terça-feira, maio 13, 2025

MEMORIAS DO BLOQUE.

 quarta-feira, agosto 07, 2013

OS NOSSOS ARTESÃOS

DOZE ANOS DEPOIS

Ao passar hoje no Largo do Espirito Santo, verifiquei que a velha latoaria do José Lucas se encontra fechada.
 Tentei saber a razão e foi-me  dito, que está fechada á mais de um ano.  Em 2013 publiquei neste bloque uma pequena conversa que tive com José Lucas.  Doze anos depois, aqui fica de novo a publicação, pois o José Lucas bem o merece.

"O ÚLTIMO DOS LATOEIROS DA TERRA ALBICASTRENSE" 

Ao passar pelo Largo do Espírito Santo, dei comigo a olhar para uma velha latoaria que ali existe à quase cem anos, latoaria que dia menos dia, corre o risco de vir a fechar porta. Falei com José Lucas, atual proprietário desta latoaria, segundo ele, a latoaria abriu portas na década de 20 do passado século, tendo sido seu primeiro proprietário Manuel Daniel que na década de 60 lhe passou o negócio.
Manuel Lucas o último dos Latoeiros da terra albicastrense, disse-me que abandonou a escola aos nove anos, altura em que começou a aprender o oficio de latoeiro com o “Segola” (será alcunha ou apelido?), latoeiro que tinha latoaria na rua da Amoreirinha, (em tempos conhecida por rua dos latoeiros, e onde chegou a haver três latoarias).
José Lucas transferiu-se do “Segôla” para o mestre José Pedro, mestre que tinha oficina na mesma rua, tendo sido ele a ensinar-lhe os segredos da profissão (Curiosamente, conheci estes dois latoeiros na minha juventude, pessoas que eram autênticos artistas na arte da chapa zincada e da folha de flandres).
Ao falar com José Lucas, facilmente nos apercebemos que a arte de latoeiro lhe percorre o corpo, tal como o sangue lhe percorre pelas veias. 
Do muito que ele me contou, não posso deixar de aqui comentar o seguinte desabafo: “hoje, ninguém quer aprender este ofício, eu sou o último dos latoeiros da cidade”, desabafo que devia envergonhar todos os responsáveis pelo sector da formação profissional no meu país.
- Num país com centenas de milhares de desempregados, não deveriam os responsáveis pela formação profissional, olhar para situações como esta?
- Ou será, que este e outros artesãos são já figuras de outros tempos, figuras que só poderemos observar num futuro próximo, num qualquer museu ou através de um filme?
Deixar morrer estes artesãos e não apostar na formação de gente para os substituir, deveria ser considerado crime!..... 
O ALBICASTRENSE

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