da sua exiguidade, em relação com a vida actual, pois não eram maiores, em geral, as de outras terras do país, elas desempenhavam funções sociais bem importantes naqueles tempos. Algumas, recolhiam os peregrinos aos lugares santos e consagrados, Jerusalém, S. Tiago de Compostela, Boulogne, Guadalupe, S. Vicente do Algarve, etc., os doentes e ainda os leprosos, acumulando as diversas modalidades do exercício da caridade. Vasco pais era alcaide-mor das Covilhã e de Monsanto, na epoca de D. Afonso IV, e foi o primeiro que tomou o apelido de Castelbranco “por hã sucesso de guerra que teve nesta Villa”.
O solar dos Castelbrâcos querê algûs que seja a quinta de Val de Figr.ª Junto da Vila lla de Castelbrãco, outros querê que seja a mesma v.ª aonde erão senhores os Castelbrancos da Capella da Albergaria de S. Olaya que foi de Ruy Vasqs, de Castelbranco: os quaes erão chefes deste app.º e por casamento pasou aos Sousas Refoyos e pella mesma causa aos Cunhas Condes de S. Vicente e hoje aos Tavoras”.
Este Ruy Vasques de Castelbranco, parece ser filho de Vasco Pães, ao qual El-Rei D. João Iº, deu a Albergaria-mor de Almeida.
(Continua)
Dados recolhidos em: “Estudantes da Universidade de Coimbra Naturais de Castelo Branco”, da autoria de  Francisco Morais e José Lopes Dias.
O AIBICASTRENSE

segunda-feira, maio 13, 2024

TRISTEZAS DA TERRA ALBICASTRENSE - LARGO DE S. JOÃO

A TRISTEZA MORA NO BONITO LARGO DE S. JOÃO.
😝 😞 😟 😠 😡 😢

Quem atualmente passar pelo largo de S. João, não pode deixar de se interrogar sobre as obras que decorrem na casa que pode ser vista nesta publicação. 

A casa começou a ser recuperada à quatro ou cinco anos, o objetivo (segundo me foi dito), era recuperar a casa para alojamento local, porem, consta que a nossa autarquia terá reprovado o projeto. Perante tal negativa, resolveu o dono da obra parar a obras e deixar o andai-me com um panal a cobrir a  obra, como pode ser visto na imagem.


Passados os tais quatro ou cinco anos, nada de nada aconteceu, ou seja, a obra continua por acabar. Eu apelava ao nosso presidente para a resolução desta triste situação, pois passar por um dos largos mais bonitos da nossa cidade e dar de caras com a recuperação de um prédio que não ada nem desata é simplesmente inconcebível. 
Espero muito sinceramente que este meu apelo seja apreciado na nossa autarquia, e que dentro de pouco tempo possamos ver a obra concluída. 
O ALBICASTRENSE

domingo, maio 12, 2024

ALBERGARIA DE SANTA EULÁLIA - ( 2/4 )

 MEMÓRIAS DO BLOGUE "DEZ ANOS DEPOIS"

UM DOCUMENTO HISTÓRICO
(Continuação)
O curioso documento anteriormente publicado assinala a data da instituição, o não cumprimento integral dela pelo que respeita ao hospital, melhor dizendo, albergaria, as vicissitudes dos bens vinculados e sua respetiva sucessão. A albergaria ficava vinculada à capela de morgado de Santa Eulália reza o mesmo “Tombo”.

Esta capella está sita na Rua dos Ferreyros entre a Porta da Vila e ho Postiguinho dos Valadares da parte direyta hindo para a Corredoura e comvento da Graça, e Pafsos dos Bispos deste Bispado da Guarda. Tem Esta cappela a frontaria toda de Pedra de Cantaria laurada com hu campanário com seu sino, , e a porta virada ao Poente, Rua publica o Altar fica com respondente, E direito com a Porta principal da Entrada he de Retabulo e nelle estaõ as iamgens de he Crucificio de Marfim, com Seu Resplandor ae a imagem de Nofsa Senhora da Conceyçaõ com a sua coroa de Pratta, e a imagem de Santa Eulalia em vulto com Resplandor de Prata. 
Aos lados deste altar estaõ duas Portas com portados de cantaria euma ao lado esquerdo, que é a que entra para a sachrystia, e outra ai lado direito, que dá Serventia para a Albergaria, e ospedage dos passageiros.
Tem de comprimento sei varas, e uma sesma – de leste a oEste e de largo cinco varas e uma sesma de Norte a Sul. A sachristia, que fica da parte Esquerda tem decomprimento sinco varas E de Largo duas Varas, e uma quarta, a qual tem sua fresta para o quintal que fica de Leste. A casa que serve de Albergaria eospedege aos Pafsageyros alem da porta por honde se entra tinha huma Porta para o Sul e Lado Direyto que hoje se acha tapada de pedra e outra para Leste que serve de serventia para o quintal das casas que foraõ do Prelado pertencentes a este Morgado com uma chaminé da parte do Leste, em a mesma casa se achaõ quatro barras com quatro camas para os Pafsageyros que a Caridade dos Excelentifsimos Condes lhe promptas para seu agazalho, e Recolhimento em que se podem demorar os mesmos Passageyros por tempo de tres dias a qual caza tem de comprimento quarto varas, e tres quartas e de largura tres, e meya".
Nada existe actualmente que nos recorde a Capela de Santa Eulália, desmantelada e absorvida nas habitações da entrada da Rua dos Ferreiros. Não deve ser confundida com a Capela dos Pinas, existente algumas dezenas de metros adiante, junto do actual Instituto de Santo António (1955). Seria interessante averiguar onde se encontrará a escultura de Santa Eulália, virgem e mártir, se é que porventura existirá ainda, na sua curiosidade histórica e artística de bom exemplar quatrocentista.
(Continua)
PS. As  imagens postadas neste poust, foram captadas por mim quando das obras de requalificação da Praça Postiguinho de Valadares, imagens onde se podem ver restos da antiga albergaria.
Dados recolhidos em: “Estudantes da Universidade de Coimbra Naturais de Castelo Branco”. De Francisco Morais e José Lopes Dias.
O ALBICASTRENSE

quinta-feira, maio 09, 2024

ALBERGARIA DE SANTA EULÁLIA - ( I/4 )

 MEMÓRIAS DO BLOGUE "DEZ ANOS DEPOIS"

UM DOCUMENTO HISTÓRICO

Já por variadas vezes aqui escrevi sobre a antiga Albergaria de Santa Eulália, albergaria que existiu na rua dos Ferreiros.
 
Ao encontrar no livro; “Estudantes da Universidade de Coimbra Naturais de Castelo Branco” um artigo sobre ela, não resisti à tentação de aqui postar o referido artigo sobre ela.

Dom João pela Graça de Deos Rey de Portugal dos Algarves e quantos esta carta virem Fazemos saber que Rui Vasques de Castelbranco nos disse que Martim Esteves morador em outro tempo em Castelbranco fez Um Morgado, e suçessor ao qual annexou e apricou muitos bens que hauvia, e manter hua Capella e hu Esprital pollos fruitos delles, o qual Morgado deixara a Vasco Annes avó do dito Ruy Vasques em tal condicom, que hoi dito Vasco Annes ouvesfe o dito Morgado, e bens delle annexos em dias desua Vida Em sua Morte, que ficasfe a hu filho qual elle escolhefse que para esto fosse édoneo, e afi aoutro filho que não fosse Sandeo, Nem desmormoriado, com aquelle que a si ouvesse o dito Mordado nom podeçe Vender os bens delle, nem escambar, nem allear, e para Renda delles mantivesse a dita Capella No dito lugar de Castelo Branco, e o dito Esprital com certos leitoz, e mandou outrosi que nenhum Byspo, nem Arcedispo nom tomafse conta nem Recado dos ditos bens, e das rendas delles ao dito Vasco Annes senam tão somente ficasse todo em seu alvidro e despposiçom e difsenos o dito Ruy Vasques, que morto o dito Martim Eztevez ouvera o dito Vasco Annes seu avó o dito Mordado e morto dito Vasco Annes ouvera o dito Morgado Ruy Vasques Padre deldito Ruy Vasques a quem o dito Vasco Anes deixava, e morto o dito Ruy Vasques, que ouvera o dito Morgado elle dito Ruy Vasques a quem o dito Seu Padre deixoi, e dezianos o dito Ruy Vasques, que He por Sua Alma e porque no m cumprira inteyramente aquillo que na dispozicon e ordenacon do dito Morgado Era conteudo com consinamento de su Mulher fizera Doacão ao dito Morgado, e quintava com elle huma parte dos bens, que elle havia, e nom mundando nas condiccoens que o dito Martins Esteves mandara e ordenara per esta guiza, que afua morte delle dito Ruy Vaz quis houvesse o dito Morgado Em seu filho, ou filha qual elle escolheçe, e asi de filho a neto per linha direita qual dos filhos ou filha escolher aquelle que o dito Morgado pessuhir e desfalecento toda linha do dito Ruy Vasques que se torne o dito Morgado ai parente mais chegado idoneo para esto da parte de seu Padre, e quem mantenha a dita Capella e ezprital, e se acontefser, que seja distinta da lenhage do dito Seu Padre, que enton eija (haja) o dito Morgado o Parente mais chegado da parte de Sua Madre que seja idoneo e pertencente para elo, e que nom seja Sndeu, nem desmormoriado, e que mantenha os ditos encargos, e distinto (extincto) em algum tempo o lenhagem de sue Madre que fique a hu da criançom de seu Padre, que seja idonea e pertencente para ello, e ordenou outrosi que estas pessoas supraditas e Cada hua dellas nom podece vender nem dar nem escambar estes bens por nenhuma guiza e pedionoz por mercê que lhe quizessemos confirmar o dito Morgado, e ordenaçom del, e nós vendo o que nos pedia de nosso poder obsoluto vistas as condições, e ordenaçoes do dito Morgado e sucefson comfirmamoslho, e aprovamoslho exprefsamentete a si, como em elle é contheudo, e requeremos e mandamos que se guarde, e mantenha em todo e parte dele afi como É ordenado per o dito Ruy Vasques; E outrosi defendemos a todalas nossa justifsas que nom vaõ contra o dito Mordado, e ordenaçom delle ante o façaõ guardar asi como em elle É conteudo; e porque nos difse o dito Ruy Vasques que elle fizera adoação dos ditos bens e os juntara ao dito Morgado; porque o dito Seu Padre, nem elle atequi nom mantiverão a dita Capella, nem, o dito Esprital asi como deviaõ; e outrisi porque este morgado em favos dos filhos e desendentes do dito Ruy Vasques he feito; e porque o dito Ruy Vasques toma os ditos bens em aquello que monta a Sua terça; portante nós deste dia para todo o sempre defendemos aos filhos, e filhas, e desendentes, e colaterais, e parentes do dito Ruy Vasques que nom vá contra este Morgado, e ordenaçaõ, e doaçaõ, e sucefsom feito per o dito Ruy Vasques, e se contra ello quezerem hir mandamos ás nofsas justijsas, que os naõ oussa nem cosintaõ contradicer, cempre guardem juizo ou fora delle, e esta comfirmação aprovaçaõ e colaboraçaõ lhe fazemos de nossa certa ciencia, e proprio mouimento em todo o dito Morgado, e desposiçom em cada hua das clausulas delles sendo nós delles e cada hua dellas Certo,e Sabedor; e outro si queremos que esta confirmacom valha, Aésta nom embargando Leis Canones Decretos Uzoz, Ordenaçoens dos Reynos Estillos da nossa Corte oppinioes de Doutores que contra ello, e contra o dito Morgado sejaõ ou em todo ao quais todos,e cada um delles nos nom queremos que haja Lugar no dito Morgado; confirmacom nossa, revogamo-la expressamente asi bem enquanto a ellas contradiz em todo ou em parte das quaez cousas mandamos dar esta nossa carta ao dito Ruy Vasques dante na Cidade de Lisboa douz dias de Abril ElRey o mandou Goncallo Caldeira a fez Era de mil quatrocentos trinta e hum annoz.
E naõ dezia maiz há dita carta que aqui foy transiladada a pedimento do sebredito que lhe mandey dar nesta com o feito de minhas Armas aque se dará tanto credito como ao dito Livro donde foi tirada e esta com elle consertada.
Dada em Lisboa oriental a sinco de Novembro ElRey nosso Senhor o mandou por Joaõ Couceyro de Abreu e Castro Guardamor da Torre do Tombo Faustino de Azevedo a fez ano de mil sete centos vinte e sette, e vay Escrita em seis meyas folhas de papel com esta Alexandre Manuel da Sylva a fez escrever. Joaõ Couceyro de Abreu e Castro. Lugar do selo. Pagou com busca setecentos, e outenta reis, e desesinar trezentos e setenta reis. Folhas seis, com uma Rubrica”. (1)
(Continua)
(1) Dados recolhidos em: “Estudantes da Universidade de Coimbra Naturais de Castelo Branco”. De Francisco Morais e José Lopes Dias.
O ALBICASTRENSE

domingo, maio 05, 2024

ANTIGAS CAPELAS DA TERRA ALBICASTRENSE - (IX - Última)

"MEMÓRIAS 
DE OUTROS TEMPOS"
CAPELA DE S. JOÃO
A primitiva construção da Capela de S. João data do século XVI. O culto de S. João e a conservação de capela estavam a cargo de uma mordomia. 
Na primeira metade do século XVIII, estando a capela muito arruinada, foi demolida e construída, num local contíguo ao primitivo, no estilo gótico barroco da época. 
Porém, em 1835 a Câmara Municipal pensou em localizar no largo de S. João um mercado diário e, com esse intuito, solicitou autorização para a mandar demolir, a autorização foi dada pelo deferimento de 25 de Setembro de 1835, porém só veio a ser demolida em 1911.
Os bens da confraria de S. João, que eram constituídos por 15 casas, 8 Chões, 9 vinhas e 14 olivais, cujos rendimentos anuais eram respetivamente de 1$920 réis, 630 réis, 1$870 réis, e 401 réis foram incorporados na da Misericórdia de Castelo Branco por ordem do rei D. Manuel I, quando este monarca a instituiu em 1515. 
Consta do livro do Tombo da Comenda de Cristo que a capela de S. João Batista tinha o comprimento de 92 palmos e meio e a largura de 29 palmos.
Recolha de dados: “Castelo Branco na História e na Arte”,
de Manuel Tavares dos Santos
O ALBICASTRENSE

quarta-feira, maio 01, 2024

ANTIGAS CAPELAS DA TERRA ALBICASTRENSE - (VIII)

 MEMÓRIAS DE OUTROS TEMPOS

"OUTRAS CAPELAS TAMBÉM JÁ DESAPARECIDAS"
 
CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO
 
Encontrava-se na parte oriental da rua denominada do Arrabalde de S. Sebastião. Foi construída a expensas do juiz de fora Doutor António Pereira de Azevedo. 
Tinha uma confraria que organizava, no dia 20 de Janeiro de cada ano, uma festividade consagrada ao seu orago, à qual assistia a vereação da Câmara Municipal. Foi demolida no fim do século XIX.
 
CAPELA DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA
Esteve localizada junto da torre do convento da Graça. Pertenceu a Alexandre António Pedroso e aos seus herdeiros.

CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Estava arrumada à capela-mor da Igreja de Santa Maria do Castelo. Foi instituída por Gaspar Mouzinho Magro por testamento feito em 29 de Agosto de 1684. Foi arrasada no século XIX.

CAPELA DE S. JUDAS TADEU
Situada na rua de Santa Maria, pertenceu a Francisco José Robalo que a legou à família Trigueiros. Tinha um capelão pago pelo recolhimento de Santa Maria Madalena que funcionou no edifício onde está atualmente o Asilo da Infância Desvalida.

PS. Recolha de dados: “Castelo Branco Na História e na Arte 
da autoria de Manuel Tavares Dos Santos (1958).
O ALBICASTRENSE

JORNAL "A BEIRA BAIXA" 1937 / 1976

MEMÓRIAS  DA  TERRA ALBICASTRENSE  1º EDICAO: 12 DE ABRIL DE 1937 DIRECTOR E EDITOR: ANTÓNIO RODRIGUES CARDOSO ADMINISTRADOR E PROPRIETÁRIO:...