quinta-feira, novembro 16, 2023

NOTÍCIA RELATIVA DO TORNADO DE 1954, PUBLICADA NO JORNAL "BEIRA BAIXA".

 13 DE NOVEMBRO DE 1954 

 O jornal “Beira Baixa” descreveu a catástrofe ocorrido em Castelo Branco, no mês de Novembro, da forma que podem ler a seguir.

 Um terrível furacão transformou a parte nova da cidade de Castelo Branco, num vasto campo de dor,  lágrimas, de ruínas e destroços.

"Faz hoje oito dias que caiu sobre esta sempre progressiva cidade a maior catástrofe de que há memória. Pelas 12 horas e 45 minutos escureceu o firmamento repentinamente e um tremendo furacão, acompanhado de chuva diluviana, reduziu, apenas em 30 segundos, a parte nova da cidade a um amontoado caótico de destroços.
Voaram as telhas e madeiramentos, rebentaram as caixilharias e portas, estilhaçaram-se vidraças das janelas e das montras mas estruturas metálicas dos armazéns e oficinas transformaram-se num amontoado de ferros torcidos. Houve edificações que ruíram pelos alicerces. As árvores caíram e ficaram devastados os jardins. No ar, a dança demoníaca do vento em remoinhos velozes e gigantes arrastando na sua fúria tudo o que estava ao seu alcance. Eram árvores, pedaços de móveis, bancos dos passeios, madeiras, pedras, telhas, tijolos, pedras, louça partida, pedaços de cortiça a rodopiar levantados no ar e despedidos tragicamente. 
Automóveis e camionetas eram levantados no ar e despedidos sobre os terrenos e contra as paredes das edificações como se fossem brinquedos infantis. Ficaram desmantelados os estabelecimentos comerciais e o vento, na sua ira avassaladora, arrastou não se sabe para onde os recheios das habitações. Caíram os postes de iluminação e dos telefones, feitos de ferro e cimento armado, e as redes respetivas eram dali a nada montes de fios metálicos emaranhados. Passado o furacão, a chuva torrencial continuou a obra de devastação. Montes de destroços pelas casas, edifícios públicos, oficinas, nas ruas, avenidas e alamedas. Depois um pesadelo coletivo, lágrimas e um silêncio aterrador.
Duas centenas de sinistrados foram levados nas ambulâncias e carros ligeiros ao Hospital da Misericórdia e às Casas de Saúde e ainda outros iam ao colo ou às costas às casas dos médicos ou às farmácias. Duas alunas do Liceu, dois rapazes e uma pobre criança ficaram a dormir o sono eterno, vitimas da tragédia imprevista. Nos semblantes de todos ficou a penas a máscara da dor. Pelos campos vizinhos também a desolação e o terror."
"O estranho fenómeno desenvolveu-se no sentido de um eixo que se pode fixar entre Montalvão e a Parrela, de sudoeste para nordeste, uma largura aproximada a 280 metros."
O ALBICASTRENSE

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